Antologia A Magia do Natal





A MAGIA DO NATAL

Antologia

starPremiada | 05min | Natalino
Classificação: Livre
Formato: Antologia Literária
Autor: Vários Autores
Gênero: Natalino
Contos: 5
Estreia Original: 2019 (WebTV)


Sinopse


É tempo de celebrar a magia do Natal, a época do ano que fala sobre a história da família mais importante do mundo, servindo de exemplo o amor, afeto e união. ​

Que as comemorações do Natal sejam marcadas pelo desejo de um novo viver e de um novo caminhar que nos conduza a um só objetivo: semear o amor e a paz.

O clima do Natal está aqui na webtvplay com a 1ª Temporada da Antologia "A Magia do Natal", onde você vai acompanhar 5 histórias literárias.

Autores


Luiz Gustavo, Douglas Barres, César L. Theis, J.F Martignoni.


espaço




Clique para ver descrição

NILO

LILA

Lila Machado (Ildi Silva)

Jornalista e romancista da Carioca News, ela namora o nosso herói há algum tempo. Sempre foi meio sem escrúpulos, mas tornou a conturbada história de Nilo em sucesso nacional.

ROGER

Roger Ribeiro (Felipe Abib)

O cômico e atrapalhado companheiro de Lila e Nilo. Meio psicótico, mas grande amigo, fará grandes descobertas ao lado de seus amigos. Terá uma paixão avassaladora por Moni Vasco.

VINNIE

Vinnie Ludwig (Igor Rickli)

Chefe do tráfico de armas e da mente por trás da pior droga de Valquíria. O vilão é fã da saga Nilo e o considera seu amigo mais querido. Vinnie é um tipo cavalheiro, sedutor, mas fiel aos seus parceiros, sejam eles de cama, seja de negócios, ou de amizades.

MONI

Moni Vasco (Yasmin Gomlevsky)

A maior traficante de drogas da região. Sádica, cruel, do tipo que mata rindo, ela também almeja tomar o comando de armas que, no momento, pertence a Vinnie.

MURILO

Murilo Guedes (Sérgio Menezes)

Colega de trabalho de Paulinha. Prestativo, amigo e adora uma confusão. Principal testemunha do crime de Nilo, ele vai se tornar amigo do herói e até se meter em encrenca pra ajudá-lo.

THALES

Thales Araújo (Thiago Fragoso)

Principal jornalista da Novo Dia, um jornal tendencioso, conhecido por sua falta de ética. Muito arrogante e petulante, vive implicando com Nilo, a quem chama de falso herói.

JACK

Jack Freitas (Bruno Garcia)

Cineasta, arrogante e exigente. Ficou famoso com o filme “A Visitante” e agora se acha o fodão do audiovisual. Dirige um filme baseado nas histórias de Nilo, mas sem sucesso, pois dois atores escolhidos para serem o protagonista, morreram de forma suspeita.






Troféu Mundo Virtual

Melhor conto para Atos Subversivos
Autora de conto para Cristina Ravela

Antologia A Magia do Natal 1x01

    0:00 min       A MAGIA DE NATAL     ANTOLOGIA
0:10:00 min    


WEBTVPLAY APRESENTA
ANTOLOGIA A MAGIA DO NATAL


Conto de
Luiz Gustavo

Conto 01 de 05
O Natal do Pequeno David



© 2020, Webtvplay.
Todos os direitos reservados.





música: This Year - Britney Spears

Aquele é o primeiro dia das férias escolares da criança deitada no estofado, David Assunção, permanece assistindo os episódios do seu desenho favorito, consegue se imaginar nos heróis da televisão, é assim que se sente, quando coloca a máscara do Homem Aranha, combatendo os vilões com os seus poderes. 



Um caminhão de mudança faz um barulho estranho ao estacionar na rua, certamente deve ser os novos vizinhos, ele subiu para o segundo andar, no instinto de contemplar alguma coisa interessante, na varanda do quarto do patriarca, consegue ver um rosto completamente perfeito, os de uma garota oriental, provavelmente da sua mesma idade, 11 anos, aquela onna-bugeisha, acertou em cheio o seu coração, será que deve acreditar em amor à primeira vista? É um ABC que deve ser aprendido primeiro. 



O natal certamente estava derretendo o seu coração, gelado depois da morte da matriarca no banco central em 2003, ele fez alguns amigos, certamente uma amizade que vai durar por uma eternidade, Matheus e Jefferson. 



