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PRIMEIRO ATO
FADE IN
CENA 1 CASA DE VILAREJO - SALA [INT. / MANHÃ]
Uma
bíblia sendo segurada por mãos masculinas, até revelar George,
sentado num sofá velho ao lado de Blake. A sala é notavelmente
pobre, rústica, móveis pequenos.
GEORGE/DCR
(instiga): A senhorita não tem frequentado mais a igreja. O
padre sente a sua falta, Sophia.
Sophia (morena, lábios carnudos, cabelos compridos, magra e olhar firme) usa vestido pobre da época.
SOPHIA: Meu pai tem andado doente, senhor Everett, e eu não tenho podido sair. Se não fosse por Elisabeth me ajudar com...
BLAKE/JOÃO: Com...? Com ervas? É isso que a senhorita ia dizer?
GEORGE/DCR: Blake, por favor!
SOPHIA (mente): Ela canta nas ruas e me ajuda com remédios.
GEORGE/DCR: Pois saiba que ela é suspeita de heresia, senhorita Sophia. Eu mesmo irei trazer os remédios para o seu pai. Estimo melhoras.
Blake encara Sophia, desconfiado.
SOPHIA: Obrigada.
CORTA PARA
CENA 2 VILAREJO DE CHARING CROSS [MANHÃ]
George e Blake se distanciam das casas.
GEORGE/DCR: Já visitamos dez casas suspeitas hoje, Blake. Sophia Luporinny não tem atitudes hereges, apesar de conhecer Elisabeth.
BLAKE/JOÃO: Mas
temos que observar sempre. Elisabeth não é
confiável.
GEORGE/DCR: Eu sei, meu irmão,
mas tenho coisas mais importantes a me preocupar.
BLAKE/JOÃO: Como o seu rapto de ontem?
GEORGE/DCR: Que isso não saia daqui, Blake. Mas juro que eu pensei estar diante da morte...
= = FLASHBACK – GEORGE DIANTE DE BENJAMIN NUMA SALA OBSCURA [INT. / NOITE ANTERIOR] = =
George é obrigado a se sentar numa cadeira entre os dois homens que o raptaram. Diante do teólogo, Benjamin está de pé, e ao seu lado, dois outros sujeitos encapuzados.
BENJAMIN/MARCO (irônico): Eu peço imensas desculpas por essa recepção não estar à altura de um magnífico herói, como o cavaleiro. Mas precisava muito lhe agradecer.
GEORGE/DCR: Não estou entendendo, senhor Ministro/
BENJAMIN/MARCO: Por favor! Apenas Gouverth, para o cavaleiro (e sorri, sonso).
GEORGE/DCR: O senhor quer me agradecer pelo o quê?
BENJAMIN/MARCO: Por ter salvo a vida da minha bela Elisabeth, caro Everett. Dou honra a quem honra uma mulher.
GEORGE/DCR: Creio que o senhor poderia ter me agradecido em um lugar menos...Escuro.
Benjamin ri, sedutoramente como sempre.
BENJAMIN/MARCO (ameaça velada): E eu creio que o cavaleiro saiba o quanto prezo a minha identidade secreta e o quanto custa revelá-la a um caçador de bruxas.
George hesita o olhar, observa de soslaio os seus lados, se vê cercado. Benjamin, por sua vez, se aproxima dele, ajeita o anel de pedra azul em seu dedo indicador.
BENJAMIN/MARCO (ameaça velada): Sei que o cavaleiro tem muita estima pela Rainha, e sabes o quanto dói ver quem amamos longe de nós, concordas?
GEORGE/DCR: O que o senhor pretende com ela?
BENJAMIN/MARCO: Não sei se sabes, mas, há rumores de que a nossa Sociedade fora responsável pela morte do Rei. E o grande motim seria por ciúmes, porque ele não teria aceitado o meu casamento com Elisabeth. E as únicas pessoas que sabiam desse pedido...Eram as Majestades.
GEORGE/DCR: Não achas que a Rainha Bridget espalhou esse boato, não? Até porque, o Rei se suicidou.
BENJAMIN/MARCO (instiga): Isso é o que a Rainha diz. Nós sabemos que o casamento dos dois era tão verdadeiro quanto a sua fé católica, meu amigo. (George engole a seco a alfinetada) Quem sabe o Rei, se tivesse conhecido Elisabeth antes, Bridget estaria com o cavaleiro, concordas? (em George, indignado) Eu poderia fazer bons votos para o novo Rei, caso eu tivesse certeza de que não fui jogado aos leões.
George se levanta, audaz.
GEORGE/DCR: Isso é um insulto! (Benjamin vai pra trás, admirando sua audácia) Se queres saber, há mais traidores em sua guarda do que poderia haver na Monarquia!
Os dois homens o contém, mas Benjamin faz um sinal com a mão para eles nada fazerem.
BENJAMIN/MARCO: Poderia ser mais claro, senhor Everett?
GEORGE/DCR: Por que achas que eu lhe ajudaria? Não foi a sua sociedade que comandou os ataques à Igreja Católica?
BENJAMIN/MARCO: Erom Garcia? É dele de quem está falando? Porque eu jamais ordenei tal invasão.
Olho no olho.
GEORGE/DCR: E seria ele alguém de sua alta confiança, senhor Gouverth?
Benjamin se afasta, pensativo, meio surpreso e dá as costas.
BENJAMIN/MARCO: Levem-no!
Ao
fundo, os dois homens colocam a venda em George e o
leva dali.
Enquanto Benjamin, pensativo, alisa seu anel,
Cipriano surge por outra porta, demonstrando ter escutado tudo.
= = FIM DO FLASHBACK = =
George e Blake alcançam uma área rodeada por mato.
GEORGE/DCR: Só estou lhe contando, irmão, porque confio em você. Não posso fazer nada contra Elisabeth, ou então estaremos todos condenados.
BLAKE/JOÃO: Nós já estamos condenados, George. E isso porque você ainda não se desligou daquela herege disfarçada de Rainha. Eu disse que ela ia acabar te levando para o mau caminho, irmão.
GEORGE/DCR: Talvez se você não a tivesse entregue às autoridades, o Rei não a teria como Rainha, e as coisas não teriam chegado a esse ponto.
BLAKE/JOÃO: Não me culpe novamente, George. Fiz tudo pelo o seu bem. A minha atitude não mudaria o destino do Rei. Culpe a si mesmo por ter se apaixonado pela herege. É o tipo de coisa que nunca poderia acontecer com gente de nossa estirpe.
George para e encara Blake.
GEORGE/DCR: Fala por experiência própria, irmão?
Blake empalidece, vacila o olhar. É quando, de repente, OUVIMOS uma cavalaria se aproximando e homens gritando. George e Blake veem quatro cavaleiros de roupas e capuzes pretos, armados com flechas.
BLAKE/JOÃO: George...Eles estão vindo em nossa direção...
Blake empurra George e o motiva a correr.
BLAKE/JOÃO: CORRE!
Blake
e George correm pela estrada de terra cercada de mato. Os cavaleiros
em cima, Blake ganha distância, mas George vai perdendo o
ritmo.
Close num dos cavaleiros que para de cavalgar.
[Câmera Lenta]
O
arqueiro posiciona seu arco, mira, e atira a flecha
que acerta
em cheio as costas de George. Este grita de dor, Blake se desespera
ao fundo e George tomba no chão.
[Fim do efeito Câmera Lenta]
George agoniza, Blake se agacha, preocupado.
BLAKE/JOÃO: George, George!
GEORGE/DCR: Fuja, Blake...
BLAKE/JOÃO: Não… Não lhe deixarei aqui.
A cavalaria ao longe, vem se aproximando.
GEORGE/DCR: Fuja (ofegante) e peça ajuda na cidade, rápido...(Blake vacila) Por favor!
Blake
se levanta, hesitante, mas corre dali.
No rosto de George,
sofrendo. Ouvimos a cavalaria se aproximar e parar. Close nas botas
de um sujeito que acaba de descer do cavalo. O sujeito, coberto pelo
capuz, segura a flecha, e logo retira o capuz, revelando
ser Neithan Lennox.
Cipriano, já sem a máscara,
surge por trás, satisfeito.
CIPRIANO: A sua pontaria continua excelente, caro Lennox.
Neithan,
com uma estranha expressão preocupada, observa George agonizando,
com a flecha cravada em suas costas ensanguentadas. Este, por sua
vez, consegue ver o seu rosto.
Cipriano se agacha e aproxima de
George.
CIPRIANO: O amor é cego, amigo. Pobre do homem que se entrega ao amor.
E Cipriano se levanta, sádico.
CIPRIANO: Aqui jaz, George, o Magnífico!
Ouvimos
risadas e todos se afastam.
George agoniza
até que fecha
os olhos.
