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PRIMEIRO ATO
FADE IN
Vista aérea da cidade e
seus prédios/
CENA 1 ED. ONDE MORA DCR [EXT. / MANHÃ]
Dcr, com o capacete na mão, cumprimenta o porteiro de longe, abre o portão e sai. Ele vai até sua moto e se prepara para subir.
VOZ FEMININA: Quer que eu te leve a algum lugar?
Dcr olha para trás e dá com SAM (Ep.2x22) sorrindo.
DCR: Sam!
Os dois se abraçam.
DCR: Por onde andou?
SAM: Depois que saí da cadeia? Trabalhei em alguns lugares, mas não deu muito certo. Eu queria ter te procurado antes, mas aí...
DCR: ...Me viu nas colunas policiais e ficou com medo? Sei.
Sam sorri, observando-o.
SAM: Queria poder te ajudar. Se eu puder fazer algo...
DCR: Não, nada de me teletransportar pra lado algum (ambos sorriem). Eu que vou te teletransportar.
Sam faz que não entende. Dcr aponta para a moto.
DCR: Vamos?
Sam ri.
CORTA PARA
FACHADA – CURTO-CIRCUITO [MANHÃ]
ÂNGELA (O.S): Eu tive muito medo desse dia chegar.
CENA 2 CURTO-CIRCUITO [INT. / MANHÃ]
CAM vai adentrando a boate vazia, até encontrar Ângela, Cael, Lara e Alexandre, sentados em volta de uma mesa.
ÂNGELA (cont.): Mas agora me sinto mais aliviada.
ALEXANDRE: Eu queria muito que as coisas tivessem tomado outro rumo, Ângela. Que não precisássemos estar aqui agora, feito estranhos.
LARA: Ainda acho vocês uns estranhos.
Todos olham para Lara, desconcertados.
CAEL: Mãe, a gente tá tentando unir as famílias. Tente ser mais agradável.
ÂNGELA: Eu compreendo. Não é uma coisa que acontece todo dia, mas todos nós iremos superar isso.
LARA (sarcástica): O João Batista superou, querida? (Ângela disfarça) Deve ter sido difícil pra ele descobrir que foi abandonado e tratado pelo pai como um sobrinho.
ALEXANDRE: Lara!
LARA: Algum problema?
ÂNGELA: Tudo bem, Alexandre. (para Lara) O João tá do meu lado. Ele tem maturidade pra entender que nem brigando poderemos voltar no tempo. Acho que ele aprendeu muita coisa nos últimos anos.
ALEXANDRE: João me parece uma boa pessoa. Queria ter podido conviver com a minha sobrinha Joana. Não imaginava que a minha família fosse crescer assim.
LARA: Não seja tolo, Lex! Sua família não cresceu. Daqui a pouco voltamos como era antes, cada um pra um lado, e você se esquece dessa cena patética. Então por que não nos poupamos disso?
Lara se levanta furiosa e dá as costas. Quando está saindo, esbarra em Dcr e Sam, mas sai batida sem olhar na cara deles. Sam observa, sem entender.
DCR: Bom dia pra todos?
CAEL: Bom dia, Danilo. Era só um furacão que passou por aqui.
ÂNGELA: Esses últimos dois dias têm sido difíceis pra todo mundo. Falando nisso, você já deu o seu depoimento, Danilo?
DCR: Daqui a pouco. Eu vim saber contigo, Cael, se podemos contratar uma nova garçonete.
CAEL: Você tem carta branca, Danilo. (para Sam) Qual o seu nome?
SAM: Samantha.
CAEL: Mostre a ela o serviço. Se é sua amiga, por mim.
Sam sorri para Dcr. Alexandre observa o herói.
ALEXANDRE: Sabe, eu nunca tive a oportunidade de te conhecer pessoalmente. Mas de tanto ouvir sua história, te ver nas colunas da Lila, parece que eu te conheço há muito tempo.
SAM: Ele tem cara de herói mesmo.
ALEXANDRE: E de jornalista. Nunca pensou em entrar pro ramo?
CAEL (brincando): Mal descobri que tenho outro pai e já quer me roubar o contador?
Risos.
DCR: Melhor deixar esse papel pra Lila, né? Eu não levaria jeito.
ALEXANDRE: Eu tenho faro pra isso, hen.
DCR: (faz graça) Numa próxima reencarnação, talvez. Bem, eu agora preciso ir à delegacia. (para Sam) Se incomoda se outra pessoa te mostrar o serviço?
SAM: Nada. Quero começar o quanto antes.
Dcr faz que sim.
CENA 3 DELEGACIA [EXT. / MANHÃ]
Dcr está subindo as escadas quando Rafaela vem descendo. Os dois se encaram, Rafaela desvia o olhar.
RAFAELA: Oi, Danilo...Eu já dei o meu depoimento. Foi horrível, parecia que o delegado tava me acusando.
DCR (desconfiado): O João compra a fantasia, vende para o Roger que troca com você, e que acaba roubada. É meio confuso pra um delegado mesmo.
RAFAELA: Desculpe eu não ter ido ao enterro do seu Bruno/
DCR: Você não tem que me pedir desculpas, Rafaela. Apesar d’eu considerá-lo um segundo pai, quem saiu perdendo mais foi a Raíza. (provoca) Por que não a procura?
Rafaela abaixa a cabeça, desconcertada.
RAFAELA: A gente não se fala há muito tempo. Eu ficaria sem jeito.
DCR: Você não teve culpa de nada, não é? Bruno foi vítima de latrocínio, e só. Acho que a Raíza entenderia.
E Dcr passa por ela e termina de subir a escadaria. Rafaela dá um forte suspiro e fecha a cara. Em seguida, some da tela.
CORTA PARA
CENA 4 CASA DO TONY – SALA [INT. / MANHÃ]
(Ambiente pobre, mobílias rústicas, paredes brancas e chão de taco)
Tony abre a porta e Rafaela entra apressada, jogando a bolsa no sofá.
RAFAELA: Preciso que você venha comigo, Tony. To querendo aquele vídeo pra ontem.
TONY: Mas não tem nem dois dias que tu guardou no cofre do banco, garota.
RAFAELA: Danilo anda estranho. Preciso provar que eu não sou a inimiga dele, entende?
TONY: E você não é? (Rafaela suspira, chateada) Olha, eu até hoje não ganhei nada com essa história, sabia?
Close em Rafaela, sagaz.
RAFAELA: Quando eu tomar o lugar da Lila, passarei a ganhar uma boa grana. Você será recompensando, Tony, porque hoje é o dia de revelarmos o assassino.
Em Tony, esperto. No olhar maligno de Rafaela, CAM se aproxima de seu relógio.
CORTE DESCONTÍNUO
Para uma tela
de iphone que mostra a sala anterior.
RAFAELA (no vídeo): Eu só preciso do verdadeiro vídeo.
Roger assiste à gravação, tenso.
ROGER: Vai ser hoje.
Muito suspense.
CORTA PARA
QUE SE ACENDAM
AS LUZES
SEGUNDO ATO
FADE IN
Vista panorâmica do Ed.
onde mora Josué/
CENA 5 APTº 301 [INT. / MANHÃ]
João sai do QUARTO ajeitando o paletó, passa pelo quarto de Bruno e Josué e estranha algo. Sorrateiramente, João se aproxima da porta. Raíza está sentada no chão vendo fotos do pai e alguns outros pertences.
RAÍZA (sem olhar para trás): Meu pai odiava filmes de terror.
João observa, encostado ao batente da porta.
RAÍZA (segura as lágrimas): Será que tudo o quanto odiamos acaba sendo o nosso fim?
João não consegue dizer nada, apenas observa. Raíza se levanta com uma foto na mão e olha para o primo.
RAÍZA: A gente parecia uma família feliz, não é? Eu lembro de quando eu achava que se eu pudesse prever o futuro, meu pai jamais morreria...(voz sai embargada) Porque eu não ia deixar.
JOÃO: Não foi sua culpa, Raíza. Ninguém vive para sempre, não é?
RAÍZA: Estranho esse discurso de quem sempre me culpou por tudo (João desvia o olhar). Você esteve com ele, não esteve? (João fica inquieto) Sobre o que conversaram?
JOÃO (inquieto): Sobre...O meu pai Josué. (Raíza disfarça) Você já sabia, né? Uma vez você disse que a pessoa que mais deveria me amar, me despreza. O Josué nunca fez nada pensando em mim, é isso?
Raíza o encara, pensativa.
RAÍZA: É engraçado, né? Eu achava que ele podia gostar de mim tanto quanto gostava de você. Estávamos errados.
JOÃO: E eu achava que ele queria chamar a sua atenção. Eu devia ter raiva disso.
RAÍZA: E por que não tem? (T) Era sobre a paternidade dele que você e o meu pai conversaram mesmo?
JOÃO (por cima / nervoso): Acha pouco?
RAÍZA: Pra você ficar nervoso assim, acho. (olho no olho) É esperar muito que você confie em mim, né?
JOÃO: Da última vez que você veio arrependida pra cima de mim, você me jogou na ferrovia.
RAÍZA: Só que naquele dia eu tinha alguém pra provar que eu tava certa.
Raíza abaixa a cabeça e sai. João pensa um pouco, olha para o chão e vê a foto de Bruno o encarando.