A árvore está armada na sala de estar ao redor de algumas caixas de presentes, os pisca-pisca estão acesos, ele adora esta época do ano, apesar de nunca ter acreditado em Papai Noel, afinal se ele existisse, porquê ainda não trouxe a sua mamãe de volta? Escuta um barulho vindo de fora, batidas, certamente deve ser a nova empregada doméstica, que irá trabalhar com a família. David abre o portão, trata-se de uma senhora bem simpática, com os cabelos loiros esbranquiçados, usando uma camisa simples e uma bermuda jeans, ela trata logo de entrar e conversar com o menino. 

- Bom dia. Meu nome é Hilda, a nova secretária do lar e cozinheira da família, o doutor Roberto falou muito sobre você, David, é um prazer conhecer este pequeno gênio. Ele disse que não aprontou nada para o café da manhã, está brocado na fomené? 
- Mais ou menos, comi um biscoito de sal. 
- E biscoito alimenta alguém? Quer umas panquecas? 
- É claro, a senhora pode fazer? 
- Com certeza. 

As panquecas de chocolates certamente são uma iguaria de Dona Hilda, parece uma babá encantada, um presente enviado pelos deuses, a senhora entende completamente o garoto, nas suas falas tristes, ela tentava transformar em palavrinhas boas, sem a melancolia de um menino que cresceu sem a matriarca, Maitê Fernandes, faz muita falta a essas horas, no entanto, Roberto Assunção, apesar do trabalho na firma qual é proprietário, se desdobra para não perder nenhum momento da vida do filho, David consegue recordar qualquer festinha da escolinha ou do começo do fundamental, o pai coruja estava nas fotos, literalmente presente, ele é o seu melhor amigo, o seu conselheiro. 

David está usando uma calça de moletom e uma camisa de frio, brincando com o carrinho de controle remoto no seu quarto, Jefferson chega rapidamente, o menino gordinho e baixinho, cumprimenta o amigo, parece meio tristonho, sua face morena e as esferas escuras não escondem nada. 

- Cadê o Google? – Pergunta David, referindo-se ao apelido de Matheus, extremamente inteligente, o último integrante do trio parada dura. 
- Não sei. 
- O que é que você tem cara? 
- Porquê a pergunta? 
- Você está meio triste, parece chateado com alguma coisa. 
- É a minha irmã. 
- O que tem ela? 
- Os meus pais superprotegem a Sabrina, como se ela fosse algo especial, sabe? Ela fica me xingando ás vezes e me bate também, isso é insuportável e eles não fazem nada demais. Eu queria não ter uma irmã, eu queria ser que nem você e o Google, filhos únicos. 
- Eu não tenho mãe, Jeff. 
- David, não queria tocar nisso. 
- Meu sonho é ter um irmão ou irmã, para compartilhar os meus brinquedos ou me dá conselhos, sabe? 
- Mas ela não me ajuda em nada, cara. 
- Ela tem problemas? 
- Com o namorado. 
- Tenta se relacionar direito com isto e irritar menos a Sabrina. 
- Muito obrigado, David. 

Matheus chega ás duas horas da tarde, para fazerem uma maratona dos filmes do Harry Potter, iam passar o dia todo e certamente, a madrugada acordados na frente da TV. Eles fizeram uma pequena pausa para o jantar que Dona Hilda havia aprontado antes de ir embora. Ao subir para o quarto do patriarca, algo moveu David para a ala externa, a garota estava na varanda da casa dela, usando um pijama, assim como ele, as pequenas partículas de água começam a cair, como se fosse neve. Ela ergue as mãos acenando para David com um sorriso no rosto, antes de retornar para a morada e apagar as luzes, posteriormente ele abraçou o patriarca e desceu as escadas, chegando na sala cercada de colchões. 

- Demorou amiguinho, estava aonde? – Pergunta Matheus. 
- Vendo a coisa mais linda do mundo. 
- A Mona Lisa? – Disse Jefferson. 
- A minha Mikasa Ackerman. 
- Como assim? – Duas vozes se fundiram uma na outra. 
- A nova vizinha, ela é muito linda. 
- Nova vizinha, chegou quando? – Jefferson indaga. 
- Ela te conhece? – Salienta Matheus. 
- Respondendo a primeira pergunta, ela chegou hoje e a segunda, ela me conhece de vista, sendo que ela me mandou um tchau da varanda da casa dela. 