FADE TO BLACK
CÍRCULO FECHADO PT2
SEGUNDO ATO
FADE IN
No rosto de George desacordado e de bruços numa cama, suando frio.
CENA 2 CASA DE VILAREJO [INT. / MANHÃ]
A mão feminina coloca um pano úmido sobre a sua testa, quando ele acorda. George, sem entender, encara Elisabeth.
ELISABETH/RAÍZA: Graças a Deus, você acordou!
GEORGE/DCR: Onde estou? (George observa Sophia ao fundo) Eu...Eu devia estar morto!
O quarto humilde, mesa de cabeceira de madeira, jarro de barro e velas acesas, panos cobrindo onde deveria ser uma porta, paredes deterioradas.
SOPHIA: És um homem iluminado, senhor Everett. Quem quer que tenha lhe atirado a flecha, o fez para matar.
George tenta pôr a mão nas costas e se assusta. Suas costas estão saradas, sem a flecha.
GEORGE/DCR: O que a senhorita fez comigo, Elisabeth? Como posso ter me salvado?
Elisabeth se levanta, paciente.
ELISABETH/RAÍZA: Deus está em todos os lugares, senhor, assim como os verdadeiros hereges. Eu já havia lhe dito isso.
George, absorto, vai se levantando como se nada tivesse lhe acontecido.
SOPHIA: Sabes quem fez isso?
George hesita, mas encara Elisabeth com um olhar complacente.
GEORGE/DCR: Já ouviram falar em Neithan Lennox?
SOPHIA (surpresa): O lendário arqueiro e Visconde da França?
ELISABETH/RAÍZA: O que ele estaria fazendo aqui?
GEORGE/DCR: O que sei é que ele trabalha com o senhor Cipriano, secretário do Rei (Elisabeth emudece). Mas nunca entendi a parte da lenda.
Sophia se aproxima e senta na beirada da cama, fazendo suspense.
SOPHIA: Dizem que o visconde ressuscitou dentro do caixão através de magia negra, mas tentaram fazer o caso cair no esquecimento. Estranhamente, o senhor Cipriano, até então Conde, foi enviado pelo Rei para trabalhar ao lado do Rei Oliver Primeiro.
ELISABETH/RAÍZA: Era uma forma de selar a paz após a guerra do sete anos. O senhor Lennox teve que cumprir a promessa de abandonar o cargo de Visconde e entrar para a Igreja, caso fosse ressuscitado. Pelo menos, é o que dizem...
SOPHIA: Mas por que eles iam querer lhe matar, senhor? Se és também da igreja.
Blake invade o quarto impetuosamente seguido pelo calmo padre Lewis.
BLAKE/JOÃO: Eu
sabia que estariam aqui! (ele encara George, atônito) George!
Os
dois se abraçam, Blake toca suas costas, estarrecido.
BLAKE/JOÃO: George, você foi ferido...O que...?...Como?
Blake encara Elisabeth, surpreso, sem saber o que dizer.
LEWIS/JOSUÉ: Estou perplexo, George! Seu irmão havia me dito que fora atingido por uma flecha.
ELISABETH/RAÍZA: Não foi nada grave, seu padre.
Lewis a olha de soslaio, indiferente.
LEWIS/JOSUÉ: Fico feliz de poder lhe encontrar bem, George. Blake, leve-o de volta à igreja. (olha com nojo para o ambiente) Deve estar com fome.
George
estende a mão para Elisabeth e os dois se cumprimentam. George tenta
dizer alguma coisa, mas desiste, olha Sophia e sai ao lado de
Blake.
Lewis fica frente a frente com Elisabeth.
LEWIS/JOSUÉ: Agradecemos por sua ajuda, senhorita. Sua intervenção foi brilhante e a Inglaterra estará agradecida por isso.
ELISABETH/RAÍZA (sem entender): Fiz o que estava em meu alcance, seu padre. George salvou a minha vida.
LEWIS/JOSUÉ: É verdade. Naquele terrível ataque à Igreja no qual tive a minha vida exposta ao perigo. (alfineta) Homens de Deus são sempre sujeitos ao perigo, não concorda?
ELISABETH/RAÍZA (alfineta): Felizmente, o senhor escapou. Foi brilhante, não é?
Lewis
esboça não ter gostado.
LEWIS/JOSUÉ: A
senhorita teve uma atitude muito bonita, salvando George. Pena que eu
acho improvável que ele venha a se tornar o seu protetor, já que,
lamentavelmente, o nosso Rei morreu.
Lewis
sorri, deixando Elisabeth preocupada.
LEWIS/JOSUÉ: Que
Deus esteja com a senhorita. Com licença.
Lewis olha para
uma Sophia amedrontada.
Em Elisabeth, chateada.
Vista aérea da cidade / Corta
CENA 3 FACHADA - MANSÃO MIDAS [MANHÃ]
Cipriano está posicionando algo na parede que não vemos. Ao fundo, Bridget, de vestido preto, surge impetuosa.
CIPRIANO: Não devia se arriscar vindo até aqui... (ele se volta) Rainha.
O objeto que Cipriano manipulava é a cruz de David, pregada na parede acima de uma pequena cruz.
BRIDGET/ARI: Não era pra ter sido daquele jeito, Cipriano! O que tinha naquela poção que você me deu?
CIPRIANO: O Rei te machucou muito?
BRIDGET/ARI: Ele estava fora de si! Eu...Eu tive que me defender, aí/
CIPRIANO: E aí que ficou fácil atirá-lo da janela...Compreendo. Eu teria feito o mesmo.
Bridget fecha a cara e bate nos ombros de Cipriano.
BRIDGET/ARI: Seu cínico, estúpido!
Cipriano a contém, friamente.
CIPRIANO: Você devia me agradecer, Bridget. Imagino que ver o seu Rei agonizar envenenado seria bem mais penoso que matá-lo por se defender. Viu? Eu sei ser um homem bom também.
E Bridget larga de seus braços, revoltada.
BRIDGET/ARI: Ele não merecia ser assassinado, Cipriano. (Bridget anda de um lado e de outro, aflita) Eu...Eu tenho medo da volta...Do que um dia irá acontecer comigo.
CIPRIANO: Falas de sua próxima reencarnação? (ri) Se fizeres tudo como combinamos, garanto que na sua próxima existência serás livre de mim.
BRIDGET/ARI: Deus sabe que eu não quis matá-lo!
Cipriano segura em seu braço, firme.
CIPRIANO (ríspido): Não sejas tola, Bridget! Para o seu Deus, o que planta e o que rega são uma mesma coisa para Ele.
E Cipriano a larga.
CIPRIANO: Para
que fiques tranquila, o seu Rei não era um santo. A poção da
verdade o fez descobrir quem tu és, e revelou-se o caráter dele.
Tenha certeza de que se vossa Majestade não tivesse agido rápido, o
povo estaria velando a Rainha.
Bridget engole a seco,
encarando-o com raiva. Neithan surge logo atrás e
entreolha Cipriano.
CIPRIANO: Agora vá! Depois conversaremos sobre a sucessão ao trono.
Bridget encara Neithan e sai esbarrando nele.
NEITHAN/BRUNO: Desculpe, cheguei em má hora?
CIPRIANO: Apenas problemas que enfrentarei como Sua Majestade. (Neithan se mantém sério) Por que eu não sinto que devo comemorar?
Neithan vacila os passos, o olhar, mas acaba por encarar Cipriano.
NEITHAN/BRUNO: Eu não sei como, mas...George está vivo.
CIPRIANO (indignado): O quê?!
NEITHAN/BRUNO: Ele saiu da casa da senhorita Luporinny ao lado do irmão e do padre/
CIPRIANO (por cima): Estás me dizendo que George – o Magnífico, escapou de sua mira?
NEITHAN/BRUNO: Você viu? Eu fui certeiro, não tinha como ele escapar com vida!
CIPRIANO: Ele nos viu, Neithan. Tem ideia do que isso representa?
NEITHAN/BRUNO: Ouvi rumores de que Elisabeth o salvou da morte. Parece que ela tem poder de verdade, não é?
No olhar marcante de Cipriano, pensativo.
CIPRIANO: Isso nunca podia ter acontecido, caro Lennox. Agora, mais do que nunca, George tem que morrer.
CAM
busca Bridget escorada na parede, espantada pelo o que
OUVIU.
NEITHAN/BRUNO (O.S): Talvez não haja
tempo, Cipriano. Ele pode ter contado para o padre.
CIPRIANO (O.S): Não dê esse tempo para ele. Vá e mate-o!
Em Bridget, que aflita, sai da tela.
CENA 4 PALÁCIO DE BUCKINGHAM - GABINETE [INT. / MANHÃ]
A
porta é aberta, um segurança deixa George entrar e, em seguida,
fecha a porta.
Atrás da mesa, Bridget se volta em sua cadeira,
esboçando surpresa.