JOÃO: Raíza!
João sai do QUARTO e quando entra na
SALA
JOÃO: Raíza, espera!
Raíza não está mais lá. Em João, frustrado.
CENA 6 DELEGACIA [INT. / MANHÃ]
Josué, diante do delegado Queiroz, responde quase que perdendo a paciência.
JOSUÉ: Quantas vezes eu vou ter que repetir que eu não conhecia o Edson, que quem me denunciou só queria me caluniar, ou distrair a polícia?
QUEIROZ: O senhor sabe de alguém que queira te prejudicar?
JOSUÉ (nervoso / chateado): Eu não sei, talvez algum aluno furioso com as regras do colégio. Seu delegado, eu fui atacado, eu podia ter morrido com aquele golpe.
Queiroz põe os cotovelos sobre a mesa e alisa o queixo, observando.
QUEIROZ: Verdade, seu Josué. Mas o que está me intrigando é que o seu carro não tava com os freios cortados, como se o Edson tivesse se suicidado.
JOSUÉ: Muito estranho, não?
QUEIROZ: Numa noite de halloween não seria estranho nem se o Edson não fosse o assassino.
Queiroz sorri, sacana. Josué faz cara de tédio.
CENA 7 DELEGACIA – RECEPÇÃO [INT. / MANHÃ]
Movimentação típica, telefone tocando, pessoas sendo atendidas. Josué sai passando a mão no rosto, irritado.
DCR: Seu Josué, como foi?
Os dois se cumprimentam e se afastam do tumulto.
JOSUÉ: O delegado só faltou me prender pela morte do meu irmão pra não ficar meses investigando.
DCR: Então eles não acham que foi apenas um latrocínio?
JOSUÉ: Eles acham que alguém facilitou a entrada dele, entende? Que a história da fantasia roubada ficou mal contada.
Dcr passa a mão na boca, pensativo.
DCR: Não vejo motivos pra Rafaela mentir. Isso vai acabar se arrastando como o caso Ari e no fim de tudo, vão arquivar os dois casos.
Josué toca o ombro de Dcr.
JOSUÉ: Olha, eu sei que nunca fomos amigos, que temos lá nossas diferenças, mas...Eu acho que é hora da gente se unir, sabe? Em apenas 1 ano a gente perdeu as pessoas que amamos, a nossa família tá desestruturada, e ninguém me entende.
DCR: O senhor internou a Raíza/
JOSUÉ: Eu sei, eu sei. Fiz tudo errado em nome da segurança de todos. Eu queria que você soubesse que nunca fiz nada por maldade. Mas a Raíza não entende.
DCR: Talvez se o senhor fosse sincero, como tá sendo agora. Ela perdeu o pai, e eu perdi minha mãe. Só que ela ainda tem um tio pra se apoiar.
JOSUÉ: É verdade...Os heróis da história têm perdas em comum (ambos sorriem). Só precisa descobrir quem é o seu vilão.
DCR: Mas os vilões que os heróis enfrentam, nunca morrem.
JOSUÉ: É porque um verdadeiro herói nunca mata. (encara Dcr por instantes) Agora vou indo. Hoje não devia ser feriado. Eu preferia estar no colégio.
DCR: Ok, bom dia.
Josué sai. O policial Diego se aproxima de Dcr.
DIEGO: Será que eu posso falar contigo um instante?
CORTE DESCONTÍNUO
Em Dcr surpreso.
DCR: Havia uma câmera no apartamento do Bruno? Mas/
DIEGO: A gente achou melhor não contar nada pra família, porque segundo uns colegas, alguém de dentro pode ter plantado a câmera. A gente já se conhece há mais de 1 ano. Posso contar com a sua discrição?
DCR: Claro, mas...Essa gravação muda alguma coisa? O Edson é o assassino, não?
DIEGO: Deveria ser. Só que o Mike Mayers do vídeo não tem o tipo atlético como o do Edson.
DCR: Mas ele tava com a fantasia!
DIEGO: E com a arma do crime. O delegado podia encerrar o caso, mas achou semelhante ao caso Ari. Uma câmera, uma vítima indefesa, um suspeito número 1...E seu amigo.
DCR: O que quer dizer com isso?
DIEGO: Que talvez você tenha ganhado um Coringa, ou um Lex Luthor. Alguém com obsessão em te afetar, em ser o vilão de sua história.
Em Dcr, pensativo.
CORTA PARA
Ruas da cidade, muito movimento,
buzinas.
O semáforo indica a cor vermelha e a CAM busca um
carro parado logo abaixo.
CENA 8 CARRO [INT. / MANHÃ]
Hans está ao volante, seu celular na poltrona.
HANS: Eu e o Roger não somos chegados, entende? Mas o que ele fez pra você, Gustavo?
Close na tela do celular onde aparece a foto de Erom sob o nome de Gustavo.
EROM/GUSTAVO (V.O): Ele andou bisbilhotando o que não devia. Preciso da câmera dele. Somos amigos, não?
HANS: Sim, mas como vou fazer isso?
EROM/GUSTAVO (V.O): Eu te ajudo.
CENA 9 LANCHONETE [EXT. / MANHÃ]
Joana e Roger conversam à mesa onde há dois cappuccinos.
ROGER: Eu vou ter que mentir pro delegado, Joana, cê tem noção do perigo?
JOANA: Eu não posso falar nada, Roger. Sinto como se eu tivesse sendo observada. Tenta entender.
ROGER: Mas ninguém me ameaçou, então eu posso mostrar o vídeo e falar tudo que sei.
Joana toca suas mãos, aflita.
JOANA: Se algo me acontecer, você pode fazer o que quiser, mas antes não. Esses caras gostam de torturar antes de dar cabo da vida dos outros. Isso é sério.
ROGER: Muitas vidas estão em jogo, Joana. Eu não to pensando só na matéria do ano, não. (toca sua mão) To pensando em você também.
Joana se constrange, afasta a mão.
JOANA: É mais forte do que eu, me desculpe.
Joana se levanta e dá as costas.
ROGER: Joana!
Corta para o SEMÁFORO que indica
verde.
Hans acelera e o velocímetro aumenta gradativamente.
Hans estranha, tenta frear, inutilmente.
Adiante, Joana anda pela calçada
Hans se desespera, tenta frear várias vezes
Joana vê a
cena, aflita, mas não dá tempo. Hans acaba por ATROPELÁ-LA.
Roger se levanta, em pânico e vê o carro indo pra cima dele,
quando RAÍZA pula em cima de Roger e os dois estilhaçam o vidro da
lanchonete.
Raíza e Roger caindo no chão.
ROGER: Nossa!...A Joana!
Corta para ambos na porta vendo o
estrago. Hans com a mão na boca, horrorizado. Joana desmaiada na
calçada e sangrando na testa.
CENA
10
HOSPITAL CENTRAL [INT. / MANHÃ]
Enfermeiros carregam Joana inconsciente numa maca. Muito ritmo. Roger é barrado na porta, os enfermeiros somem pelo corredor.
HANS: Roger! Roger!
ROGER: Viu o que você fez?
HANS (sincero): Eu não fiz de propósito, foi sem querer/
ROGER: Como na morte do seu estagiário, né? É isso que você faz pra conseguir um furo de reportagem? Então vai preparando a sua matéria que você vai redigir na cadeia.
Hans o agarra pelos ombros, Roger se solta.
HANS: Roger, me escuta! Eu perdi o controle do carro, ele tava sem freios, não sei o que houve, mas eu não quis machucar ninguém.
ROGER: Mas machucou. Torça pra ela sair viva disso.
Roger sai, chateado. Hans bufa, aflito e ao se voltar, dá com Raíza encarando-o.
HANS: Quando não é o Danilo, é você bancando a heroína, né?
RAÍZA (sonsa): Eu acredito em você.
Hans ri, incrédulo.
HANS: O que disse?
RAÍZA: Você perdeu os freios, não teve a intenção de machucar ninguém. Eu vi tudo.
HANS: Tá aproveitando pra sambar na minha cara?
RAÍZA (sarcástica): Por quê? Porque você fez uma matéria infame sobre a morte de meu pai? Não, Hans. Não sou vingativa.
HANS: Desenrola isso, vai.
RAÍZA: Eu posso convencer o Roger a não denunciá-lo. Também posso dar o meu depoimento, ser bastante convincente.
HANS: E em troca?
RAÍZA: Quero que me conte qual é a sua relação com Gustavo O’nara.
HANS: Oi?
Raíza mostra o celular dele.
RAÍZA: Oi?
HANS: Mas como é que/
Hans tenta pegar, Raíza faz gracinha, mas devolve.
RAÍZA: Não é relação profissional, porque ele está em sua lista de amigos.
HANS: Eu não posso tratar as pessoas como amigas? Escuta, garota, se quer blefar arruma uma mesa de pôquer, tá? A sua sanidade é mais questionável do que a do Duende Verde. Polícia alguma acreditaria em você.
Hans faz que vai sair, mas Raíza o impede, ríspida.
RAÍZA: Eu perdi o meu pai, minha vida tá despedaçada e eu sou amiga do cara cuja reputação é melhor do que a tua. Sabe onde eu tava enquanto o meu pai era assassinado? Resgatando a Joana em um dos depósitos da empresa desse Gustavo. Um esforço inútil se ela morrer por sua culpa.
