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PRIMEIRO ATO
FADE IN
CENA 1 GALPÃO [INT. / NOITE]
Um
par de botas femininas caminha por um chão batido, empoeirado,
soando um forte barulho.
A penumbra revela um homem de costas,
segurando uma maleta, enquanto uma mulher para logo atrás.
HOMEM: Veio sozinha? (reconhecemos o sotaque de Marco)
A mulher se aproxima mais e, pela luz da penumbra, vemos que é Rafaela, com uma mochila no ombro.
RAFAELA: Eu é que deveria fazer essa pergunta.
Marco se vira, sorriso debochado.
MARCO: (irônico) Sou um homem de palavra. Trouxe o combinado?
RAFAELA: E a grana?
Marco solta um riso frouxo, larga a maleta no chão e a empurra para os pés de Rafaela. Esta joga a mochila, Marco segura prontamente.
MARCO: Somos
duas pessoas de palavra, não é?
Rafaela sorri, maliciosa
e abre a maleta, ao mesmo tempo em que Marco abre a mochila. Rafaela
pega maços de dinheiro e mais um tanto de feno, sem esboçar
indignação; Marco revira as páginas de um suposto dossiê,
tranquilamente.
RAFAELA: Dólar falso é bem a sua cara.
MARCO: Não estamos aqui por um acordo.
Marco guarda a papelada na mochila e a joga contra Rafaela, que se mostra firme.
MARCO: Você não pretendia me enganar com essas cópias mal feitas, não é querida?
Marco puxa de dentro do paletó uma arma e aponta para a garota.
MARCO: Deixa eu ter o prazer de te mandar para o inferno.
Ouvimos um TIRO
= SONOPLASTIA: Ação =
Marco
se distrai, assustado, sem saber de onde partiu o disparo e Rafaela
acerta um CHUTE em seu braço, fazendo sua arma deslizar pelo
assoalho.
Marco tenta alcançar, mas Rafaela lhe acerta um CHUTE
na barriga, Marco reage com dor, mas avança em Rafaela prensando-a
contra a parede.
RAFAELA (esboça medo): Por
que tá fazendo isso? Por favor!
MARCO: Não se faça de menina indefesa!
RAFAELA: Se eu estivesse com as provas, eu já teria entregado à polícia, cê não acha?
MARCO: Você não veio até aqui por nada!
RAFAELA (provoca): Vai vê eu curto um perigo.
MARCO: Sua vagabunda!
E
Marco lhe acerta um TAPA. Rafaela revida com uma joelhada em sua
barriga e um SOCO de esquerda fazendo Marco ir ao chão.
Tempo
suficiente para Rafaela correr, mas acaba tropeçando e caindo. Marco
tem força e a levanta pelos cabelos sob seus gritos. Rafaela desfere
uma cotovelada em seu estômago e consegue correr, com dificuldade,
mas é alcançada novamente. Muita luta.
MARCO: Pra quem você está trabalhando, hen? PRA QUEM?
RAFAELA (entre dentes): Tá preocupado, é? Diz que você tem medo que eu acabe com a sua vida de grande empresário, diz! Diz que eu tenho esse poder!
Marco segura bem forte em seus cabelos, e aproxima o rosto do dela.
MARCO: Você não vai acabar com nada, porque antes eu acabo com você!
E
Marco lhe dá um FORTE TAPA, Rafaela se desequilibra e voa do alto do
terraço aos gritos.
= FIM DA SONOPLASTIA =
Marco, meio
espantado, se aproxima da borda e vê Rafaela dependurada na
marquise.
RAFAELA: Marco, aqui é muito alto, me ajuda.
MARCO: Com todo prazer.
Marco pega de dentro de seu bolso um cigarro e um isqueiro. Põe o cigarro na boca, acende, dá uma boa tragada.
MARCO: Puxa, Rafaela, esqueci que eu estou tentando parar de fumar. Se me permite...?
E Marco aperta o cigarro na mão de Rafaela que GRITA de dor até CAIR.
EM RAFAELA CAINDO DO ALTO DO GALPÃO
Marco espia, friamente.
CORTA PARA
CENA 2 GALPÃO [EXT. / NOITE]
Marco sai, dá uma olhada ao redor e some da tela. CAM busca Rafaela caída em um monte de espuma velha. Não demora muito até ouvirmos palmas. Rafaela abre os olhos, tenta se levantar, machucada.
RAFAELA: Tem certeza de que ele foi embora?
Tony, com uma arma na cintura, apoia a garota e a põe de pé.
TONY: Absoluta. O cara saiu daqui com medalha de assassino. Tu é maluca, né? Armou essa presepada toda e até agora não sei pra quê.
Rafaela ajeita a camisa e retira uma microcâmera em forma de botão.
RAFAELA: Uma hora todos vão saber. Sou uma perfeita atriz, não sou?
Tony acha graça. Rafaela ri.
