Desejo Secreto Capítulo 07

Desejo Secreto Capítulo 07

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DESEJO SECRETO


Minissérie de
Lucas Oliveira

Baseado na obra de
J. Gaspar

Capítulo 07 de 07

Personagens deste Capítulo:

ANINHA
AURÉLIO
BENTINHO
DITA
LAURO
MANECO
MARLENE
OLGA
PADRE TIDE
REBECA

Participação:

PIPOQUEIRO
PRESIDIÁRIO
REPÓRTERES



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Todos os direitos reservados.

 

CAPÍTULO 07
(Último Capítulo)

 

CENA 01. ATELIÊ DE OLGA. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Continuação imediata do capítulo anterior. Marlene tenta puxa o revólver do colo de Maneco, mas ele a empurra.

AURÉLIO: (Irado) Enlouqueceu?

Aurélio dá um tapa na cara de Marlene, que cai no chão.

AURÉLIO: (Cheio de ódio) Sua vagabunda!

Aurélio pega Marlene pelos cabelos e a joga contra parede. Ele a segura pelo braço e aponta o revólver para cabeça dela.

AURÉLIO: (Sangue nos olhos) Agora você vai ver quem sou eu de verdade, sua vadia!

Os dois colados. Olhos fixados um no outro. Clima tenso.

MARLENE: Você não seria capaz de fazer isso!

Respiração ofegante de ambos.

AURÉLIO: (Leve sorriso) Eu sei bem o tipo de mulher que você é e do que você gosta! Fomos unidos pelo mau-caratismo, Marlene! Falamos a mesma língua!

MARLENE: Você é louco!

AURÉLIO: Eu? E quem é que está trêmula, arrepiada, toda excitada de prazer agora?

Aurélio sorri maliciosamente. Ele começa a deslizar o revólver pelo corpo de Marlene.

MARLENE: (Provocativa) Desgraçado!

Aurélio dá outro tapa na cara de Marlene.

AURÉLIO: Cala essa boquinha! Você já falou demais hoje!

Aurélio enfia o cano do revólver dentro da boca de Marlene. Ela começa a chupar e lamber de forma sensual. Eles se olham fixamente. Aurélio cospe na cara dela.

AURÉLIO: (Atiçado) Você é uma puta, Marlene! Você não passa de uma puta!

Aurélio retira o revólver da boca dela, a beija e ela corresponde. Ele arranca o vestido dela bruscamente e a joga no chão. Os dois transam de forma feroz e desvairada. CORTE PARA/

CENA 02. VENDA DE FERNANDO. INT. DIA.

Aninha abre a porta da venda e respira fundo.

ANINHA: (Confiante) Chegou a hora do recomeço!

Aninha começa a abrir algumas caixas de frutas e verduras. Olga entra.

OLGA: Bom dia!

ANINHA: Oi, Olga.

OLGA: Desculpe. Eu vi a venda aberta e resolvi dar uma olhada. Que bom vê-la aqui novamente, Aninha!

ANINHA: É... A família da Rute me acolheu de uma forma admirável. Porém, de um jeito ou de outro eu teria que encarar minha nova realidade, então não teria motivos para adiar ainda mais.

OLGA: Fico feliz que pense assim. Lamento profundamente tudo que aconteceu, mas pode contar comigo sempre que precisar!

ANINHA: Fico muito grata!

OLGA: O Fernando é quem saiu perdendo. Trocar você pela Rute/

ANINHA: (POR CIMA) Por favor, eu não quero mais falar nesse assunto! A partir de hoje a venda do Fernando será minha! Vai querer comprar alguma fruta?

OLGA: Posso te dá um abraço?

ANINHA: É claro!

Olga a Aninha se abraçam calorosamente. Clima harmônico. CORTE PARA/

CENA 03. ATELIÊ DE OLGA. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Marlene e Aurélio deitados no chão, seminus. Ele fuma um charuto.

AURÉLIO: E agora, Marlene? O que eu faço com você?

MARLENE: Me esquece e segue a tua vida! Eu não tenho dinheiro, nem mais nada pra te oferecer!

AURÉLIO: E nós dois?

MARLENE: Foi bom relembrar os velhos tempos. Esse teu lado bruto, selvagem... Mas agora eu estou em outro momento. A inocência me atiça!

AURÉLIO: De quem você está falando?

MARLENE: Do meu primo, Bentinho. Um tímido e seminarista que eu tirei a virgindade. É ele a minha diversão do momento.

Aurélio boquiaberto.

AURÉLIO: Eu nem deveria me surpreender, mas não consigo. Você usa as pessoas como bem entende só pra satisfazer seus desejos, seus prazeres. Cuidado, você pode se queimar!

MARLENE: Não tenho medo de brincar com fogo. O que aconteceu hoje aqui, é uma prova disso!

Marlene se levanta e começa a vestir.

MARLENE: Agora eu vou embora e você; não me procure mais!

AURÉLIO: Eu não tenho direção, Marlene. Eu não tenho quase nada! Eu passei a noite com uma velha para poder conseguir um dinheiro e voltar ao Brasil. Quando o resto do meu dinheiro acabar, eu estou na rua! Você não pode me virar as costas!

MARLENE: Quer um conselho? A solução para os teus problemas está aqui nesse ateliê.

AURÉLIO: Como assim?

MARLENE: A Olga. Eu sou amiga dela há muitos anos. Ela é modista, dona de tudo isso aqui e tem muito dinheiro. Só que é solitária. A Independência financeira dela sempre assustou os homens. Ela nunca me disse, mas a conheço bem. A carência já chegou ao coração dela. Use isso a seu favor, meu caro. Ative seu poder de sedução e nunca mais passará pela sarjeta!