GEORGE/DCR: Por que mandou me chamar?
BRIDGET/ARI: É
impressionante...
Bridget se levanta, aproxima-se de
George e acaricia seus ombros.
BRIDGET/ARI: Soube que você foi alvo do melhor arqueiro da França que se tem notícia.
GEORGE/DCR (irônico): Não tão bom assim… Estou vivo, não?
BRIDGET/ARI: Você foi atingido, George. Neithan nunca erra um alvo.
GEORGE/DCR: Ele não errou o alvo, Bridget; Ele só não foi eficiente.
BRIDGET/ARI: Ele sempre foi eficiente, George. E você não está me contando tudo.
GEORGE/DCR: O que queres que eu diga? (pensa) Ok, a senhorita Prescott disse ter me salvado.
BRIDGET/ARI: E te salvou mesmo. Mas sinto que você não durará muito por aqui. Você sabe por que tentaram te matar?
GEORGE/DCR: Eu fui raptado pelo Ben/ (olhar ao redor) Pelo líder da Círculo Fechado. Ele disse alguns impropérios e eu acabei afirmando que ele tinha um traidor na sociedade.
BRIDGET/ARI (surpresa): Isso tem muitas interpretações, George. Devia ter me dito o que faria.
GEORGE/DCR: Faz alguma diferença?
BRIDGET/ARI: Faz quando um dos membros tem a missão de eliminar o senhor Gouverth.
GEORGE/DCR: Então.../
BRIDGET/ARI: Oliver sempre soube, porque Cipriano trabalhava para os dois, mas ele não queria que Oliver o matasse antes de se tornar rei. Na verdade, ele nunca quis que o rei o matasse.
GEORGE/DCR: Se não é o Cipriano que quer eliminá-lo...
BRIDGET/ARI: Ele quer, George, mas não pelas mãos dele. Quem irá fazê-lo é Elisabeth.
Baque em George.
CENA 5 PRESÍDIO [EXT. / TARDE]
Mãos masculinas abrem uma cela. Mary, tensa, sai ajeitando seu xale.
GUARDA: Me acompanhe.
Mary
faz que não entende.
CORTA PARA
O INTERIOR DE UMA SALA DO PRESÍDIO
Um
ambiente sombrio, paredes vazias, nas cores cinzas.
A porta é
aberta e Mary adentra, encarando alguém fora da tela. O guarda sai
fechando a porta atrás dela.
MARY/RAFAELA: Veio me dar a extrema-unção? (sarcástica) Seja breve, o cadafalso anseia pela minha presença.
O suspense marca, enquanto a CAM busca o padre Lewis sentado, mãos sobre a mesa.
LEWIS/JOSUÉ: És petulante demais para continuar viva, Mary. Mas creio que nem o senhor das trevas lhe quer no inferno.
Mary apoia as mãos na mesa, aproxima o rosto.
MARY/RAFAELA: Tem um lugar na sua igreja, padre? Porque entre o céu e o inferno, não há muitas opções.
LEWIS/JOSUÉ: “Eu sou o caminho, a verdade, e a vida”. Se queres a liberdade, entrega-me a verdade, e a verdade vos libertará.
Mary se afasta, franze a testa, sem entender.
Takes da cidade de Londres / Corta
CENA 6 IGREJA [INT. / TARDE]
George
vem andando pelo corredor, OUVIMOS vozes masculinas. George se
aproxima do salão e vê um homem bem vestido, de costas para o padre
e ao lado de Blake.
LEWIS/JOSUÉ: Uma
calamidade, isso que aconteceu.
Blake avista George, que se aproxima da cena.
BLAKE/JOÃO: Olha o guerreiro aí! George, vem conhecer o Inquisidor.
É quando o homem se volta e revela ser Neithan, agora nitidamente espantado. George empalidece, sem reação.
BLAKE/JOÃO: Acho que agora você pode se dedicar mais à igreja, e não ter que se indispor caçando hereges. O Inquisidor fará o seu trabalho.
GEORGE/DCR: Inquisidor?
LEWIS/JOSUÉ: Neithan Lennox é padre na França, e recebeu a honra de ser Inquisidor aqui para nos ajudar.
GEORGE/DCR: O lendário senhor Lennox é então padre?
LEWIS/JOSUÉ: Não se apegue à bobagens, George. Padre Lennox virou lenda para povos medíocres, cujas únicas ocupações é se entreter com a história fantástica e mentirosa que inventam.
NEITHAN/BRUNO: Por essas e outras que vim para Londres sem maiores alardes. (mente) Cheguei semana passada.
GEORGE/DCR (duvidando): Semana passada? (alfineta) Soube também que é um excelente arqueiro, padre. Fico extasiado com tantos talentos em uma só pessoa.
Neithan engole a seco, sorri sem graça. Blake franze o olhar, estranhando.
LEWIS/JOSUÉ: Bom, como já perceberam, ninguém pode saber que o Inquisidor está na cidade. Queremos pegar os hereges de surpresa.
GEORGE/DCR (incomodado): Eu acredito que os hereges temem tanto a mim quanto podem temer um ex-arqueiro, padre.
LEWIS/JOSUÉ: Claro, George, mas vai ser bom descansar a sua imagem, principalmente depois de ser salvo por aquela...Pela senhorita Prescott. As pessoas podem achar que ela está sendo beneficiada, e isso, desprestigia a nossa luta.
George encara Neithan, segura a raiva.
GEORGE/DCR: Como quiser, padre Lewis. (estende a mão para Neithan) Seja bem-vindo à igreja, padre Lennox (os dois se cumprimentam). E que tenha vitória em seu trabalho. Com licença.
George deixa o salão e segue em direção à sacristia, Blake desconfia.
CORTE DESCONTÍNUO PARA
George entrando na SACRISTIA indignado. Blake segue atrás, atônito.
BLAKE/JOÃO: Estás me dizendo que o arqueiro que lhe acertou foi o Inquisidor?
GEORGE/DCR: (lacrimeja de raiva) A minha vontade era estrangular esse infeliz! Ele não está aqui pela igreja; Está contra nós.
BLAKE/JOÃO: (quase sai) A gente precisa avisar ao padre/
GEORGE/DCR: Não, não...Ele tentou me matar, Blake. Imagine o que não faria contra o padre Lewis?
BLAKE/JOÃO: Você está vendo com quem compraste briga? Não bastasse estar na mira da Círculo Fechado, agora até do Inquisidor você é alvo. Isso é culpa da Bridget!
George segura nos ombros do irmão, firme.
GEORGE/DCR: Blake, Neithan é um assassino. As ações dele são resultado do caráter dele, unicamente disso. O que preciso agora é mandá-lo de volta à França. De qualquer jeito.
No olhar preocupado de Blake.
CENA 7 FACHADA - PRESÍDIO [TARDE]
Erom saindo do presídio, olha para os lados, até encarar a CAM, onde parece ver alguém.
Corta para EROM diante de ELISABETH
EROM: George cumpriu o combinado. Tive que mentir, dizendo que a Círculo Fechado/
ELISABETH/RAÍZA (por cima): Já sei disso. George agora virou alvo do Cipriano. Se George continuar com isso, ele acabará morto, Erom.
EROM: Ele não pensou duas vezes antes de me prender, Elisabeth. Fez isso para obter uma resposta que poderá levá-lo à morte.
ELISABETH/RAÍZA: George não é má pessoa. Creio que se ele souber quem mais esteve envolvido no ataque à Igreja, ele poderá ficar do nosso lado.
EROM (indignado): Estás pensando em contar para ele? Queres morrer também? Ele não pode nem sonhar que forjamos uma tentativa de assassinato contra o padre.
ELISABETH/RAÍZA: Ele salvou a minha vida, e eu a dele. Ele não pode ignorar que criamos um vínculo/
EROM: (ríspido) Se afaste dele! O único vínculo que vocês têm é o de caça e caçador. Você não tem mais o Rei para te proteger, Elisabeth, e não será o George quem fará esse papel.
ELISABETH/RAÍZA: Eu ainda tenho o Benjamin/
EROM: Quando ele cair, você cairá também. Você será presa ou morta em praça pública.
ELISABETH/RAÍZA: De qualquer maneira, morreremos, meu amigo.
EROM: Você não entende. George é um religioso fanático, capaz de abrir mão dos amigos em favor da justiça. Ouviu falar que a senhorita Mitchell foi perdoada?
ELISABETH/RAÍZA: A inquisição está por um fio, amigo Erom. Eles não poderiam perseguir ninguém por agora por achar que são bruxos.
EROM: Pode ser que daqui a alguns anos essa lei prevaleça, mas a côrte não está satisfeita e é capaz de usar qualquer motivo para convencer as autoridades a matar uma pessoa.
ELISABETH/RAÍZA: Você tá dizendo...?
