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PRIMEIRO ATO
FADE IN
CENA 1 ED. EM CONSTRUÇÃO [INT. / FIM DE TARDE]
SONOPLASTIA: Ouvimos um som de um coração batendo.
Um par de sapatos pretos caminha, sorrateiramente. Ouvimos vozes conhecidas.
VÍCTOR (V.O): (nervoso) Você ta com a consciência tranqüila, ta?
ARI (V.O): Víctor...
VÍCTOR (V.O): (grita, perturbado) Eu não to com a consciência tranqüila, ta bom pra você?
FADE
OUT
FADE IN
O par de sapatos continua subindo.
ARI (V.O /descontrola): Para! Para! Eu matei o seu pai, ta bom? Eu sou a assassina, eu mereço o teu ódio, ta ouvindo?
Mãos
com luvas pretas se apoiam no corrimão, e nesse momento, Víctor
está de costas, cobrindo Ari do outro lado.
Víctor a segura
pelos ombros, irritado, e a sacode.
VÍCTOR: Cala essa boca! Não era pra você dar uma de Maria Madalena arrependida, era pra você lutar contra mim, me xingar, dizer que faria tudo outra vez, ouviu bem?
FADE
OUT
FADE IN
A mão enluvada segura com afinco o pedaço de madeira.
ARI: E pra que cê quer que eu faça isso? Será mais fácil me matar, é? Não é isso que você quer. Você não é tão ruim assim, Víctor.
Víctor
a solta, põe a mão por dentro da jaqueta, saca uma arma e, tremendo
a mão, aponta para a cabeça de Ari.
Ari se amedronta.
VÍCTOR: Não cheguei até aqui pra desistir.
FIM DA SONOPLASTIA
FADE
OUT
FADE IN
Ari cobrindo a boca horrorizada olhando
para alguém fora da tela.
Víctor está desacordado no chão
com o rosto sangrando.
Ari encara o agressor, temerosa.
ARI: Como me achou aqui?
Clima de suspense até chegar em DCR, lacrimejando. Dcr solta o porrete e se aproxima de Ari.
ARI: Por que tá me olhando assim?
DCR: É pra não me esquecer do seu rosto lindo (ele acaricia seu rosto). Quero te olhar pela última vez.
ARI: Pela última vez? O que tá dizendo?
DCR: Eu cansei. Cansei de me enganar. Nós nunca vamos conseguir viver felizes, em paz.
ARI: Como assim? Do que cê tá falando?
DCR: Não basta o Marco, não basta o Víctor...Tem muita gente no nosso caminho. Um de nós vai acabar morrendo...
Ari o abraça, preocupada. Dcr nem corresponde, de olhar frio.
ARI: Não... Eu enfrento tudo por você, eu enfrento a morte se for preciso.
Dcr desfaz o abraço.
DCR: Essa é a maior prova de amor que alguém poderia me dar.
E Dcr a empurra fazendo-a cair no chão. Ari, ofegante, vai se levantando.
DCR: Prefiro que você me odeie. Será mais fácil pra gente.
ARI: Não, Dcr, não faz isso!
DCR: Vá pra igreja. É melhor você sair como a vítima do que vilã.
Dcr dá as costas, mas Ari avança, tentando abraçá-lo.
ARI (chorando): Cê só pode tá brincando!
Dcr a segura pelo ombros, muito ódio, a prensa contra a parede.
DCR: Eu não to brincando!
ARI: Pelo amor de Deus, Dcr, esse não é você.
Dcr nada diz, dá as costas. Ari insiste e o agarra novamente.
ARI: DCR! ME ESCUTA!
Dcr
se volta e lhe acerta um TAPA.
Ari reage assustada.
ARI: Dcr...Quem é você?
Dcr avança tomado por um estranho ódio.
DCR: Você vai sair agora!
Ari lhe acerta um chute por entre as pernas, corre apavorada, mas pisa em falso na barra do vestido. Ari vai ao chão, aos prantos.
Dcr a puxa pelos braços e a levanta violentamente. Muita luta, Ari resiste a todo momento, Dcr a sacode, impiedoso.
DCR: AGORA VOCÊ ACREDITA EM MIM?
ARI: ME SOLTA! ME SOLTA!
Dcr a larga subitamente, Ari grita, bate de contra o forro verde da parede e voa pra fora do prédio.
Dcr cobre as mãos, em pânico e caminha até o vão da parede.
Pelo
seu PONTO DE VISTA,
Ari estatelada no asfalto, cercada por
alguns carros. Bruno e Raíza ali.
Enquanto Bruno se aproxima, Raíza olha para o alto.
Dcr se afasta, e com medo, sai da tela.
FADE TO BLACK
ANTI-HERÓI
SEGUNDO ATO
FADE IN
CENA 2 DELEGACIA – CELA [INT. / MANHÃ]
Close num papel onde há o seguinte texto:
DCR (O.S / lendo): “Mari estava jogada no asfalto, aparentemente sem chance de sobreviver. Nilo a observava, numa altura medonha, mas logo se esquivou para não ser visto por Isa. Assustado com a ação desmedida, Nilo correu pelas escadas, saltando os degraus, olhando tudo ao redor, atormentado pelo feito.
- Eu não matei a Mari...Eu não matei... – repetia pra si mesmo, perturbado.