Marlene pega a bolsa e pisca para Aurélio.

MARLENE: Adeusinho!

Marlene sai e bate à porta fortemente. Em Aurélio, sorridente e pensativo. CORTE PARA/

CENA 04. MANSÃO BELMONTE. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Rebeca sentada no sofá. Lauro retira seu chapéu e coloca sobre o sofá.

REBECA: Como foi na fábrica, meu bem?

LAURO: Horrível! Hoje não estou com cabeça nem para me concentrar no trabalho. (T) E a tal da Aninha, já foi para casa?

REBECA: Já sim. Agradeceu e mandou lembranças a você.

LAURO: É uma boa moça. Não merecia isso.

REBECA: Também fico pensando como a Rute/

LAURO: (POR CIMA) Eu já disse que não quero mais ouvir esse nome dentro dessa casa, Rebeca! Para mim, ela morreu! Morreu!

Lauro sai, enfurecido. Dita vem de dentro.

DITA: Agora que Seu Lauro já chegou, eu posso servir o almoço?

REBECA: Pode sim, Dita!

DITA: Com licença!

Dita sai. Rebeca com olhos marejados. CORTE PARA/

CENA 05. ATELIÊ DE OLGA. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Aurélio sentado na poltrona. Olga entra.

OLGA: Ué, a Marlene já foi embora?

AURÉLIO: Já. Conversamos, resolvermos tudo que tínhamos para resolver e colocamos um ponto final na nossa história.

OLGA: Entendi... E desistiu assim tão fácil do que veio buscar?

AURÉLIO: Eu conheço muito bem a Marlene. Sei quando ela mente e quando fala a verdade. E para ela ter voltado da Europa, realmente foi por falta de grana.

OLGA: E por que ainda está aqui?

Aurélio levanta e se aproxima de Olga.

AURÉLIO: Pra quê voltar para uma pensão tão miserável, enquanto uma mulher tão bonita está aqui sozinha, sem companhia? Resolvi te esperar para ver novamente esse teu sorriso.

OLGA: (Sorridente) Bom, eu nem sei o que dizer.

AURÉLIO: Praticamente já acabou o meu dinheiro. Se você deixar eu ficar aqui, serei muito grato.

Aurélio acaricia o rosto de Olga. Nela, visivelmente mexida. CORTA PARA/

CENA 06. MANSÃO BELMONTE. CORREDOR. INT. DIA.

Bentinho sai do quarto. Marlene passa por ele.

MARLENE: Priminho, que bom te encontrar!

BENTINHO: (Seco) Oi, Marlene.

MARLENE: Quanta formalidade! Por que tanta frieza?

BENTINHO: Eu só não quero mais continuar no erro.

MARLENE: Ah, que pena! Eu iria perguntar se eu poderia passar no seu quarto mais tarde. Estou com tantas saudades dos nossos momentos juntos, primo... Se mudar de ideia, me avise!

Marlene assopra no cangote de Bentinho. Ela sai sensualizando. Bentinho arrepiado. CORTE PARA/

CENA 07. VENDA DE FERNANDO. INT. DIA.

Aninha atrás do balcão. Maneco adentra o local.

MANECO: Será que tem alguma verdura ou fruta fresca por aqui?

ANINHA: (Largo sorriso) Maneco!!!

Aninha corre em direção a Maneco e os dois se beijam intensamente.

MANECO: Vim matar a saudade dessa gostosura!

ANINHA: (Sorri) Safado!

Aninha começa a fechar a porta da venda.

ANINHA: É melhor fechar para que ninguém nos veja.

MANECO: Vamos pra sua casa. Hoje eu quero fazer na cama que você dormia com o Fernando.

ANINHA: Ai, eu não sei. Será que isso é certo?

MANECO: Eu já te falei meu ponto de vista sobre o certo e o errado. Agora estamos livres, Ana. Temos mais é que aproveitar!

ANINHA: Promete que vem sempre aqui ficar comigo?

MANECO: Sempre que você quiser!

ANINHA: Todas as vezes que você vier à cidade, você passa aqui.

MANECO: Combinado! Agora vamos logo para sua casa, que eu estou louco para realizar meu fetiche na cama que você dormia com aquele otário!

ANINHA: Vamos ali pelos fundos!

Aninha segura a mão de Maneco e saem juntos. CORTE PARA/

CENA 08. IGREJA. SACRISTIA. INT. DIA.

Padre Tide em pé. Bentinho sentado, não esconde a aflição.

BENTINHO: Eu não estou mais aguentando, Padre! Se eu não falar com alguém, eu vou enlouquecer!

PADRE TIDE: Calma, Bentinho! Tu sabes que podes contar comigo, num sabes?! Pois então, podes falar o que te atormenta, sem receio.

BENTINHO: Eu estou pensando em largar o seminário.

PADRE TIDE: (Espantado) Meu Deus do céu!

BENTINHO: (Chorando) Eu estou atormentado, Padre! A tentação vive me rondando e o pior é que eu caí nela e gostei. Eu não sei mais o que fazer. Só me resta essa saída!

PADRE TIDE: Tu tens que tirar a tentação do teu caminho, meu filho! Tu não podes dar brecha a ela. Eu não sei que tentação é essa que te aflige, mas ao tirar de tua vida, tu vais se sentir livre novamente para seguir teu caminho.