A grande data estava chegando, o feriado universal que serve para unir as pessoas ao redor do globo. David queria viajar para algum lugar, mas infelizmente devido a última crise econômica mundial, Roberto teve que conter alguns gastos desnecessários, mas nada que fizesse falta ao menino. Ele gostava de passar as sextas na metalúrgica.

- O que você queria ganhar de presente? – Pergunta Roberto. 
- Pode me dar um livro, qualquer um. 
- Não quer um brinquedo? 
- Eu queria dar um milhão de brinquedos aos meninos do orfanato que tem perto da minha escola. 
- Um milhão de brinquedos não posso dar, mas uns dois ou três. 
- É muito pouco.
- Não, é pouco quando você faz uma boa ação, o seu coração fica mais limpo. 
- Mas e os outros meninos? 
- Filhão, não posso ajudar todo mundo. 
- Eu sei... 
- Você, o Jefferson e o Matheus podiam arrecadar brinquedos ao redor do nosso bairro, não é? Até semana que vem vão ter um nível elevado, o suficiente para ajudar a fundação. 
- É uma excelente ideia. 

Os meninos naquela tarde saíram de porta em porta no Jardim Satélite em busca de brinquedos e a maioria queriam ajudar, eles andavam com um pequeno mapa e um carrinho. Foram dias seguidos e meio cansativos para o trio, a última rua foi a principal e David descobriu o verdadeiro nome da sua desejada, Andressa Yamashita, a garota doou alguns dos brinquedos, muitos ursinhos de pelúcia e algumas bonecas da Polly. 

- É muito linda sua atitude, David. 
- Obrigado, Andressa. – Ele disse meio cabisbaixo. 
- A sua mãe deve ficar muito orgulhosa contigo. 
- Eu não tenho mãe. – Ele se entristeceu. 
- Mil desculpas, eu não sabia...
- Tudo bem, mas ela deve estar orgulhosa, aonde estiver. 

Ela o abraçou lentamente, o pegando de surpresa. 

- Feliz natal. 

"Eu nunca fiz planos para o natal, nunca me importei para os presentes embaixo da árvore ou pendurar as meias na lareira, os meus amigos e o meu pai são os maiores presentes que existe. Sinto falta ás vezes da mamãe, mas não posso apagar tudo com uma escuridão. Papai Noel não vai me escutar, ele nunca me ouviu afinal, caso contrário teria reparado tudo o que vivi, mas acredito no espírito natalino e sei que é capaz de mudar o mundo. Papai Noel, se você mora no céu como todos falam, tem como você mandar um aviso? A mamãe está bem? Era só isso que desejo saber..."

As crianças do orfanato ficaram contentes e agradecerem a David, Matheus e Jefferson, o trio de amigos fizeram a diferença. O natal é ajudar o próximo e fazer o bem, trazer um pingo de esperança ao mundo cercado de tristeza e é disso que se precisa. Na ceia, o garoto não passou como nos outros anos, sozinho ao lado do patriarca na casa de praia, pelo contrário, os amigos estavam do lado dele, junto com a família e Dona Hilda, ela havia sido convidada especial, para o melhor natal de todos.

As luzes brilham na estrelinha da árvore, 
As luzes brilham em torno da árvore, 
As luzes iluminam os presentes.

As luzes mostram o caminho do bom velhinho.

Papai Noel você pode me dar algo além dos presentes? 
Papai Noel você pode me dar algo além do amor? 
Papai Noel você pode me dar um novo destino? 

Papai Noel não quero mais uma solidão. 
Papai Noel não quero mais a piedade. 
Papai Noel não quero mais escuridão. 

Papai Noel só preciso das luzes.


Naquele 25 de dezembro, David acorda sorridente naquela manhã, havia acordado feliz e tranquilo, tinha sonhado com a matriarca na última noite. Ela estava perfeita com os seus belos cabelos escuros e castanhos, mas não dizia muitas palavras, mas o garoto agora tinha uma resposta para os seus problemas. Ele correu em direção do quarto do patriarca, para deseja-lo um feliz natal. 




conto escrito por
Luiz Gustavo

música
This Year - Britney Spears

produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.