HANS: Eu já disse que não tive culpa/
RAÍZA: Quantas pessoas sabem que você é rival da Lila e do Roger? Porque a polícia pode entender isso como vingança.
Hans passa a mão na boca, impaciente.
HANS: Ok. Você venceu.
Em Raíza, aliviada.
CENA 11 DELEGACIA [EXT. / MANHÃ]
Dcr desce as escadas, despreocupado.
VOZ MASCULINA: Você está diferente (Close em Dcr reconhecendo a voz) desde a última vez que nos vimos.
Dcr se volta e encara Erom com um sorriso sacana.
EROM/GUSTAVO (irônico): Deve ser a sua roupa.
Erom vem andando com as mãos nos bolsos da calça.
DCR: Erom Garcia. Pensei que nunca viesse falar comigo.
EROM/GUSTAVO: E eu pensei que nunca mais ia olhar pra tua cara depois do halloween, caro George. (sarcástico) Espero que não tenha ficado chateado por eu não ter recepcionado você e seus amigos. Eu estava ocupado, entende?
DCR: Meu nome é Danilo, e eu não sou mais aquele cara que você conheceu, Erom.
EROM/GUSTAVO: Me chame de Gustavo e eu te chamarei pelo o seu novo nome. E você continua o mesmo sujeito de sempre. Metido a salvador e hipócrita. Falou mal de Marco Bedlin, mas hoje andam de braços dados como irmãos.
DCR: Eu aprendi a olhar para os dois lados da história, Gustavo, pra não cometer o mesmo erro do passado. Enquanto você precisou matar a minha mãe pra se sentir melhor.
EROM/GUSTAVO: Ah, amigo, não foi minha intenção, juro. Mas sabe que saiu melhor do que a encomenda? Ela acabou do mesmo jeito que eu, (sussurra, debochado) como nos velhos tempos.
Dcr se enche de raiva e os dois medem força de contra um carro estacionado.
DCR: Você que vai acabar como nos velhos tempos, Erom! Eu devia sentir pena de você e raiva de mim pela minha imaturidade daquela época. Mas só consigo sentir asco. Eu não quero e nem preciso ter pena de quem já tá destruído por dentro.
EROM/GUSTAVO: Sinta o que quiser, mas não se esqueça de que foi você quem me trouxe de volta.
DCR: O quê?
EROM/GUSTAVO: Lembra da sua excursão ao além para rever sua amada Ari? (Dcr pensa, preocupado) Pois então...Ninguém nunca te ensinou a não falar com os mortos?
Dcr vai soltando Erom, pensativo e sem acreditar.
EROM/GUSTAVO: A sua vontade foi maior do que o seu raciocínio. Como sempre. Você diz que não é mais aquele cara de antes, mas seus parceiros continuam os mesmos. E pra minha alegria, os inimigos também.
Erom sorri e sai de cena. Em Dcr, desconfiado.
TERCEIRO ATO
FADE IN
Fachada da Curto-Circuito / Tarde
CENA 12 CURTO-CIRCUITO [INT. / TARDE]
Sam está sentada a uma mesa, braços sobre a mesma e punhos fechados, expressa culpa.
SAM: Eu nunca devia ter te levado pro além. Se pela história, você for realmente a reencarnação de George Everett, ele tá querendo vingança.
Dcr, diante dela.
DCR: Ele já matou minha mãe, minha prima ficou internada por meses, e ele faz da minha tia Helena uma prisioneira insana. Eu não posso deixar que ele continue.
Sam toca as mãos de Dcr, compadecida.
SAM: Queria muito poder te ajudar. Já sofreu tantas perdas. Não é justo pra um herói ver os vilões sempre vencerem.
Raíza chega por trás com uma pasta preta nas mãos.
DCR: Raíza! Por onde andou a manhã inteira? Fiquei preocupado.
RAÍZA: No hospital. A Joana foi atropelada pelo Hans.
DCR: O quê? Mas/
Dcr quase se levanta, porém Raíza toca seu ombro e o faz sentar de novo.
RAÍZA: Tá tudo bem agora. Ela vai sobreviver. (deboche) Parece que o jornalista de quinta foi acometido pelo mesmo problema do Edson: perda de freios.
DCR: Mas tem alguém com ela? A gente evitou a morte dela uma vez, mas a segunda...
SAM: Do que vocês estão falando?
Raíza vai abrindo a pasta.
RAÍZA: Que podemos mudar o destino uma vez, mas não sempre. Por isso (Raíza apanha um recorte de jornal) dependemos das testemunhas.
E ela coloca na mesa o tal recorte (já visto na cena 29 - ep.3x05) onde Ari, no dia do crime, aparece caída no asfalto, Bruno e Raíza chocados.
DCR: Mas o que é isso? (mão na boca, horrorizado) Quem tirou essa foto?
RAÍZA: Um desses cinegrafistas amadores, talvez. Mas observe essa imagem.
O dedo de Raíza desliza pelo recorte e aponta para a foto de Sam espiando a cena, ao fundo. Dcr encara Sam, confuso.
DCR: Você tava lá? (Sam, sem graça) Mas...Como você encontrou isso, Raíza?
RAÍZA: Lembra da impostora? A sósia de Ari? (Dcr faz que sim) Ela mantinha um mural de fotos e recortes de jornais, certamente para se familiarizar com a farsa dela e de sua tia.
Raíza joga as fotos de João, Dcr, Cael e Josué sobre a mesa. Sam olha uma por uma e esboça estranheza ao encarar a imagem de Josué.
RAÍZA: To curiosa pra saber o que a sua nova amiga fazia lá.
SAM (abalada): Gente, eu...Eu não te conhecia, Danilo/
DCR: Sim, a gente se esbarrou uma semana depois, Sam.
Sam olha para cada um deles.
SAM: Ok...Ahn...Eu tinha acabado de assaltar uma loja. Eu jurava que seria pega, só que...Me esbarrei com um cara e fomos parar na sacristia de uma igreja.
DCR: Você me falou disso, mas...Quem era esse cara?
SAM: Não lembro (olhando as fotos). Foi tudo muito rápido, ele saindo do prédio/
RAÍZA: Saindo do prédio? Mas só pode ter sido o assassino!
DCR: Você precisa se lembrar, Sam.
SAM: Desculpe. Eu tava muito preocupada com a fuga. Não prestei atenção nele.
Na cara de frustrados em Dcr e Raíza.
Vista frontal do prédio onde mora Josué / Corta
CENA 13 APTº 301 [EXT. / TARDE]
A porta é aberta e Josué atende de calças e secando o rosto com uma toalha grande.
JOSUÉ: Oi, Danilo. Entre! Alguma novidade?
Danilo ENTRA e vai andando de costas para Josué. Este fecha a porta atrás de si.
DCR: Sobre a investigação? Nenhuma. Eu vim porque/
Dcr, ao se voltar, vê a CICATRIZ na barriga de Josué. Dcr não consegue disfarçar o incômodo.
DCR: Ahn...Desculpe. Parece que foi um golpe feio, não?
Josué, por um momento, não entende, mas logo olha para a sua cicatriz.
JOSUÉ: Ah, sim. Uma das tentativas de acabarem comigo. Não é fácil ser diretor, entende?
DCR: Prestou queixa?
Josué pega uma camisa preta de manga ¾ sobre o sofá.
JOSUÉ: O ataque não aconteceu exatamente no colégio, e sim na saída. No escuro, a gente não enxerga nosso agressor, não é?
DCR: Covardia. Espero que as coisas tenham se acalmado.
Josué se veste, abotoando a camisa.
JOSUÉ: Parece que você ficou impressionado. Depois de tudo que passou, ainda se preocupa com os outros. (Josué toca a nuca de Dcr, amigável) Os bons sempre sofrem, sabia disso? Espero que tu seja a exceção.
Os dois se abraçam, Josué olha para Dcr e sorri.
JOSUÉ: Desculpe, você veio falar comigo e aí/
DCR (disfarça / mente): Não! Eu queria falar com o João.
JOSUÉ: Eu soube que agora ele anda com a sua prima. Ele por acaso aprontou...?
DCR: Ah, não (ri). É que...A Ana ainda tá fragilizada desde que saiu da clínica, então...To fazendo o papel do irmão mais velho.
Josué assente.
JOSUÉ: Certo, fique à vontade. Eu vou ao cemitério.
Dcr faz que sim, pensativo, e vê Josué abrir a porta e sair.
João aparece do corredor com cara de poucos amigos.
JOÃO: Eu ouvi, tá? A Ana não precisa de irmão mais velho, até porque eu não pretendo fazer nada que ela/
DCR: Você chegou a ver o ferimento na barriga do Josué?
JOÃO: Como?
DCR: Quero saber se você viu o Josué chegar ferido numa noite dessas?
JOÃO: Que obsessão, hen? Eu só soube quando ele apareceu com um exame médico. Ele disse que foi atacado na saída do colégio, mas isso foi antes dele se tornar diretor.
DCR: Mas...Ele disse que foi atacado por ser diretor.
JOÃO: Ele mentiu, oras! Grande novidade nisso.
DCR (desconfiado): Vocês ainda não se entenderam, né?