EROM: Senhorita Mitchell entregou o nome de um casal suspeito de matar o Rei Oliver II. Será com essa desculpa que você e Benjamin serão punidos em praça pública.
Em
Elisabeth, tensa.
AO FUNDO, George ouvindo tudo, pasmado.
CENA 8 PALÁCIO DE BUCKINGHAM - GABINETE [INT. / TARDE]
Pelas costas, Benjamin troca algumas palavras com um senhor e se volta, dando de cara com uma Elisabeth angustiada.
BENJAMIN/MARCO (surpreso): Elisabeth! O que faz aqui?
Elisabeth, ofegante, toca as mãos de Benjamin.
ELISABETH/RAÍZA: Quando você disse que se casaria comigo...Era verdade?
Benjamin leva suas mãos até a boca e as beija, carinhoso.
BENJAMIN/MARCO: Não minto para você, minha querida. Só para os meus inimigos e traidores (sorri sarcástico / Elisabeth abaixa a cabeça). Mas por quê?
ELISABETH/RAÍZA (vacila / mente): Ahn...Ouvi rumores de que o Rei não se suicidou, e sim, que foi morto por não querer abençoar a nossa união. Você, então, chegou a falar com ele a respeito?
BENJAMIN/MARCO: Sim, e não se preocupe. O Rei apreciou o meu pedido e fazia bons votos pelo nosso casório. (sarcástico) Não o mataria por isso. Quero me casar com você com ou sem a benção da Majestade.
Elisabeth se mostra animada.
ELISABETH/RAÍZA: Me caso com você no dia que quiseres. É só marcar, que lá estarei.
Os dois beijam-se na boca e sorriem. Elisabeth o abraça e fecha a cara, aflita.
CENA 9 IGREJA – CORREDOR [INT. / TARDE]
Neithan caminha pelo corredor, enquanto lê a bíblia. Uma porta se abre e Blake surge, mostrando-se falsamente preocupado.
BLAKE/JOÃO: Senhor Inquisidor, será que podemos conversar?
Neithan fecha a bíblia, hesitante.
Corta para o
QUARTO – IGREJA
Neithan vai entrando, Blake olha para fora do quarto para ver se eles estão sozinhos e fecha a porta.
NEITHAN/BRUNO: Prefiro que me chame de Padre Lennox, por favor. Ninguém pode saber que/
BLAKE/JOÃO (por cima): Que o Inquisidor usou sua arma predileta para tentar matar um teólogo? (Neithan se espanta / Blake irônico) Imagina, Padre Lennox. Ninguém vai saber que o grande arqueiro da França perdeu a pontaria.
NEITHAN/BRUNO: Me desculpe, Blake, mas eu não sei do que falas/
BLAKE/JOÃO: O que preciso saber é por que o atacou? O que tens contra ele?
NEITHAN/BRUNO: Blake, acho que um caçador de bruxas tem mais inimigos nas vilas heréticas do que na igreja, não concordas?
BLAKE/JOÃO: Então por que quis matá-lo? (t) Sabes que a palavra de George vale tanto quanto a de um rei? Aposto que não.
Neithan apenas o encara, chateado e faz que vai sair.
NEITHAN/BRUNO: Eu entendo que estejas preocupado com o seu irmão, então vou poupar o padre Lewis dessa sua insensatez, com licença/
Blake o segura pelo braço, impetuoso. Neithan apenas encara a cena, tenso.
BLAKE/JOÃO: George viu o senhor em Charing Cross, Padre. (Neithan engole a seco) Se não me disser por que tentou matá-lo/
NEITHAN/BRUNO (explode): Eu não quis fazê-lo, ok? Me disseram que eu tinha que eliminar um herege que tentou matar o padre Lewis.
BLAKE/JOÃO: Isso é um absurdo! O senhor não é um Inquisidor; És um assassino.
NEITHAN/BRUNO: George é um caçador. Se estás preocupado com o seu irmão, afaste-o da cidade, porque os inimigos dele estão em qualquer lugar, ouviu? Em qualquer lugar!
Em Blake, surpreso.
CAM
busca o padre LEWIS no CORREDOR, dando a entender que ouviu
tudo.
Fecha no olhar macabro de Lewis.
TERCEIRO ATO
CENA 10 FACHADA - MANSÃO MIDAS [TARDE]
Elisabeth, ajoelhada, acende uma vela no altar, enquanto encara a CRUZ na parede.
BRIDGET/ARI (O.S): Quer dizer que você aceitou se casar com o senhor Gouverth?
Elisabeth se volta e levanta, pensativa.
ELISABETH/RAÍZA: Bridget...Pensei que nem tão cedo você voltaria aqui.
BRIDGET/ARI: Preciso cuidar do que Oliver me deixou, não é? Mas e você? Vai mesmo se casar?
Elisabeth, aflita, segura as mãos da Rainha e as duas se sentam em cadeiras de madeira.
ELISABETH/RAÍZA: Bridget, eu amo Benjamin...De verdade, mas...Confesso que aceitei bem mais porque estou prestes a ser enforcada em praça pública.
BRIDGET/ARI (assustada): O quê?
ELISABETH/RAÍZA: Mary Mitchell entregou minha cabeça, Bridget. A minha e a do Benjamin, mas...Não tive coragem de contar pra ele. Alguém pagou a liberdade dela com a nossa vida.
CIPRIANO (O.S): Brindemos a George – O Magnífico!
As duas veem Cipriano chegar com o seu capuz preto, mãos nos bolsos do sobretudo.
CIPRIANO (mente): Quem mais faria isso contra você, Elisabeth? Se não é essa a forma definitiva de pegar uma herege?
Elisabeth se levanta, agitada.
ELISABETH/RAÍZA: Eu salvei a vida dele, Cipriano. Ele não pode/
CIPRIANO (por cima): “Pobre do homem que confia no homem”. Está na bíblia, senhorita Prescott. George agiu rápido após a triste morte do Rei.
BRIDGET/ARI: E não duvido que ele tenha feito isso. George mandou prender Erom, até então, seu grande amigo.
ELISABETH/RAÍZA: Talvez se eu conversasse com ele/
CIPRIANO: Talvez se ele morresse no lugar do seu amado Benjamin (espanto em Bridget). Permito que o Primeiro-Ministro seja poupado, minha cara, mas se George continuar vivo, prevejo mais um viuvez na cidade.
BRIDGET/ARI: Não estava em nossos planos matá-lo, Cipriano!
CIPRIANO: Difamá-lo como falso católico é a mesma coisa, Majestade (Bridget fecha a cara). Ou acha que o padre Lewis o livraria da condenação? (encara Elisabeth) E então? Troca justa, não acha?
ELISABETH/RAÍZA: Se George realmente me traiu (olha Bridget, preocupada)...Que ele caia.
Cipriano faz um sinal positivo com a cabeça.
CIPRIANO: E que assim seja.
Cipriano dá as costas, Bridget encara Elisabeth que mantém um olhar estranho.
Corta para Cipriano passando por um CORREDOR estreito onde EROM está.
CIPRIANO (murmura): Já sabe o que fazer, não é?
EROM (vacila o olhar): Sim. Eu matarei George Everett.
CIPRIANO: Tenho certeza que você não irá falhar, Erom.
E Cipriano sai, fingido, deixando Erom aflito.
CENA 11 MANSÃO GOUVERTH [INT. / TARDE]
Nas mãos masculinas se cumprimentando. Ao fundo, Cipriano surge, sorrateiro.
CIPRIANO: Perdi alguma coisa, senhores?
Benjamin e Neithan desfazem o cumprimento.
BENJAMIN/MARCO: Cipriano! Que bom que vieste! Quero comunicar que daqui a alguns dias serei um homem comprometido. Me casarei com a senhorita Prescott, finalmente.
CIPRIANO (falso): Oh! Que notícia ótima! O Rei Oliver Segundo deve estar feliz onde quer que se encontre. Parabéns!
BENJAMIN/MARCO: Obrigado. E quero avisar que, com isso...(põe a mão sobre o ombro de Neithan) senhor Lennox comandará o nosso grupo enquanto eu estiver de viagem com a minha noiva. (Cipriano sorri, insatisfeito / Benjamin provoca) Se tudo der certo, é mais provável que ele venha a me substituir quando eu for me encontrar com o falecido Rei.
E Benjamin ri, sarcástico. Neithan se mostra tenso.
NEITHAN/BRUNO: Fico lisonjeado, senhor Gouverth. Espero corresponder às suas expectativas. Se me der licença agora.
BENJAMIN/MARCO: Claro! À vontade.
Neithan sai
encarando Cipriano, e some da cena.
Benjamin dá as costas a
Cipriano e pega, sobre a mesa, um copo contendo uma bebida escura.
