Testemunha de um Crime - Capítulo 04

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TESTEMUNHA DE UM CRIME


Novela de
Luiz Gustavo

Capítulo 04 de 30



© 2020, Webtvplay.
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CAPÍTULO 04


música do capítulo: Honeymoon Avenue – Ariana Grande

David quase grita quando acorda e divisa um indivíduo avultando ao redor da cama, seu coração permanece acelerado e os olhos avistam a empregada doméstica que trabalha na morada, entre terças e sextas-feiras. Dona Hilda traja uma camiseta branca do governador do estado e um short jeans, os cabelos castanhos claros e quebrados começam a aparecer alguns fios brancos, por causa da idade. Trabalha com a família Assunção acerca de cinco anos, limpa a casa, lava a roupa e ajeita a comida para a semana.
- Seu pai me contou o que aconteceu ontem de noite, garoto. Caramba, como você conseguiu sobreviver? Se fosse eu nessa situação estava dentro de um paletó de madeira.

David esboça um pequeno sorriso, espreguiçando-se rapidamente, o humor da diarista o faz brincar com os problemas quando conta o acontecido. Dona Hilda senta na cama, com um paninho e lustra-móveis em mãos.
- Ainda bem que esse homem está preso, meu filho.
- Sim.
David joga os lençóis para o lado de fora da cama e se eleva, andando para o banheiro onde escova os dentes e joga uma água no rosto. São quase 10 horas da manhã, antes de dormir na última noite havia mandado algumas mensagens para Jefferson e Matheus, que os amigos guardassem segredo sobre o ocorrido e avisasse apenas a duas pessoas: Andressa Yamashita e a Professora Maria.
- Seu pai pediu para você conversar com seus coleguinhas.
- Sobre o quê?
- Ele está combinando uma ida a praia este final de semana, mas como sabe que vocês três são grudados, pediu para o Matheus e Jefferson, conversar com os pais.
- Solicitar autorização?
- Isso.
- Acho que a mãe do Google pode aceitar, mas os pais do Jeff são muito rigorosos. Por isso que quase nunca a gente se reuni na casa dele.
Um suco de maracujá acompanhado por um bolo de laranja está no centro da mesa. O adolescente senta na cadeira e saboreia o café da manhã. A campainha toca justamente, quando Dona Hilda tinha saído para comprar alguns mantimentos no mercadinho. David abre o portão do sobrado e encara a visita, é Andressa que o abraça forte. Ela ainda usa o uniforme, na verdade estava no colégio até saber o motivo da falta de David, tinha fingindo uma dor de barriga, pedindo ao seu irmão mais velho para buscá-la.
- Eu nem sei como andar na rua mais. – David disse ao retornar à cozinha acompanhado pela garota. – É tudo muito estranho.
- A polícia não disse que você está seguro?
- Sim.
- Então confie neles, não fique se prendendo.
- Obrigado, Andressa, quer suco e um pedaço de bolo?
- Eu aceito.
David pega um copo e um pires no escorredor de pratos. Fita Andressa comer feito um telespectador estava a poucos centímetros dela, podia se aproximar e roubar um beijo. Ela se alimenta do mesmo jeito que um passarinho, em leves bicadas.

- Estava delicioso. – Andressa fala ao finalizar, completamente satisfeita.
- Quer mais?
- Não David, obrigado.
Andressa segura às mãos do garoto e o observa, como se conseguisse enxergar a sua alma.
- Você é muito corajoso.
- Nem com todas as coisas.
- Do que você se refere?
- É que amo uma pessoa e nem consigo dizer o que sinto.
Andressa chega perto do ouvido dele e articula baixinho: Quem seria essa pessoa?
David a beija na boca e coloca para fora os sentimentos guardados, os desejos, como se tivesse no paraíso erguendo suas asas para o alto, voando ao redor de uma constelação.
Eu perdi o controle de tudo e deixei as emoções me guiar nessa avenida, permiti o fogo se colidir dentro do meu corpo e o pavio iluminar essa alma, libertar esse desejo trancado a sete chaves. Preciso domar isso como se nunca precisasse ser salvo. O mel dos lábios dela, é tão doce, como não fiz isso antes? Como não tinha cometido essa loucura? Espero que agora ela me guie com sua força, mesmo se travessia for complicada.
- Você sentiu o que eu senti? – Ele pergunta.
- Sim, é como se você me completasse.
Os dois se entreolharam por longos minutos, despindo-se da vergonha e beijando-se centenas de vezes.