João passa a mão no queixo, nervoso, como quem esconde algo.
JOÃO: Você quer mais alguma informação?
DCR: Eu poderia ver esse exame?
Em João, pasmo.
CORTE DESCONTÍNUO
Nas mãos de João entregando o exame de Josué.
JOÃO: Como você pode ver, isso ocorreu no dia 2 de maio desse ano. E o Josué só foi nomeado dois meses depois.
Dcr levanta o rosto, abismado.
DCR: Dois de maio? Ele foi ferido por caco de vidro? Eu lembro que o Víctor foi assassinado no dia 30 de abril.
JOÃO: E o que uma coisa teria a ver com a outra?
Dcr entrega o exame a João e sai, nervoso.
JOÃO: Ei! Danilo!
Dcr abre a porta e some. Em João, sem entender.
CENA 14 REDAÇÃO CARIOCA NEWS [INT. / TARDE]
Lila está concentrada em seu computador, Rafaela passa por trás com ar de vitoriosa.
RAFAELA: Hoje não é um bom dia pra ficar de plantão, né?
LILA: Feriado algum. O que tanto fazia na sala do chefe?
RAFAELA (sarcástica / mente): Ele quis que eu explicasse a pauta de hoje.
Lila observa um sorriso irônico, mas Alexandre aparece da porta.
ALEXANDRE: Lila! Pode vir aqui um instante?
Lila estranha, e olha Rafaela se distanciando pretensiosa.
Corte descontínuo em LILA, pasma, diante de Alexandre.
Alexandre fecha o laptop, chateado.
ALEXANDRE: Como você foi deixar isso acontecer, Lila?
LILA: Alexandre...Você sabe que eu nunca concordei com sensacionalismo e menos ainda deturpei matéria alguma. Eu fui enganada.
ALEXANDRE: E por quem? Quem confiaria a você um falso vídeo da morte de Ari?
LILA: A Rafaela.
ALEXANDRE: Justo ela que me entregou o vídeo verdadeiro que, segundo ela, tava escondido em seu apartamento?
Lila avança, nervosa.
LILA: Mentira! (T) Deixa eu explicar o que houve.
ALEXANDRE: Lila, em consideração pelo tempo em que você trabalhou aqui, eu tentarei limpar a sua barra, mas não garanto imunidade total.
Em Lila, tensa.
CORTA PARA
O EXT. DO ESCRITÓRIO
Roger atravessa o corredor, esbaforido. Rafaela o intercepta.
RAFAELA: Roger? Não sabia que tava de plantão.
ROGER: Cadê a Lila?
RAFAELA: Trancada com o chefe. Parece coisa séria, viu?
Rafaela sorri, sádica, Roger apressa os passos.
VOLTA EM LILA
Com lágrimas nos olhos. Ao fundo, a porta é aberta por Roger.
ROGER: Boss, posso entrar?
ALEXANDRE: Roger? Você não devia tá em casa?
Roger fecha a porta atrás de si, agitado.
ROGER: Devia, mas eu precisava falar com o senhor. (para Lila) Que cara é essa, amiga?
LILA: A Rafaela me enganou, Roger. Ela que me entregou o falso vídeo da morte de Ari. E hoje resolveu entregar o verdadeiro dando uma de que eu fui a bandida.
Roger não demonstra surpresa.
ROGER: (para Alexandre) Boss, lembra de quando me pediu pra conseguir amostras de DNA do Cael?
ALEXANDRE: Lembro sim. Mas o que isso tem a ver...?
ROGER: Eu abro mão daquele aumento, boss, se confiar em mim de novo.
Lila e Alexandre, confusos.
CENA 15 CURTO-CIRCUITO – ESCRITÓRIO [INT. / TARDE]
Ouvimos alguém bater na porta, em seguida, a porta é aberta por Sam, segurando umas folhas.
SAM: Raíza?
Sam se vê sozinha, vai até a mesa e
coloca as folhas sobre ela, ao lado da pasta preta de Raíza.
Abismada, Sam abre a pasta e pega todas as fotos.
Ela olha uma
por uma, até que para na imagem de João Batista. Sam olha para a
frente, pensativa.
RAÍZA (O.S): Sam?
Sam se assusta e deixa as fotos caírem na mesa.
RAÍZA: Cael pediu pra você me entregar uns relatórios.
Sam está pálida, apanha as fotos, desajeitada.
SAM: Raíza...Eu lembrei. Eu lembrei quem foi a pessoa que eu teletransportei do prédio para a igreja.
RAÍZA (curiosa / animada): Quem?
CORTA PARA
CENA 16 RUA DA CIDADE [TARDE]
Dcr caminha em passos largos, muito pensativo, até que ouvimos seu celular tocar. Dcr põe a mão no bolso da calça e retira o telefone.
DCR: Oi, Raíza (T) Como? (T) Então fala pra mim (T). Raíza, tá me deixando nervoso. Quem é o assassino? (Dcr se mostra chocado / fecha os olhos querendo chorar) Não...Não é possível (mãos na boca, horrorizado).
Dcr desliga o celular, meio aéreo, pensamento longe.
= = FLASHBACK = =
CENA DA LUTA ENTRE DCR E O ASSASSINO NA CASA DE VÍTOR (3X04)
O sujeito encapuzado lhe acerta um
soco fazendo Dcr ir contra a janela, que se quebra.
Foco no caco
de vidro.
Dcr pega um caco, decidido.
O assassino avança,
Dcr se esquiva, mas volta ferindo o estômago do sujeito, que reclama
de dor.
CENA EM QUE JOSUÉ INSTIGA DCR (3X07)
JOSUÉ: (analisa Dcr) Não fico surpreso com o seu senso de justiça. Você realmente é como aquela jornalista descreve nos jornais.
DCR: Não esperava que o senhor soubesse disso através de uma coluna. Afinal, eu frequentei muito o seu apartamento, não é?
JOSUÉ: (alisa o queixo) É verdade...Não dei muita atenção...Mas nunca é tarde pra reparar um erro.
CENA EM QUE DCR DESCOBRE UMA CICATRIZ EM JOSUÉ (3X15)
DCR: Parece que não é a primeira vez que o senhor é atacado.
JOSUÉ: Não é fácil ser um diretor linha dura.
CENA ENTRE DCR E JOSUÉ NA DELEGACIA (CENA 07)
JOSUÉ: [...] um verdadeiro herói nunca mata. (encara Dcr por instantes)
= = FIM DO FLASHBACK = =
Dcr chora de raiva, mãos na cabeça, incrédulo por nunca ter percebido o sadismo do inimigo.
DCR: Você não vai mais rir da minha cara, seu desgraçado!
Dcr ajeita a camisa de manga ¾ e some da tela.
CORTA PARA
CENA 17 CURTO-CIRCUITO [INT. / TARDE]
Raíza desce as escadas, apressada, com a sua bolsa. Sam a intercepta.
SAM: Você vai atrás do Danilo?
RAÍZA: Não sei nem pra que lado ir, Sam. Por mais que eu curta um final épico pr’aquela Rafaela, ela tem que pagar em vida tudo que fez. Não pode morrer assim/
SAM: É o que?
Raíza emudece, Sam desconfia.
SAM: Se eu não fosse a pessoa que eu sou eu diria que você tá rogando uma praga, só que não. (T) Você tá anunciando a morte dela?
RAÍZA (titubeia): Ora, Sam! O que mais pode acontecer a um cúmplice de assassinato? O Josué é um psicopata/
SAM: Ei! (olho no olho) Você é vidente?! (reação em Raíza) Claro! Por isso o Danilo disse que você não se conforma de não ter salvado o seu pai. Como você ia salvá-lo se não sabia o que ia acontecer? Hen?
Raíza muita tensa.
CAM busca o
EXTERIOR da boate
onde Marco,
estacado na parede, ouve tudo, estupefato.
CORTA PARA
CENA 18 CEMITÉRIO [INT. / TARDE]
Super close em Dcr andando firme e com raiva, CAM tremida, sensação de tragédia no ar. Até que Dcr para ao ver alguma coisa e passa a andar sorrateiramente. Adiante, em meio a jazigos, Josué está sozinho, de costas, perante um túmulo. Josué vê Dcr se aproximando.
JOSUÉ: Acredita que é a primeira vez que venho ao cemitério no dia dos mortos?
DCR: (ressentido) A minha também. Passei mais tempo vindo aqui no último ano, que hoje me sinto em um novo enterro.
JOSUÉ: Bruno não merecia morrer assim. Bom que o seu assassino tá morto.
Dcr o encara com muito ódio.
DCR: Lembra quando me disse que um herói verdadeiro nunca mata?
Josué permanece olhando para o túmulo.
JOSUÉ: Lembro sim, por quê?
DCR: Eu sou a exceção.
Mal dá tempo de Josué olhar para trás e Dcr ACERTA o capacete no inimigo, mas este ampara o rosto com a mão, evitando o impacto maior.
JOSUÉ: Cuidado com isso, garoto.
Dcr o agarra pela camisa, espumando ódio.
DCR: Cuidado você devia ter tido antes. Foi divertido rir da minha cara, foi? Por que você matou a Ari? POR QUÊ?
JOSUÉ: Engraçado...Você me ataca e eu que tenho que responder uma pergunta?