CIPRIANO: Fico feliz que esteja se precavendo contra George – O magnífico. Primeiro-Ministro, casado, e sem ligação com a Círculo Fechado. Golpe de mestre, senhor Gouverth.
BENJAMIN/MARCO: Não entendi. Por que eu estaria me precavendo contra George?
CIPRIANO: Sua noiva não lhe contou? (Benjamin faz que ainda não entende) Estranho...Essa manhã George e Blake sofreram um atentado em Charing Cross e...Elisabeth salvou George da morte. Dizem que foi um milagre.
BENJAMIN/MARCO: Ela deve ter esquecido de contar. Sabe como são as pessoas benevolentes, não é?
CIPRIANO: Acho pouco provável que alguém esqueça de contar que seus dias estão contados, senhor Gouverth (baque em Benjamin). (mente) Ouvi uma conversa entre os dois em que George disse que irá acabar com a Círculo Fechado, porque já sabe quem é o seu líder. (sonso) Agora, como ele poderia saber disso?
Benjamin se vira de costas, tenso, coloca o copo sobre a mesa.
BENJAMIN/MARCO (desconversa): Que tipo de vínculo a Elisabeth tem com ele?
CIPRIANO: De caça e caçador. Pelo menos, é isso que deveria ser.
BENJAMIN/MARCO(se volta): Mas um caçador de bruxas não compartilha segredos com uma herege.
CIPRIANO: A não ser que esteja grato pela cura. Mas não culpe a sua noiva; (sonso) Elisabeth deve estar desesperada por estar prestes a ser presa pela morte do Rei.
BENJAMIN/MARCO: O que disse?
CIPRIANO: Oh...Ela também não lhe disse a respeito... Mary Mitchell ganhou a liberdade, mas em troca, entregou a cabeça da sua noiva às autoridades.
BENJAMIN/MARCO: Mas/ Mas como ela não me conta coisas tão importantes? O que ela está pretendendo?
CIPRIANO: Não sei...Mas por que George revelaria suas pretensões justo para a mulher que todos sabem ser a sua amada? Será que ele a ameaçou?
BENJAMIN/MARCO: Pior (destacar sua expressão fechada). Minha adorada Elisabeth me traiu.
Ao fundo, Cipriano esboça satisfação, e atrás dele, Neithan ouve toda a conversa, assustado.
A tela se fecha
FADE IN
Vista aérea da cidade, a Igreja e o comércio / corta
CENA 12 RUA DA CIDADE [TARDE]
Mãos masculinas apalpam maçãs sobre uma bancada. George analisa, mas põe a maçã no lugar.
GEORGE/DCR: Obrigado, senhor, mas só levarei as laranjas.
George, segurando uma sacola, se volta e acaba se esbarrando em Erom.
GEORGE/DCR: O que faz aqui? Não devia circular pelas ruas, Erom.
EROM: Você me concedeu a liberdade, George. Você mesmo disse às autoridades que me confundiu com o herege que atacou a Igreja.
GEORGE/DCR: Cumpri com a palavra, Erom, mas o padre Lewis não me pareceu convencido.
EROM: Porque ele sabe a verdade (George apenas o encara, sagaz). Vim porque sou seu amigo e quero que salve a si mesmo.
GEORGE/DCR: Do que falas?
EROM: Querem a tua cabeça, George. O novo líder da Midas ordenou a morte do senhor Gouverth pelas mãos de Elisabeth, mas trocou pela sua. Só que quem deveria executar/
GEORGE/DCR: O que pretende? Pensas que não sei?
EROM: Como?
GEORGE/DCR: Eu ouvi a sua conversa com a senhorita Prescott, Erom. Você dois fazem parte da Círculo Fechado e forjaram uma tentativa de assassinato contra o padre Lewis.
EROM: George, por favor, não é o que/
GEORGE/DCR: Já tentaram me matar hoje, sabia?
EROM: E vão tentar de novo. Por favor, George, estou arriscando a minha vida para lhe ajudar.
GEORGE/DCR: Você invadiu a igreja, eu quase morri. E você diz que quer me ajudar? Você, a Elisabeth e esse senhor Gouverth não passam de hereges.
EROM: A heresia está dentro da igreja, George. Na igreja!
Em George com raiva.
CORTA PARA
ELISABETH se esgueirando pelo comércio e avistando Erom e George. Neithan a surpreende puxando pelo seu braço até um cubículo. Nesse momento, começa a VENTAR.
NEITHAN/BRUNO: Não tens amor à vida, senhorita?
ELISABETH/RAÍZA: (Elisabeth se solta dele) Mais cuidado, senhor Neithan. Agora sou noiva de seu mestre.
NEITHAN/BRUNO: Guarde sua petulância para quando tiveres que fugir da cidade.
ELISABETH/RAÍZA: Não temo a prisão, caro Lennox. Logo logo estarei com o meu noivo para pedir abrigo.
NEITHAN/BRUNO: Ele não abriga traidores, Elisabeth (a moça não entende). Infelizmente, seu outro mestre está lhe punindo por não ter cumprido o acordo de matar Benjamin.
ELISABETH/RAÍZA: O que queres me dizer?
NEITHAN/BRUNO: Que ele pensa que você quer matá-lo em nome de George.
Em Elisabeth, surpresa. OUVIMOS uma confusão.
GEORGE/DCR (O.S): GUARDAS!
Corta
para EROM
Espantado.
GEORGE/DCR: GUARDAS!
EROM: O que está fazendo, George?
GEORGE/DCR (olho no olho): Cumprindo com o meu dever.
E guardas se aproximam da cena.
GEORGE/DCR: Prendem esse homem! É um herege.
EROM: Não, George! Por favor! Somos amigos, eu vim te ajudar!
Guardas detém Erom e o carrega pelas ruas.
EROM: GEORGE! POR FAVOR! VOCÊ AINDA VAI SE ARREPENDER POR ISSO! GEORGE!
A essa altura, Neithan se aproxima da igreja, enquanto olha a ação. Ao seu lado, a imagem disforme vai revelando o padre Lewis na porta da Igreja. Neithan o vê e Lewis faz um sinal para ele entrar.
CORTE DESCONTÍNUO
CENA 13 IGREJA [INT. / TARDE]
Neithan adentra, enquanto Lewis fecha as portas. Destaque para as mãos do padre deixando a porta entreaberta.
NEITHAN/BRUNO: Seu discípulo, George, és um homem de fibra, padre Lewis. Percebo o quanto a palavra dele vale por aqui.
LEWIS/JOSUÉ: É verdade, caro Lennox. E imagino que já deve ter percebido como o povo reagiria à morte dele.
Neithan disfarça, não encara o padre.
NEITHAN/BRUNO: Eu não fazia ideia do quanto George era um teólogo tão respeitado.
LEWIS/JOSUÉ: E você, Lennox? O que és?
NEITHAN/BRUNO: Não entendi.
Lewis, mãos para trás, caminha calmamente em direção a Lennox, forçando-o a andar para trás.
LEWIS/JOSUÉ: És um Visconde? Um arqueiro?
NEITHAN/BRUNO: Não compreendo, Lewis? Onde queres/
LEWIS/JOSUÉ (por cima): Um padre? Talvez um Inquisidor? Ou és um Judas, Lennox?
Lewis para de andar e Neithan para debaixo da enorme cruz com a imagem de Cristo pregada.
NEITHAN/BRUNO: O que está acontecendo, Lewis? Eu não sou um traidor.
LEWIS/JOSUÉ: Você tentou matar George, meu amigo (Lennox pálido). Ouvi sua conversa com Blake. Foi a mando de Cipriano? Aquele que ressuscitaste a sua pessoa?
NEITHAN/BRUNO: Por favor, Lewis! Eu não sabia quem era George/
LEWIS/JOSUÉ: Todos o conhecem por aqui tão mais quanto conheceram o Rei. E conhecerão bem mais, porque ninguém pode ser indiferente ao futuro Rei da Inglaterra.
NEITHAN/BRUNO (chocado): Rei?
Por trás de Lewis, a porta abre com o vento. Neithan ainda tenta se refazer do susto.
NEITHAN/BRUNO: A porta está aberta, Lewis. Devia ter trancado.
Lewis olha para trás, calmo, sorriso sarcástico.
LEWIS/JOSUÉ: Não se preocupe. É o Divino Espírito Santo entrando (Neithan treme). Uma pena que não ficarás para conhecer o reino de George – O magnífico.
Clima
de suspense.
A porta logo atrás se balança
Na expressão
de medo em Neithan
No olhar sádico de Lewis
Até que
a porta bate com toda a força, Neithan se assusta, OUVIMOS
um barulho e Neithan olha para cima. Não há tempo. A
imensa cruz despenca sobre Neithan causando um grande
estrondo.
No rosto de Neithan inerte ao chão.