CORTA PARA
CHARADA
SEGUNDO ATO
FADE IN
Legenda: 1 mês depois
CENA 3 CARIOCA NEWS [INT. / MANHÃ]
Tela de um computador onde um relatório tem alguns títulos em destaque:
1.“Mulher surta durante discurso de diretor”
2.“Garota surta e tenta o suicídio em shopping do Rio – A garota identificada como VALQUÍRIA estava aparentemente drogada”
3.”Proprietário de vila reclama da falta de inquilinos; Os antigos moradores morreram por suspeita de epidemia e outros foram internados em hospícios”
Roger observa, curioso, e retira, de cima da mesa, umas fotos debaixo de sua câmera. Uma das fotos mostra uma mulher morta, visivelmente demente e com o rosto desfigurado.
ROGER: Como que uma coisa dessas é tratada como normal?
Uma moça (loira, cabelos curtos e ondulados, camisa listrada azul de manga ¾) está sentada logo atrás.
MOÇA #1: Falou comigo, Roger?
ROGER: Ahn? (p) Você viu a Lila por aí?
CORTA PARA
Vista aérea de um viaduto, grande movimento de carros / corta
CENA 4 DEBAIXO DO VIADUTO [MANHÃ]
Paredes
pichadas, chão de terra, e o som de sapatos se aproximando.
Lila
olha por todos os lados, atenta, até que dá de cara com RAFAELA,
encarando-a seriamente.
RAFAELA: Não disse a ninguém que estaria aqui, não é?
LILA (sarcástica): Divulguei no meu perfil.
Rafaela lhe dá uma olhada mortal e retira sua mochila das costas.
RAFAELA: Lila, Lila...Eu sei que não tivemos uma conversa legal da última vez que nos encontramos (abrindo a mochila). Mas eu não ia deixar de cumprir com o nosso acordo.
Rafaela puxa um DVD e a entrega a Lila.
LILA: O que é isso?
RAFAELA: (sarcástica) Um DVD? (Lila bufa) Aí tem a sua matéria do ano. Não foi fácil, viu. Então faça bom proveito.
LILA: Você tá dizendo que...?
RAFAELA: Que eu to pronta para ser a sua nova colega de trabalho.
Rafaela dá a mão e Lila só observa.
RAFAELA: Você me prometeu uma vaga, lembra?
LILA: (cumprimentando) Claro...Nunca esqueço das minhas promessas.
RAFAELA: E por favor, Lila, não diga que eu te ajudei na matéria; Eu sei que você gosta de brilhar sozinha.
As duas dão um sorriso forçado.
Vista aérea da Curto-Circuito
CENA 5 CURTO-CIRCUITO [INT. / MANHÃ]
Raíza está atrás do balcão de bebidas com uma prancheta e uma caneta, ao lado de Dcr.
DCR: Há uma conta para gastos dos nossos produtos, tipo, bebidas, comidas, shows e ingressos, quanto para encomendas. Todo fim de expediente temos que prestar contas ao chefe, vulgo Cael, sobre tudo que foi gasto.
RAÍZA: Qual é a parte divertida de trabalhar numa boate?
Os
dois riem.
Um casal de colegas limpam as mesas. A garota
(branca, cabelos pretos, batom vermelho, piercing no nariz,
usa uniforme branco com avental preto, e tem uma tatuagem no pescoço)
sorri de deboche para Raíza; Seu colega é moreno claro, de
cabelos pretos e cavanhaque.
MOÇA #2: (cochicha para seu colega) Vive no sofá do chefe e ainda pergunta isso.
DCR: Disse alguma coisa, Vicky?
VICKY: Nada não, Danilo.
Vicky disfarça
e continua limpando as mesas.
DCR (para Raíza): Eu
vou lá em cima pegar os relatórios antigos. Acho que vai te ajudar
bastante.
Raíza faz
que sim e Dcr sai, olhando de soslaio para Vicky.
Vicky dá
um tempo e vai até o balcão, cheia de marra.
VICKY: É, Raíza...Fácil pular de garçonete para o escritório, né? Percebi que você mostrou rapidinho seus talentos pro boss.
E ri debochada para o seu colega.
RAÍZA: (sem olhar pra ela) É, Vicky...Continue percebendo e agarrando seu colega nos fundos da boate. Cê vai longe assim.
Vicky fecha a cara, sem graça.
VICKY: Pelo menos eu nunca tentei passar no teste do sofá pra me garantir num escritório.
RAÍZA (provoca): Por isso que vai continuar agarrando o garçom nos fundos da boate.
Vicky, com raiva, avança a mão em Raíza.
VICKY: Escuta
aqui, garota!
E Raíza rapidamente segura sua
mão para desviar e...
No
OLHAR FIXO de Raíza
UM FLASH DE LUZ SE ABRE
Vicky,
toda de preto e aos risos, está correndo num PÁTIO na penumbra,
como se estivesse fugindo.
Um sujeito de capa e máscara pretas,
corre atrás. Vicky atravessa o portão (reconhecemos agora
o COLÉGIO FRANÇA), pula o muro e...