BENTINHO: Você tem razão, Padre! Eu preciso tomar uma atitude!

Bentinho limpa as lágrimas. Nele, decidido. CORTE PARA/

CENA 09. GRAMADO. EXT. DIA.

Planos gerais. TRANSIÇÃO do DIA para a NOITE. CORTE PARA/

CENA 10. MANSÃO BELMONTE. QUARTO DE BENTINHO. INT. NOITE.

Bentinho abre a gaveta, retira um chicote e se ajoelha em frente a cama.

Ele retira a camisa e começa a se chicotear nas costas, dando várias chicotadas até as marcas aparecerem.

BENTINHO: (Pra si mesmo) Eu não posso mais esperar para colocar um fim nisso tudo. Não posso!

Bentinho ofegante, respira fundo. Ele se levanta, veste a camisa e sai. CORTE PARA/

CENA 11. MANSÃO BELMONTE. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.

Mesa posta. Rebeca e Lauro jantam. Dita vem de dentro.

DITA: Hoje eu fiz um pudim de leite delicioso.

REBECA: Eu não quero!

Rebeca tenta levantar, mas fica tonta e derruba um copo no chão.

LAURO: (Assustado) O que foi, meu amor?

Dita segura Rebeca.

DITA: A senhora está se sentindo bem?

REBECA: (Agoniada) Eu tive uma sensação estranha. Como se algo ruim estivesse prestes a acontecer.

DITA: Respire um pouco e fique calma!

LAURO: Limpe essa sujeira aí no chão, Dita!

DITA: Sim, senhor!

Dita começa a recolher os vidros do chão. Lauro se levanta e abana Rebeca. CORTE PARA/

CENA 12. QUARTO DE MARLENE. INT. NOITE.

Marlene em frente ao criado-mudo, passa um batom vermelho e segura um pequeno espelho.

Um vento forte balança a cortina da janela e uma vela se apaga. Marlene se assusta.

MARLENE: (Pra si mesma) Nossa! Que sensação mais esquisita!

Ouve-se batidas na porta. Marlene se levanta e abre. Bentinho entra.

MARLENE: (Sorri) Bentinho, que surpresa! Sou sempre eu que vou ao seu quarto.

Bentinho fecha a porta e se aproxima de Marlene, a olhando fixamente.

BENTINHO: Só que dessa vez, vai ser diferente!

Bentinho toma o batom das mãos de Marlene e joga no chão. Ele beija Marlene com intensidade,

Os dois caem na cama, envolvidos. Bentinho retira a camisola de Marlene e começa a passar a mão por todo seu corpo.

MARLENE: (Gargalha) Eu sabia que você não iria resistir a mim, meu primo!

Bentinho beija Marlene e coloca as mãos no pescoço dela.

BENTINHO: Eu sinto muito, mas só existe uma forma de acabar com esse meu sofrimento.

MARLENE: (Cai a ficha) Não vai me dizer que...

Bentinho começa a apertar o pescoço de Marlene. Ela arregala os olhos, tenta se desvencilhar. Bentinho aperta ainda mais forte.

BENTINHO: (Grita) EU TE AMO, MINHA PRIMA! EU SEMPRE VOU TE AMAR! MAS NÃO HÁ OUTRA SAÍDA!

Marlene começa a se debater desesperadamente. Bentinho aperta ainda mais forte o pescoço dela.

Marlene falece, totalmente roxa. Bentinho se curva sobre o corpo dela, chorando. CORTE PARA/

CENA 13. GRAMADO. EXT. NOITE.

PANORAMA da pequena cidade. AMANHECE. CORTE PARA/

CENA 14. MANSÃO BELMONTE. FACHADA. EXT. DIA.

Uma multidão em frente ao local. Carros e imprensa estão presentes. Vemos Rebeca e Lauro abraçados, chorando muito. Maneco e Dita ao fundo.

Bentinho sai algemado e escoltado por policiais. Repórteres se aproximam dele.

REPÓRTER 1: Por que você matou a sua prima?

REPÓRTER 2: Qual foi o motivo do crime?

REPÓRTER 3: É verdade que vocês dois mantinham um caso secreto?

Bentinho permanece em silêncio. Ele é colocado dentro da viatura, que avança. CORTE PARA/

CENA 15. GRAMADO. EXT. DIA.

Planos gerais acelerados. Várias TRANSIÇÕES do DIA para NOITE e vice-versa.

LEGENDA: Alguns dias depois...

CORTE PARA/

CENA 16. CASA DE OLGA. QUARTO. INT. DIA.

Olga e Aurélio deitados na cama. Ela com um jornal em mãos.

OLGA: Pelo que diz aqui no jornal, o Bentinho vai ser mesmo condenado. Coitado! Ele jogou a vida fora!

AURÉLIO: E por causa da Marlene.

OLGA: Foi por causa dele mesmo. Ele não precisava ter matado ela. Eu ainda não me conformo que a minha única amiga morreu! É inacreditável!

AURÉLIO: Não se engane, Olga. A Marlene usava as pessoas e estava usando esse rapaz também. Só que ele não tinha a mesma maturidade que eu e você, e deixou se abalar desse jeito. É obvio que ele devia estar completamente perturbado quando fez o que fez.

OLGA: Eu só penso na Dona Rebeca e no Seu Lauro. Espero que eles superem esse escândalo o mais rápido possível. Primeiro foi a Rute que fugiu com um homem casado. Agora a morte da Marlene e um sobrinho assassino.