Nilo abriu a porta dos fundos e, de repente, seu semblante mudou; Ele estremeceu um estranho sorriso na boca, como se tivesse acabado de interpretar um papel.
- Vinny, Vinny...Na hora e no local errado.
E saiu, assim, ajeitando a gravata, com um olhar inquieto e o mesmo sorriso trêmulo.”
O papel é amassado pelas mãos de Dcr, com raiva.
DCR: A Lila tá pretendendo me vender como anti-herói, é isso?
Hans, sentado, faz a linha bom amigo.
HANS: Cê tá surpreso? A Lila vive disso. Presta atenção na coluna que ela escreve. Lila não quer sair por baixo com a sua confissão do crime.
Dcr avança sobre as grades, Hans se afasta, temeroso.
DCR: Eu não confessei nada! Aquilo foi armação.
HANS: Eu sei, amigo. Mas você não explicou até agora como isso foi armado. Você há de concordar que você foi bem enredado, né?
Dcr, inconformado. Hans faz segredo.
HANS: Se você me contar como a dona Helena conseguiu a sua (faz sinal de aspas) “confissão’, talvez eu possa te ajudar.
Dcr o encara, ar de esperto. Faz segredo também.
DCR: Como você me ajudou ao insinuar a minha culpa pela morte de Víctor Leme? Ora, Hans, você não costuma ficar do lado da verdade, né?
HANS: Talvez eu queira mudar de lado, caro amigo. E você não tem muitas opções. (ameaça) Se ninguém da imprensa quiser comprar a sua versão da história, vai ter sempre um para reforçar a única que conhecemos.
Close em Dcr, firme.
CENA 3 CARIOCA NEWS [INT. / MANHÃ]
Lila(sem o seu batom vermelho, com cabelos despenteados) revira sua mesa, abre gavetas, deixa papéis caírem no chão. Roger apanha as folhas, agitado, e dá uma lida.
ROGER: Cê vai insistir nisso mesmo, Lila? Meses trabalhando em cima da vida do Nilo pra agora você querer vendê-lo como o psicopata brasileiro?
LILA: Ele é um psicopata, Roger. Perdi todo o meu tempo nele. Agora eu entendo a obsessão que ele tinha em querer culpar o Marco; Não tem ninguém mais perfeito pro crime.
ROGER: Olha, Lila, eu sei que no início eu não aprovei muito bem essa ideia de transformar a história dele em livro, mas...Ele não pode ser um cara ruim assim. Ele salvou a minha vida.
LILA: Heróis também têm um dia ruim, Roger. Heróis não são feitos de aço.
ROGER: Não se precipite, Lila. Converse com ele antes de lançar esse livro, please.
LILA: Foi você, né?
ROGER: Eu, o quê?
LILA: Você roubou um rascunho do livro. Eu tenho backup, tá? Não adianta tentar atrasar a minha vida.
ROGER: Eu não sei de rascunho nenhum! Eu to preocupado com as coisas estranhas que andam acontecendo na cidade. (Lila vai saindo) Você sabia que uma vila inteira ficou praticamente vazia depois que muitas moradoras morreram ou foram internadas em hospícios? (Lila está longe) Lila! (suspira)
CORTA PARA
Vista aérea da Curto-Circuito
CENA 4 CURTO-CIRCUITO [INT. / MANHÃ]
Cael debruçado no balcão da chapelaria.
CAEL: Eu acho que você tem grandes chances de crescimento nessa empresa. Talvez em 1 mês você alcance o meu escritório.
Raíza surge detrás do balcão, fazendo a sedutora.
RAÍZA: Isso é assédio, chefe. (Desliza os braços pelo balcão) E eu posso te denunciar.
Raíza segura a gravata de Cael e os dois se beijam.
CAEL: Pago bem.
Os dois riem.
CAEL: Você ainda tá muito chateada pelo Marco ter saído impune daquele boicote?
Raíza sai da chapelaria, expressão indiferente, olhar malicioso.
RAÍZA: Não era pra ser, não é mesmo? (E Raíza envolve Cael em seus braços) Além do mais, é bem mais delicioso saber que a qualquer momento ele pode entrar aqui e nos flagrar falando de negócios.
Cael ri, mas com um olhar de surpresa.
CAEL: Às vezes você parece tão diferente...Tão...Ousada.
RAÍZA: (brinca) Isso pode ser ruim pro meu currículo, senhor?
Os dois se olham com desejo para logo se beijarem ardentemente. No momento em que Cael a inclina...
CORTE CASADO EM
Cael, sem camisa, deita Raíza, de sutiã preto, sobre um sofá. De costas, Cael continua beijando Raíza com mais intensidade, a cena vai se afastando e dando um plano geral no ESCRITÓRIO.
FADE OUT
FADE IN
CENA 5 CURTO-CIRCUITO [EXT. / MANHÃ]
Raíza e Cael saem da boate, sorrindo.
RAÍZA: Então eu começo amanhã?
Cael acaricia seus cabelos.
CAEL: Eu pensei que você já tivesse começado.
Os dois riem e se beijam.
RAÍZA: Vou visitar o Dcr. Não sabemos se hoje ainda sai o habeas corpus dele, não é?
CAEL: Fico preocupado com a repercussão dessa história. Danilo era visto como um herói, não sei como as pessoas vão reagir com a liberdade dele.
