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PRIMEIRO ATO
FADE IN
= = Flash-Forward = =
CENA 1 CASA DESCONHECIDA [INT. / NOITE]
O
episódio já começa numa cena de luta. Raíza pega uma muleta do
chão e se volta furiosa, avançando em Ari.
As duas se atracam,
rolam pelo chão, a muleta desliza. Ari ganha vantagem, saca um
canivete do bolso da calça e avança em Raíza, disposta a dar o
golpe fatal. Mas Ari acaba recebendo uma pancada na nuca.
Ari apaga no chão.
Um homem segura uma muleta e, em clima de suspense, CAM sobe e nos mostra Dcr, firme, como quem acabou de tomar coragem.
Forte
Suspense
FADE TO BLACK
= = Fim do Flash-Forward = =
FADE IN
CENA 2 LIVRARIA [INT. / NOITE]
Legenda: Algumas horas antes
Um
ambiente plano, algumas estandes de livros, muito movimento, autores
dando autógrafos.
Lila, Roger, Dcr e Raíza caminham entre as
pessoas. Lila está lindamente de vestido verde escuro, cabelos
soltos, segura uma carteira preta brilhante; Já Raíza, cabelos
curtos, um par de brincos longos combinando com o seu vestido preto,
está de braços dados com Dcr.
LILA: Os livros desse Allan Dick vendem que nem água, todos esperando que suas histórias se realizem.
ROGER: É, uma vez ele escreveu um romance em que um astro da música pop morria. (Roger mostra o braço) Fico arrepiado até hoje.
DCR: Se esse Allan sabe que tudo se realiza, por que então ele escreve?
LILA: Fama, grana, sucesso. Não é todo dia que alguém conta os fatos antes que eles aconteçam.
ROGER: Pra mim ele é um bruxo sádico. Ele prevê o futuro, escreve a história, mas deixa que o outro advinha o que ele quis dizer com aquilo. Cada um com o seu dom, né Nilo? (joga charme pra Raíza) Cê não acha, Raíza?
Raíza, um certo ar de malícia, disfarça um sorriso.
DCR: E agora ele é mais um a tomar conta da minha vida. (Lila entreolha Roger) Vocês não estão aqui por mim, mas pelo o que eu represento em seus bolsos.
Roger toca o ombro de Dcr de forma amigável.
ROGER: Não diz isso, cara! A gente gosta de você de verdade (olha para Lila) não é? (Lila nada diz) Você vai entender que tudo que fazemos é pra te ajudar.
DCR: Não entendo como me enganar e me expor poderiam me ajudar.
E
Dcr se dirige a uma mesa. Lila cutuca Roger como a chamar sua
atenção.
Um homem loiro, de 29 anos, cabelos na altura dos
ombros, está sentado, acabando de autografar um livro. Ele assina
como Allan Dick.
ALLAN: (sem olhar para CAM) Qual seu nome?
DCR(O.S): Danilo.
Allan termina de assinar e entrega para a CAM.
ALLAN: Danilo Rodrigues? (sonso) Mas que honra ter a minha inspiração em minha noite de autógrafos. Lila, Roger...Que prazer!
Lila
e Roger se mantém sérios.
Allan sorri, insatisfeito.
DCR: Eu vim conhecer o cara que anda tornando a minha vida mais agitada.
Lila
encara Allan com certa empáfia.
Allan só observa.
CORTA PARA
CENA 3 CAFETERIA – LIVRARIA [INT. / NOITE]
Dcr está sentado ao lado de Roger. Lila em pé, encostada numa janela enorme, ao lado de Raíza. Allan surge com uma xícara de café.
ALLAN: Quando eu percebi que tudo que eu escrevia se tornava realidade (Allan se senta) eu me dei conta de que eu podia tornar o destino das pessoas mais fantástico. (sarcástico) E não é o sonho de todo escritor mudar o mundo?
DCR: E por que você não muda o seu mundo, fica milionário e dar o ar da sua graça do outro lado da fronteira?
Allan ri, debochado.