AURÉLIO: O destino da Marlene já estava traçado. Ela era uma avalanche. Saia destruindo tudo que via pela frente. Mas todo avalanche, mais cedo ou mais tarde, chega ao fim!

OLGA: (Pensativa) Isso é verdade! E eu aconselhei tanto a Marlene... Essa história de um seminarista se envolver com a própria prima, não podia mesmo acabar bem. Eu só espero que ela encontre a paz. E o Bentinho também.

Olga respira fundo e se levanta.

OLGA: Bom, vou me arrumar para ir ao ateliê. Hoje eu ainda tenho muitas encomendas de vestidos para dar conta.

AURÉLIO: Pode ir, sem preocupação! Seu amor vai estar aqui te esperando para te encher de beijos!

OLGA: (Comovida) Ai, que lindo!

Olga dá vários selinhos em Aurélio.

OLGA: Fico tão feliz que você aceita e respeita minha independência, Aurélio. Até mais tarde!

Olga sai, animada e radiante.

AURÉLIO: (Pra si mesmo) Com toda essa mordomia, como não aceitar?! Isso que é vida! Isso que é vida que eu pedi a Deus!

Aurélio se espreguiça na cama, sorridente e satisfeito. CORTE PARA/

CENA 17. PRESÍDIO MASCULINO. CELA. INT. DIA.

Bentinho deitado no chão, recolhido em um canto e abraçado em si mesmo. Um companheiro de cela tenta e aproximar, mas ele se retrai.

Em Bentinho, chorando compulsivamente. CORTE PARA/

CENA 18. CEMITÉRIO. EXT. DIA.

Rebeca em frente ao túmulo onde Marlene está enterrada. Maneco e Padre Tide ao lado. Rebeca coloca flores em cima do local.

REBECA: (Emocionada) Descansa em paz, minha filha! E me desculpa se eu não pude ser uma mãe melhor. Você nunca será esquecida!

Rebeca enxuga as lágrimas.

REBECA: (Contida) Será que um dia o coração duro do Lauro vai perdoa-la? Ele se sente tão envergonhado pelo que aconteceu.

PADRE TIDE: Creio que sim! Deus age no tempo certo, minha querida. Assim como agirá na vida do Bentinho lá naquele presídio. E ele sairá de lá pronto para escrever uma nova história. Tu verás!

REBECA: Que Deus me perdoe, mas eu não quero nunca mais vê-lo na minha frente. E muito menos o Lauro que se decepcionou tanto com o sobrinho que ele tanto amava. Espero ele siga a nova história dele bem longe das nossas vidas!

PADRE TIDE: Deus há de te perdoar, sim! Ele conhece bem a dor da perda de uma mãe.

REBECA: Obrigada pelo apoio e por também ter vindo me acompanhar, Maneco.

MANECO: Pode contar sempre comigo, Dona Rebeca!

Maneco abraça Rebeca fortemente e os três saem caminhando lentamente. Clima melancólico.

A CAM vai se aproximando da lápide onde vemos a fotografia de Marlene. Folhas secas caem por ali e são levadas pelo vento.

FIM


Elenco:

Mariana Ximenes como Marlene

Joaquim Lopes como Bentinho

Juliane Araújo como Rute

Marcos Pitombo como Maneco

Daniel Boaventura como Aurélio

Ary Fontoura como Lauro

Ana Lúcia Torre como Rebeca

Maria Eduarda de Carvalho como Olga

Giordano Becheleni como Fernando

Jacqueline Sato como Aninha

Rosane Gofman como Dita

Carlos Vereza como Padre Tide

Desejo Secreto Capítulo 06

Desejo Secreto Capítulo 06

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0:15:00 min    


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DESEJO SECRETO


Minissérie de
Lucas Oliveira

Baseado na obra de
J. Gaspar

Capítulo 06 de 07

Personagens deste Capítulo:

ANINHA
AURÉLIO
BENTINHO
DITA
MANECO
MARLENE
OLGA
REBECA

Participação:

PIPOQUEIRO



© 2021, Webtvplay.
Todos os direitos reservados.

 

CAPÍTULO 06
(Penúltimo Capítulo)


 

CENA 01. ATELIÊ DE OLGA. RECEPÇÃO. INT. NOITE.

Continuação imediata do capítulo anterior. Olga em pé. Aurélio sentado no sofá.

AURÉLIO: A Marlene e eu fomos mais que um casal. Fomos cúmplices!

OLGA: Cúmplices?

AURÉLIO: Exatamente! Mas ela não foi leal comigo e voltou para o Brasil sem nem olhar pra trás.

Aurélio se levanta.

AURÉLIO: O que ela fez comigo, eu não vou deixar barato! Eu voltei para acertar todas as minhas contas com ela!

Olga boquiaberta. Aurélio firme, decidido.

OLGA: Você fala com um ódio, um rancor... Eu estou assustada!

AURÉLIO: Você não imagina do que um coração ferido é capaz.

OLGA: Não faça nada que possa se arrepender depois, pelo amor de Deus!

AURÉLIO: Eu sei bem a língua falada pela Marlene. Você não sabe o quanto aprontamos em Paris. De santa, sua amiga não tem nada!

OLGA: Isso eu sei. Mas será que pode me dizer o que vocês fizeram?

AURÉLIO: Só ela pode te contar!

Aurélio se aproxima da porta.

AURÉLIO: Eu já vou indo!

OLGA: Tem lugar para ficar?

AURÉLIO: Pode me indicar um?

OLGA: Bom, tem uma pensão na rua ali da esquina. Siga em frente e logo verá. É simples, porém bem aconchegante e com um ótimo preço.