RAÍZA: A gente precisa encontrar uma saída. Nós dois sabemos que ele não matou ninguém. Ele tava na igreja quando soube o que aconteceu.
CAEL: É óbvio que a Helena o dopou para ele confessar algo que não fez. O problema é que não temos mais ninguém a recorrer. Helena é a única peça desse jogo. Se algo acontece com ela...
RAÍZA: (preocupada) Dcr nunca mais sairá da cadeia.
No
OLHAR FIXO de Raíza.
Ouvimos uma forte buzina, Raíza se
assusta ao ver o caminhão em sua direção, se vê no meio da
estrada, e rapidamente salta para o meio-fio, espavorida.
O
caminhão segue por uma rua familiar.
Raíza se levanta, procura
por alguém, mas Cael não está mais ali.
RAÍZA: Cael? (t) Mas aquele prédio...
Raíza avista o prédio onde Helena mora. Uma ambulância atravessa a estrada e para diante do edifício.
RAÍZA: Helena...Não, não pode ser...
Raíza corre.
CENA 6 APTº 215 – SALA [INT. / TARDE]
Quatro enfermeiros entram com uma maca, seguidos por Raíza que passa a frente de todo mundo.
ENFERMEIRO
#1: Cuidado! Disseram que ela tá louca.
Helena
está caída sobre o tapete, com o rosto virado, segurando o
telefone.
RAÍZA: Dona Helena! Dona Helena!
Pelo
seu PONTO DE VISTA, um creme da “Desejo Proibido” está no chão.
Quando Raíza vira o rosto de Helena, BAQUE. Helena está de olhos
arregalados e rosto deformado, escamando.
Raíza grita de susto,
salta pra trás, bate de contra uma mesa e quando vai cair no chão...
FIM DA VISÃO
Raíza reage assustada diante de Cael.
CAEL: O que foi? Foi algo que eu disse?
Raíza olha para os lados, tensa.
RAÍZA: Ahn...Não...Eu preciso ir. Preciso falar com o Dcr.
Raíza
dá um beijo rápido em Cael e sai apressada.
Cael observa,
abismado.
CENA 7 DELEGACIA – CELA [INT. / MANHÃ]
Valentina (vestido vermelho, justo; sapato preto de salto; cabelos soltos) vem chegando ao lado de um policial. Ouvimos assovios, homens tentam tocá-la através das grades.
VOZES MASCULINAS: Ô gostosa! – Princesa! – Delicinha!
O policial soca a carceragem com um porrete.
POLICIAL #1: Fiquem quietos aí!
Dcr se surpreende quando Valentina chega a sua cela.
O policial se afasta.
DCR: Valentina? O que faz aqui?
VALENTINA: Não parece óbvio? Vim falar contigo.
Dcr se chateia.
VALENTINA: Vim dizer que eu acredito em você. Não importa se tudo te aponta como culpado, mas você jamais mataria a Ari.
DCR: (irônico) Que ótimo. E o que isso muda para a polícia? Aliás, por que a pessoa que quase ferrou comigo tá aqui me apoiando?
Valentina segura suas mãos nas grades e chega bem perto de seu rosto.
VALENTINA: (murmura) Porque você é o único homem capaz de mexer comigo de verdade.
Ouvimos
burburinho. Alguns homens riem baixo.
Dcr, envergonhado, tenta
retirar suas mãos das grades, Valentina ainda segura firme.
VALENTINA: Por isso eu queria poder te ajudar.
DCR: (seco) Como? Cê sabe quem matou a Ari?
VALENTINA: Não exatamente, mas...
Valentina acaricia as mãos de Dcr, e ele consegue se esquivar.
VALENTINA: Tem uma coisa que eu não contei para a polícia, porque achei que ela tivesse morrido...
DCR: Ela, quem?
VALENTINA: Rafaela (surpresa em Dcr). No dia do seu casamento, Marco tava furioso, disse que quem o trai nunca poderia ter um casamento feliz.
Dcr bate nas grades, de raiva.
DCR: Maldito!
VALENTINA: Daí, quando fui ao toillete...
= = INSERT DA CENA 20 - 2X21, COM CENAS NÃO EXIBIDAS= =
COFFEE BREAK – TOILLETE [EXT. / TARDE]
Valentina vem se aproximando, quando ouvimos vozes.
RAFAELA (O.S): É o que eu to dizendo... Ari traiu a confiança do Marco (p).
Valentina espia pela fresta da porta e vê Rafaela ao celular.
RAFAELA (cont.): Não, não sei o que ela aprontou, mas ele não vai deixar barato. (ela se vira, olhar extasiado) É a minha chance.
Valentina se esconde, sem entender.
CORTA PARA
VALENTINA (V.O): Eu tentei pegar um táxi, mas não sabia bem pra onde ir. Meu celular tava sem sinal. Até que eu quase fui atropelada por um carro...
Emendando áudio com a seguinte cena:
Valentina
faz sinal para um táxi, mas nada. De costas, vai andando e acaba por
sair da calçada. Ouvimos forte buzina.
Valentina, assustada,
reconhece o motorista. É Josué.
VALENTINA: Josué! Lembra de mim? Preciso que me leve à igreja.
João está no banco do carona.
JOÃO: Pretende impedir o casamento? Entra agora!