- Eu tenho que ir, David, sério mesmo.
- Para onde?
- Centro, ficar com meu pai no restaurante.
- Você trabalha com ele?
- Ás vezes. Avisa pra Dona Hilda que o bolo estava excelente.
- Claro.
David a leva até o portão, onde se despede com um selinho, Andressa movimenta-se em direção ao fundo da rua, seguindo trajeto para sua morada. O adolescente vira o rosto para a direita e vê os dois amigos chegando em passos lentos.

- Está pegando a Andressa? – Interpela Jefferson limpando o suor da face com a blusa do colégio.
- Eu preciso contar muita coisa a vocês antes do almoço.
- Ainda bem que não tivemos as duas últimas aulas, estou bastante curioso, se pudesse nem ia para escola hoje. – Complementa Matheus.
Os três adentram na casa e sentam no sofá, a TV permanece desligada enquanto eles começam a conversar na sala de estar.
- Vamos aos fatos? Desde ontem, conte tudo.
- Vocês sabem do acontecido, fui testemunha de um crime e avistei o mesmo homem que matou a minha mãe, atirando em direção ao outro rapaz.
- Disso nós sabemos, mas aonde você estava naquela hora? Andando tarde na rua sozinho? Para polícia você pode dizer que foi no shopping ver um filme, mas aos seus amigos? Irá continuar mentindo? – Jefferson o encara aguardando respostas.
- Vocês querem a verdade?
- Lógico mano! – Exclama Matheus.
- O presente do meu pai, na verdade era outra coisa. – David respira lentamente e revela: Transei com uma garota de programa, na minha primeira vez.
Jefferson e Matheus demonstram-se surpresos, David era o único do grupinho que faltava para entrar no time dos "Ex-virgens", mas isso não significa que fazem sexo com frequência.
- E depois disso, eu saí e contemplei que o carro do meu pai não estava mais lá no estacionamento e resolvi voltar andando e aconteceu o que aconteceu.
- Que trash. – Afirma Jefferson. – Eu nem sei o que falar, aliás, digitei tanto essa noite, que estou sem palavras, dou as pontas do caso para o Google.
- David, você sobreviveu a tudo isso e ainda comeu uma puta. – Matheus o consagra.
- Outro lado positivo é que o assassino da sua mãe está na cadeia.
- Exato. Sobre a Andressa, ela veio aqui bem cedo e conversamos sobre ontem e eu tive determinação, pela primeira vez a beijei, foi roubado, mas curtimos bastante.
- Vocês estão namorando? – Indaga Matheus e Jefferson juntos.
David demora um tempo para responder.
- Eu não sei, mas sinto que temos uma conexão muito forte.
O almoço é servido meio dia e meia, com o prato típico no Brasil: arroz, feijão, bife e batata frita. Roberto come tranquilamente, conversando com os garotos sobre a viagem no final de semana para a praia, Jefferson e Matheus confirmam a presença depois de uma ligação aos pais, que não restringiram o passeio.
- Esse final de semana será épico. – Garante Matheus.
Depois de se alimentarem e lavarem os pratos com a ajuda de Dona Hilda: O trio "parada dura" sobe para o quarto e começa a assistir alguns episódios da primeira temporada de Flash. David fica calado, sem demonstrar nenhum interesse na história do super-herói. Jefferson percebe o marasmo e aperta pause.
- O que você tem David? Estamos vendo uma luta histórica entre o Flash e o Arqueiro Verde e você parece que está andando nas nuvens, que nem essas patricinhas quando escuta Katy Perry.
- É a Andressa. – Branda Matheus.
David ajeita-se no leito e observa os amigos perto da cabeceira.
- Estou com tanta coisa, não é só a Andressa, tem o Junior Brandão, algo dentro de mim diz que isso aqui não acabou e que existirá uma continuação, nessa parte dois, eu vou sofrer que nem o Barry Allen.
- Deixa o pessimismo de lado.
- Google. Coloque-se em minha situação.
- Mano, se jogue nisso até o fim, sem pavor. O que acontecer será para o seu bem. – Matheus continua.
- Ou meu mal.
Dona Hilda bate duas vezes na porta do quarto e adentra.

- Estou de saída David, deixe essa casa limpa até a próxima sexta-feira. As panelas estavam horríveis para limpar e o banheiro? Gente, você e seu pai são um tsunami, imagina se eu não trabalhasse aqui?
- Essa casa já teria pegado fogo sem você, Hilda.
Dona Hilda retira-se deixando a residência em ordem.
- Eu preciso confessar algo a vocês. – David começa a falar. – Amo a Andressa, mas e se o sentimento não for recíproco? E se não conseguirmos namorar saca?
- Não adianta pensar sem tentar.
- Siga em frente. – Grita Matheus do banheiro ao urinar, posteriormente escuta-se o barulho da descarga e da torneira.