AURÉLIO: Avise a sua amiga que eu estou na cidade. E peça pra ela me procurar na pensão.

OLGA: Eu posso ceder o ateliê para vocês conversarem mais discretamente. Conhecendo bem a Marlene como eu conheço, eu sei que ela é bem discreta quando o ramo é os assuntos pessoais.

AURÉLIO: Certo. Muito obrigado!

Olga aproxima-se da porta e abre.

OLGA: Boa noite!

AURÉLIO: Passar bem!

Aurélio sai. Olga fecha a porta e respira fundo. CORTE PARA/

CENA 02. GRAMADO. EXT. NOITE.

Planos gerais. TRANSIÇÃO da NOITE para o DIA. CORTE PARA/

CENA 03. MANSÃO BELMONTE. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

Mesa posta de café da manhã. Rebeca sentada. Marlene vem de dentro.

MARLENE: (Sentando-se) Bom dia, mamãe!

REBECA: Bom dia, minha filha!

MARLENE: Ahhh...Eu tive uma noite maravilhosa! Dormi como há tempos não dormia.

REBECA: Como você poder falar uma coisa dessa, Marlene?!

MARLENE: Ué, por causa da Rute? Ah, francamente! É só sentir o ar. Ele ficou muito mais leve depois que aquela sonsa foi embora!

REBECA: Seja como for, ela é sua irmã!

MARLENE: Pena que ela não se lembrava disso.

Dita vem de dentro.

DITA: Desculpa interromper o café de vocês, mas é que tem uma mulher aí.

REBECA: Quem?

DITA: É a Olga, modista da cidade. Ela quer falar com você, Dona Marlene.

MARLENE: Nossa! Mas o que será que a Olga quer comigo essa hora da manhã?

DITA: Eu não sei. Ela está te esperando lá na sala. Só disse que é urgente!

MARLENE: Eu vou ver o que ela quer!

Marlene levanta e sai. CORTE PARA/

CENA 04. MANSÃO BELMONTE. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Marlene e Olga sentadas no sofá.

MARLENE: Fala de uma vez, Olga! O que te trouxe aqui tão cedo?

OLGA: Marlene, minha amiga... É que é um assunto meio chato. Eu não trago boas notícias.

MARLENE: Você sabe muito bem que eu detesto rodeios. Fala, criatura!

OLGA: O Aurélio está na cidade te procurando!

Reação espantosa de Marlene.

OLGA: Pela sua cara, você sabe muito bem de quem se trata.

Marlene se levanta.

MARLENE: Você tem certeza?

OLGA: É claro! Ele praticamente invadiu meu ateliê quando eu já estava de saída. Me perguntou sobre você e disse que o meu ateliê era a única pista que ele tinha.

MARLENE: E você disse que eu estava aqui?

OLGA: Não tinha como negar. Ele já sabia que você tinha voltado para o Brasil.

Marlene leva as mãos sobre a cabeça, apavorada.

MARLENE: Meu Deus do céu! Era só você dizer que eu não estava aqui em Gramado. O Brasil é tão grande, tem tantas cidades e estados... Inventava uma desculpa, sei lá. Mas você não podia ter feito isso comigo!

Olga se levanta.

OLGA: Me desculpe, mas eu não posso ser culpada pelos seus erros. Você voltou toda misteriosa de Paris, nunca me contou nada sobre esse assunto e ainda queria que eu resolvesse pra você? Menos, Marlene!

MARLENE: (Aflita) Eu não estou acreditando que isso está acontecendo!

OLGA: Eu só vim trazer o recado! Ele pediu para falar com você e eu vim te buscar para irmos juntas ao ateliê.

Marlene andando de um lado para o outro, inquieta.

OLGA: Agora será que você pode me contar direito essa história, Marlene? Depois disso tudo, acho que tenho o direito de saber o que aconteceu.

MARLENE: Vamos lá na varanda. É mais seguro pra conversarmos!

Marlene e Olga saem. CORTE PARA/

CENA 05. MANSÃO BELMONTE. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

Rebeca à mesa. Bentinho vem de dentro e senta-se.

BENTINHO: Bom dia!

REBECA: Bom dia, meu querido!

BENTINHO: O tio Lauro ainda não desceu para tomar café?

REBECA: Ih... Ele já saiu faz tempo. Foi cedo para a fábrica. Ainda não digeriu tudo o que aconteceu.

BENTINHO: Nem ele, nem ninguém!

REBECA: Tem razão. Eu ainda não consigo acreditar que a Rute fez isso.

BENTINHO: Só nos resta rezar por ela.

REBECA: Falando nisso... Como está seu seminário, Bentinho? Não vimos mais você falar sobre, nem tocar no assunto. Está desanimado?

BENTINHO: (Nervoso) Não é isso. É que... O Padre Tide anda muito atarefado esses tempos. Mas eu já estou me preparando para voltar. Nunca ia desanimar de uma coisa que me preenche tanto.

REBECA: Que bom! O Lauro tem muito orgulho do caminho que você escolheu. Ele diz que não quer morrer antes de assistir uma missa celebrada por você. Mas uma decepção, o meu velho não aguentaria.

Em Bentinho, desconfortável. CORTE PARA/

CENA 06. MANSÃO BELMONTE. VARANDA. EXT. DIA.

Marlene e Olga sentadas em uma poltrona.

OLGA: Então, me fala: afinal de contas, o que aconteceu entre você e esse tal Aurélio em Paris?