JOSUÉ: Espere! (para Valentina) É isso mesmo que você pretende? (desconfiado) Cê tá muito nervosa.
VALENTINA: Não! O Marco é que pretende fazer isso, e acho que a Rafaela também. Cês precisam avisar o Danilo ou a polícia, não sei.
Ouvimos buzinas.
JOSUÉ: A polícia já tá avisada e cercando a Ari, ok Valentina? Boa tentativa.
E
Josué vai embora.
Em Valentina frustrada.
= = FIM DO INSERT = =
Volta na CELA
Dcr muito impressionado.
DCR: A Rafaela?...Cê acha que ela...
VALENTINA: Não sei, mas...Se eu tivesse chegado a tempo/
DCR: Ari poderia estar viva...
Dcr, abalado.
FADE OUT
TERCEIRO ATO
FADE IN
CENA 8 CASA DE CIPRIANO - SALA [INT. / MANHÃ]
Helena acaba de sentar no sofá, contorce as mãos, nervosa.
HELENA: Eu não sei mais o que faço, Cipriano. Eu devia estar radiante com a prisão do Danilo, mas esses pesadelos estão me destruindo.
Cipriano, sentado, usa roupas pretas, bem alinhado.
CIPRIANO: Talvez a sua obsessão em ficar mais bonita esteja lhe causando estresse. O médico te disse alguma coisa?
Helena se levanta, no impulso.
HELENA: Disse que eu tenho que parar! (caminha pela sala / meio aflita) Ele disse que se eu não parar de beber, em pouco tempo perderei a memória, talvez..Talvez eu morra. Dá pra acreditar nisso? (acaricia o próprio rosto, vaidosa) Logo agora que eu já tava me sentindo mais jovem com aquele produto...Imagine em um mês! Eu não posso morrer!
Cipriano observa, com sorrisinho sacana, vai se levantando.
CIPRIANO: Eu não sabia que você bebesse tanto...
HELENA: (pensativa) Na verdade não...
CIPRIANO: Mas você está mais bonita mesmo. (se aproxima, sedutor) Parece que esse “Desejo Proibido” lhe caiu muito bem.
HELENA: (obcecada) Você acha?
Cipriano apanha sobre a mesa uma taça de vinho.
CIPRIANO: Eu também acho que esse médico está exagerando (ele bebe o vinho). Um pouco de vinho não faz mal a ninguém.
Cipriano pega em sua nuca com força e sedução, Helena ali, surpresa. Até que Cipriano a beija profundamente. Helena corresponde.
Vista aérea da cidade / corta
CENA 9 APTº 305 – SALA [INT. / TARDE]
Em clima de suspense, CAM passeia pelo ambiente com paredes brancas e apenas uma delas verde; porta que dá para uma sacada; sofás pretos; mesinha branca; uma pequena estante com uma TV 26’, um porta-retrato com ROGER e LILA juntos, miniaturas de elefantes indianos e um DVD, até chegar no
QUARTO
Pequeno, todo branco, apenas uma cômoda preta e uma cama, onde Rafaela se encontra deitada, digitando no notebook. Rafaela se assusta ao olhar para a CAM.
RAFAELA: Lila? Como cê entrou aqui?
Lila (agora de batom vermelho, arrumada) a encara da porta.
LILA: (mostra as chaves) Roger é como um irmão pra mim.
CORTA
PARA
SALA
Onde Rafaela vem na frente, apressada.
RAFAELA: Eu não sei o que eu tenho a ver com isso.
Lila, atrás, a puxa com força pelo braço.
LILA: Agora você não sabe?
RAFAELA: EI! (olho no olho) Você não manda em mim, tá ok? Eu não tenho culpa se o Danilo se confessou assassino. Eu também to arrasada com essa história.
Lila ri, pasma.
LILA: Arrasada? A ideia era prender o Marco, você disse que era seguro investigar a vida do Danilo, me aproximar dele para chegar perto do Marco. Olha no que deu!
Climão. (A partir daqui descobrimos que Rafaela é a fonte secreta de Lila)
RAFAELA: (nervosa) Não surta, tá? Quando eu te procurei antes do meu acidente, eu deixei claro que o objetivo era cercar o Marco de todas as maneiras, até que eu conseguisse reunir todas as provas para prendê-lo. Mas o que foi que você fez? Tentou convencer o Danilo que o Marco podia não ser o assassino.
LILA: Uma coisa não anula outra, Rafaela.
RAFAELA: Dane-se! (baque em Lila) Se você tira o foco uma vez de cima do Marco e se afasta do Danilo, Hans, aquele seu ex-namoradinho,lembra? Vai a forra. Cê sabia que ele trabalha pro Marco?
LILA: O quê?
RAFAELA: Não, né? Se você não quiser que a sua carreira despenque ladeira abaixo, melhor fazer alguma coisa para reverter a situação do Danilo.
LILA: E eu vou fazer o quê? Inventar que ele confessou o crime de mentirinha?
RAFAELA: Te vira! Tu não transformou a vida dele em livro? Então. Tu é a dona das ideias.
E Rafaela sai de cena, deixando Lila chateada.
Takes da cidade / Vista aérea da delegacia
CENA 10 DELEGACIA – SALA DE ESPERA [INT. / TARDE]
Dcr surge desalinhado, ajeitando sua camisa, diante da advogada Cristiana (apareceu nos episódios 2x10 e 18), Roger e Raíza.