Os garotos assistem mais alguns episódios de Flash, dessa vez David está mais atento e ansioso a cada acontecimento do protagonista da série. Ás 16h00min, Jefferson e Matheus desligam a TV, deslocam-se para o primeiro andar e pegam as bolsas do sofá, indo embora, aguardam menos de cinco minutos no ponto e adentram no ônibus, rápido demais para ser verdade. David retorna para casa e ao olhar para trás, enxerga Amanda, usando uma calça jeans apertada e uma camiseta branca da marca Puma.
- Amanda?
- David. – Amanda esboça um belo sorriso, mas o adolescente continua meio desajeitado, por mais arrumada que Amanda esteja ela ainda é uma meretriz, dona de um belo corpo, uma sensualidade no mínimo elegante e agora com belos cabelos ruivos acobreados, um novo visual, para um novo nível da vida. – Está com vergonha? Mesmo usando essa roupa dá para sacar que bato calçada?
- Não é isso, mas não te esperava te ver aqui, tão perto.
- Estou vendo uma casa para alugar.
Amanda Lopez assim identificada, se viu obrigada a se tornar garota de programa quando saiu de casa aos 17 anos, sofria abuso sexual do padrasto e psicológico da mãe que a tratava como uma verdadeira escrava: lavava, passava e cozinhava. Por não ter muitos amigos, acabou morando certo tempo na rua, onde conheceu mundo do dinheiro fácil.
- Essa é a sua casa?
- Sim.
- Posso entrar? Preciso conversar contigo.
David serve um café quentinho feito na cafeteira com um pedaço de bolo.
- Sinto falta desse cheiro de casa, David.
- Por isso está alugando uma?
- Também, mas isso é graças a você.
- O quê?
- David, acontece que eu nunca vi algo tão bom numa pessoa, ontem, aquela noite entrou para minha memória. Quero sair dessa vida, arranjar um emprego descente e ser normal, construir um lar. – Amanda limpa ao redor dos olhos que começam a lacrimejar. – Mas tenho uma pequena dívida com o proprietário do Vinil, caso contrário ele não me deixa sair.
- Qual o valor?
- Seiscentos reais.
David dirigiu-se ao quarto e pega de dentro de uma latinha do homem aranha um pequeno bloco de dinheiro, suas economias para comprar um Xbox One, escondido dentro de sua gaveta de roupas, entregando a Amanda que recusa diversas vezes e por último aceita a ajuda.
- Eu juro que um dia, vou te pagar David.
- Não tem problema Amanda, confio em você.
Amanda despede-se de David com um beijo no rosto, o adolescente posteriormente entra no banheiro e toma um longo banho. Não liga para o dinheiro, afinal permanece fazendo o bem a um indivíduo, mas e se estiver errado? E se a sua intuição falhar? A campainha toca novamente, David está usando uma roupa de moletom, por causa do frio do início de noite, ao abrir a porta se assusta com a visita.
- Professora Maria, a senhora por aqui?




INSPIRADO EM UMA HISTÓRIA REAL

autor:
LUIZ GUSTAVO

elenco
DAVID ASSUNÇÃO

AMANDA LOPEZ
ANDRESSA YAMASHITA

HERBERT VIANA

NICK SMITH
ADAM SMITH

FRANK SALVATORE
BRUNO LIMA

PROFESSORA MARIA
ROBERTO ASSUNÇÃO

MATHEUS
JEFERSON

DONA HILDA
SÁVIO MESSIAS
JUNIOR BRANDÃO

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
MARCELO MIRANDA
MÔNICA VELARDO


TRILHA SONORA:
SAVE ME - REMY ZERO (abertura)
HONEYMOON AVENUE – ARIANA GRANDE

COLABORAÇÃO:
MÁRCIO GABRIEL
JULIANA CORDEIRO


PRODUÇÃO:
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.