Antologia A Magia do Natal 1x02

    0:00 min       A MAGIA DE NATAL     ANTOLOGIA
0:10:00 min    


WEBTVPLAY APRESENTA
ANTOLOGIA A MAGIA DO NATAL


Conto de
Diva Olsen e Gabo Olsen

Conto 02 de 05
"a Maior Riqueza"



© 2020, Webtvplay.
Todos os direitos reservados.




No interior de Rondônia, em Cacoal, mora uma família bem humilde em uma casa de madeira. Francisca, perdeu o esposo há 5 anos e desde então cuida sozinha dos quatro filhos. 

Depois de várias tentativas fracassadas de conseguir emprego, ela decidiu juntar latinhas e materiais reciclados no lixo para se manter. Às vezes, ela chega com brinquedos encontrados no lixo e a garotada se diverte e faz a maior festa.

Francisca é uma mulher guerreira, toda sua batalha é por seus filhos. Apesar dos cabelos brancos mesclados com fios pretos, sua pele queimada, ela faz da sua luta diária o melhor de si, colocando em casa bons ensinamentos aos filhos.

Todos os dias no final das tarefas auxiliadas com a ajuda carinhosa de seus filhos, eles se reúnem em um círculo no chão e jantam. Após o jantar, como de costume sob uma pequena luz de uma lamparina, ela conta uma linda história para seus filhos. Eles adoram esse momento. Assim o tempo passa... Até que um dia ela contou a história do nascimento do menino Jesus, e falou que ele sempre considerou as pessoas como seus FILHOS, e sempre teve muito AMOR para oferecer. Essa é a maior riqueza que todo ser humano possui, o amor. Durante a história, no momento da morte de Jesus, ela percebeu que seus filhos ficaram emocionados. Sua mãe contava histórias lindas todas as noites, porém essa eles amaram, pelo fato de que é uma história verdadeira.

Ao final de mais uma luta diária, Francisca foi até a sucata vender o que havia conseguido.

- Só isso? - questionou Francisca.
- Francisca, cada vez que passa você diminui a quantidade de latinhas.
- É a idade, meu amigo. Olha minhas mãos, estão desgastadas.
- Infelizmente eu não posso fazer nada.
- O importante é juntar para sobreviver. É o que me resta.

Francisca guardou o dinheiro no bolso e seguiu seu rumo. Ao caminhar pela rua, observou uma mulher jogando um saco no lixeiro. Ela se aproximou.

- Moça, é latinha?
- Não, a patroa queimou o frango e pediu para jogar.
- Jogando comida fora?
- Sim, qual o problema?
- Tanta gente passando fome.

Francisca pega a sacola.

- O que você vai fazer? - perguntou a mulher.
- Levar para meus filhos, eles vão amar.
- Vão amar comida queimada?
- Dona, não ligamos para isso. O que importa é matar a fome. Faz tanto tempo que eles não comem frango.

A mulher faz pouco caso, observa Francisca ir embora levando a sacola. No olhar de Francisca, seus olhos brilhavam de felicidade. No caminho ela encontrou uma mulher cabisbaixa sentada em baixo de uma árvore.

- Está tudo bem?
- Estou fraca.
- O que você está sentindo? 
- Tô com fome, sinto sede e estou tão cansada. Trabalhei o dia todo no sol quente e para piorar uns moleques roubaram meu saco com latinha.
- Não acredito.
- Estou sozinha em casa, sem nada para comer, só me resta dormir. 
- Olha, eu não tenho muito, mas o pouco que eu tenho eu posso dividir com você.
- Sério?
- Sim, lá em casa somos em 5, e hoje você é a nossa convidada especial. Vamos?

Com dificuldade, Maria se levanta.

- Qual o seu nome?
- Maria.

- O meu é Francisca.

Em casa, Francisca apresentou a senhora aos filhos, que a recepcionaram, conversaram. Deram risada. No fogão, a mãe esquentou o frango.

- Que cheiro é esse mamãe? - perguntou um dos filhos
- Hoje a nossa ceia de natal será especial, meus filhos. Temos uma janta deliciosa e na companhia da dona Maria. 

Sentados ao chão, Francisca colocou o frango no chão e a família começou a jantar. Em um certo momento, ela se distanciou um pouquinho, sentou-se em um velho banco e de longe observa sua família.