COLÉGIO FRANÇA [EXT. / NOITE]
Se esconde atrás de um carro. Pelo PONTO DE VISTA de Vicky, o sujeito olha para ambos os lados. Vicky se apresenta.
VICKY: Aqui você não pode me fazer nada; Eu já to fora do colégio.
O
sujeito puxa de dentro da capa um revólver.
Vicky fecha a
cara, vai se distanciando com medo, até que corre.
INSERT da
arma com silenciador apontada. Três disparos.
Vicky é
atingida pelas costas e, no momento que vai cair sobre o asfalto
FIM DA VISÃO
Vicky tentando se desvencilhar de Raíza.
VICKY: Você ouviu o que eu disse? Eu vou me casar com o garçom, enquanto você será a amante do boss pro resto de sua vida.
Raíza a solta, séria.
RAÍZA: Eu não quero problemas com você, Vicky. Parabéns para o seu grande futuro.
E Raíza sai com a prancheta, sorrindo discretamente. Vicky, aos fundos, sem entender.
CORTA PARA
CENA 6 FACHADA - CLÍNICA NOVO HORIZONTE [MANHÃ]
Corta para o interior de um quarto
Roger e Joana acabam de se sentar numa cama de solteiro. Ele coloca sua bolsa sobre o colo, abre, pega um bloco de notas e saca, do bolso da camisa, uma caneta.
JOANA (cochicha): Roger, eu só topei vir contigo, porque o Danilo disse que você é um cara bacana, mas você não disse que viríamos pro hospício.
ROGER: Mas a parte do “bacana” é verdade.
HELENA (O.S): Eu to pronta!
Helena surge de cabelos desgrenhados, batom na cor vinho manchado, camiseta branca do avesso e calça jeans.
HELENA: Eu to bonita pra sair no jornal?
Roger e Joana se entreolham.
ROGER: Claro! Eu preciso que a senhora me conte como tudo começou.
HELENA: Trouxe o que eu pedi?
Roger abre a bolsa e pega um pote da “Desejo Proibido”, deixando em cima da mesa de cabeceira.
ROGER: Tá aqui. Podemos começar?
Helena
avança sobre o creme, abre desesperada e começa a passar o produto
no rosto de qualquer jeito. Roger e Joana se
assustam.
ROGER: Então...Quando a senhora
teve os primeiros sintomas?
Helena larga o pote sobre a mesa e vai para o espelho, se admirando.
HELENA: Eu só tive umas dores de cabeça, enjoo, esqueci de algumas coisas...(ela se volta, sobressaltada) Cadê a minha irmã? Por que ela não vem me visitar?
Em Roger e Joana, sem ação.
HELENA: Culpa do Danilo, né? (louca, ao léu) Ele quer tirar tudo de mim. (olhar vago) Ele é ruim...Muito ruim.
ROGER: Dona Helena, por favor, a partir de que momento a senhora começou a ter esses sintomas?
HELENA: Desde sempre...
ROGER: Desde sempre?
HELENA: Desde sempre ele é muito ruim...E vai matá-lo.
JOANA: O Danilo vai matar quem?
HELENA: Ele vai matar o Danilo...
Roger se mostra confuso e Helena o encara estranhamente.
HELENA: Você tá aqui pra impedir, não é?
ROGER: Não, dona Helena, eu mal conheço o Danilo/
HELENA: Você não é jornalista coisa nenhuma!
E Helena avança no pescoço de Roger sob seus gritos.
Joana se levanta assustada.
ROGER: JOANA! PEDE AJUDA! SOCORRO!
Joana
corre até o
CORREDOR
Onde não há ninguém, tudo muito
sombrio, estranho.
JOANA: POR FAVOR! ALGUÉM!
Sua
voz ecoa, deixando-a apavorada. Joana volta para o
QUARTO
E
vendo Roger perdendo as forças, Joana dá um soco na nuca de Helena,
dá outro, e na terceira, Helena desfalece sobre um Roger em
pânico.
Em Joana, alisando a mão.
CORTA PARA
CENA 7 CLÍNICA NOVO HORIZONTE – PÁTIO [EXT. / MANHÃ]
Roger vem andando com uma das mãos no pescoço, ao lado de Joana e de um médico.
MÉDICO: Não é comum os pacientes se revoltarem contra estranhos.
ROGER: (irônico) Me sinto lisonjeado por quebrar essa regra.
O médico ri e quando eles chegam ao JARDIM, Roger o cumprimenta.
ROGER: Obrigado pela ajuda, doutor.
MÉDICO: Volte sempre.
Roger e Joana estranham e dão as costas. Aos fundos, o médico fecha a cara e olha para o lado, onde Erom está.
JOANA: Roger, não havia ninguém no corredor, a minha voz chegou a ecoar. Se eu não viesse junto, você estaria morto!
ROGER: Isso parece filme de terror. Melhor a gente voar daqui/
De repente, VALQUÍRIA (episódio 3x08) aparece a frente deles. Susto. Roger e Joana tentam desviar, mas a garota os cercam.
ROGER: Com licença.
VALQUÍRIA: O homem da capa preta está voltando.