CORTE DESCONTÍNUO
Neithan acordando na penumbra, sangue escorrendo pela sua cabeça.
LEWIS/JOSUÉ (O.S): Deus seja Louvado!
Neithan ergue a cabeça reclamando de dores e olha para Lewis no alto, em meio às sombras.
LEWIS/JOSUÉ: Tens o corpo fechado mesmo, caro Lennox. Mas não se preocupe, porque Deus está no comando.
OUVIMOS
rugidos. Alguns leões saem das sombras e podemos notar que ali
parece uma imensa
COVA.
Assustado, Neithan tenta
se levantar, olha para ambos os lados. Está cercado.
Na expressão aflita de Neithan para a CAM.
NEITHAN/BRUNO: Não...NÃAAAAAOO!
Um rugido alto e a tela se fecha
FADE IN
CENA 14 SEQUÊNCIA DE CENAS
MANSÃO MIDAS [INT. / TARDE]
Elisabeth adentra esbaforida, perturbada, alcança o pequeno altar e encara a pequena cruz na parede.
ELISABETH/RAÍZA: Benjamin precisa acreditar em mim.
E
ela arranca a cruz da parede, aperta com toda a força e uma pequena
luz emana dela.
Elisabeth corre dali. Cipriano surge logo
atrás, imponente e de olhar macabro.
DELEGACIA [INT. / TARDE]
Numa pequena sala de cores neutras, algumas cadeiras e uma mesa onde um homem aparentando ser o delegado está, a porta é aberta. George entra decidido.
GEORGE/DCR: Boa tarde. Quero fazer uma denúncia. (em seu olhar marcante) Benjamin Gouverth e Elisabeth Prescott atacaram a Igreja e planejam a minha morte.
MANSÃO GOUVERTH [EXT. / TARDE]
Elisabeth correndo até o portão, tenta abrir sem sucesso, se agarra nas grades e as sacode, em vão.
ELISABETH/RAÍZA: BENJAMIN! BENJAMIN!
VOZ MASCULINA: Não percas o seu tempo.
Elisabeth se volta e dá de cara com Cipriano, trajando seu capuz preto.
CIPRIANO: Seu amado Benjamin não está. Ele foi ter uma conversa com seu mais novo amigo de infância, George.
Elisabeth avança em Cipriano, desferindo-lhe tapas.
ELISABETH/RAÍZA: Seu desgraçado! Você mentiu pra mim!
Cipriano a detém, Elisabeth exausta.
CIPRIANO: Ninguém mente mais para você do que você mesma, minha querida serva. Até onde achas que iria o seu romance com Benjamin, hen?
ELISABETH/RAÍZA: Ele me ama e vai me entender.
CIPRIANO: Se queres continuar viva, não vá atrás deles. Estou poupando-lhe do árduo trabalho de eliminar duas pedras do meu caminho. Devia me agradecer.
Elisabeth se enche de ódio e COSPE em Cipriano.
ELISABETH/RAÍZA: Eis o meu agradecimento, senhor.
E Elisabeth sai batida. Cipriano limpa o rosto, desfigurando-se em ódio.
Vista aérea da cidade / Transição do dia para noite
CENA 15 DELEGACIA [EXT. / NOITE]
George atravessa um portão e dá de cara com uma carruagem. Bridget acena. George disfarça e se aproxima da janela.
BRIDGET/ARI: George, soube que Elisabeth está sendo procurada pela polícia.
GEORGE/DCR: A senhorita Mitchell entregou Elisabeth e Benjamin como assassinos do Rei.
BRIDGET/ARI: Nós sabemos que isso não é verdade, George. Eles não podem pagar por algo que eu fiz.
GEORGE/DCR: Ela e Benjamin atacaram a igreja e tentaram me matar, Bridget!
BRIDGET/ARI: Gouverth não tem nada a ver com isso. E Elisabeth foi obrigada porque ousou desafiar Cipriano.
GEORGE/DCR: Mas você disse que a Elisabeth ia matar Benjamin. São dois hereges, dois bandidos, têm mais é que morrer juntos.
BRIDGET/ARI: Não! Ela o ama de verdade. Mary mentiu porque foi manipulada. Você sabe o verdadeiro motivo dela ter sido presa há dois meses? (George observa, atento) Ela tentou seduzir o padre Lewis.
GEORGE/DCR: O quê? Mas ele não me falou nada!
BRIDGET/ARI: Houve rumores de que o padre tinha um caso com ela, e então Blake a denunciou. (cínica) Ele gosta de denunciar, não acha?
GEORGE/DCR: Então...Só existe uma pessoa que poderia perdoá-la.
CORTE BRUSCO PARA
CENA
16 CASA DE MARY - SALA [INT. / NOITE]
Em George
trazendo Mary à força pelo braço.
MARY/RAFAELA: Me
solta!
Logo atrás vem Bridget, e George joga Mary numa cama bonita, muito diferente do que se viu na casa de Sophia. A SALA é modesta, mas há móveis mais bem conservados, e paredes brancas.
GEORGE/DCR: Diga-me: Quem mandou a senhorita acusar Benjamin e Elisabeth de matar o Rei?
MARY/RAFAELA: Não lhe devo explicações, senhor Everett. Minha conta com a justiça já foi paga.
Mary tenta se levantar, mas George a empurra novamente.
GEORGE/DCR: Eu trouxe a Rainha, mas eu posso trazer as autoridades e lhe acusar de ter destratado a Rainha.
MARY/RAFAELA (provoca): Se garante por trás de um nome, não é caçador Everett? Mas se apaixonou por uma herege.
George
a segura pela orelha com força, Mary geme de dor.
GEORGE/DCR: Eu
faço a senhorita subir no cadafalso amanhã mesmo. E eu não estou
brincando.
BRIDGET/ARI: Por favor, George! Você sempre condenou a violência.
MARY/RAFAELA: Também condenas a heresia, mas anda com ela.
George desfere dois TAPAS em Mary, assustando Bridget. Depois a agarra pela nuca.
GEORGE/DCR: Eu quero o nome. (t) ANDA!
MARY/RAFAELA: Lewis! Padre Lewis!
Baque em George.
GEORGE/DCR: Mas por quê? Por que ele acusaria o próprio irmão?
MARY/RAFAELA: Porque ele o odeia? Lewis sempre quis o posto dele na sociedade. Irmãos são os inimigos mais próximos. Quem sabe Blake também não seja?
George
se enfurece e arremessa Mary, que bate a cabeça numa pequena
mesa.
GEORGE/DCR: Devias ter morrido no lugar
da Sua Majestade.
No olhar de ódio de Mary.
CORTA PARA
CASA DE MARY [EXT. / NOITE]
Bridget segue atrás de George, este nitidamente revoltado.
BRIDGET/ARI: Precisamos salvar Benjamin e Elisabeth/
GEORGE/DCR (por cima): Vejas no que me tornei, Bridget. Se eu ajudar esses dois, irei contra a Igreja, contra o padre.
BRIDGET/ARI: És um homem justo, George.
GEORGE/DCR: Sou herege. É isso que sou.
No olhar dramático de George.
QUARTO ATO
CENA 17 IGREJA [INT. / NOITE]
As portas são abertas por Elisabeth. O salão está iluminado, vazio e sem a imensa imagem de Cristo no alto. Até que o padre Lewis aponta do altar, todo de branco, agitado.
LEWIS/JOSUÉ: O que faz aqui em minha igreja, senhorita? Veio nos atacar novamente? Onde estão os seus?
Elisabeth vacila os passos, desconfiada.
ELISABETH/RAÍZA: Onde está Benjamin?
LEWIS/JOSUÉ: Sua herege! Não devias ter vindo. Saia imediatamente!
Benjamin surge na extrema esquerda.
BENJAMIN/MARCO: Não!(nos olhares entre ele e Elisabeth) Quero que ela me diga por que me traíste.
ELISABETH/RAÍZA: Eu não lhe traí, Benjamin. Preciso que me ouça.
BENJAMIN/MARCO: Vim pedir clemência a George, por você. Por nós. Vejas onde um homem da minha posição chegou.
ELISABETH/RAÍZA: (dá um passo) Eu vou morrer, Benjamin, mas preciso que me ouça e acredite em mim.
BENJAMIN/MARCO: Nem mais um passo!
Elisabeth exibe a cruz de Midas.
ELISABETH/RAÍZA: Vejas! A cruz da fé e do amor verdadeiro só se mantém iluminada nas mãos de quem diz a verdade. É a magia que a envolve.
LEWIS/JOSUÉ: Vamos tirá-la daqui, irmão.
ELISABETH/RAÍZA: Não confie nele, Benjamin!
BENJAMIN/MARCO: (altera a voz) Eu te amava, enquanto você criava vínculo com um caçador! Esse tempo todo me enganando.