Só ela não imaginava que todos tinham uma surpresa. Exatamente a meia-noite se fez um silêncio enorme, ela ficou assustada, os filhos se aproximaram dela cada um com uma simples rosa e cantaram:

- Noite feliz! Noite feliz!
- Oh, Senhor, Deus do amor
- Pobrezinho nasceu em Belém
- Eis na Lapa Jesus nosso bem
- Dorme em paz, oh, Jesus
- Dorme em paz, oh, Jesus

Todos estavam felizes, ela não se aguentou, lágrimas correram em seus olhos, foi aonde que ninguém sabe como um convidado bateu a porta. Ela abriu:

- Filhos, parabéns, este é o verdadeiro natal.

Francisca sorriu. O homem fechou a porta. A alegria e felicidade, reinava na humilde casa dessa família. Francisca abriu a porta a procura daquele homem, mas ninguém sabia quem era, ninguém conhecia, ele simplesmente sumiu.

Então, Francisca olhou para o céu:

- Obrigada Jesus, o senhor é o aniversariante e nos deu a honra da sua presença. Feliz Natal!

Os filhos e dona Maria se aproximaram.

- Mãe, muitas famílias estão reunidas na noite de hoje e durante toda a nossa vida você nos ensinou que a maior riqueza da vida é o amor, por isso, nossa família é tão unida e feliz.

Francisca novamente se emocionou, abraçou os filhos.

- Passar o natal com vocês foi o melhor presente que eu poderia receber. Se não fosse a mãe de vocês, nessa hora eu estaria em casa sozinha, sem companhia, sem um alimento. A mãe de vocês é um anjo. - comentou Maria.

Francisca abraçou Maria.

- Feliz Natal, saiba que a partir de hoje você ganhou uma amiga.

Elas sorriram, se abraçaram. O espírito natalino estava presente naquela humilde família e a maior riqueza que eles possuem é o amor, a verdadeira riqueza que devemos ter em nossas vidas.




conto escrito por
Diva Olsen e Gabo Olsen

produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.

Antologia A Magia do Natal 1x03

    0:00 min       A MAGIA DE NATAL     ANTOLOGIA
0:10:00 min    


WEBTVPLAY APRESENTA
ANTOLOGIA A MAGIA DO NATAL


Conto de
Douglas Barres

Conto 03 de 05
"Gatinho de Natal"



© 2020, Webtvplay.
Todos os direitos reservados.



            Somos educados desde a infância de que o Papai Noel só vai dar presentes para quem se comportar. Escovar os dentes, respeitar os pais, ser um bom aluno, e por aí vai. Por mais que seja uma forma de controle dos pais sobre os filhos, no fim das contas todos acabam ganhando presentes. Com os animais isso é diferente? Eles também ganham presentes?


            Nosso protagonista, o gato, nasceu em uma tarde chuvosa num beco isolado. Acompanhado somente da mãe e de seus irmãos, seus primeiros dias foram tranquilos. Por vezes, o dono do bar, do outro lado da rua, doava alguns restos de comida para a mãe gato que ainda recuperava as forças. Não demorou muito para os filhotes aprenderem a falar. 


— Mamãe, o que é aquilo? — queriam saber todos os gatinhos curiosos ao avistarem algo novo. Todo dia era uma descoberta diferente, claro que somente até o fim do beco. Assim que algum espertinho resolvesse sair do limite estipulado pela mãe gato, a mesma o trazia de volta junto de um belo sermão - acompanhado da mais calorosa lambida. 


            Logo no fim de janeiro - não que a data importasse para os felinos - uma das piores chuvas de todos os tempos alagou toda cidade. O gato, em meio ao caos do alagamento, se perdeu de sua mãe e irmãos. Miados de desespero da mãe eram ouvidos por pelo menos duas ruas, não longe o bastante para chegar no seu filhote perdido que estava no final da quarta rua. Não muito tempo depois, a mãe e os filhotes foram acolhidos por um casal de mendigos. 


            O mundo da solidão era descoberto pelo gato. Ruas enormes, prédios, pessoas caminhando alegremente, cães, outros gatos, tudo no geral bem assustador. Sua fonte de alimento eram as lixeiras da cidade. 


— Ei rapaz, essa área é minha! — enquanto se deliciava em um líquido, nosso gato foi surpreendido por outro gato. — Vai vazando.

— Não estou vendo seu nome aqui! — respondeu o gato, abusado.

— Oras, mas você nem gato é, é um projeto de gato. Olha pra esse tamanho.

Continuou comendo.