DCR (por cima): Doeu muito o golpe que eu te dei na barriga? HEN?
JOSUÉ: Não tanto quanto vai doer em você.
Josué puxa uma faca do bolso da
calça. Dcr, desconfiado, o larga, mas acaba ferido no braço. Geme
de dor.
Josué lhe acerta um soco, Dcr vai pra trás, mas
consegue voltar com outro soco derrubando-o no chão.
O inimigo parece vencido, perdeu a faca, se mostra acuado. Quando Dcr vem com tudo pra cima dele, Josué joga terra em seus olhos, deixando Dcr atordoado, tentando limpar as vistas.
POV DE DCR mostra a imagem de Josué desfocada segurando o capacete. Quando ele vai atingi-lo...
A TELA SE FECHA
FADE IN
No rosto desfocado de Raíza.
RAÍZA: Dcr! Dcr!
Dcr acorda no susto com a testa sangrando.
DCR: Raíza! (mão na testa, reclama de dor) Aquele bandido conseguiu fugir.
RAÍZA: A gente precisa ir.
DCR: Imagino que você previu o que ia acontecer aqui, não é?
Raíza o ajuda a se levantar.
RAÍZA: O João me ligou. Quando ele disse que Josué estaria aqui, eu imaginei que você viria atrás.
Raíza nota seu braço ensanguentado.
RAÍZA: Ele tá disposto a tudo, Dcr. Melhor a gente ir pra redação.
Dcr faz que sim.
Vista aérea da cidade, transição do pôr do sol para a noite, sons de carro de polícia em fusão com buzinas/
CENA 19 REDAÇÃO CARIOCA NEWS [INT. / NOITE]
Rafaela passeia pelo corredor, debochada, e observa Roger cochichando com alguns colegas.
RAFAELA: O que tá acontecendo, Roger? Cadê a Lila?
Roger põe as mãos nos bolsos da calça, esboçando lamento.
ROGER: Estranho a sua pergunta, amiga. Se foi você quem jogou uma bomba na mesa do boss. Parece que alguém vai rodar dentro de instantes...
Rafaela esconde um sorriso, até que todos os colegas se mostram espantados, seus computadores exibem o vídeo do assassinato de Ari. Nele, Josué aparece discutindo com a garota no dia do crime.
= = VÍDEO = =
JOSUÉ é revelado na cena segurando com as mãos enluvadas o pedaço de madeira e, olhando firme para o que acabou de fazer. Víctor está inconsciente no chão, com o rosto sangrando. Grande momento de suspense.
ARI (O.S): Como me achou aqui?
Josué larga a madeira numa expressão de dar medo.
JOSUÉ: Você não sabia que o celular que roubou de mim tem GPS?
ARI (O.S / medo): O João foi cúmplice do Marco no incêndio da boate. A Raíza só queria provar isso.
JOSUÉ: E acabar com a minha família? Não, não...Só porque o avô da Raíza não te assumiu, você quer acabar com a gente?
ARI (O.S): Não é nada disso! E o senhor não tá tão preocupado com a sua família assim. O senhor tem medo que eu conte pra Raíza da sua união com Cipriano. Que vocês dois têm um pacto/
Josué avança na CAM prensando Ari contra a parede.
JOSUÉ: (compassadamente) Eu já to de saco cheio da tua cara. Me passa o celular agora!
ARI (O.S / medo): Por que tá fazendo isso? Por favor! Por que ta acobertando o João? Se queria defendê-lo, por que não quebrou o celular?
CORTA / ALTERNAR PARA
O espanto dos colegas, Lila tensa, Rafaela esconde o sorriso de vitória.
Dcr (sujo de terra e sangue, roupa abarrotada) e Raíza entram, sem entender a reação das pessoas, que o encaram temerosos. Ao encarar Lila, ele acaba vendo o vídeo. CHOQUE.
= = VÍDEO CONTINUAÇÃO = =
JOSUÉ: (nervoso) CHEGA! Você é muito boazinha, né? Acha que ninguém é tão ruim assim.
ARI (O.S): Você tá me machucando!
JOSUÉ: Eu podia ter deixado o Víctor te matar, sabia? Mas eu não quero isso. Por mim você pode se casar e ser feliz pro resto da sua vidinha medíocre, assim você ganha sua família e deixa a minha em paz.
ARI (O.S): O João cometeu um crime, e a única que está pagando é a Raíza. Eu não vou deixar isso nem a sua união a Cipriano destruir as pessoas. Todos vão saber disso de qualquer maneira!
JOSUÉ: Não, não vão, porque pra isso você teria que estar lá, ouviu bem? (compassadamente) E eu não vou deixar que você destrua a minha família. Sou eu que terei esse prazer, e será do meu jeito.
E Josué lhe acerta um TAPA, tenta rasgar seu vestido à procura do celular, Ari se defende, lhe dá uma joelhada na barriga, ele baqueia por instantes dando chance de Ari se desviar, mas ela acaba tropeçando e caindo.
Josué tem força e a levanta sob
seus gritos. Os dois travam uma luta, até que o celular cai do busto
de Ari e desliza pelo chão empoeirado até os degraus da escada. Ari
alcança, mas quando se levanta, Josué segura sua mão com força
fazendo-a gemer de dor, arranca o celular, e lhe acerta um soco na
cara.
Ouvimos gritos e a tela bruscamente dá lugar a seguinte
manchete:
“Rafaela Mancini encobriu assassinato da esposa do
herói de Lila Machado - A sobrevivente do acidente na Rio Niterói
no verão passado, induziu a jornalista Lila Machado ao erro, ao
entregar a ela um falso vídeo que denunciava Marco Bedlin pelo crime
ocorrido.”
Todos encaram uma Rafaela assustada, que vai olhando um por um até chegar em Lila e Roger.
RAFAELA: Que palhaçada foi essa?
ROGER: Você roubou o meu projeto, amiga. Roubei o seu vídeo também.
LILA: Tudo por uma vingança, não é? Pra acabar com a minha carreira e tomar o meu lugar você foi capaz de esconder a verdade daquele que um dia foi seu amigo.
Dcr, ao fundo, em lágrimas.
RAFAELA: Você me sacaneou, Lila! Eu tinha uma história tão fantástica nas mãos e você queria me tomar pra se tornar uma estrela única.
LILA: Eu nunca fui cúmplice de assassinato, Rafaela! Que tipo de jornalista você acha que seria? Quantos furos de reportagens você forjaria pra conseguir status?
RAFAELA: Isso não é justo. Você me traiu, você prometeu me ajudar, e agora você vence de novo? Isso não vai ficar assim.
Dcr puxa Rafaela pelo braço.
DCR:
Não vai ficar assim mesmo!
E Dcr desfere um TAPA em
Rafaela, causando um alvoroço.
DCR: Isso é por ter escondido a verdade (Mais um TAPA). Isso é por transformar a morte de minha esposa no seu trunfo de vingança.
Dcr agarra a nuca dela e bate sua cabeça de contra um computador. Rafaela grita de dor.
DCR: E isso é por me fazer de palhaço!
Rafaela tem marcas de sangue na boca e na testa.
RAFAELA: Seu estúpido!
Rafaela acerta um chute de calcanhar na perna de Dcr, que reclama de dor. Rafaela se desvencilha, meio tonta, e se vê encarada por todos que fazem a negativa.
ALEXANDRE: Não adianta mais, Rafaela. A polícia já tá a caminho.
RAFAELA: Eu não matei ninguém e não mereço ser presa!
Rafaela corre, derruba algumas pessoas, inclusive Raíza, e objetos pelo caminho.
PLANO-SEQUÊNCIA
Rafaela abre a porta, passa pelas pessoas, dá com dois policiais, mas desvia rapidamente e segue pelas escadas. Policiais em cima com o rádio transmissor.
POLICIAL #1 (pelo rádio): Nosso elemento tá descendo agora.
CAM tremida atrás de Rafaela desesperada, ela esbarra nas pessoas, chega ao
TÉRREO
E vai abrindo a porta principal, dando com dois policiais e um carro de polícia.
REDAÇÃO CARIOCA NEWS [EXT. / NOITE]
Um ciclista atravessa na calçada impedindo a ação dos policiais. Enquanto isso, Rafaela aproveita pra fugir, corre pela calçada olhando para trás, até que MÃOS COM LUVAS PRETAS a puxam pela esquerda e ela some de vista.
A TELA SE FECHA
QUARTO ATO
= = TOCANDO: Bloody Mary – Lady Gaga = =
FADE IN
Vista aérea da cidade, luzes piscando, suspense no ar até cessar a música.
CENA 20 LUGAR DESCONHECIDO [INT. / NOITE]
Corta para o rosto de Rafaela, de bruços no chão, acordando. Rafaela vai se levantando na penumbra e se vê numa espécie de salão vazio.
RAFAELA: Mas que lugar é esse?
O vento esvoaça seus cabelos e ela segue na direção do vento até chegar numa
VARANDA.
A CAM se afasta, enquanto ela, hesitante, olha para baixo e se vê a metros de distância do chão do prédio onde ROGER mora.
No rosto apreensivo de Rafaela, um sujeito de capuz preto surge logo atrás.
VOZ MASCULINA: Apreciando a vista?