ELISABETH/RAÍZA: O seu traidor não sou eu!
BENJAMIN/MARCO (vendo algo fora da tela): NÃO!
OUVIMOS um TIRO. CAM dá um giro de 180º e para a frente de Elisabeth atônita, e Cipriano pelas suas costas segurando uma pistola.
CIPRIANO: Traidora! Ninguém ousa roubar a cruz de Midas. Fez tudo errado.
Elisabeth se contorce de dor, CAI no chão. Sua CRUZ desliza para perto do altar. A moça sangra pela boca, até que seus olhos paralisam. Elisabeth está MORTA.
Benjamin vai até a amada em lágrimas. Lewis segura o riso, e perto do altar, George e Bridget surgem, assustados com a cena.
GEORGE/DCR: Elisabeth!
Bridget
o contém, enquanto Cipriano tranca as portas. Blake aparece do alto,
consternado, desce rapidamente.
BLAKE/JOÃO: O
que está acontecendo aqui?
Blake leva um baque ao ver Elisabeth morta.
BENJAMIN/MARCO: Por que a matou, Cipriano? Se você mesmo disse que ela era uma traidora?
CIPRIANO: (ri sarcástico) O amor é cego. Fora capaz de revelar sua identidade de líder da Círculo Fechado apenas para sondá-lo sobre a Rainha. (Benjamin olha para um Lewis sonso) Se eu dissesse que seremos cúmplices na próxima reencarnação, acreditarias também? (e ri)
Benjamin vai se levantando, com raiva.
BENJAMIN/MARCO: Você é o traidor?
CIPRIANO: Ora, amigo, Elisabeth ia matá-lo, mas poupei sua vida. Sou um homem bom.
GEORGE/DCR: Mentira!
Cipriano aponta a pistola.
CIPRIANO: Cala-te! O amor também lhe cegou, Magnífico George. Achas que Bridget ficastes feliz quando o cavaleiro deixou a cidade, em vez de assumir o amor de vocês?
BRIDGET/ARI: Cipriano, cala essa boca, eu me arrependi/
CIPRIANO: Fostes como serpente envolvendo seu amado para o bote.
GEORGE/DCR: O que queres me dizer?
BRIDGET/ARI: Olha pra mim, eu te amo, George. (George encara Cipriano / Bridget o puxa) OLHA PRA MIM!
CIPRIANO: Bridget quis vingança e aceitou enredá-lo para que todos o vissem como um herege, como quem contribuiu para o ataque à igreja.
GEORGE/DCR: Isso é verdade, Bridget? (Bridget muda) ISSO É VERDADE?
BRIDGET/ARI: Eu me arrependi, eu te amo, George. Por isso estou aqui.
BLAKE/JOÃO: Eu te avisei, irmão. Isso é culpa sua!
OUVIMOS batidas na porta.
VOZ MASCULINA: ABRA, PADRE! VIEMOS PRENDER OS HEREGES!
CIPRIANO (cínico): Ora, ora...As autoridades que George chamou, chegaram.
GEORGE/DCR: Estúpido! Se eles entrarem, mandarei prendê-lo.
BENJAMIN/MARCO: Calem
todos! (silêncio) Eu devia saber que uma pessoa que trabalha para
duas sociedades, não é digno de confiança.
E Benjamin
puxa sua pistola de dentro do paletó e aponta contra Cipriano, mas
OUVIMOS um TIRO. Benjamin vai perdendo as forças, mas olha para trás
e vê Lewis empunhando sua pistola.
Reação
em todos.
BENJAMIN/MARCO: Lewis?
LEWIS/JOSUÉ (sádico): BANG! BANG! És um homem morto, irmão. Nunca dê as costas para mim.
Benjamin cai morto ao lado de Elisabeth. Pavor em Blake e George.
CIPRIANO: Seu imbecil! Ele era meu!
GEORGE/DCR: Padre! Matastes o seu irmão!
LEWIS/JOSUÉ: Fiz por você, George. Ele não ia permitir que tu se tornasse o novo Rei.
GEORGE/DCR: O QUÊ?
CIPRIANO: Para isso se juntou a mim, traidor? Não querias apenas forjar o ataque à sua igreja para torná-la mais forte; Querias o trono para seu discípulo fiel!
BLAKE/JOÃO: Padre, diga que é mentira. Arriscou a nossa vida para a Igreja ganhar poder?
LEWIS/JOSUÉ (ignora): A sua Elisabeth não era vidente? Onde está o seu poder? Sabe, até agora seu amigo Neithan não ressuscitou. Ressuscita, Cipriano!
CIPRIANO: Matou o meu fiel escudeiro?
LEWIS/JOSUÉ: Oh...Não sejas mau. Meus leões estavam famintos.
Cipriano ATIRA, mas Lewis desvia a tempo. Susto nos demais.
LEWIS/JOSUÉ: O reino da Inglaterra não tem espaço para a sua presença nefasta.
CIPRIANO: Você que pensa, falso Messias. A Midas não permite traição. Eu dominarei toda a Inglaterra e tu serás o meu súdito, se viver.
BRIDGET/ARI: CHEGA! A Midas não permite nenhum tipo de traição, Cipriano. Eu ainda faço parte da Ordem (Bridget ergue a mão para a frente), e tu não pertence mais a ela.
Cipriano ri, debochado. Ouvimos batidas fortes na porta.
CIPRIANO: O que farás, Majestade? Vais redigir minha demissão?
Cipriano gargalha. Bridget o encara, mantendo o braço erguido.
BRIDGET/ARI: Das trevas tu veio, para as trevas tu voltarás (Cipriano assustado). Mal algum farás nas sombras, e se alguém invocar-lhe, será morto.
CIPRIANO: Pare já com isso!
Cipriano ATIRA, mas a bala não sai.
BRIDET/ARI (cont.): Que tu permaneça na escuridão para todo o sempre...Assim seja.
No GRITO de Cipriano, que cai de joelhos, enfraquecido, sua pistola desliza longe.
CIPRIANO: Desgraçada! Me pagarás...Todos me pagarão... Lúcifer, príncipe do inferno...Eu vos saúdo...Que assim como Caifás, Satanás e Ferrabrás dominam as trevas, eu dominarei essa terra debaixo de chamas...Eu invoco o fogo!
E
Cipriano bate a mão no chão, e se consome em chamas, aos gritos.
Logo um rastro de fogo se alastra pelo corredor, atingindo os corpos
de Elisabeth e Benjamin.
Lewis empurra Blake e sobe as escadas.
Candelabros estouram, o fogo se espalha rapidamente.
GEORGE/DCR: Fuja, Blake! Para os fundos, rápido!
Blake
some da cena, George e Bridget vão atrás de Lewis, que aponta sua
pistola.
LEWIS/JOSUÉ: Você devia estar do
meu lado, George. Tudo fiz por você. Matei Neithan para
impedir que ele te matasse.
Os três estão no 2º andar, Lewis anda para trás, surtado.
GEORGE/DCR: O senhor não queria perder a chance de me tornar rei, porque o medo de Cipriano tomar o poder era maior que o seu raciocínio. Eu nunca seria um bom rei, depois de tudo que vi aqui.
LEWIS/JOSUÉ: Assassinato, traição? Isso que você viu? É isso que a Inquisição faz todos os dias e você nunca se opôs, seu hipócrita! Não queres ser Rei? Pois bem, então a Inglaterra não terá uma Rainha.
Lewis
aponta a arma para Bridget, mas George segura sua mão a tempo,
ouve-se DISPAROS
George e Lewis lutam,
Bridget
preocupada
GEORGE/DCR (medindo força): Elisabeth
estava certa...Os hereges não estão todos do lado de fora.
LEWIS/JOSUÉ (irônico): Ah, que pena que não poderás dizer isso a ela, não é? Elisabeth está ardendo no inferno.
George
acerta um SOCO no padre, que se apoia na grade e vê sua arma cair.
Lewis se volta, e George tenta arremessá-lo do alto da
sacada,
[efeito câmera lenta]
mas os dois acabam voando
junto.
BRIDGET/ARI: GEORGE!
[Fim do
efeito]
Em
Lewis caindo ao gritos em meio as chamas. O fogo já consome todo o
salão.
George, dependurado num candelabro em ruínas, tem ajuda
de Bridget para sair dali.
BRIDGET/ARI: Rápido! A Igreja vai desabar!
CORTA PARA
CENA 18 IGREJA [EXT. / NOITE]
A
Igreja e todos os arredores incendeiam, pessoas correm desesperadas,
guardas se afastam, muitos gritos.
George e Bridget saem
correndo, mas são barrados por Blake.
GEORGE/DCR: Blake! Vamos! A cidade está em chamas!
BLAKE/JOÃO: O que fez com o padre?
George emudece.
BLAKE/JOÃO: Entendi. És um herege, pior do que todos eles.