MARLENE: Bem... Quando eu cheguei lá, as coisas não foram tão fáceis como eu imaginei. Houve um certo preconceito por eu ser uma atriz brasileira. Mas por conta do caso que eu tive com um dos produtores do filme quando ele veio ao Brasil, todos me respeitaram. Afinal, ele mesmo tinha me contratado para o filme.

OLGA: Disso tudo eu sei, Marlene. Mas e depois?

MARLENE: Filmamos um filme, depois outro filme e depois outro. Aí esse produtor se casou e voltou para Espanha. Ele nem me deu muita satisfação, mas também não me importei. Nunca existiu amor na nossa relação. Era prazerosa e só isso.

OLGA: Sei bem. Talvez essa sua falta de apego seja sua maior perdição, minha amiga. Você nunca foi ligada a sentimentos.

MARLENE: Se esse for o preço a se pagar para ser eu mesma, eu hei de morrer pagando!

OLGA: Mas até agora você não me falou sobre o Aurélio.

Marlene respira fundo e levanta.

MARLENE: Bom, depois que o produtor foi embora, eu quis continuar na França esperando um novo trabalho. Porém, não surgiram nossos convites e minhas reservas foram acabando. Foi então que eu comecei a ficar muito íntima de um velho milionário e solitário que estava hospedado no mesmo hotel que eu.

OLGA: E...?

MARLENE: Ele gostou de mim e ficamos cada vez mais próximos. Aí eu descobri que ele estava doente e desenganado.

OLGA: Já entendi tudo. E o Aurélio?

MARLENE: Em um dos nossos passeios em Paris, meu caminho se cruzou com o do Aurélio. Ele me pediu uma informação falando um francês péssimo. Logo eu notei que ele não era dali e foi aí que ele me contou que também era brasileiro. Eu já estava carente e encontrar alguém tão próximo a minha realidade foi o que mais precisava.

OLGA: Foi aí que vocês se envolveram?

MARLENE: Sim. Ele também não estava muito bem financeiramente e na medida que fomos nos envolvendo, fomos nos ajudando também. Foi então que ele soube do meu caso com o velho milionário e percebemos que tínhamos uma grande chance de tirar o pé da lama.

OLGA: (Curiosa) E o que vocês fizeram?

MARLENE: Eu e o Aurélio decidimos.../

A conversa continua em OFF. CORTE PARA/

CENA 07. MANSÃO BELMONTE. QUARTO DE HÓSPEDE. INT. DIA.

Aninha arrumando a cama. Ouve-se batidas na porta.

ANINHA: Pode entrar!

Maneco entra e fecha a porta.

ANINHA: Ah, é você?!

MANECO: Estava preocupado contigo. Dormiu bem, Aninha?

ANINHA: Dormi sim. Mas é melhor você se retirar. Não fica bem um homem entrar no quarto de outra mulher sem serem casados.

Maneco se aproxima de Aninha.

MANECO: Tem horas que precisamos nos libertar de certas convenções sociais. Elas nos sufocam muito!

Maneco começa a acariciar o rosto de Aninha.

MANECO: Uma moça tão linda, tão delicada... Passar a noite chorando por um verdureiro burro como aquele... É muita injustiça!

ANINHA: Você pelo visto já superou o abandono da Rute.

MANECO: Como eu já disse, eu não sofro por quem não me merece!

Maneco segura firme as mãos de Aninha.

MANECO: (Encarando-a) Deixa eu te dizer uma coisa: o que aconteceu com nós dois, só pode ser traduzida em uma palavra: liberdade!

Maneco passa a mão e cheira o pescoço de Aninha. Ela se arrepia.

ANINHA: Eu não sei se isso é certo.

MANECO: O que é certo e errado já não importa mais. Agora chegou a hora de pensarmos um pouco na gente, no nosso bem-estar, no nosso prazer... Deixa eu te mostrar quanta coisa boa você perdeu, deixa!

Maneco morde levemente a orelha de Aninha e passa as mãos pelo corpo dela. Ela amolece. Ele a beija intensamente. Os dois caem na cama e começam a se despir. CORTE PARA/

CENA 08. ATELIÊ DE OLGA. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Marlene sentada no sofá. Olga em pé.

OLGA: Me espera que eu vou lá na pensão chamar o Aurélio para vir aqui.

MARLENE: Não demora, viu?

OLGA: Pode deixar! Enquanto vocês conversam, eu vou dar um passeio pela cidade.

MARLENE: Não iremos prolongar a conversa. Não tenho muita coisa pra falar com aquele idiota!

OLGA: Se eu fosse você, iria com mais cautela...

MARLENE: Eu sei muito bem o que estou fazendo.

OLGA: Espero que sim!

Olga sai. Em Marlene, apreensiva. CORTE PARA/

CENA 09. MANSÃO BELMONTE. QUARTO DE HÓSPEDE. INT. DIA.

Aninha e Maneco deitados na cama, seminus.

ANINHA: Eu ainda não estou acreditando no que aconteceu.

MANECO: Foi bom, não foi?

ANINHA: (Desvia o olhar) Foi... Mas não é certo.

MANECO: Estamos livres, desimpedidos. Certo e errado já não existe mais!

ANINHA: Você assumiria uma mulher abandonada pelo marido?

MANECO: Aninha, em nenhum momento eu te prometi compromisso. Disso você não pode me acusar!

ANINHA: É que eu pensei que/

MANECO: (POR CIMA) Eu estou muito machucado com a atitude da Rute. Talvez eu nunca case outra vez. O que eu quero e propus pra gente é apenas a liberdade.

