Testemunha de um Crime - Capítulo 02

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TESTEMUNHA DE UM CRIME


Novela de
Luiz Gustavo

Capítulo 02 de 30



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CAPÍTULO 02


Os tiros parecem não ter ponto, mas nenhumas das balas tinham acertado o único alvo: a testemunha. O garoto é rápido e inteligente conseguindo manipular o assassino, que em um momento de descuido acaba o perdendo de vista. O homem portando a arma na mão tem 1 metro e 80 de altura e cerca de 85 quilos bem distribuídos, parecendo uma montanha ambulante, como conseguiu ser enganado tão facilmente?
- Porra, cadê este desgraçado? – Pergunta o homem com um sotaque carioca, bastante furioso.
David mantém-se escondido dentro de uma caçamba de lixo, o coração acelerado, parece que ia sair pela boca, que nem um vômito. O cheiro não era um dos mais agradáveis, mas isso é o de menos naquele momento. Primeiro a mãe e quase dez anos depois o filho, Junior Brandão é um monstro com corpo definido, belas esferas castanhas, um rosto conquistador e pensamentos maquiavélicos, mas do que este homem é construído? O que existe do outro lado desta face?
Não se escuta mais nenhum disparo, talvez a munição tivesse acabado ou o facínora ido embora, desistido assim? Cinco minutos se passam desde o último barulho, agora só o ruído irritante da sirene da polícia militar. David finalmente encontra-se a salvo.
David sai da caçamba um pouco nervoso, são diversos carros com aquela luz vermelha e azul piscando sem parar. Ele tenta se mundificar, tinha um casco de banana grudado na camisa e percebe a presença de um dos investigadores que não se incomoda com o cheiro do adolescente, executando diversas perguntas. O homem é careca, alto e gordo, com uma barba por fazer, vestindo uma calça jeans e uma camiseta polo da marca Tommy Hilfiger com a estampa de listras, no distintivo o seu nome: Marcelo Miranda.

- Eu estava andando quando sai do labirinto e vi um cara na frente do Banco do Brasil, logo depois, saiu este homem, Junior Brandão de um carro e deferiu três tiros.
- Como conhece este cara?

Marcelo o encara com um olhar contestador, está evidente que o garoto não tem nada a ver com o delito.
- Ele que matou a minha mãe no assalto ao Banco Central em 2003.
- Maitê Fernandes?
- Sim, eu era pequeno doutor e desde então, sonho em pegar esse cara e me retaliar de alguma maneira.
- Mas você ajudou a pegá-lo, se não fosse por isso ele teria fugido.
- É, quase custou a minha existência.
Os dois sorriram de maneira falsa.
- Qual o seu nome?
- David Assunção Fernandes. – Faz uma pausa e questiona: Tenho que depor né?
- Sim, está com todos os documentos em mãos?
- Claro.
- Depois vamos para a delegacia, como o meliante foi pego em flagrante, o procedimento será mais rápido.
Outro investigador acaba interrompendo a conversa, dessa vez uma mulher, muito bonita apesar da idade e o forte cheiro de cigarro Belmonte, que incomoda a todos em conjunto.