Rafaela se volta sobressaltada, se apoiando na grade.
VOZ MASCULINA: Eu escolhi a cobertura pensando em você.
O sujeito retira o capuz revelando ser JOSUÉ. Na cara de medo em Rafaela.
FADE OUT
FADE IN
Em Rafaela, amedrontada.
RAFAELA: Josué, por favor...Por que me trouxe aqui?
JOSUÉ: Você tem ideia do trabalho que você me deu? Se não fosse a sua maldita gravação a gente não precisaria estar aqui, sabia?
RAFAELA: Foi a Lila! Ela roubou o vídeo de mim/
JOSUÉ: Que você pretendia usar pra roubar a vaga dela na redação, sei (Em Rafaela, surpresa). Aprendi contigo, viu. Coloquei uma câmera no apartamento. Sabia que até o Bruno suspeitava da sua armação?
RAFAELA (mente): Não! A ideia era o Marco ser preso pelo crime. Josué...Eu gosto de você.
Josué ri.
JOSUÉ: Você fala isso pra uma pizza, uma lasanha. Não pra alguém que você sabe que te amarrou no meio da estrada pra ser esmagada pelo primeiro caminhão de carga que passasse.
Rafaela começa a tremer, medrosa.
JOSUÉ: Aliás, uma pena você ter sido salva pela Vicky. Mas graças a Deus eu fui lá e (faz um movimento de tiro) PÁ! (ri) Matei a idiota.
RAFAELA: Foi você que matou aqueles alunos?
JOSUÉ: Lamentavelmente, não matei todos.
Josué mostra a faca, Rafaela se afasta e encosta na grade da varanda.
JOSUÉ: Fiquei frustrado desde então.
No olhar macabro do vilão.
CENA 21 REDAÇÃO CARIOCA NEWS [EXT. / NOITE]
Carros de polícia e a imprensa cercam o local à procura de informações. Dcr e Raíza correm pelo cenário até que se esbarram em Sam.
SAM: Gente, eu vi na internet. A Rafaela e o Josué estão sendo vistos como a dupla mais perigosa do Rio.
RAÍZA: Só que essa dupla tá prestes a se desfazer.
SAM: Você acredita mesmo que ela vai morrer?
DCR (revoltado): Não! Ela não pode morrer. Ela tem que pagar pelo que fez. A gente precisa encontrá-la.
SAM: Eu posso levá-los até ela. Mas esse cara pode tá armado. E mesmo que sejamos especiais, não somos feitos de aço.
Dcr e Raíza se entreolham, preocupados.
Atrás de Sam, um carro estaciona. Dele sai um homem negro de terno, e Marco, tenso.
MARCO: É isso mesmo que está circulando na internet? Josué é o assassino?
Dcr espia o segurança de Marco e a arma na cintura.
DCR: Inacreditável que um professor e diretor de colégio seja pior do que você, né, Marco?
MARCO: Não é o momento para elogios, Danilo.
Dcr vai andando, apontando para o segurança.
DCR: Josué não tem um desses. O seu anda armado, Marco?
MARCO: Só por precaução.
DCR: Obrigado.
Dcr arranca o revólver da cintura do homem, assustando a todos, e dá uma corrida. Sam e Raíza vão atrás, e Marco faz um sinal para o segurança não impedir.
MARCO: Deixa, deixa! Só espero que ele saiba usar isso.
CORTA PARA
Dcr, que acaba de se escorar na parede. Sam e Raíza chegam em seguida.
RAÍZA: Dcr, pelo amor de Deus! Você nunca usou uma arma na vida.
SAM: É bom que atire se chegar a apontar. Esse cara já mostrou que não tá pra brincadeira.
DCR: Eu to pronto para ser levado até ele.
Na expressão tensa de cada um. Sam estende a mão, e quando Dcr e Raíza unem as mãos, Roger chega de surpresa e abraça Raíza.
ROGER: Que bom que encontrei vocês/
CORTE DESCONTÍNUO
ROGER (cont.): o Marco me disse que vocês vieram nessa direção e/
Roger olha ao redor,
TODOS foram
teletransportados para a COBERTURA. Roger cobre a boca, horrorizado.
ROGER: Gente...O que aconteceu? Nós morremos?
DCR: Ainda não, Roger.
Em Roger, assustado. Até que OUVIMOS vozes.
DCR: Sam e Roger, fiquem aqui. A Raíza vem comigo.
ROGER: Mas/
CENA 22 COBERTURA [INT. / NOITE]
Dcr vem apontando a arma, logo atrás Raíza acompanha.
Josué segura Rafaela de costas, olhando para baixo. Rafaela aos prantos.
JOSUÉ: A sua vida tá valendo muito? Porque eu quero sair ileso daqui.
DCR: A minha vale mais. (Josué olha para trás, surpreso) Como em toda história de super-heróis, ninguém quer que o herói morra.
JOSUÉ (sarcástico): Vem cá, ninguém lembrou de colocar uma kriptonita no colo de vocês, não? Costuma funcionar no super-homem.
DCR: Largue a Rafaela e a gente conversa.
Josué afasta Rafaela, mas continua de mãos dadas a ela, e com a outra mão segura a faca.
JOSUÉ (justifica): Não confio muito em heróis de brinquedo.
ALTERNAR PARA
Roger posicionando a câmera.
SAM (cochicha): Você não devia ligar pra polícia?
ROGER (cochicha): A redação fará isso por nós. (T) Pronto! Estamos online.
Na cara de Roger, em êxtase.
CENA 23 REDAÇÃO CARIOCA NEWS [EXT. / NOITE]
Diante da polícia, todos da redação recebem um alerta em seus celulares. Lila olha surpresa para o vídeo.
ROGER (no vídeo / murmura): Eu, Roger Ribeiro, da equipe do jornal Carioca News, to ao vivo no edifício 226, no centro da cidade, para mostrar o embate entre o herói Nilo e o verdadeiro assassino de sua esposa.
LILA: Alexandre! O Roger tá ao vivo!
ALEXANDRE: Mas esse cara é maluco? Como eles conseguiram chegar tão perto do assassino?
LILA: A gente precisa ir pra lá.
ALEXANDRE: Vou avisar a polícia.
CORTA PARA
CENA 24 COBERTURA – ED. 226 [INT. / NOITE]
Josué, ainda de mãos dadas a Rafaela.
JOSUÉ: Cê acredita que a Ari queria salvar a humanidade? Coitada...Ela queria salvar a humanidade (ri / na cara de ódio e tristeza de Dcr). Só porque ela sabia do meu pacto com o Cipriano. Eu tentei chegar num acordo, mas aquela voz de boa samaritana me deu nos nervos.
DCR: Seu idiota! Ela tava grávida!
JOSUÉ (sádico): Eu não queria, juro. Mas pensa comigo: Se eu não tivesse tomado uma atitude, hoje eu não seria diretor, e o Cipriano, futuramente, político.
DCR: Político? Você é louco!
JOSUÉ (por cima): Sabe qual será a primeira atitude quando ele for eleito? Proibir a entrada de super-heróis no Brasil. Vai ser como nos tempos da inquisição.
RAÍZA: Você não tá falando coisa com coisa, pelo amor de Deus!
JOSUÉ: O que é? A palavra “super-herói” mexe contigo? (risos)
DCR: Como foi que você conseguiu chegar até Ari? Quem ferrou com o esquema de segurança?
Rafaela treme ali do lado, Josué gesticula onde segura a faca.
JOSUÉ: O mocinho nem imagina, né? Tá vendo essa sua amiguinha aqui? (aponta pra Rafaela) Me passou toda a informação que eu precisava. Não é tão difícil se passar por um figurão como o Cael.
= = FLASHBACK = =
CENA EM QUE RAFAELA ACABA DE OUVIR MARCO FURIOSO NO DIA DA MORTE DE ARI
RAFAELA: É o que eu to dizendo... Ari traiu a confiança do Marco (p). Não, não sei o que ela aprontou, mas ele não vai deixar barato. (ela se vira, olhar extasiado) É a minha chance.
= = FIM DO FLASHBACK = =
Em Dcr, contendo as lágrimas.
RAFAELA (desesperada): Eu achava que o Marco fosse confrontá-la, mas a Ari não quis usar a câmera/
RAÍZA: Agora eu entendo...Não era só pelo celular que ela teve pressa de sair de casa. Ela tinha medo que o Marco fosse atrás dela mesmo.
RAFAELA: Eu só queria tirar o Marco do nosso caminho/
RAÍZA: Que nosso caminho? Você só pensou em você mesma. Vai dizer que fez tudo por nós, sua assassina!
RAFAELA: Eu não matei ninguém.
DCR: Você podia ter me procurado, falado com o Cael, chamado a polícia, mas não. Esse tempo todo me fez de idiota.
JOSUÉ: Tenho que concordar, viu.
DCR (explode): CALA ESSA BOCA!
Dcr quase atira, quando OUVIMOS sirenes de polícia.
POLICIAL (O.S / alto-falante): Senhor Josué Maciel, o senhor está cercado!
JOSUÉ: Como é que...? (Josué abraça Rafaela) É bom que você me ajude a sair daqui, se não quiser que ela morra.
DCR: E se eu não fizer questão da vida dela? (Susto em Rafaela) O que vai fazer?