ROGER: Oi?
Valquíria segura no braço de Roger, apertando.
VALQUÍRIA: Você ouviu? E eu vou te matar.
E ela ri, descontrolada diante de um Roger amedrontado. Um enfermeiro afasta Valquíria.
VALQUÍRIA: Vou matar um por um (gargalha).
Roger e Joana saem correndo.
CORTA PARA
Vista aérea da HDM Construtora
CENA 8 HDM CONSTRUTORA – SALA DE MARCO [INT. / TARDE]
Marco faz algumas anotações. Ouvimos batidas na porta e, em seguida, a secretária entra.
SECRETÁRIA: Com licença, seu Marco/
A secretária nem termina e o delegado Queiroz, seguido de dois policiais adentram o escritório.
MARCO (sonso): Em que posso ajudar, seu delegado?
QUEIROZ: O senhor está preso, Marco Bedlin. Queira nos acompanhar.
MARCO (deboche): Isso é novidade pra mim. Qual é a acusação?
QUEIROZ (sorriso de deboche): O assassinato de Ariadne Rodrigues.
Marco se levanta, abismado.
CORTE CASADO
CENA 9 DELEGACIA [INT. / TARDE]
Marco
sentando na cadeira forçado por um dos policiais.
Queiroz
ajeita um laptop sobre a mesa, com ar debochado.
MARCO: O que vai ser? Vão apresentar falsas provas como o que fizeram com o Danilo?
QUEIROZ: Calma, Marco. Só precisamos esperar uma pessoa.
A porta é aberta e Dcr adentra, preocupado, seguido por um policial.
QUEIROZ: Chegou.
DCR: Marco? O que tá havendo aqui, seu delegado?
QUEIROZ: Eu achei importante você estar presente, Danilo, porque eu recebi um vídeo onde sua esposa é assassinada.
Dcr arregala os olhos, atento.
MARCO: Eu não matei a garota! Seja lá o que aparece nesse vídeo, eu nunca estive na cena do crime.
QUEIROZ: Não se agite tanto, Marco; O senhor também está sendo acusado de outros crimes.
E
o delegado vira o laptop diante de todos e aperta uma tecla.
O
vídeo exibe cenas de luta entre Ari e Marco no dia do crime.
=
VÍDEO =
Marco
avança na CAM prensando Ari contra a parede.
ARI (O.S
/ medo): Por que tá fazendo isso? Por favor!
MARCO: Não se faça de menina indefesa!
ARI (O.S): Você tá me machucando!
MARCO: Sua vagabunda!
E
Marco lhe acerta um TAPA. Marco recebe uma joelhada em sua barriga e
um SOCO de esquerda fazendo com que ele vá ao chão.
Tempo
suficiente para Ari correr, mas acaba tropeçando e caindo. Marco tem
força e a levanta pelo braço sob seus gritos. Muita luta.
ARI (O.S / desesperada): Todos vão saber disso de qualquer maneira!
MARCO: Ninguém vai saber disso, porque você não vai estar viva para contar!
E
Marco volta com o braço acertando-lhe um soco na cara. Ouvimos
gritos e a tela bruscamente fica preta.
O LAPTOP É
FECHADO.
Dcr está horrorizado, olhos marejados,
imóvel.
MARCO: Isso é uma infame! Esse vídeo é uma armação, eu não fiz e nem disse nada disso pra ela/
QUEIROZ: E pra quem o senhor disse?
Marco fica mudo, assustado, se levanta.
MARCO: Danilo, você também foi vítima de armação/
Danilo está trêmulo, olhos vermelhos, cobre a boca sem força pra falar. E de repente sai, apressado.
QUEIROZ: Guardas, podem levá-lo!
MARCO: EU NÃO MATEI A GAROTA, DANILO!
Policiais
agarram Marco e o levam dali.
FADE
OUT
TERCEIRO ATO
FADE
IN
CENA 10 RUA DA CIDADE [TARDE]
Vários takes em Dcr, completamente transtornado, andando por todos os lados. Dcr senta na calçada, chora descontrolado, depois levanta, meio sem rumo e pega sua moto.
CORTA PARA
Vista aérea de alguns apartamentos
CENA 11 APTº 301 [EXT. / TARDE]
Um
dedo toca a campainha insistentemente.
Dcr está diante da
porta, mãos na cintura.
JOSUÉ (O.S): O Bruno não está. (Josué se aproxima com a chave) Hoje é o último dia de fisioterapia dele.
DCR: Volto depois, com licença.
JOSUÉ: Espere! Você parece muito mal. Posso ajudar?
Em Dcr já se debulhando em lágrimas.
CENA 12 APTº 301 – SALA [INT./ TARDE]
Dcr sentado no sofá. Josué oferece um copo de água, Dcr pega, nervoso.
DCR: Eu achei que eu tava preparado pra tudo, mas...
Dcr põe a mão nos olhos, contendo as lágrimas. Josué se senta ao seu lado, mostrando-se realmente compadecido.