DCR: Obrigado, doutora. Não é a primeira vez que a senhora me livra de uma encrenca, não é?
CRISTIANA: Mas dessa vez eu salvei um herói.
Todos riem, mas Dcr se mostra constrangido.
DELEGADO: Não preciso dizer que você não deve se ausentar da cidade, não é?
DCR: Já conheço o esquema, seu delegado.
O delegado resmunga e sai de cena.
CRISTIANA: Vamos? Acho que o Danilo vai precisar de escolta.
Dcr faz que não entende. Raíza e Roger se entreolham, cúmplices.
CENA 11 DELEGACIA [EXT. / TARDE]
Dcr, assustado com os flashes sobre ele, é escoltado por Roger, Raíza e Cristiana para o meio de algumas pessoas.
[PESSOAS: Assassino! – Psicopata!]
Uma pedra atinge o ombro de Dcr que geme de dor. Dcr olha e vê João Batista o encarando com ódio.
Cristiana
empurra Dcr para dentro do carro. Todos entram e partem dali.
João
Batista observa.
CENA 12 LANCHONETE [INT. / TARDE]
Dcr sentado, cotovelos sobre a mesa e mãos na cabeça, aflito.
DCR: Isso é um pesadelo, só pode ser um pesadelo, meu Deus!
RAÍZA: Cê tem que provar o quanto antes que é inocente. Esse povo que idolatra herói de livro são capazes de matar caso se sintam enganados.
ROGER: (para Dcr) Imagine você que é um herói em carne e osso, né?
Dcr quase bate os braços sobre a mesa, de raiva.
DCR: Isso tudo é culpa daquela Helena. (suspira, ofegante) Eu vou matar aquela vadia...Eu vou matá-la!
E Dcr quase se levanta, mas Raíza o contém e o faz sentar de novo.
RAÍZA: Cê não vai fazer nada, Dcr! Não se esqueça que ela é a única pessoa que pode falar a verdade.
Em Dcr, incrédulo.
DCR: Ela nunca vai falar a verdade, Raíza, nunca!
ROGER: Calma, Nilo, é que a Raíza viu a dona Helena hoje e ficou bem preocupada.
Raíza olha para Roger, tenta disfarçar, emitir algum sinal para Dcr.
RAÍZA: É, Dcr...Eu a vi hoje...Ela não tava com cara de quem tava comemorando a sua prisão não.
DCR: Deve estar matutando alguma coisa...
RAÍZA: Não acho...Ela tava com a aparência péssima, uma cara meio deformada, sabe? Eu vi, você entende? (encara Dcr de maneira suspeita) Eu vi a sua tia quase morrendo.
Dcr esboça ter entendido a sua reação.
DCR: E o que mais você viu?
RAÍZA: Ela tava com um daqueles cremes da “Desejo proibido”. Me pareceu obcecada...
ROGER: Deve ter botox nessa coisa.
DCR: Roger!
Roger dá de ombros, como quem não faz nada demais.
RAÍZA: Eu to preocupada, gente. Se ela morre, Dcr fica anos na cadeia.
DCR: Tá, e o que vocês sugerem? A Lila já tá querendo me vender como anti-herói/
ROGER: Ela te disse isso?
DCR: Não, foi aquele sanguessuga do Hans que veio tentar me comprar. E o pior é que ele ameaçou acabar comigo de uma vez se eu não aceitar a ajuda dele.
ROGER: Miserável! Então foi ele... (t) Escuta, Nilo, a Lila tá possessa com tudo isso, mas no fundo, no fundo, ela quer acreditar em você.
RAÍZA: Talvez se a gente obrigasse a Helena a confessar que mentiu.
ROGER: Obrigar, como? Ameaçar matá-la? (t) Gente, é o Nilo confessando um crime naquela gravação. (vencido) Sinceramente? Isso parece coisa de novela.
Dcr olha sagaz para Roger, como a receber uma luz.
DCR: Ou de livro.
Raíza e Roger se entreolham, sem entender.
DCR: Sabe quando o ator entra na pele do personagem?
Suspense em Dcr.
Plano geral da cidade / Transição do dia para noite
CENA 13 CARIOCA NEWS – ESTACIONAMENTO [INT. / NOITE]
É
a primeira vez que o estacionamento é mostrado.
Poucos carros,
ambiente sombrio, paredes brancas, pilastras amarelas e uma porta na
lateral.
Lila vem andando, atrapalhada com a sua bolsa, uma
pasta preta e a chave do carro. Assim que destrava a porta, Roger
surge a sua frente.
LILA: Ai, Roger, que susto! Que é? Não trabalha mais aqui não, é?
Roger, mãos nos bolsos da calça, descompromissado.
ROGER: Você sabe que eu só trabalho quando você precisa de mim. E tipo, eu to de birra.
Lila faz cara feia, vai abrindo a porta, coloca as coisas no banco de trás.
LILA: Que foi? Tá querendo o quê?
ROGER: Nada, só observo. Falo nada não.
Lila fecha a porta do carro e cruza os braços.
LILA: Ah, Roger! Qual foi? É o Danilo, né? Olha eu já falei com a Ana, tá? Sabe o que ela disse? (Roger espera) Que o Danilo só tava relatando o pesadelo que ele teve no meio da rua, no dia em que a mãe morreu.