BRIDGET/ARI: Blake...
BLAKE/JOÃO: Cala-te! Eu abri mão de tudo que eu gostava, abri mão do que eu desejava para seguir o seu exemplo, George. O que eu ganhei? Perdi Elisabeth, porque alguém me disse que não devíamos nos envolver com hereges. (baque em George) Eu a amava, irmão.
GEORGE/DCR: Me perdoe, Blake. Podemos tentar recomeçar/
BLAKE/JOÃO: Não é justo que sejas feliz depois de tanta hipocrisia. VÃO! Podem fugir juntos, mas nunca serão felizes, enquanto cometerem injustiças. VÃO!
George lacrimeja, mas pega Bridget pelo braço e corre, atravessando rastros de fogo.
Até que Bridget para diante de George, ofegante.
BRIDGET/ARI: George...Você não me disse se me perdoastes.
GEORGE/DCR: Cipriano está longe, graças a você. Fê-lo pagar com a morte, o que pela morte tanta gente pagou.
Bridget retira uma cruz de dentro de seu vestido e a exibe para George.
BRIDGET/ARI: Vejas! A cruz de Midas.
GEORGE/DCR: O que tem ela?
BRIDGET/ARI: Somente quem possui amor e fé verdadeiros poderia tocá-la e fazê-la emitir essa luz. Elisabeth amava Benjamin e queria mesmo salvá-lo.
GEORGE/DCR (tocando sua mão): Para todos os efeitos, foi ela quem matou Cipriano. Desta forma, os membros da Midas não poderão nos perseguir. Tudo bem pra você?
Bridget segura nas mãos de George, firme.
BRIDGET/ARI: Onde quer que ela esteja...Há de entender.
E
os dois se abraçam.
Ao longe, a cidade tomada pelo fogo
Até
que a tela se fecha bruscamente
= = FIM DO FLASHBACK = =
FADE IN
VOLTA NA CENA 1(3x12)
CENA 19 APTº 3011 – SALA [INT. / MANHÃ]
Dcr e Raíza acordam,
zonzos e se encaram.
DCR: Não acredito...Eu
fui um monstro!
Raíza o abraça, mas ele se levanta, envergonhado.
DCR: Eu te traí. Traí o Erom, matei um padre...Você e o Marco não estão juntos por minha culpa.
Raíza se levanta também, mais compreensiva.
RAÍZA: Não diga besteira, Dcr. Se fosse assim, você odiaria o meu pai, o grande arqueiro e discípulo fiel de Cipriano.
DCR: Mas cada um, é cada um. Marco provavelmente nunca deixou de te amar, mas nunca esqueceu o fato de achar que foi traído. Eu tenho uma parcela de culpa em tudo que você passou até hoje.
RAÍZA: O que passou, passou, Dcr. Temos que focar agora no que tudo isso representa hoje.
DCR: A verdade! A verdade é que Rafaela entregou Marco pela segunda vez, e pela segunda vez eu acreditei. Marco não matou a Ari!
RAÍZA: Olha, Dcr, se você tá esperando que eu o veja como uma vítima/
Dcr alcança um molho de chaves de cima da mesa.
DCR: Eu sei que pra você isso é duro, mas fingir que tudo passou, não mudará as coisas. Eu não pretendo errar de novo. (firme / olho no olho) Eu vou reparar esse erro.
Dcr sai de cena, deixando Raíza tensa.
CORTA PARA
CENAS FINAIS
Takes da cidade, trânsito movimentado/ Corta
CENA 20 FACHADA – COFFEE BREAK [MANHÃ]
Corta para o interior do ESCRITÓRIO
Dcr e Raíza entrando, Marco de pé, sorrindo debochado.
MARCO: É uma honra recebê-los no único lugar onde trabalho agora.
RAÍZA: Sem paciência para as suas ironias, tá bom?
Marco dá um sorriso de canto da boca.
DCR: Marco, eu vim porque quero te dar uma chance.
Marco apoia as mãos sobre a mesa, curioso.
MARCO (irônico): Hmmm, estou com sorte. Chance pra quê?
DCR: Se eu te disser que acredito em você, que você não matou a Ari...Estaria disposto a me ajudar?
Marco encara Raíza, surpreso.
MARCO (para Dcr): Tem certeza que quer se juntar a mim?
Dcr se aproxima da mesa, cara a cara.
DCR: Tenho certeza que serei um cúmplice bem mais fiel do que os que você já teve.
Em Marco, admirado.
CENA 21 PRÉDIO EM CONSTRUÇÃO [EXT. / TARDE]
O prédio onde Bruno sofreu um acidente (cena 17 – ep2x23) está quase pronto. Todo branco, detalhes horizontais em pequenas lajotas azuis, elevadores externos com visão panorâmica e uma entrada ladeada por jardins.
Corta para mãos masculinas entregando um maço de dinheiro para outras mãos. Edson (cena 17 – ep2x23) sorri debochado.
EDSON: Mas isso aqui não dá nem pro gasto.
Em clima de suspense, Josué é revelado na cena escorado no muro, tentando ser discreto.
JOSUÉ: Eu sou diretor de colégio, e não presidente da República. Já me arrisco muito em vir até aqui.
EDSON: A polícia ainda não encerrou o caso do seu irmão. Se descobrirem quem armou o acidente dele/
JOSUÉ: Não se preocupe, amigo. (fecha no rosto dele) Deus está no comando.
No sorriso sádico de Josué.
CORTA PARA
Vista
panorâmica de uma PRAIA, gaivotas voando, barcas em alto mar.
Pelas
costas, Dcr e Raíza conversam sentados na ponta
de um píer.
CENA 22 PRAIA [EXT. / TARDE]
RAÍZA: Ok, pode começar o show das lamentações.
Dcr coloca uma bala na mão da amiga.
DCR: Você tá sendo paga pra isso.
Os dois riem.
DCR: Não tá chateada comigo mesmo, não? Eu poderia ter facilitado as coisas, né? (pensa) Por que somos amigos mesmo?
RAÍZA: Para, Dcr! Se martirizar não é o remédio. Meus sentimentos por você não vão mudar porque você me traiu no passado.
DCR: Ou seja, isso também vale para o Marco, né? Você o amava, agora/
RAÍZA: Tá difícil falar contigo hoje, hen.
DCR: Ok, ok, vamos focar. O homem do capuz preto é o Cipriano, ou...Qualquer pessoa que o vestiu na época.
RAÍZA: E qualquer pessoa poderia ter matado a Ari. Cipriano, João, Josué ou Cael.
DCR: Motivos, na época, para odiá-la, eles tinham. Não sabemos hoje.
RAÍZA: Mas tudo há uma ligação. Cael não morreu por causa de um crime passional. Ele tava prestes a assinar o fim da Inquisição. Seja lá o motivo pelo qual a Ari morreu, ela tava prestes a fazer alguma coisa importante.
DCR: Além de se casar comigo?
RAÍZA: Além. Não vamos nos esquecer que ela salvou a humanidade acorrentando Cipriano no Umbral.
Em Dcr, pensativo.
DCR: Ei! Agora eu to lembrando.
RAÍZA: Do quê?
DCR: No dia em que eu quase morri envenenado, uma garota, ahn...Sam, isso! Sam me contou sobre o Cipriano.
RAÍZA: Ela o conhece?
DCR: Mais ou menos, mas ela sabia da lenda sobre o mago, mas acho que conhecia parte da história. Ela disse que Elisabeth rogou uma praga contra Cipriano a fim de salvar a humanidade.
RAÍZA: Mas essa é a história que George inventou para salvar Bridget da perseguição.
DCR: Sim, mas...Se ela rogou uma praga tão poderosa...Como Cipriano conseguiu sair das trevas?
Na expressão confusa de Raíza.
CORTA PARA
Erom e Cipriano andando por um CORREDOR estreito e escuro.
EROM: Acho que você vai gostar da ala que reservei no meu depósito.
Eles se aproximam de um portão de ferro com uma pequena abertura, típica das usadas em cela para segurança máxima.
EROM: Já está na hora.
CENA 23 SALÃO – DEPÓSITO [INT. / NOITE]
Salão às escuras. Algumas luzes se acendam, revelando um grupo de homens e mulheres vestindo capuzes pretos, que acabam de se levantar. Destaque para Helena e Valquíria.
CIPRIANO (O.S): Eu vos saúdo, fiéis discípulos!
Cipriano, agora de capuz preto, está de pé, atrás de um púlpito.
= = TOCANDO: Trilha sonora Revenge = =
CIPRIANO: É uma honra recebê-los todos aqui. (abre os braços) Sejam bem-vindos...À Círculo Fechado.
Forte suspense.
Até que a tela se fecha na expressão sombria de Cipriano.
A MÚSICA SE ENCERRA NOS CRÉDITOS
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