— Qual seu nome, jovenzinho? — a voz rouca do gato estranho se aproximava do filhote cada vez mais. Com passos lentos, sua cor cinza encardida se destacava.

— Não tenho um. Onde já se viu gato ter nome? — o gato cinza riu.

— E quem disse que você não pode ter um? — pausa para lamber a pata esquerda. — O meu é Adalberto, foi minha antiga dona que deu.

— Então o meu é Adalborto — a fome do filhote ainda resistia. Adalberto deu um pulo ao escutar o filhote.

— Blasfêmia! Você não pode se dar um nome, ora pelos! Seu nome deve ser merecido.


            Com bastante agilidade, Adalberto se dirigia para a entrada da rua, enquanto sentava e lambia a pata traseira. O olhar que deu para trás foi suficiente para o filhote notar que ele devia seguir o seu possível novo amigo. 


— Para onde vamos? — perguntou o filhote ainda lambendo os lábios.

— Te conseguir um nome!


            Conhecendo a manha das ruas, Adalberto guiou o filhote pelos lugares que mais tinham pessoas. O gatinho não sabia, mas o velho gato de rua queria era conseguir uma família para ele. O tal nome, no caso, viria junto de uma casa quentinha para passar o natal -  quem sabe uns petiscos também. 


— Logo ali, o lugar perfeito!


            Gritos, correria, choro, sons de ferros enferrujados definiam o parquinho. Crianças de todas idades desfrutavam enquanto os pais conversavam sobre qualquer coisa. Os primeiros dois adultos acariciados por Adalberto foram bem infelizes com o gesto de amor oferecido pelo felino. O gatinho até ficou encabulado de tentar alguma coisa, mas sua coragem era maior. Seu tamanho ajudava muito, um gatinho no meio do parque chamava muita atenção. Muitas crianças pegavam no colo, sacudiam, jogavam pra cima, até puxavam o rabo - selvagens!


— Mamãe, podemos ficar com ele?

— Você tá louca? Gato preto dá azar!


            Foi assim que o pequeno felino não conseguiu uma família. As crianças, livre de superstições bestas dos adultos, adoravam o gatinho, mas não podiam levar pra casa. Adalberto até sentiu pena por alguns instantes. 


— Ora ora, parece que você conseguiu um nome. - Uma lambida para animar o seu novo amigo. — Você vai se chamar Gatinho!

— Mas isso é um nome? - perguntou Gatinho, cabisbaixo.

— Agora é! 


            A dupla das ruas ficou bastante amiga. Adalberto até deixava o Gatinho comer na sua lixeira! Era um avanço e tanto! Com a chegada do frio, os dois precisavam achar um lugar para se aquecer. Conseguir uma família não era uma boa ideia por questões raciais. Em meio a uma fuga de cachorros sedentos por gatos que os dois encontraram Os Rebeldes. 


            O galpão da companhia de alimentos Coma Bem ou Morra com Fome fora abandonado anos atrás quando a empresa faliu - por que será? Para evitar que sem tetos tomassem o prédio, a empresa responsável pelo terreno resolveu lacrar todas entradas e janelas. O bom nisso é que somente animais de pequeno porte conseguiam entrar pelos buracos do galpão. Foi assim que surgiu a base dos Rebeldes. 


            Os cachorros ficaram com a parte do térreo. Sua área era categorizada por latidos descontrolados e randômicos durante o dia. Brigas constantes e o cheiro de merda. Ainda no térreo, em meio a caixas grandes, era o território dos inimigos mortais dos gatos. Os ratos viviam em harmonia, uma vez ou outra fugindo dos cachorros. No segundo piso que começava o território dos gatos. Com acesso somente pelo teto, os habitantes do térreo não conseguiam chegar. Obviamente só os ratos esguios conseguiam, mas eles não eram burros suficientes para chegar no paraíso dos felinos.


            Anna era a gata mais velha do local. Gostava de chamar todos os habitantes de Rebeldes, os que insurgiram contra sociedade. Com a chegada da nossa dupla preferida de gatos, ambos já foram bombardeados por regras da chefa. Alimento deve ser compartilhado. Lambidas sempre que possível. Lamber o próximo. Ser lambido - e sem ficar bravo! Coisas simples que, segundo ela, faziam dos Rebeldes o melhor lugar para se viver em toda cidade. 