Testemunha de um Crime - Capítulo 02

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TESTEMUNHA DE UM CRIME


Novela de
Luiz Gustavo

Capítulo 02 de 30



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CAPÍTULO 02


Os tiros parecem não ter ponto, mas nenhumas das balas tinham acertado o único alvo: a testemunha. O garoto é rápido e inteligente conseguindo manipular o assassino, que em um momento de descuido acaba o perdendo de vista. O homem portando a arma na mão tem 1 metro e 80 de altura e cerca de 85 quilos bem distribuídos, parecendo uma montanha ambulante, como conseguiu ser enganado tão facilmente?
- Porra, cadê este desgraçado? – Pergunta o homem com um sotaque carioca, bastante furioso.
David mantém-se escondido dentro de uma caçamba de lixo, o coração acelerado, parece que ia sair pela boca, que nem um vômito. O cheiro não era um dos mais agradáveis, mas isso é o de menos naquele momento. Primeiro a mãe e quase dez anos depois o filho, Junior Brandão é um monstro com corpo definido, belas esferas castanhas, um rosto conquistador e pensamentos maquiavélicos, mas do que este homem é construído? O que existe do outro lado desta face?
Não se escuta mais nenhum disparo, talvez a munição tivesse acabado ou o facínora ido embora, desistido assim? Cinco minutos se passam desde o último barulho, agora só o ruído irritante da sirene da polícia militar. David finalmente encontra-se a salvo.
David sai da caçamba um pouco nervoso, são diversos carros com aquela luz vermelha e azul piscando sem parar. Ele tenta se mundificar, tinha um casco de banana grudado na camisa e percebe a presença de um dos investigadores que não se incomoda com o cheiro do adolescente, executando diversas perguntas. O homem é careca, alto e gordo, com uma barba por fazer, vestindo uma calça jeans e uma camiseta polo da marca Tommy Hilfiger com a estampa de listras, no distintivo o seu nome: Marcelo Miranda.

- Eu estava andando quando sai do labirinto e vi um cara na frente do Banco do Brasil, logo depois, saiu este homem, Junior Brandão de um carro e deferiu três tiros.
- Como conhece este cara?

Marcelo o encara com um olhar contestador, está evidente que o garoto não tem nada a ver com o delito.
- Ele que matou a minha mãe no assalto ao Banco Central em 2003.
- Maitê Fernandes?
- Sim, eu era pequeno doutor e desde então, sonho em pegar esse cara e me retaliar de alguma maneira.
- Mas você ajudou a pegá-lo, se não fosse por isso ele teria fugido.
- É, quase custou a minha existência.
Os dois sorriram de maneira falsa.
- Qual o seu nome?
- David Assunção Fernandes. – Faz uma pausa e questiona: Tenho que depor né?
- Sim, está com todos os documentos em mãos?
- Claro.
- Depois vamos para a delegacia, como o meliante foi pego em flagrante, o procedimento será mais rápido.
Outro investigador acaba interrompendo a conversa, dessa vez uma mulher, muito bonita apesar da idade e o forte cheiro de cigarro Belmonte, que incomoda a todos em conjunto.