Em Josué, com raiva.
ALTERNAR PARA
A imprensa, carros de polícia e um aglomerado de gente do lado de fora do prédio.
Reação de pessoas assistindo pela TV
Pelos computadores
CENA 25 COFFEE BREAK [INT. / NOITE]
Marco tenta fazer uma ligação, mas não consegue. Valentina adentra, afoita.
MARCO: Que susto, Valentina! Quer me matar?
VALENTINA: Acessa aí o Carioca News, rápido!
MARCO: Por quê? Prenderam o Josué?
Valentina avança no laptop e digita alguma coisa.
VALENTINA: Não, Marco! Veja isso, tá passando ao vivo em tudo que é canal.
Na tela do laptop, imagens alternam entre a imagem da cobertura de baixo para cima, e as imagens gravadas por Roger.
Marco, assustado, se levanta, mas nem lembra de pegar o paletó. Sai em disparada.
VALENTINA: Marco!
Em Valentina, aflita.
CENA 26 COBERTURA [INT./ NOITE]
JOSUÉ: Tá se achando muito esperto, né? Tu é um bosta, isso sim. Você e Raíza não passam de dois idiotas achando que podem salvar meio mundo com seus poderes fajutos, mas na hora de salvar as pessoas que dizem amar, vocês pulam fora.
RAÍZA: A gente não escolhe quem salvar. Eu não escolhi perder o meu pai.
JOSUÉ: Sabe que eu olho pra tua cara e sinto preguiça? Enquanto você desfilava seu rostinho bonitinho no halloween, seu pai tava ó (faz movimentos com a faca) sendo esfaqueado.
Raíza o encara, lacrimejando, possessa.
RAÍZA: Seu monstro!
JOSUÉ: Por quê? Eu só fui bater um papo com ele, tentar impedir que ele me entregasse à polícia,(Raíza cobre a boca, querendo chorar) já que o idiota do João decidiu abrir o bocão. Mas aí eu me lembrei que o Michael Mayers era mudo, né? (risos)
RAÍZA: Seu infeliz!
Raíza tenta avançar, mas Dcr a contém.
RAÍZA: Atira nele, Dcr, atira!
Josué coloca Rafaela na frente, apavorada.
JOSUÉ: Vai ter que atingi-la primeiro.
RAFAELA: NÃO!
Rafaela dá um soco na boca do estômago de Josué, tenta correr, mas o vilão mete a faca de raspão em seu braço, fazendo sangrar. Rafaela grita de dor e volta com o braço na cara de Josué.
Dcr aproveita a chance e ATIRA,
mas não atinge ninguém.
ALTERNAR PARA
As escadas, por onde 3 policiais sobem.
VOLTA EM JOSUÉ
Que deixa a faca cair no chão. Quando faz menção de pegar, Dcr acerta um TIRO no braço do vilão, que urra de dor. Rafaela aproveita pra correr, mas Josué a pega pelo braço, muita resistência da parte dela.
RAFAELA: ME SOLTA!
E Josué lhe dá um soco na cara, arremessando-a para
FORA DA COBERTURA.
Pânico.
[Efeito câmera lenta]
Rafaela caindo aos gritos,
Todas
as pessoas assistem horrorizadas, [fim do efeito] até que o corpo de
Rafaela despenca sobre um carro da polícia, estraçalhando com o
teto do carro.
Marco corre por ali, e para, petrificado
com a cena.
MARCO (murmura): A Raíza previu...
Marco olha para cima e acaba por invadir o prédio.
Ana, João e Cael chegam ali e ficam chocados com a queda brutal de Rafaela.
CORTA PARA
COBERTURA
Dcr tenta atirar de novo, mas a arma trava.
DCR: Droga!
JOSUÉ: Vocês viram? Acabei de entregar a desgraçada pra polícia.
Gargalhadas do vilão. Ao fundo, Roger, agachado, acaba caindo. Josué fica indignado.
JOSUÉ: Mas o que é isso? A gente tava sendo filmado?
ROGER: Estamos ao vivo, Josué. Vai sair direto daqui pra cadeia.
JOSUÉ: É mesmo, é?
Josué lança a faca
e acerta o
ombro de Roger, que reclama de dor. Sam se desespera.
Josué aproveita a chance e agarra Raíza, envolvendo o braço a seu pescoço.
JOSUÉ: E agora, Raíza? Vai mostrar ao vivo que você pode se salvar?
RAÍZA: Pra que tudo isso, Josué? Se tu vai mofar na cadeia?
JOSUÉ: Eu não vou mofar em lugar algum, mas você irá mofar no asfalto. (sussurra) A perícia demora horas para liberar o corpo. VAI ATRÁS DE SEU PAI!
E no susto, Josué JOGA Raíza da cobertura.
DCR: NÃAAAO!
No grito de Raíza, por sorte, dependurada na grade pelo lado de fora.
ALTERNAR PARA
TODOS os curiosos, imprensa e até João, espantados com a cena.
Os policiais chegam ao último andar e tentam abrir a porta. Marco tenta passar por eles, em vão.
POLICIAL #1: O senhor não pode entrar. Pro seu próprio bem.
MARCO: Eu não vou deixar o insano do Josué acabar com a Raíza. (firme) É a mulher que eu amo.
CORTA PARA
Josué acertando um SOCO em Dcr (numa
cena que nos remete a CENA 17 Ep3x13) que se apoia na grade e vê sua
arma cair. Dcr se volta, e Josué tenta arremessá-lo do alto da
cobertura,
[efeito câmera lenta]
mas os dois acabam
voando junto.
Espanto geral.
[fim do efeito]
Roger e Sam se afligem ao ver a cena. Dcr está agarrado às pernas de Josué que segura com afinco a grade, bem ao lado de Raíza.
JOSUÉ (deboche): Tá tudo bem aí embaixo, herói de brinquedo?
DCR: Raíza! Se salva, você pode!
JOSUÉ: Isso! Revela seus poderes, sai flutuando daqui, sai (risos).
Raíza olha para a câmera de Roger.
RAÍZA: Desliga essa câmera, Roger, por favor!
SAM: Anda, Roger...Por um instante, vai.
Roger, hesitante, tampando a ferida
com a mão, desliga a câmera
OUVIMOS o lamento das pessoas.
SAM: Danilo, você sabe que pra te salvar eu terei que salvar o Josué também.
DCR: Faça o que tiver que ser feito.
E Sam toca o braço de Josué.
Corta para Marco e os policiais invadindo o local. Há uma QUEDA DE LUZ
ALTERNAR PARA
As pessoas avistando a cena ao longe, sem enxergar nada.
Quando a LUZ RETORNA, Marco e Raíza estão trocando olhares, a polícia algemando Josué.
RAÍZA: Por que me salvou?
MARCO: Eu estava te devendo. (T) Não vamos mais perder tempo. Casa comigo.
Em Raíza paralisada. Marco segura
sua nuca e a beija profundamente.
OUVIMOS aplausos.
João Batista observa a cara de
desolado de Cael, que sai de cena.
Vista aérea de todo o
cenário, médicos se movimentando para retirar Rafaela de cima do
carro, policiais levando Josué, e Marco e Raíza ainda se
beijando.
CAM vai se afastando até que
FADE OUT
CENAS
FINAIS
FADE IN
Vista aérea da cidade de dia /
Corta para uma página de um jornal onde Marco e Raíza aparecem aos beijos sob a seguinte manchete: “Embate entre herói Nilo e vilão termina em tragédia, romance e revelações.”
CENA 27 REDAÇÃO CARIOCA NEWS [INT. / MANHÃ]
Todos os colegas parabenizam Roger, com o braço engessado e usando uma tipoia, que sorri, fazendo-se de humilde.
ROGER: Quando eu vi eu já tava ali. Eu só precisei da câmera e de um bom ângulo.
DCR: Eu achei que eu fosse morrer, juro. Você tinha razão, Lila. A imprensa me ajudou e muito.
Os dois se olham intensamente, mas Lila disfarça.
LILA: O vídeo já tem mais de 1 milhão de visualizações em menos de 24 horas! Sucesso absoluto!
ROGER: Agora eu sou o seu assistente mais importante, viu?
ALEXANDRE (O.S): Negativo.
Lila e Roger olham preocupados para Alexandre.
ROGER: Mas boss...Eu fui à guerra, quase morri.
ALEXANDRE: Sinto muito, Roger, mas nesse cargo você não está mais.
Roger põe a mão no peito, frustrado.
ALEXANDRE: Afinal, não posso manter o novo jornalista como assistente da Lila, não é?
Lila vibra, Roger ainda sem acreditar.
ROGER: Eu? Jornalista? Isso é sério?
ALEXANDRE: E mais! Já pode escolher seus assistentes. (para Dcr) Se sinta convidado, meu rapaz. Sua atuação foi tão brilhante quanto a de Raíza. Quarteto brilhante vocês.
Dcr não tem tempo de responder, Roger ergue um dos braços animado e o abraça. Dcr ri e troca olhares com Lila.
CENA 28 REDAÇÃO CARIOCA NEWS [EXT. / MANHÃ]
Lila e Dcr descem as escadas, enquanto conversam.
LILA: Espero que considere a proposta do Alexandre. Curti a ideia do Quarteto Brilhante.