ROGER: Você quer dizer...Ele realmente sofre de efeito borboleta?
LILA: Eu quero dizer: Danilo tem um dom. Sei lá como funciona isso, mas ele irá se negar até a morte.
ROGER: Você tá me dizendo que procurou a Ana porque...(se anima, segura nos ombros de Lila) no fundo acredita nele? É isso, amiga?
LILA: Não sei. Como alguém volta ao passado que não viveu? E como vou defender uma pessoa que jamais vai querer revelar a verdade?
ROGER: Com isso não se preocupe; Nilo pensou num plano que tem muito a sua cara.
LILA: Roger, meu querido, essa Helena é mordaz. Não vai deixar barato. Cê acredita que enquanto a gente conversava, ela babava de raiva?
ROGER: Peraí? Cê entrou na toca do corvo?
LILA: Ela me recebeu muito bem. Tava disposta a contar tudo sobre o anti-herói. Mas aí ela começou a passar mal, suava muito. Ela tava bem estranha.
ROGER: Estranha?...(arregala os olhos) Meu Deus, Lila!
LILA: O que foi?
Roger entra no carro pelo lado do motorista.
ROGER: Temos que voar, no caminho te explico.
Lila ali, sem entender.
QUARTO ATO
Imagens rápidas do trânsito
CENA 14 APTº 215 – SALA [INT. / NOITE]
Helena pálida ao telefone, sentada no sofá.
HELENA: Incompetência dessa gente! Não teve ninguém pra matar o Danilo nesse protesto? (Helena treme as mãos) Danilo solto é um perigo pra mim.
Ouvimos um forte barulho, Helena se assusta ao ver Dcr, Raíza, Lila e Roger invadirem a sala.
Helena larga o telefone e se levanta, desesperada.
HELENA: Quem são vocês? (ela se atrapalha ao pegar o telefone) Eu vou chamar a polícia!
Dcr avança no telefone, com raiva.
DCR: Cê não vai chamar ninguém, sua vadia!
Helena e Dcr se engalfinham, Roger vem por trás da vilã, tentando contê-la.
HELENA: Quem mandou vocês aqui?
ROGER: Fica quieta, dona Helena! A gente veio aqui pra te ajudar.
Helena, olhando fixamente para Dcr.
HELENA: (ignora, absorta) Foi o Danilo, não foi? Ele vai me matar, ele quer me matar!
DCR: Para com a brincadeira! Eu não sou o moleque que a senhora pensava.
Roger
segura Helena com força.
Lila e Raíza, preocupadas.
RAÍZA: Dcr...Ela não tá brincando...
Dcr para de lutar com a tia, chocado. Helena está trêmula, com o rosto suado, uma expressão de louca.
HELENA: Ele vai me matar...Me ajuda...Eu to morrendo...
E Helena perde as forças sobre os braços de Roger.
CENA
15 FACHADA - HOSPITAL CENTRAL [NOITE]
Corta para o
interior do hospital - CTI
Helena está deitada, medicada com soro. Ela vai acordando lentamente.
HELENA: (susto) O que vocês tão fazendo aqui?!
Helena tenta se levantar, mas percebe o tubo de soro.
HELENA: Por que eu to aqui?
Dcr e Raíza a olham, fingindo compaixão.
RAÍZA: A senhora não se lembra de nada?
DCR: Se não fosse a gente chegar, a senhora teria morrido.
Helena se agita, nervosa.
HELENA: Mentira...Cês não iam me ajudar. Me tirem daqui...Me tirem daqui!
Raíza tapa a boca de Helena.
RAÍZA: (falsa bondade) Calma, dona Helena. Segundo os médicos, a senhora sofreu uma forte alergia e anda sofrendo de constantes perdas de memórias, né...?
Raíza encara Dcr, fazem suspense.
Helena tira a mão de Raíza sobre a sua boca.
HELENA (medo): E daí? Eu nunca tive memória brilhante mesmo.
DCR: Acontece que a sua saúde está comprometida.
HELENA (assustada): Eu vou morrer? É isso?
RAÍZA: (toca o terror) Não é bem essa palavra que eles usam não...
DCR: Eles dizem que a senhora pode durar 1 mês, 3 meses, 1 ano...
RAÍZA: Mas que se a senhora parar de beber...
HELENA: Cês por acaso ensaiaram para rir da minha cara, é isso? Eu to morrendo, e vocês debocham disso, né?
DCR: Eu to disposto a te ajudar, tia. A senhora seria capaz de qualquer coisa para se salvar da morte?
Helena olha para ambos, na dúvida.
DCR: (faz segredo) Eu conheço um antídoto capaz de curar qualquer doença.
HELENA (receosa): Antídoto? Cê tá me tirando, garoto?
DCR: Nunca se perguntou por que eu sempre escapo da morte, tia?
HELENA: O que você vai querer em troca?
Dcr e Raíza sorriem, sagazes.
Takes da cidade / Transição da noite para o dia
CENA 16 DELEGACIA [INT. / MANHÃ]
Ouvimos telefones tocando, muito burburinho. Corta para
Um gravador sobre a mesa.