            Quando o sol ia embora, todos se reuniam em baixo da parte aberta do telhado. A luz da lua iluminava de um modo que parecia um acampamento humano, com todos em volta de uma fogueira. Anna contava histórias de sua vida - eram muitas. A que mais atraiu todos foi de histórias de Natal. Por mais que a maioria de suas histórias fossem verdade, essas de natal eram todos inventadas. O imaginário era uma escapatória para ela e para todos os gatos sobreviventes desse mundo doido. 


            A história da noite foi de quando ela viu pela primeira vez o Gato Noel. Quando ainda era uma pequenina, sua mãe levava todos filhotes para o telhado do prédio onde viviam para ver as estrelas. Num desses dias, como se fosse mágica, exatamente na noite de Natal, o Gato Noel apareceu largando coisas gostosas para todos eles comerem. Foi a melhor noite de todas, segundo Anna. 


— E nesse natal ele vai aparecer pra gente? — perguntou o Gatinho com uma inocência invejável.

Silêncio.

— Se você se ser um bom gato, sim, querido. — respondeu Anna, com um tom de esperança com aquela pitada de descrença. Os outros gatos, talvez até esperando uma resposta positiva mais concreta, saíram desanimados.






            A história de Natal da chefia deixou o Gatinho pensando bastante. Por mais que Anna tivesse dito que ele aparecia caso fosse um bom gato, por que nos anos anteriores ele não apareceu? Ela estava mentindo! Mas claro que não de um modo ruim, pensou, foi para tranquilizar todos. Foi nesse momento que Gatinho teve uma ideia. Do outro lado do galpão, Adalberto dormia com as patas para cima.


— Adalberto, acorda. — Gatinho subia em cima do amigo. — Tive uma ideia, preciso da sua ajuda, vamos fazer o nosso próprio Natal com o pessoal.

— Deixa disso, garoto. — o dorminhoco se virou para evitar de perder o sono. — Seja um bom gato, só isso, escute o que a velha disse.

— Ela só falou isso pra gente não ficar triste! — outro pulo em cima de seu amigo que dessa vez levantou, ainda com os olhos quase fechados.


            Os dois então partiram para fora do galpão, na madrugada. Como fossem ninjas da noite, os prédios eram seu meio de locomoção mais rápido. Mesmo ainda não sabendo os planos do filhote, Adalberto seguiu sem resmungar. Aquela aventura era necessária para o jovem gato, pensou. Só pararam quando chegaram bem acima de uma certa rua, onde avistaram um frango bem chamativo. A janela que saia o cheiro estava completamente aberta, como se chamasse os dois para o melhor banquete de suas vidas. Ao se aproximarem, notaram que lá dentro a família estava reunida na sala assistindo televisão. 


— Vamos entrar. — ordenou Gatinho, já se pondo na entrada da janela. Adalberto até se assustou com a iniciativa do garoto. O que um frango não fazia nos gatos!? O cinzento também entrou.


            Na cozinha, além do frango no forno, tinha outro ainda cru no balcão. Estava enrolado em uma sacola. Sem fazer muito barulho, Gatinho tentava puxar com a boca a sacola para a janela. Adalberto ajudou o pequenino. Com a força dos dois e um belo trabalho em equipe, conseguiram levar o frango para fora. Tiveram mais dificuldade em se locomover com aquela sacola. Depois de várias quedas, finalmente conseguiram chegar a uma distância considerável da casa. 


— Hou, hou, hou. Gatinho Noel chegou! — Adalberto acordou todos com a canção adaptada. Uma luz de alegria tomou os olhos de todos os gatos do lugar. Mal acreditavam que iriam comer um frango inteiro! Como fossem animais selvagens em busca de uma presa, alguns até se estapearam por causa da comida. Claro que até a chefia chegar. 


— Sejam gatos civilizados! Tem pedaço para todo mundo, então vamos dividir. — ordenou Anna enquanto se aproximava da dupla responsável por trazer o alimento.

— Vocês são o símbolo do Natal. Se vocês tivessem trazido grãos de ração, já teria sido suficiente para serem amados por todos aqui presentes. Gatinho, você é um anjo.


            Assim a noite de Natal de todos os gatos foi a melhor de todas. Gatinho recebeu lambidas para a vida toda naquela noite. Adalberto preferiu só ficar dormindo mesmo.


            Feliz natal. 



conto escrito por
Douglas Barres

produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela



Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.