Ambos riem.
DCR: Ainda to um pouco chocado com tudo que aconteceu. Sinto que retirei um peso das costas.
LILA: Graças ao Roger. Quem diria que ele desvendaria o crime, né? Pra quem dizia que você era “só mais um milionário nas estatísticas”.
DCR: Ele disse isso?
Risos.
LILA: Disse. Eu espero que você não tenha ficado chateado por ele não ter revelado o assassino assim que roubou o vídeo da Rafaela.
DCR: Eu entendo. Pra eu não fazer a besteira que eu fiz ontem, né?
LILA: Não. É que teve aquele halloween, depois a polícia quis analisar o vídeo e as conversas de Rafaela com o capanga dela. Ninguém queria cometer o mesmo erro, não é?
Dcr se aproxima, alisa os cabelos de Lila.
DCR: É. Eu também não.
Os dois ali, muito juntos, até que se beijam.
Os dois são vistos por Valentina, ao longe, que desvia o olhar, triste.
Takes da cidade /
CENA 29 HOSPITAL CENTRAL - QUARTO [INT. /MANHÃ]
Roger anda de um lado e de outro, eufórico, gesticula enquanto fala com Joana, já se levantando, igualmente com uma tipoia em um dos braços.
ROGER: Você tem ideia do que significa isso, Joana? Agora não dependo mais da Lila pra me ouvir, não serei só o cara da foto, serei o jornalista que vai fundo nas matérias.
JOANA: Roger, não se empolga não, porque você ainda não é o editor-chefe, tá?
ROGER: Mero detalhe, amiga. Porque depois desse sucesso meteórico, qualquer coisa que eu escrever será importante.
JOANA: Tá falando do maldito Projeto Negro, né?
ROGER: To falando de salvar a humanidade. Ari não pode ter morrido em vão.
JOANA: Eu quase morri duas vezes. Acho que na terceira eu não sobrevivo.
Roger segura sua mão, carinhoso.
ROGER: Depois que tudo vier à tona, o único que poderá sofrer represálias, serei eu. Agora que sou famoso, não tenho medo de morrer como o simples fotógrafo de Lila Machado.
Joana ri, os dois cara a cara, quando
A PORTA É ABERTA
Ângela apenas espia.
ÂNGELA: Já tá pronta?
Joana faz que sim olhando para Roger.
CENA 30 KATY O’NARA – ESCRITÓRIO [INT. / MANHÃ]
Erom se levantando da cadeira, irritado.
EROM/GUSTAVO: Você tem ideia do que fez? Não devia ter falado nada pra Raíza!
Hans diante dele, engole a seco.
HANS: Ou era isso ou eu seria preso por ter atropelado a Joana.
EROM/GUSTAVO: Medo da prisão, Hans? Devia ter medo de decepcionar o diabo.
HANS: O quê? Do que cê tá falando?
EROM/GUSTAVO (linguajar antigo): Já esqueceste do pacto que fizeste comigo?
HANS: Que pacto? Eu não fiz pacto com ninguém.
EROM/GUSTAVO Você divulgou meus produtos, és responsável por algumas tragédias que promovi.
Hans faz que não entende, aturdido.
EROM/GUSTAVO: Não és capaz de qualquer coisa pra ser melhor do que a Lila? Pois bem, faça a última coisa que poderá salvar-te. (em seu olhar maligno) Mate Raíza!
Hans arregala os olhos, assustado.
FUSÃO PARA
CENA 31 MANSÃO DE CAEL [INT. / MANHÃ]
No jornal onde Marco e Raíza
aparecem aos beijos. A mão masculina joga o jornal em outra
poltrona.
Cael está sentado, pensativo e nostálgico. Ao fundo,
Lara aparece, cuidadosa.
LARA: Acho que desta vez não resta dúvida, não é? Marco cumpriu com o juramento de te fazer pagar.
CAEL (rancoroso / deboche): Tá feliz, mamãe? Que bom pra senhora.
Lara se posiciona a seu lado.
LARA: Cael, eu posso não ter sido a melhor das mães, mas não fico feliz em te ver triste.
CAEL: Tá dizendo isso agora, por quê? Só porque descobriu que o meu pai biológico nunca te abandonou, e a senhora jogou pra cima de mim sua frustração à toa? Dispenso seu remorso.
LARA: Eu só queria que você me entendesse.
Cael se levanta, irritado.
CAEL: A senhora nunca me entendeu. Nunca me apoiou. Quando toda aquela desgraça aconteceu, não foi o nome da Marina que a senhora usou pra culpar. (bate no peito) Foi o meu nome. Hoje o Marco conseguiu se vingar de mim, mas o seu filho querido tem contas a acertar com a justiça.
Cael sai de cena, Lara se mostra preocupada.
FUSÃO PARA
CENA 32 MANICÔMIO JUDICIÁRIO [INT. / TARDE]
CAM, como se fosse alguém, passa por um corredor branco, extenso, em cada canto há portas com janelas gradeadas e internos trajando uniforme laranja.
Uma das portas é aberta.
Três enfermeiros acabam de fechá-la e vão embora.
Então Josué segura a grade do lado de dentro, possesso de raiva.
CENA 33 COLÉGIO FRANÇA – SECRETARIA [INT. / TARDE]
Cipriano e Erom brindando com taças de vinho. Cipriano joga um jornal sobre a mesa.
CIPRIANO: Menos um, meu caro.
Na capa de jornal, a foto de Josué
algemado sob a manchete: “Assassino
de Ari Rodrigues é transferido para manicômio judiciário”.
Erom
fica de costas para Cipriano e esboça malícia.
EROM (para si): Menos dois.
Erom se refere a Cipriano.
CENA 34 APTº 301 – QUARTO [INT. / NOITE]
Na mão masculina estendida segurando um diário de capa vermelha.
JOÃO: Eu encontrei isso no fundo falso da gaveta do seu pai. Achei que você fosse querer.
Raíza pega e abre, vendo a assinatura de Bruno.
RAÍZA: Ele nunca me falou desse diário.
A garota começa a folhear as páginas amareladas, marcadas pelo tempo. Uma delas está datada de outubro de 1977.
RAÍZA (lê): “Hoje eu fiquei triste. Meus quatro amigos morreram atropelados por um trem. Me salvei por pouco. Eles só queriam fazer um garoto de rua reviver depois que foi atropelado pelo trem”.
= = FLASHBACK = =
FERROVIA [NOITE]
Legenda: Outubro / 1977
Cinco garotos por volta de 8/9 anos estão sentados no meio dos trilhos, em forma de círculo, iluminados por velas. Um deles entrega um livro grosso de capa vinho a um menino moreno claro.
GAROTO #1: Cada um deve dizer uma frase. Só falta você, Bruno.
Bruno pega o livro, hesitante.
BRUNO: A gente não devia estar aqui. A gente pode morrer também.
GAROTO #1: Não seja medroso, Bruno! Anda! Não quebre o feitiço.
Bruno disfarça o medo.
BRUNO: Ego suadeo renatus.
Enquanto o garoto morto permanece imóvel, OUVIMOS a voz de Raíza.
RAÍZA (V.O / lendo): “Eu não podia falar pros meus pais que eles fizeram magia e chamaram um tal de mago Cipriano pra ajudar o garoto”.
O garoto abre os olhos, surpreendendo geral. Os amigos vibram, mas Bruno se mostra preocupado. O garoto ressuscitado se levanta, encara um por um até chegar em Bruno.
GAROTO #2: Há quanto tempo, amigo. Parece que ficamos quites.
Os outros riem da cara de Bruno.
GAROTO #1: Cara! Ninguém vai acreditar que eu tive poder pra reviver uma pessoa!
GAROTO #2: De fato. Ninguém vai acreditar.
OUVIMOS o som do trem se aproximando
rapidamente.
O garoto #2 pula em Bruno
Os outros quatro mal
têm tempo de sair dos trilhos
O trem os pegam
em cheio.
= = FIM DO FLASHBACK = =
RAÍZA (lendo): “Ele dizia ser o próprio Cipriano Zacarta e que estava aqui porque tinha uma missão. O pai de Ramona quis adotá-lo. Demorou muito para ele entender que o meu nome era Bruno, não Neithan Lennox.”
JOÃO: Neithan Lennox? Quem é esse?
Raíza está aturdida, mas volta a atenção ao livro.
RAÍZA (lendo): “Josué não gostava dele, porque o Cipriano dizia que ele tinha me jogado na cova dos leões. Eu achei engraçado.”
Raíza já está com os olhos vermelhos, querendo chorar.
RAÍZA: Não acredito...Não pode ser...
Raíza se enche de ódio, grita e arremessa o livro de contra a estante.
NO IMPACTO
CORTE DESCONTÍNUO
Para a trovoada no CÉU
CENA 35 MANSÃO DE CAEL [INT. / NOITE]
OUVIMOS o som da chuva.
O
reflexo de Cael aparece na janela. Ele bebe seu whisky quando algo
lhe chama atenção.
Apesar do vidro embaçado, é possível ver pelo lado de fora uma mulher loira, cabelos longos e com um vestido branco de renda.
Cael se assusta.
CAEL: Marina?
A mulher o encara misteriosamente.
A tela se fecha no baque
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