- Tudo bem? – Ela ergue a mão, cumprimentando a testemunha. – Meu nome é Mônica Velardo, o Marcelo te falou a respeito do tratante?
- Mônica... – Marcelo começa a falar. – Junior Brandão que matou a mãe do David, naquele assalto no banco em 2003.
- O Banco Central? – Ela indaga.
- Sim. – David responde.
- Aquele assalto entrou para a história do nosso país.
- De forma negativa não é investigadora? Roubaram 45 milhões de reais, mataram duas pessoas e a polícia não conseguiu pegar nenhum dos bandidos, vocês deveriam terem vergonha de usarem esses distintivos. – David disse abruptamente.
- Mantenha a calma garoto, como diz o ditado, a justiça tarda, mas não falha.
- Ela nunca falha. – David fala em tom de sarcasmo.
- Bem, voltando ao assunto Junior Brandão, a polícia estava o investigando há anos, ele é a principal suspeita de manter uma facção criminosa que movimenta 70% do tráfico de drogas e do contrabando de armas no Brasil.
Sabia que estava assinando meu atestado de óbito ao ir para aquela delegacia. Junior Brandão encontra-se preso, mas do que adianta? Corro risco da mesma forma. Encaminharam-me para o segundo andar para fazer reconhecimento através daquele vidro, eu olhei aquele homem nos olhos, mesmo que ele não pudesse me enxergar e avistei o zero, o nada, apenas uma constituição física que aparenta não ter sentimentos. Gostaria de falar algo, xingá-lo, mas agora só conseguia chorar. Ele matou a minha mãe, o irmão da professora Maria e aquele rapaz da frente do Banco do Brasil e agora está preso, certamente nesses presídios luxuosos para bandidos de primeiro nível, essa é a justiça do nosso país? A que nunca falha? Meu coração só ficará tranquilo quando este homem estiver a quinze palmos debaixo do chão. Eu choro pela minha mãe, no entanto quem irá derramar uma lagrima por aquele monstro?
David retira-se da sala e anda sozinho por um corredor estreito, descendo uma pequena escadaria, chegando ao primeiro andar. Ele avista o patriarca sentando na sala de espera assistindo CSI, acomoda-se ao lado e o abraça com força, do mesmo jeito que tinha abraçado quando descobriu que a mãe estava morta, mas agora existe um medo no olhar.
- Eles vão me pegar.
- Calma filho. Os policiais não falaram que irá ficar tudo bem? Não vão divulgar o seu nome e nada a respeito.
- E você acha que os caras que trabalham para o Junior Brandão, não irá se vingar?
David permanece assustado e apreensivo. Normal para uma pessoa comum que presenciou um assassinato.
- Eu tenho orgulho de você, filho, do homem que está se tornando, de grande índole. Perdoe-me se eu não estava lá quando saiu daquele lugar, mas recebi um telefonema de última hora de um dos clientes para resolver uns problemas em uma máquina.
- Eu que fui teimoso em sair andando assim.
David pega o celular do bolso e manda um recado para os amigos pelo Facebook. Falta menos de 10% para o aparelho descarregar. Apenas Jefferson encontra-se online, eram quase uma hora da manhã, Matheus provavelmente está dormindo ou vendo uma maratona de The Big Bang Theory, série qual é fanático. Jefferson a todo o momento dava conselhos, para David encontrar um ponto de equilíbrio e ficar mais calmo.
David é chamado por um dos policiais para assinar algumas papeladas, todas com o mesmo conteúdo e ele assina seu nome centenas de vezes.
"Você ajudou a justiça brasileira garoto." Disse um dos policias para David, antes do adolescente sair da delegacia. Ele ainda cheirava a lixo, certamente iria tomar um bom banho quando chegar a sua casa para se livrar do fedor, infelizmente com a água e sabonete não é possível apagar a noite e nem abandonar as memórias para trás.
David adentra no automóvel, não percebe, mas do outro lado da rua, uma pessoa segue os vigiando dentro de um carro preto: um homem negro, usando uma roupa social. Finalizando um maço de cigarros.
- Me aguarde garoto, ninguém mandou colocar o Junior atrás das grades. Mal sabe com que tipo de gente você mexeu. Tu estás morto e nem sabes disso.
O homem joga o cigarro ainda aceso para fora do carro que cai diretamente no pavimento da alameda, que em segundos estava literalmente vazia.




INSPIRADO EM UMA HISTÓRIA REAL

autor:
LUIZ GUSTAVO

elenco
DAVID ASSUNÇÃO

AMANDA LOPEZ
ANDRESSA YAMASHITA

HERBERT VIANA

NICK SMITH
ADAM SMITH

FRANK SALVATORE
BRUNO LIMA

PROFESSORA MARIA
ROBERTO ASSUNÇÃO

MATHEUS
JEFERSON

DONA HILDA
SÁVIO MESSIAS
JUNIOR BRANDÃO

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
MARCELO MIRANDA
MÔNICA VELARDO

COLABORAÇÃO:
MÁRCIO GABRIEL
JULIANA CORDEIRO


TRILHA SONORA:
SAVE ME - REMY ZERO (abertura)

PRODUÇÃO:
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.