JOSUÉ: Quer dizer que a Ari tinha uma câmera escondida? Mas...Por que isso? Como que só agora esse vídeo apareceu?
DCR: Não sei...O vídeo tava meio avariado, talvez a pessoa tenha demorado a recuperar os dados.
JOSUÉ: E quem poderia ser essa pessoa? Quem ia querer deixar uma câmera com a Ari se até então ninguém sabia que o esquema de segurança ia ser cancelado?
Dcr bebe um gole d´água, nervoso.
DCR: A pessoa sabia então...
JOSUÉ: Se sabia, por que não avisou a ninguém? Uma arma teria mais serventia do que uma câmera, você não concorda?
Dcr deixa o copo sobre a mesa e se levanta, abismado.
DCR: Onde o senhor quer chegar com isso?
Josué se levanta, faz suspense.
JOSUÉ: Que esse alguém não tinha a pretensão de salvar a sua esposa, mas sim de usá-la para ferrar com o Marco.
Dcr, chocado, não sabe o que dizer.
JOSUÉ: Você tem ideia de quem seria essa pessoa?
DCR: (mente)
Não!...Isso não é verdade...(abalado) Marco é o único assassino,
isso me basta, tá legal? Isso me basta!
E Dcr cobre
o rosto, chorando. Josué, sentido, meio sem jeito, o
abraça.
JOSUÉ: Me desculpe. Eu só...Queria
ajudar. Acho que o Bruno faz isso melhor do que eu.
Dcr se
afasta, seca o rosto.
DCR: Eu que peço desculpas. Eu nem devia ter vindo.
E Dcr abre
a porta e sai, deixando Josué frustrado.
CORTA PARA
CENA
13 MANSÃO DE CAEL – SALA [INT. / TARDE]
O corte é
feito direto num copo de uísque, onde a mão masculina pega e leva
até a boca. É Cael, bebendo tranquilamente.
Lara está
logo trás, indignada.
LARA: O Marco foi preso e você fica aí, bebendo uísque? Não vai fazer nada?
Cael se volta, sonso.
CAEL: Será que ele ainda gosta de uísque?
LARA: Seu cínico!
Cael, sorrindo, caminha pela sala e se senta no sofá, cruzando as pernas.
LARA: Você tá feliz, não tá? Com o seu irmão preso, você pode desfrutar da noiva dele. (Lara se apoia no sofá, por trás de Cael) Sempre foi assim, não é? (Cael fecha a cara) Tem que tirar alguém do caminho pra ficar com o que é dele.
CAEL: Me poupe da sua imaginação fértil. Até onde eu lembro, era ele quem fez de tudo pra tirar a Raíza de mim.
LARA: A diferença é que ele realmente se apaixonou pela garota,(T) coisa que eu nunca vi acontecer com você.
E
Lara sai, aborrecida, deixando Cael com muita raiva, até
que ele se levanta bruscamente e arremessa o copo.
O copo se
estilhaça na parede.
Em Cael bufando de ódio.
CENA 14 DELEGACIA – CELA [INT. / TARDE]
Lara
chega acompanhada de um policial.
POLICIAL #1: Dez
minutos.
Marco, desalinhado, mas mantendo a pose, segura
nas grades, preocupado.
MARCO: Mãe, trouxe o meu advogado? Eu não matei a garota, aquele vídeo é uma farsa!
Lara acaricia as mãos de Marco, sofrida.
LARA: Eu já falei com o advogado. O seu habeas corpus só sairá amanhã.
Marco bate na grade, inconformado.
LARA: Filho, eu assisti ao vídeo/
MARCO: Aquilo é uma farsa! Pura manipulação!
LARA: Você também está sendo acusado de superfaturamento na HDM e de ter mantido um cassino na Coffee Break. Fica difícil desse jeito, Marco. Não bastava só o cassino?
MARCO: Eu não estou preocupado com isso. A única coisa que me interessa agora é provar a minha inocência. Porque pagar por um crime que eu não cometi, isso eu não aceito.
LARA: Então
você confirma os outros crimes?
MARCO: Infelizmente,
eu não tenho a sorte do seu outro filho de sair impune. Mas o azar
de ser o assassino da esposa de (esnoba) um ídolo nacional, não
será meu.
LARA: Eu
não vou deixar você ser massacrado por aquela Lila.
Em
Marco, chateado.
CORTA PARA
CENA 15 CARIOCA NEWS – ESCRITÓRIO [INT. / TARDE]
Alexandre acaba de sentar, usando óculos, diante do computador. Em seguida, abaixa os óculos para olhar alguém fora da tela.
ALEXANDRE: Você se lembra de quase ter arruinado a sua carreira quando a sósia de Ariadne apareceu, não é? Uma falsa acusação contra esse Marco poderia até manchar o nosso jornal.
Lila está de pé, segura de si.
LILA: O senhor assistiu ao vídeo. É uma prova concreta, não acha? Marco não tem escapatória.
ALEXANDRE: A notícia da prisão dele vai estar em todos os jornais amanhã, mas você não precisa massacrá-lo em sua coluna. Não quer esperar pelo julgamento?