GRAVADOR: “DCR: [...]Eu tava com luvas pretas e segurando um pedaço de madeira com tanta vontade [...] Víctor já tava no chão...Ari de vestido de noiva...
ANA: E depois?
DCR: Eu a matei.
Ouvimos um suspiro, como um lamento.
ANA: Meu
Deus...É assim que você estará no próximo livro de Lila? A versão
anti-heroica do Nilo?”
Queiroz desliga
o gravador.
QUEIROZ: Então essa era a
confissão de Danilo Rodrigues?
Helena está sentada, olhar inquieto, mexe as mãos o tempo inteiro. Dcr, Raíza e Lila assistem à confissão.
QUEIROZ (cont.): Um personagem dele no próximo livro de Lila Machado? (olha para o escrivão) Anotou tudo?
O escrivão faz que sim.
Raíza toca no ombro de Helena, apertando.
RAÍZA: Ela tem outra coisa pra dizer, senhor delegado.
Helena, apreensiva.
QUEIROZ: To esperando.
HELENA: Eu matei a Soraya. (contorce as mãos, olhar vago) Eu tinha que matá-la, entende? Ela ia me entregar. Aceitava qualquer coisa por merreca. (pausa / encara o delegado) Eu vou ser presa agora?
Queiroz dá uma olhada para todos na sala, desconfiado.
QUEIROZ: Não. Precisamos de um mandado, mas a senhora pode relatar como tudo aconteceu.
Dcr esboça satisfação para Raíza e Lila.
CENA 17 FACHADA – EDIFÍCIO ONDE MORA HELENA [TARDE]
Corta para o interior do APTº 215 – sala
Helena
anda de um lado e de outro, mexendo as mãos, suando a testa. Raíza,
sentada à vontade no sofá, observa com um sorriso discreto.
Helena
se anima ao ver alguém fora da tela.
HELENA: E então? O Antídoto era verdade, né?
Dcr surge, fazendo suspense.
DCR: A senhora cumpriu com o seu acordo. (e ele mostra uma ampola com líquido transparente) Eu cumpro o meu.
Helena avança, pega a ampola e toma num gole só.
HELENA: (estranha) Mas isso parece...
DCR: Vodka? (irônico) Oh, esqueci que a senhora não pode colocar uma gota de álcool na boca.
HELENA: Cê não fez isso comigo?
RAÍZA: Ah, ele fez sim.
HELENA: Seu desgraçado!
E Helena joga a ampola no chão e começa a quebrar tudo que vê a sua volta. Apanha um vaso e o arremessa contra Dcr que se esquiva rapidamente. Raíza se levanta, e vai se afastando, com medo.
HELENA: EU NÃO VOU MORRER! EU NÃO VOU MORRER!
E gritando, surtada, Helena segura os cabelos com força, corre em direção a janela e se joga.
VÁRIOS TAKES
Para a janela, até mostrar Helena caída na calçada.
FADE OUT
FADE IN
CENA 18 EDIFÍCIO [EXT. / TARDE]
Helena numa maca, de camisa de força, se debate alucinada.
HELENA: Me dá o antídoto! Ele vai me curar...A cura...Alguém...
Enfermeiros
a colocam dentro da ambulância.
Dcr e Raíza observam a cena.
RAÍZA: Acha que isso pode prejudicar o depoimento dela?
Dcr dá de ombros.
DCR: Ela tava sã quando depôs.
RAÍZA: Foi uma jogada de mestre ter regravado suas falas com a Ana. Ainda bem que a Lila tinha acesso a gravação original.
DCR: Perfeito, não?
Silêncio.
RAÍZA: Como se sente depois ter feito com a Helena o que ela fez com o seu pai?
DCR: Meu pai não merecia.
Raíza meneia a cabeça, consentindo.
RAÍZA: Você teria deixado ela morrer se não dependesse do depoimento dela?
DCR: Eu só soube porque você previu o futuro.
Dcr sorri, Raíza olha a ambulância tomar distância.
DCR: Aliás, fico feliz que você tenha voltado a prever o futuro. Podemos unir nossas habilidades e conquistar o mundo.
Os dois riem.
RAÍZA (pensativa): É, mas...Tem uma coisa que eu não entendi: Na minha visão, a ambulância chegava antes de mim.
DCR: Chegava tarde, inclusive.
RAÍZA: Então quem teria chamado a ambulância? Quem adiantou que ela tava louca?
Dcr esboça dúvida.
Ângulo alto da cidade / Transição para noite
CENA 19 EDIFÍCIO - ELEVADOR [INT. / NOITE]
João,
de camisa social branca e calça preta, brinca com o molho de chaves,
enquanto o elevador sobe.
Assim que para, João abre a porta,
caminha distraído pelo
CORREDOR
Escuro, total breu. De repente, a luz se acende e Dcr está encostado à porta da saída de emergência. João quase salta de susto.
JOÃO: Cê tá maluco, cara?! Quer me matar do coração?
DCR: Você podia ter me matado com aquela pedrada de ontem.
JOÃO (se refaz do susto / sarcástico): Veio reclamar da pedra? O que é? Desconjuntou sua armadura de aço?
Dcr se aproxima, mas João se mantém firme, muito superior.
DCR: Eu só vim perguntar se é verdade que no dia do meu casamento, a Valentina quis pegar carona com você e o seu tio?
João solta um riso frouxo, nervoso.