ANINHA: Como assim?

MANECO: Você volta para a cidade, toma conta da venda que o Fernando te deixou e vive sua vida livremente e eu também. Aí quando nós quisermos nos divertir um pouco, é só nos encontrarmos novamente às escondidas.

ANINHA: Eu não me sentiria bem em ficar me encontrando sempre com você sem assumirmos um relacionamento.

MANECO: Assim é bem melhor. Sem cobranças, sem amarras, sem controle! Vamos ficar com a melhor parte. Quer coisa melhor?! Ninguém nunca precisa saber. Isso é liberdade, Ana! Liberdade de fazer o que bem entender da própria vida e não precisar dar satisfações.

ANINHA: Talvez seja mesmo uma boa alternativa. Mas agora é melhor você levantar e sair daqui antes que alguém veja.

Maneco levanta e começa se vestir.

ANINHA: Eu também vou descer e me preparar para voltar â cidade.

MANECO: Se quiser, eu te acompanho. Não tenho medo desse povo!

ANINHA: Melhor não. Mas agradeço muito pela acolhida!

MANECO: Vá de cabeça erguida. E quando precisar de boa companhia novamente, é só me procurar!

Maneco pisca para Aninha e sai. Ela sorri, já bastante envolvida. CORTE PARA/

CENA 10. MANSÃO BELMONTE. QUARTO DE BENTINHO. INT. DIA.

Bentinho acende uma vela em frente a um santo e se ajoelha.

BENTINHO: (Pra si mesmo) Eu preciso me libertar dessa culpa, meu santo! Ela me corrói demais! Me ajudar a vencer e a resistir a Marlene! Eu preciso de uma luz!

Em Bentinho, aos prantos. CORTA PARA/

CENA 11. ATELIÊ DE OLGA. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Marlene andando de um lado para o outro, visivelmente inquieta. Aurélio entra.

AURÉLIO: Finalmente estamos cara a cara, Marlene!

Marlene paralisa. Ela vai se virando aos poucos.

AURÉLIO: Não está feliz em me vê novamente?

Marlene engole a seco. Aurélio sorrindo. CORTE PARA/

CENA 12. MANSÃO BELMONTE. CORREDOR. INT. DIA.

Bentinho passa pelo corredor. Maneco sai do quarto de hóspede.

BENTINHO: (Surpreende-se) Maneco!!! O que você estava fazendo aí?

Os dois se entreolham. CORTE PARA/

CENA 13. ATELIÊ DE OLGA. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Marlene paralisada. Aurélio se aproxima.

AURÉLIO: Não imagina o quanto esperei por esse momento.

MARLENE: O que você veio fazer aqui?

AURÉLIO: Acertar as contas contigo. Ou você achou mesmo que eu ia esquecer o que você me fez?

MARLENE: Eu não vou admitir que você cruze o meu caminho, Aurélio! Você sabe bem do que eu sou capaz!

AURÉLIO: Claro que eu sei! Afinal, aquele velho milionário de Paris morreu por sua causa!

MARLENE: Cala a boca!

AURÉLIO: Por quê? Você teve a ideia e foi por causa daqueles remédios que você colocava na comida dele, que ele morreu. Foi o plano perfeito!

MARLENE: (Grita) CALA A BOCA!

AURÉLIO: (Sorriso debochado) Calma, Marlene! Está com medo de alguém ouvir?! Engraçado... Você deveria era ter medo de mim.

MARLENE: Você não me assusta, Aurélio! Eu não sei aonde você quer chegar, mas eu não vou continuar ouvindo seus lamentos.

AURÉLIO: Eu lamento mesmo. Era um plano tão perfeito... Pena que você não quis cumprir a sua parte! Pegou o dinheiro do velho e foi embora, sem me dar nenhuma satisfação! Você me abandonou, me traiu e quis me fazer de idiota. Acha mesmo que isso tem perdão?

MARLENE: E o que você quer? Veio atrás do dinheiro, é isso?

AURÉLIO: Exatamente! E você vai me dizer onde você guardou.

Aurélio retira um revólver do bolso e aponta para Marlene.

AURÉLIO: (Grita) ANDA, FALA LOGO!

Marlene na mira do revólver, apreensiva. Clima tenso. CORTE PARA/

CENA 14. MANSÃO BELMONTE. CORREDOR. INT. DIA.

Bentinho e Maneco frente a frente.

BENTINHO: Você não vai me dizer o que estava fazendo no quarto de hóspede, Maneco?

MANECO: Fala baixo! Quer que alguém escute?

BENTINHO: A tal Aninha dormiu nesse quarto. Não vai me dizer que... (Cai a ficha) Não, não é possível!

MANECO: Eu já disse pra falar baixo.

BENTINHO: Como pôde? Mal a Rute foi embora, e você já levou essa aí para a cama?!

MANECO: Você sabe que eu não sou homem de perder tempo. Agora a Aninha e eu somos duas pessoas livres. Nada impede de nos divertimos um pouco sempre que quisermos.

BENTINHO: Não iluda a moça. Ela já sofreu tanto...

MANECO: Depois desse sexo, eu a fiz esquecer qualquer sofrimento. E pode ficar tranquilo, pois eu não estou iludindo ninguém!

BENTINHO: E eu pensando que você ainda estava abalado e sofrendo pela Rute. Estou chocado!

MANECO: Sem falso moralismo, por favor! Apesar de vestir essa batina, você não é nenhum santo! Sabemos muito bem o que fizemos com a Marlene. Não me condene, Bentinho! Você também é homem e sabe como são essas coisas.