LILA: Já esperei demais. A história de Danilo tem que fechar com chave de ouro.
CORTA PARA
CENA 16 CARIOCA NEWS [INT. / TARDE]
Lila caminha com um celular na mão. Roger vem na direção contrária, esbaforido.
ROGER: Lila! Lila! Preciso urgentemente falar com você. Cê não imagina o que aconteceu/
LILA: Roger, agora não dá. (continua andando) Tenho que fechar a matéria de amanhã.
ROGER: Mas Lila...!
Os dois dão de cara com Lara, que olha tensa para ambos.
LARA (para Lila): Será que a gente pode conversar?
Em Lila, séria.
CORTE DESCONTÍNUO EM
Lara, já sentando numa cadeira. Lila está diante do computador, recosta na cadeira, toda se achando.
LARA: Eu sou a mãe de Marco e...Pra mim está sendo muito difícil vir até aqui.
LILA: Em que posso ajudar?
LARA: Eu queria saber se existe uma maneira de você não divulgar o vídeo onde supostamente meu filho mata aquela garota?
LILA: A senhora tem alguma prova que contradiga o vídeo?
Lara nada diz, chateada.
LILA: Então não existe uma maneira. Eu venho trabalhando nisso há muito tempo e, confesso que cheguei a duvidar da culpa dele. Mas essa prova não deixa dúvidas.
LARA: Danilo também foi enredado com provas que não deixavam dúvidas/
LILA: Mas que foram muito bem esclarecidas, dona Lara.
LARA: (provoca) Ou bem armadas, não? Afinal, não ficaria bem para a criadora do herói vê-lo sair como o bandido da história, não é?
Lila
se levanta, aborrecida. Lara faz o mesmo.
Alguns colegas
observam.
LILA: Se era só isso...
LARA: Quanto você quer?
Lila abre um sorriso frouxo, incrédula.
LILA: Eu não to à venda.
E Lila sai de cena deixando Lara com raiva. Aos fundos, Alexandre olha surpreso para Lara.
Vista aérea da cidade
CENA 17 APTº 301 – SALA [INT. / TARDE]
Em Raíza abraçando Bruno. Em seguida, Bruno faz o mesmo com Dcr.
BRUNO: Vocês deviam vir mais vezes.
RAÍZA: O
senhor é voto vencido por aqui.
BRUNO: Infelizmente...Mas
não se intimidem, por favor, sentem-se!
Dcr e Raíza se
sentam.
RAÍZA: Fico tão feliz por sua
recuperação, pai. Já está andando sozinho!
BRUNO: (sentando) Josué e o João têm me ajudado muito (Raíza se chateia). Acho que eles estão tentando se redimir pelo o que fizeram com você.
RAÍZA: Vão precisar de outra vida.
DCR: (desconversa) Vamos direto ao ponto? (Raíza revira os olhos) Seu Bruno, nós viemos porque precisamos de sua opinião.
BRUNO: Sobre?
Dcr vacila
um pouco, pensativo.
DCR: O senhor se lembra
de uma vez quando eu disse que havia uma suspeita de que a Rafaela
sempre soube quem matou a Ari? (Bruno faz que sim) Isso pode ser
verdade.
RAÍZA: A tal câmera que tava com a Ari foi deixada por alguém que sabia do risco dela ser assassinada naquele dia.
BRUNO: Cês tão dizendo que esse vídeo foi gravado pela Rafaela? (T)Que isso, gente! Eu conheci a garota, ela morou com a gente por um tempo...Por que ela faria uma coisa dessas?
DCR: Por vingança. Rafaela tava sendo ameaçada pelo Marco. A Valentina me contou que no dia do crime, Rafaela tava ao telefone falando da ameaça de Marco contra Ari e que aquela era a sua chance.
RAÍZA: A Rafaela podia ter ligado pro Dcr, pra polícia, feito qualquer coisa, mas/
BRUNO: Eu não posso acreditar que a Rafaela usou a Ari para incriminar o Marco. Isso...Isso é monstruoso.
DCR: A gente também não queria acreditar, mas não dá pra tapar o sol com a peneira. Infelizmente eu tenho que aceitar que ela não é mais a mesma há muito tempo.
BRUNO: Vocês teriam que prensá-la até ela confessar. Ou será que ela pretende mostrar a cara e dizer que desvendou o mistério?
RAÍZA: Isso seria confissão de culpa. Ela não ia demorar esse tempo todo pra morrer na praia.
BRUNO: Então se preparem. Porque quando todos descobrirem a verdade, a culpa vai recair em cima da primeira pessoa que divulgar o vídeo.
DCR: A Lila!
BRUNO: Não duvido que aquele Hans, que adora deturpar tudo, queira acusar Lila de cumplicidade.
Raíza fixa o olhar em Bruno, pensando em algo.
BRUNO: Ou pior! De terem encenado o crime.
No OLHAR FIXO de Raíza. Ouvimos repetidas vezes a frase “encenado o crime” até que
UM FLASH DE LUZ SE ABRE EM
CARIOCA NEWS [INT.]