JOÃO: Valentina? Faz tempo que não vejo aquela bisca.
DCR: Ela disse que tinha algo importante pra me contar, mas vocês não quiseram dar carona. Por quê?
JOÃO: Você acreditou nela? (tenta abrir a porta) Faz-me rir.
Dcr segura em seu braço.
DCR: A Ari podia estar viva, sabia?
João desvia o braço de forma bruta.
JOÃO (irritado): Não! A Ari podia estar viva se ela estivesse comigo! Você se meteu com bandido, quis dar uma de justiceiro, e quem pagou o pato?
Clima.
JOÃO: Por mim você mofava na cadeia, porque você é tão culpado quanto o assassino.
E
João abre a porta e entra, batendo-a na cara de Dcr.
Este,
frustrado, faz que vai embora, quando dá de cara com Josué.
DCR: Own! Josué...
JOSUÉ: Eu sinto muito.
DCR: Tudo bem. Eu já tava indo.
Dcr aperta o botão do elevador.
JOSUÉ: Eu sinto muito não ter te falado antes...
DCR: Não entendi.
JOSUÉ: A Valentina nos procurou naquele dia. (Dcr fecha a cara) Me perdoe...Eu achei que ela quisesse bagunçar o seu casamento.
Dcr lacrimeja, não acreditando.
DCR: A Valentina era o menor dos meus problemas, Josué.
JOSUÉ: Mas quando ela disse que o Marco ou a Rafaela pretendiam acabar com o casório, eu duvidei. Eu não imaginei que o esquema da polícia ia falhar/
Dcr soca a parede de raiva, quase chorando.
DCR: Não era eu que precisava de anjo da guarda; era ela.
= = TOCANDO: Breathe – Anna Nalick = =
E
Dcr entra no elevador.
Fecha em Josué, sentido.
CENAS FINAIS
CENA 20 CARIOCA NEWS [INT. / MANHÃ]
Close na tela do computador com uma página de e-mail aberta. “Eu tinha certeza que você daria o seu jeito, minha amiga. Palmas para o seu novo livro.”
Close no destinatário: “Dirce”.
CAM se afasta e mostra Lila que acaba de ler a mensagem, insatisfeita.
FUSÃO PARA
CENA 21 NOVO DIA [INT. / MANHÃ]
Outra tela de computador com a matéria de capa da Carioca News: “Danilo Rodrigues não é o assassino!”
Mãos
masculinas apertam um lápis até quebrar.
Hans está possesso
de raiva.
FUSÃO PARA
CENA 22 APTº 215 - SALA [INT. / TARDE]
Raíza coloca as luvas de látex e tira um telefone do gancho. Raíza aperta o “redial” e ouvimos a chamada.
CIPRIANO: Alô? (t) Alô?
Raíza desliga, surpresa.
FUSÃO PARA
CENA 23 APTº 3011 – QUARTO [INT. / NOITE]
Mãos femininas ajeitam uma microcâmera na camisa preta social. Rafaela acaba de abotoá-la e se exibe para alguém. Tony faz a negativa, como quem desaprova.
FUSÃO PARA
CENA 24 CURTO-CIRCUITO [INT. / NOITE]
CASA NOTURNA lotada, Cael espia o relógio. Raíza aparece na porta, com vestido preto cheio de brilho, acena. Cael sorri, aliviado.
FUSÃO PARA
CENA 25 CLÍNICA NOVO HORIZONTE – QUARTO [INT. / NOITE]
Mãos
femininas esfregam nos joelhos o tempo inteiro. É Helena, aérea.
Uma mão masculina mostra dois comprimidos que Helena pega e engole
vorazmente.
Erom sorri, maquiavélico.
FUSÃO PARA
CENA 26 PRAIA [NOITE]
Dcr
está sentado à beira de uma ponte, diante da praia. Logo atrás,
sua moto. Dcr segura o choro, pensativo, enquanto um carro estaciona
por ali. Lila sai do carro, se contorcendo de frio e senta ao seu
lado.
MUSIC FADE
DCR: Eu queria ficar sozinho.
LILA: Já te deixei sozinho uma vez, e me arrependi.
Dcr a encara, sem ter o que dizer.
LILA: Ainda tá chateado comigo?
DCR: Eu to chateado com a vida. (t)Já sentiu vontade de desistir de tudo?
Lila pensa um pouco.
LILA: Já. (t) Eu quase desisti de você.
DCR: Lila, isso aqui não é o muro das lamentações, tá? Quem tá mal aqui sou eu. Quem passou meses se sentindo culpado pela morte da minha esposa fui eu; Quem quase se ferrou por falar demais, fui eu.
LILA: E quem tá se lamentando agora é você.
Dcr torna a olhar para o mar, incomodado.
LILA: Eu sei que você não vai desistir de nada.
As
mãos de Lila tocam as de Dcr.
Dcr e Lila se olham, muito
próximos.
LILA: Porque eu não vou deixar.
Olho no olho. E finalmente os dois se beijam.
= = TOCANDO: Breathe – Anna Nalick = =
CAM
vai se afastando
E mostra Valentina ao fundo, espiando por trás
de uma árvore. Desiludida, ela vai embora.
Dcr
e Lila aos beijos, até ganhar distância.
No céu estrelado.
FADE TO BLACK
A música termina nos créditos
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