Testemunha de um Crime - Capítulo 03

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TESTEMUNHA DE UM CRIME


Novela de
Luiz Gustavo

Capítulo 03 de 30



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CAPÍTULO 03


música do capítulo: SexyBack – Justin Timberlake ft Timbaland

O homem negro atravessa a cidade de São Paulo dentro do Honda Civic, chegando a uma mansão localizada no Jardim Paulista, um dos bairros mais ricos da capital, tendo predomínio de moradores da classe alta. O estacionamento da casa tem por volta de 25 carros, entre luxuosos e mais humildes. Herbert Viana coloca o sapato de couro preto com biqueira arredondada no assoalho de porcelanato, caminhando em direção do elevador e aperta o botão prata duas vezes. A morada é cercada de seguranças que ganham a equivalente de 15 mil reais mensais, para proteger a vida do patrão.
As portas se abrem rapidamente e ele entra pensando na longevidade dos negócios, movimentam 70% do tráfico de drogas e do contrabando de armas em nível nacional e 37% em escala mundial. Os subordinados preservavam os rostos, quem trabalhavam em filiais pelo Brasil ou no mundo, dialogavam apenas com representantes de cada região. Ele sai do elevador e adentra pela cozinha de onde pega uma garrafinha de Heineken na geladeira de inox, avançando para a sala. Seus olhos castanhos estavam inchados, quase fechando. Herbert desamarra a gravata e acomoda-se no sofá de couro legítimo, na mesinha de centro o notebook é ligado, digita a senha várias vezes e descerra o programa.
Herbert acessa a caixa de entrada do e-mail e clica em um dos não lidos: "A embarcação chegou até o Peru chefe, semana que vem mandaremos um caminhão de pirulitos para o eixo Nordestino." Uma tática velha que ainda consegue enganar federais, o artifício de transportar as drogas ilícitas dentro de sacos de balas de marcas famosas.
- O passado escreve o futuro. – Disse Herbert.
Para muitos do bairro Herbert é um homem de negócios, frequentava as festas beneficentes e ajudava os pobres, como desconfiar de todo esse disfarce? Ao lado de Junior Brandão, construiu um império do crime, assaltos em bancos no Brasil e no mundo, enquanto Herbert administrava, o outro viajava pelo planeta, dando seus deslizes. Sabia que aquilo era culpa do sócio. Nicolas Ximenes, o rapaz assassinado na frente do Banco do Brasil trabalhava na facção, uma mente pretensiosa, no entanto era ambicioso demais e furtou cerca de 20 milhões de reais, ladrão que rouba ladrão, não tem perdão.
Herbert desliga o aparelho e sobe as longas escadarias de mármore indo para a suíte, tira os trajes escuros e joga perto da cama. A água da banheira está quente e agradável, o leve aroma de jasmim assume o controle dos cômodos. Os olhos cedem ao cansaço, à vida se passa num sonho: herdeiro de americanos conheceu Junior no Brooklyn,  um dos 62 condados do estado de Nova Iorque e juntos começaram não apenas uma amizade e sim uma sociedade.
O homem acorda assustado ao avistar uma constituição física masculina adiante, trata-se de Ricardo Medeiros um dos seus melhores funcionários, sem se incomodar com a presença, Herbert se levanta e pega uma toalha, secando o corpo todo e posteriormente se cobrindo num roupão.
- Me desculpe Dr. Herbert, mas me disseram para subir, que o senhor estava esperando.
- Não precisa se explicar. Somos homens.
- Claro.
- O Junior foi preso como te disse naquele telefonema, por culpa de um filho da puta de uma testemunha.
- O que vamos fazer?
- O que a gente faz de melhor, matar esse garoto, mas tudo com cautela. – Herbert olha para o funcionário de cima abaixo, antes de dar as ordens. – Desejo que descubra tudo sobre esse maldito: família, amigos, namorada. Não deixe nada de lado, chame os nossos melhores capangas.
Herbert pede um tempo para Ricardo e coloca uma roupa casual, bermuda de moletom preta da Nike e uma camisa branca. O cheiro do camarão á provençal o guia para a sala de jantar, acomodando-se na cabeceira da mesa de vidro perto de Ricardo, a empregada serve um vinho tinto italiano. Apesar do horário, existem subordinados trabalhando todo o dia.
- Dormi um pouco na banheira. O sono passou de leve, mas parece que carrego uma cruz diante das costas. O Junior não tinha que ter agido assim, como uma pessoa mesquinha e vingativa. – Hebert ingere a bebida da taça de cristal com detalhes de ouro na borda. – Coloque uma pessoa para seguir o menino, quando a polícia pensar que abandonamos o caso, aí a história começa.
- Sabe o assalto no Banco Central de 2003.
- Como esquecer? Depois disso, subimos ao topo e roubamos JP Morgan Chase nos Estados Unidos, mas porque esse assunto agora?
- Eu fiz algumas pesquisas sobre o David, ele é filho da Maitê Fernandes.
- Irônico. Primeiro a mãe e dez anos depois o filho.
Depois de finalizar o prato, Herbert se despede de Ricardo. Sobe novamente, dessa vez caindo na cama e apagando que nem uma máquina. Desperta no outro dia quase de tarde com os leves assobios de pássaros. Os olhos depois de uma excelente noite de sono estão normais, após escovar os dentes e assistir um desenho na TV como de costume, o homem caminha em torno do jardim com uma taça de champanhe em mãos, pensa em comprar um apartamento de luxo em Dubai, onde planeja tirar férias. A campainha toca diversas vezes, Herbert abre o portão, uma criança loira de olhos azuis adentra, usando um uniforme do Palmeiras.
- Tudo bem garotinho? – Questiona Herbert.
- Sim. Eu estava jogando bola com o meu irmão e acabei chutando forte demais, acho que caiu na sua piscina, você pode pegar, por favor?
- Qual o seu nome?
- Nick.
- Nick, pode ir até a minha piscina fica lá nos fundos.
Herbert mesmo sendo homicida, administrador do narcotráfico e do contrabando mundial tinha o seu lado humano, adorava crianças, mas nunca conheceu uma dama que lhe atraísse o bastante para chamar de esposa.
- Sua casa é demais! – Fala Nick com a bola de futebol nas mãos e um sorriso verdadeiro no rosto.
- Nunca te vi por aqui Nick. Mudou-se recentemente?
- Ontem na verdade, fica mais perto do trabalho do meu pai, ele é advogado.
- E sua mãe?
- Morreu assim que eu nasci. – Nick encara Herbert e continua. –Sinto-me culpado ás vezes, sabe?
Nick permanece alguns segundos sem falar e pergunta o nome do homem a sua frente.
- Meu nome é Herbert. – Ele ergue a mão e cumprimenta o menino. – Tenho certeza que seremos grandes amigos, se quiser, pode aparecer qualquer dia com o seu irmão para tomar banho de piscina, fique à vontade.
Ele tranca o portão e retorna a morada, jogando-se no sofá, comendo um pacote de queijo nacho e bebendo uma latinha de Pepsi. Precisa se apaixonar, não por uma vagabunda e sim por uma mulher de verdade que o conhece por completo, sua outra metade e construir uma família, tudo necessita de um princípio.