Alexandre diante de Lila, seriamente.
ALEXANDRE: Sinto muito, Lila, mas não posso continuar mantendo você aqui. Eu avisei pra você ter cuidado com a sua matéria.
LILA: Alexandre, por favor! Eu fui vítima de uma armação. Todo mundo comete erros.
ALEXANDRE: O vídeo partiu de você, Lila. Todos os jornais acreditam que você armou tudo para incriminar o Marco. Infelizmente, eu não posso fazer nada. (para alguém fora da tela) Ela irá assumir o seu cargo.
Lila olha para trás onde está Rafaela, que dá um passo a frente, fingida.
RAFAELA: Obrigada, senhor. Prometo não falhar.
E encara Lila cinicamente.
FIM DA VISÃO
Raíza, absorta, como quem não quer acreditar.
RAÍZA (balbucia): Será o fim dela...
BRUNO: O que disse?
Raíza se levanta, afobada.
RAÍZA: Rápido, Dcr! A Lila não pode espalhar esse vídeo!
Dcr sem
entender, Raíza já saindo pela porta.
QUARTO
ATO
PLANO DE SEQUÊNCIAS CURTAS E RÁPIDAS:
Dcr e Raíza seguem de moto pelas RUAS.
Lila, na REDAÇÃO, digitando no computador, com um sorriso de satisfação.
Dcr faz algumas manobras com a sua moto. Ouvimos buzinas.
Tela do computador mostra a página do youtube e um vídeo que acaba de ser carregado.
Dcr e Raíza chegam na calçada da Carioca News e ambos saem da moto.
CENA 18 CARIOCA NEWS [INT. / NOITE]
Lila está saindo quando Dcr e Raíza chegam, afobados.
LILA: Danilo? Raíza?
Lila abraça Dcr, compadecida.
LILA: Eu soube que você esteve na delegacia. (Lila se afasta) Cê podia ter me chamado pra gente ir junto.
DCR: Eu não fazia ideia da surpresa que eu teria.
RAÍZA: Lila, cê já fez a matéria? Já divulgou o vídeo que condena o Marco?
LILA: (sorrindo, animada) O que você acha? Amanhã será um dia muito chato para o nosso vilão.
= = TOCANDO: Wish You Were Here – Incubus = =
Em Dcr e Raíza, frustrados.
FUSÃO PARA
CENA 19 DELEGACIA [EXT. / MANHÃ SEGUINTE]
Jornalistas e curiosos se espreitam no momento em que Marco, ao lado de um advogado e de Lara, sai da delegacia. Muitos flashes sobre ele.
CORTA PARA
UM PLANO DE SEQUÊNCIAS
Jornais estampam Marco como assassino com as seguintes manchetes:
“Caso Ari: Vídeo denuncia o autor do crime”;
“Assassino manteve um cassino clandestino, e superfaturava uma construtora”;
“Ariadne Rodrigues filmou a própria morte”
João Batista, horrorizado por algo que vê fora da tela. O vídeo do assassinato de Ari. João sai da frente do computador, olhos marejados, a expressão que denota culpa.
Mãos masculinas seguram um jornal com a foto de Marco, seu advogado e Lara, saindo da delegacia. Alexandre olha atentamente, curioso.
CENA 20 CARIOCA NEWS – ESCRITÓRIO [INT. / MANHÃ]
Alexandre ainda lê o jornal, quando ouvimos a porta abrir.
=
= Music Fade = =
Lila entra ao lado de Rafaela.
LILA: Alexandre, esta é Rafaela, a sobrevivente de que lhe falei.
Alexandre põe o jornal sobre a mesa e se levanta, cumprimentando Rafaela.
ALEXANDRE: Claro, tudo bem? A Lila já me falou de você e explicou a sua situação. Sentem-se!
Lila e Rafaela se sentam.
RAFAELA: Ela me disse que precisava de uma assistente...(vacila) Será que...Mesmo sem experiência...?
ALEXANDRE: É pra isso que estamos aqui, minha jovem. Eu gostei muito da sua história, tanto quanto a do Danilo, e confiei em Lila quando ela disse que a história desse rapaz seria muito importante para nós.
LILA: E me prometeu que se eu concluísse esse assunto em menos de 1 ano...
ALEXANDRE: (simpático)...Eu faria o que você quisesse, sim, eu lembro (Lila sorri). Então, Rafaela? Começaremos na segunda?
Rafaela se mostra animada, olha para Lila, emocionada.
RAFAELA: Na segunda.
Corte descontínuo em Roger, surpreso com a notícia.
ROGER: Na segunda?!
Rafaela
abraça Roger, que demora a corresponder.
RAFAELA: Vamos
ser colegas de trabalho!
Lila sorri para ele, disfarçando a raiva por Rafaela.
ROGER: (irônico) Nossa...Que alegria...(para Lila) E eu achando que eu seria o seu assistente...
LILA: Você já é, Roger. (T) Vocês dois.