- Tudo bem? – Ela ergue a mão, cumprimentando a testemunha. – Meu nome é Mônica Velardo, o Marcelo te falou a respeito do tratante?
- Mônica... – Marcelo começa a falar. – Junior Brandão que matou a mãe do David, naquele assalto no banco em 2003.
- O Banco Central? – Ela indaga.
- Sim. – David responde.
- Aquele assalto entrou para a história do nosso país.
- De forma negativa não é investigadora? Roubaram 45 milhões de reais, mataram duas pessoas e a polícia não conseguiu pegar nenhum dos bandidos, vocês deveriam terem vergonha de usarem esses distintivos. – David disse abruptamente.
- Mantenha a calma garoto, como diz o ditado, a justiça tarda, mas não falha.
- Ela nunca falha. – David fala em tom de sarcasmo.
- Bem, voltando ao assunto Junior Brandão, a polícia estava o investigando há anos, ele é a principal suspeita de manter uma facção criminosa que movimenta 70% do tráfico de drogas e do contrabando de armas no Brasil.
Sabia que estava assinando meu atestado de óbito ao ir para aquela delegacia. Junior Brandão encontra-se preso, mas do que adianta? Corro risco da mesma forma. Encaminharam-me para o segundo andar para fazer reconhecimento através daquele vidro, eu olhei aquele homem nos olhos, mesmo que ele não pudesse me enxergar e avistei o zero, o nada, apenas uma constituição física que aparenta não ter sentimentos. Gostaria de falar algo, xingá-lo, mas agora só conseguia chorar. Ele matou a minha mãe, o irmão da professora Maria e aquele rapaz da frente do Banco do Brasil e agora está preso, certamente nesses presídios luxuosos para bandidos de primeiro nível, essa é a justiça do nosso país? A que nunca falha? Meu coração só ficará tranquilo quando este homem estiver a quinze palmos debaixo do chão. Eu choro pela minha mãe, no entanto quem irá derramar uma lagrima por aquele monstro?
David retira-se da sala e anda sozinho por um corredor estreito, descendo uma pequena escadaria, chegando ao primeiro andar. Ele avista o patriarca sentando na sala de espera assistindo CSI, acomoda-se ao lado e o abraça com força, do mesmo jeito que tinha abraçado quando descobriu que a mãe estava morta, mas agora existe um medo no olhar.
- Eles vão me pegar.
- Calma filho. Os policiais não falaram que irá ficar tudo bem? Não vão divulgar o seu nome e nada a respeito.
- E você acha que os caras que trabalham para o Junior Brandão, não irá se vingar?
David permanece assustado e apreensivo. Normal para uma pessoa comum que presenciou um assassinato.
- Eu tenho orgulho de você, filho, do homem que está se tornando, de grande índole. Perdoe-me se eu não estava lá quando saiu daquele lugar, mas recebi um telefonema de última hora de um dos clientes para resolver uns problemas em uma máquina.
- Eu que fui teimoso em sair andando assim.
David pega o celular do bolso e manda um recado para os amigos pelo Facebook. Falta menos de 10% para o aparelho descarregar. Apenas Jefferson encontra-se online, eram quase uma hora da manhã, Matheus provavelmente está dormindo ou vendo uma maratona de The Big Bang Theory, série qual é fanático. Jefferson a todo o momento dava conselhos, para David encontrar um ponto de equilíbrio e ficar mais calmo.
David é chamado por um dos policiais para assinar algumas papeladas, todas com o mesmo conteúdo e ele assina seu nome centenas de vezes.
"Você ajudou a justiça brasileira garoto." Disse um dos policias para David, antes do adolescente sair da delegacia. Ele ainda cheirava a lixo, certamente iria tomar um bom banho quando chegar a sua casa para se livrar do fedor, infelizmente com a água e sabonete não é possível apagar a noite e nem abandonar as memórias para trás.
David adentra no automóvel, não percebe, mas do outro lado da rua, uma pessoa segue os vigiando dentro de um carro preto: um homem negro, usando uma roupa social. Finalizando um maço de cigarros.
- Me aguarde garoto, ninguém mandou colocar o Junior atrás das grades. Mal sabe com que tipo de gente você mexeu. Tu estás morto e nem sabes disso.
O homem joga o cigarro ainda aceso para fora do carro que cai diretamente no pavimento da alameda, que em segundos estava literalmente vazia.




INSPIRADO EM UMA HISTÓRIA REAL

autor:
LUIZ GUSTAVO

elenco
DAVID ASSUNÇÃO

AMANDA LOPEZ
ANDRESSA YAMASHITA

HERBERT VIANA

NICK SMITH
ADAM SMITH

FRANK SALVATORE
BRUNO LIMA

PROFESSORA MARIA
ROBERTO ASSUNÇÃO

MATHEUS
JEFERSON

DONA HILDA
SÁVIO MESSIAS
JUNIOR BRANDÃO

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
MARCELO MIRANDA
MÔNICA VELARDO

COLABORAÇÃO:
MÁRCIO GABRIEL
JULIANA CORDEIRO


TRILHA SONORA:
SAVE ME - REMY ZERO (abertura)

PRODUÇÃO:
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.






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