BENTINHO: (Abaixa a cabeça) Não estou te condenando. Apenas fiquei surpreso. Eu só condeno a mim mesmo, Maneco. Não sabe o quanto me culpo por tudo o que eu fiz. Você não tem noção de quanto essa culpa me perturba.

MANECO: Vamos descer! Daqui a pouco a Aninha sai do quarto. Não é bom que ela nos veja conversando aqui. Vamos!

Maneco e Bentinho saem andando apressadamente. CORTE PARA/

CENA 15. GRAMADO. RUA. EXT. DIA.

Olga caminhando pela cidade.

OLGA: (Pra si mesmo) Ai, meu Deus! Será que a conversa entre a Marlene e o Aurélio já terminou?! Espero que esteja tudo sob controle.

Ela se aproxima de um carrinho de pipoca.

OLGA: Me ver um saquinho, por favor!

PIPOQUEIRO: É pra já, senhorita!

OLGA: Obrigada!

Em Olga, preocupada. CORTE PARA/

CENA 16. MANSÃO BELMONTE. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Rebeca e Aninha frente a frente. Maneco e Bentinho ao canto.

REBECA: Tem certeza que não quer ficar mais uns dias?

ANINHA: Melhor não, Dona Rebeca. Quanto mais eu adiar, será pior! Vou encarar esse povo de uma vez, reabrir a venda e seguir a minha vida.

REBECA: Força, minha querida!

Rebeca e Aninha se abraçam.

ANINHA: E o Seu Lauro?

REBECA: Está na fábrica. Mas mando lembranças suas a ele.

Dita vem de dentro com prato na mão.

DITA: Fiz um bolo e trouxe um pedaço para você levar.

REBECA: Ótima ideia, Dita!

Dita entrega o prato para Aninha.

ANINHA: Muito obrigada!

DITA: É de coco com chocolate. Espero que goste!

ANINHA: Irei gostar. Você tem uma mão de fada!

REBECA: E quando quiser aparecer, as portas estarão sempre abertas.

ANINHA: Muito obrigada!

Aninha cumprimenta Maneco rapidamente.

MANECO: Até logo, Ana!

ANINHA: Até!

Maneco e Aninha se entreolham disfarçadamente e sorriem um para o outro. Bentinho percebe e entra no meio dos dois.

BENTINHO: Que Deus te abençoe e te guarde!

ANINHA: Amém!

REBECA: Dita, Leve a Aninha até a porta.

DITA: Sim, senhora!

Aninha sai, seguida por Dita. CORTE PARA/

CENA 17. ATELIÊ DE OLGA. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Aurélio com o revólver apontado para Marlene.

AURÉLIO: (Grita) FALA! AONDE VOCÊ COLOCOU O DINHEIRO?

MARLENE: Eu não tenho mais nenhum tostão desse dinheiro, Aurélio. Eu juro!

AURÉLIO: (Riso nervoso) Não, não. Você deve mesmo me achar com cara de palhaço. Você prefere abrir essa boca ou ir pra debaixo da terra?

MARLENE: Eu estou falando a verdade! Depois que eu fugi com todo dinheiro do cofre do velho, eu viajei para várias outras cidades da Europa. Me dei todo luxo que eu merecia.

AURÉLIO: E por qual motivo você me passou a perna, Marlene? Podia ter sido tudo tão diferente...

MARLENE: Eu pensei que você poderia fazer o mesmo e ir embora. Aí eu fiz primeiro. Não foi nada premeditado, eu juro! Aí depois que o dinheiro acabou, eu me vi obrigada a voltar para o Brasil. Por que você acha que eu voltei para esse fim de mundo?

Aurélio respira fundo e abaixa o revólver.

AURÉLIO: O que você fez não tem perdão, Marlene. Eu comi o pão que o diabo amassou por sua culpa! Só eu sei o que eu passei sem nenhum dinheiro no bolso. E você nem imagina o que eu fiz para poder voltar para o Brasil.

Aurélio se senta e coloca o revólver no colo.

MARLENE: Eu sinto muito. Mas na dúvida de sua lealdade, eu tive que pensar em mim e ser desleal primeiro.

Marlene se aproxima lentamente.

MARLENE: Eu vou te provar que não tenho medo de você, Aurélio. Nunca mais aponte um revólver para Marlene Belmonte!

Marlene tenta puxa o revólver do colo de Maneco, mas ele a empurra.

AURÉLIO: (Irado) Enlouqueceu?

Aurélio dá um tapa na cara de Marlene, que cai no chão.

AURÉLIO: (Cheio de ódio) Sua vagabunda!

Aurélio pega Marlene pelos cabelos e a joga contra parede. Ele a segura pelo braço e aponta o revólver para cabeça dela.

AURÉLIO: (Sangue nos olhos) Agora você vai ver quem sou eu de verdade, sua vadia!

Os dois colados. Olhos fixados um no outro. Clima tenso. CORTE PARA/


FIM DO CAPÍTULO


Elenco:

Mariana Ximenes como Marlene

Joaquim Lopes como Bentinho

Juliane Araújo como Rute

Marcos Pitombo como Maneco

Daniel Boaventura como Aurélio

Ary Fontoura como Lauro

Ana Lúcia Torre como Rebeca

Maria Eduarda de Carvalho como Olga

Giordano Becheleni como Fernando

Jacqueline Sato como Aninha

Rosane Gofman como Dita

Carlos Vereza como Padre Tide