RAFAELA: Bom, gente, preciso ir. (para Roger) Hoje eu faço a janta, tá?
ROGER: (sem vontade) Wow!
RAFAELA: Tchau!
Assim que ela se distancia, Roger e Lila ali, se encarando.
ROGER: Assistentes não são pegos de surpresa, né Lila? E geralmente têm a atenção da chefe quando eles precisam dizer algo importante.
LILA: Roger...Eu tava eufórica para finalizar essa matéria. Mas me diga: O que você queria tanto falar comigo?
ROGER: (sarcasmo / chateado) Que eu tenho que ir ao mercado; A assistente vai fazer a janta, né?
E Roger sai de cena.
LILA: Roger!(T) Roger!
Em Lila, sem graça.
CORTA PARA
CENA 21 MANSÃO DE CAEL – ESCRITÓRIO [INT. / TARDE]
O corte é feito direto no jornal da Carioca News onde Marco estampa a manchete: “Ariadne Rodrigues filmou a própria morte”. Cael segura o jornal enquanto caminha.
CAEL: Um golpe de mestre...Não podia ter sido melhor. Suponho que você não tenha citado o meu nome (ele olha para algo) Não é?
Cael contorna a mesa e a CAM mostra Rafaela, sentada.
RAFAELA: (sonsa) Como combinado.
Cael já sentando, põe o jornal sobre a mesa, sorriso cínico.
CAEL: Acho que a assistente de Lila Machado vai precisar de uma pequena ajuda...
Cael sorri, abre uma gaveta e apanha um envelope gordo. Em seguida, coloca o envelope sobre a mesa, empurrando na direção de Rafaela.
CAEL: Para começar uma nova vida.
Rafaela pega o envelope, abre, e sorri satisfeita.
CAEL: O suficiente?
RAFAELA: Merecido.
Rafaela sorrindo, maliciosa.
CORTA PARA
CENA 22 RUA DA CIDADE [TARDE]
Um carro preto, moderno, para diante de um edifício (reconhecemos ser onde Marco mora). A porta se abre, o motorista salta e abre a porta detrás, por onde sai Lara, de óculos escuros.
LARA: Não vou demorar.
O motorista faz que sim e torna a entrar no carro. Lara está prestes a entrar no prédio.
VOZ MASCULINA (O.S): Lara!
Lara se volta e retira os óculos, pasma.
LARA: Lex?
Alexandre diante dela, sorrindo.
ALEXANDRE: Eu pensei que nesta vida eu não ia mais te encontrar.
Em Lara, sem saber o que dizer.
CORTA PARA
Takes da cidade à noite, movimento de luzes e sons de carros
CENA 23 FACHADA - EDIFÍCIO [NOITE]
O prédio branco, tem detalhes cinza, azulejos cinza no rodapé, muro de grades cinza escuras, além de varandas grandes e portas de ferro.
Roger acaba de retirar as sacolas de compras do porta-malas do seu Chevette. Em seguida, fecha a porta, põe as sacolas no chão e procura nos bolsos alguma coisa. Ouvimos um barulho de chaves.
Roger suspira, Rafaela surge com as chaves e abre o portão.
RAFAELA: Não dá pra ficar de bobeira aqui, né?
Roger
sorri forçado e ambos entram.
CAM focaliza a placa de metal
acima da portaria: “Edifício Plaza II”
CENA 24 APTº 315 [EXT. / NOITE]
Tudo escuro. A porta do elevador se abre, Rafaela vem na frente com duas sacolas; Roger atrás, com o restante. A luz se acende automaticamente.
RAFAELA: Eu pensei que você estivesse chateado. Tem alguma coisa a ver com o fato d’eu ser a nova assistente de Lila?
ROGER (mente / fazendo graça): Claro que não, imagina...Quanto mais gente, melhor. Além do mais, eu não pretendo entrar numa rixa com quem vai fazer a janta, né amiga?
Rafaela meneia a cabeça, achando graça. A luz se apaga, de repente. Breu total.
RAFAELA (O.S): Droga! Ainda não me acostumei com esse tipo de lâmpada.
ROGER (O.S): Diz que é sensor de presença, mas é nessa hora que me sinto inexistente.
Ouvimos um BAQUE seguido de um gemido de dor, para logo após, um barulho de queda.
RAFAELA: Roger? Roger?
A
voz de Rafaela é abafada, podemos ouvir seu desespero em tentar
falar. Até que não ouvimos mais nada.
A luz se acende, sacolas
espalhadas e Roger estirado no chão, inconsciente.
A tela se
fecha rapidamente
FADE IN
No
rosto de Rafaela, que abre os olhos, meio tonta. Ouvimos sons de
carro, e Rafaela olha para os lados, bate a tensão.
Rafaela
está deitada no ASFALTO, com as mãos e pés amarradas com cordas.
Carros passam pelo outro lado, grande movimentação, Rafaela ali, em
pânico, até que uma forte luz de farol a ilumina. Muito suspense.
A tela se fecha no GRITO de Rafaela.
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