INSPIRADO EM UMA HISTÓRIA REAL

autor:
LUIZ GUSTAVO

elenco
DAVID ASSUNÇÃO

AMANDA LOPEZ
ANDRESSA YAMASHITA

HERBERT VIANA

NICK SMITH
ADAM SMITH

FRANK SALVATORE
BRUNO LIMA

PROFESSORA MARIA
ROBERTO ASSUNÇÃO

MATHEUS
JEFERSON

DONA HILDA
SÁVIO MESSIAS
JUNIOR BRANDÃO

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
MARCELO MIRANDA
MÔNICA VELARDO

COLABORAÇÃO:
MÁRCIO GABRIEL
JULIANA CORDEIRO


TRILHA SONORA:
SAVE ME - REMY ZERO (abertura)
SEXYBACK – JUSTIN TIMBERLAKE FT TIMBALAND

PRODUÇÃO:
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.



Testemunha de um Crime - Capítulo 05

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TESTEMUNHA DE UM CRIME


Novela de
Luiz Gustavo

Capítulo 05 de 30



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CAPÍTULO 05


música do capítulo: The Fight Song – Marilyn Manson

Maria e David permanecem acomodados um a frente do outro, tomando um chá de erva-doce acompanhado de um delicioso bolo de aipim. A noite acoberta a cidade adjunta a umidade, uma leve brisa adentra na cozinha e o leve barulho da garoa deixa o espaço restritamente agradável. A professora utiliza um suéter índigo grosso de gola V com uma camiseta vermelha por baixo, os jeans claros caem perfeitamente em seus quadris largos. Ela mexe algumas vezes no anel de casamento antes de começar a falar.
- Junior Brandão finalmente está preso, David. Lembro-me até hoje quando assisti pela televisão as vítimas deste facínora, quase não pude acreditar em tamanha injustiça. Tirar a vida de uma pessoa humilde, que nunca fez nada de mal a ninguém e ainda sair impune, viajando o mundo como se fosse um inocente, como se tivesse roubado apenas um livro.
- A morte de um é uma tragédia, a morte de milhões é apenas estatística. – Acrescenta a frase de Marilyn Manson na canção The Fight Song.
- Realmente este é o país do desrespeito com o próximo, somos vítimas não apenas deste homem e sim dessa maldita sociedade, que não faz nada para combater excessiva malignidade, escolhem governantes como se colassem figurinhas. São poucos que não permanecem à margem. Ás vezes como professora desejo mudar o caráter dos indivíduos, mas não tem como fazer milagres, querido. Tem gente que consegue andar com um cabresto na cabeça, não muda a forma de pensar.
Maria desaba em lagrimas levando as mãos na cabeça e começa a soluçar baixinho.

- Já imaginou se sua mãe e meu irmão, ainda estivessem vivos?
- Professora, eu fui forte em todo este tempo. Mas não é porque esse vagabundo encontra-se preso, que tudo acabou, pelo contrário, só vai cessar quando ele estiver morto, ainda desejo puxar o gatilho, mesmo que seja impossível.
Maria enxuga os olhos e o encara.

- Meu irmão era simples David, tinha um grande futuro pela frente e os olhos castanhos mais lindos que eu já vi na vida. Parecia-se muito contigo, a mesma força e caráter. Quando foi contratado pelo Banco Central, todo mundo da minha família ficou feliz, foi assim que chegamos do Nordeste. Eu tinha quase 20 anos, trabalhava como babá em algumas casas desse bairro aqui mesmo, cada lugar era uma humilhação diferente, por eu ser morena, ainda bem que nisso o mundo está mudando. Não se atenha a maldade garoto, você tem uma prospera vida pela frente, pense na sua mãe, sempre.
David segura as mãos da professora.

- Eu tento me lembrar da mamãe às vezes, mas tudo é tão embaçado, sabe?
- Sim, você era muito pequeno. O importante é que existe o amor entre ambas as partes.

Por um momento os dois ficaram calados.

- Se quiser eu te mudo de sala, David, para você ficar ao lado do Jefferson e do Google. São seus melhores amigos né?

David afirma com a cabeça e sorri.

- Já passamos por cada coisa juntos, eles me apoiaram todo esse tempo. Sempre estudamos juntos, desde a quarta série no C.E.U., Mas não quero trocar de sala, aliás, se trocar vai faltar uma pessoa.
- A Andressa?
- Como à senhora sabe?
- Quem não sabe David? Está na cara dos olhares de vocês, do jeito que conversam. Mas se quiserem, eu troco os dois para o 3° C.
- Serio? Tem como?
- No começo de ano sim, levando em conta que a sua sala tem muitos alunos.
- Muito obrigado, professora.
- David...
Maria olha para a janela, a chuva estiava lentamente.
- Você não tem medo do que pode ocorrer agora?
- Sim, mas todo mundo me tranquiliza falando que a polícia irá me proteger. Tento ser positivo, mas se for realista, lasca tudo. Eles não conseguiram encontrar um fugitivo que movimenta o tráfico e o contrabando, durante os últimos treze anos.
- Espero que eles te ajudem. Será que os homens do Junior Brandão vão perder tempo atrás de um garoto de 17 anos?
- É muita tolice, quase um thriller policial.
Maria se eleva da cadeira e abraça David, despedindo-se com um simples "até logo", caminha em direção do carro estacionado do outro lado da rua. O chuvisco finalmente tinha acabado, liga o veículo seguindo a caminho de Parelheiros, o segundo maior distrito da cidade em extensão territorial, apesar de ser pouco povoado, o lugar é excelente para quem deseja estar próximo da natureza e manter contato com a cidade grande.

A professora observa o trânsito, certamente vai demorar um pouco mais para comparecer em casa, os pensamentos permanecem a mil e em alguns segundos no zero. Ao chegar coloca algumas panelas no fogão esquentando a janta, mora sozinha com o marido, que é professor de matemática em um colégio particular. Após preparar uma salada de alface com tomate e desligar o fogão, segue para o banheiro e toma um longo banho. Enfita-se no espelho ainda nua e enxerga uma mulher tão forte quanto seu nome, Maria cresceu na favela próxima do tráfico e do crime, mas sempre teve uma boa índole, formou-se em letras em uma grande faculdade federal, mas o seu sonho é combater a injustiça e torna-se uma excelente juíza. Tinha se casado acerca de cinco anos com um alemão, sonha em ter um filho, mas antes tem que se estabilizar financeiramente.
Ao transpor no quarto com o roupão ao redor do corpo, abre uma das portas do guarda-roupa e pega um pequeno baú de joias com o fundo falso, o descerra e segura uma arma calibre 38 e analisa com fogo nos olhos.
- Isso será útil para você David, eles tentarão te derrubar, mas jamais vão conseguir. Você estará protegido, sempre. Só devo aguardar o momento certo e esse revólver será completamente seu.




INSPIRADO EM UMA HISTÓRIA REAL

autor:
LUIZ GUSTAVO

elenco
DAVID ASSUNÇÃO

AMANDA LOPEZ
ANDRESSA YAMASHITA

HERBERT VIANA

NICK SMITH
ADAM SMITH

FRANK SALVATORE
BRUNO LIMA

PROFESSORA MARIA
ROBERTO ASSUNÇÃO

MATHEUS
JEFERSON

DONA HILDA
SÁVIO MESSIAS
JUNIOR BRANDÃO

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
MARCELO MIRANDA
MÔNICA VELARDO


TRILHA SONORA:
SAVE ME - REMY ZERO (abertura)
THE FIGHT SONG – MARILYN MANSON

COLABORAÇÃO:
MÁRCIO GABRIEL
JULIANA CORDEIRO


PRODUÇÃO:
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.