ALLAN: Autobiografia não dá dinheiro quando não se é famoso.
DCR: Mas deixa a minha vida em paz. Quero a minha liberdade de volta, poder sair na rua sem que o pão que eu comprar na padaria vire motivo pra vocês ganharem dinheiro. Eu não sou esse herói que a Lila escreveu, mas também não sou o seu anti-herói.
ALLAN: (desafia) Então quem você é? (clima) Quem é o cara cuja história fascinou uma das jornalistas mais famosas do Rio de Janeiro? (encara Lila) Seria a vítima perfeita de qualquer ficção? Ou o vilão adorado, que se arrepende de seus atos?
ROGER: (se exalta / aponta o dedo na mesa) EI! O Nilo não é um vilão! Ele é a vítima dessa história!
ALLAN: E o que se espera de uma vítima depois de todo o sofrimento? (p) Que ele dê a volta por cima, não é verdade? Só que até isso acontecer, o mocinho mostrará o seu lado vilão, sofrerá a queda, para só então buscar a redenção. Eis a trajetória do mocinho de uma boa história.
RAÍZA: Parece que você segue a mesma cartilha na vida real, não é? (Sorri prepotente) O seu primeiro livro contava a história do escritor mal amado que perdeu sua namorada num trágico acidente de carro que a fez virar uma tocha humana (Dcr se mostra surpreso). A raiva da sua precisão dos fatos o transformou num vilão, acertei?
Roger
disfarça um sorriso.
Allan segura o ódio, mas se mostra firme
em seguida.
ALLAN: Fazer uma descoberta é sempre dolorosa, Raíza. E eu tenho certeza de que você me entende, afinal, passar meses num hospício deve ter feito você descobrir o seu lado mais...Ousado, acertei?
Raíza encara Allan com um sorrisinho falso.
LILA: (sarcasmo) Ok, ok. Se você tem um dom, que tal usar para acabar com a corrupção no Brasil e com a violência? Acho mais digno.
ALLAN: (cínico)Ah Lila, eu até consigo te ver com um dom, escrevendo com apelo social para salvar o mundo. Só que não! (ri, com jeito sedutor) Não vim trazer a paz, minha cara, e sim a espada. Um mundo sem crueldade, é um mundo sem literatura.
Dcr se levanta, exaltado.
DCR: To perdendo o meu tempo aqui. Você é um vidente charlatão. Qualquer pessoa imagina que um ex-presidiário que encontra uma prova do crime, acaba morto. Isso é puro clichê!
ALLAN: Pena que só você não pensou nisso, né? Senão teria cuidado da segurança dele.
DCR: (furioso / pega no colarinho de Allan) Como é que é?
Roger se levanta e segura o braço de Dcr, tentando apartar. Algumas pessoas notam o movimento.
ROGER: Nilo, aqui não!
DCR: (se solta de Roger) Eu não tenho culpa se você se sente culpado pela morte de sua namorada (Allan, sentido, encara Dcr). Você não determina a história de ninguém, porque você não é Deus, entendeu?
Allan nada diz, pega o livro sobre a mesa deixado por Dcr e folheia. Ninguém entende seu súbito silêncio.
ALLAN: (lendo) “E então, atormentado pela lembrança da minha amada esposa, senti um calafrio, um calafrio que só lembro de ter sentido duas vezes na minha vida; Quando percebi que perderia a minha amada para a morte, e quando achei que morreria naquele trágico acidente. (Allan observa os olhares atentos / Raíza está séria como a pressentir algo) Olhei para trás e, surpreso, achei que tinha ficado louco; Minha amada Mariana esperava um abraço meu. Não era delírio; Ela sempre esteve viva!”
E
Allan fecha o livro, sério.
Todos estão pasmos.
Dcr
lacrimeja, numa mistura de emoção e raiva.
DCR: Você é louco...(Dcr arranca o livro das mãos de Allan) Você é louco!
E Dcr joga o livro no chão e sai de cena. Raíza vai atrás.
LILA: Agora você passou dos limites, Allan.
Lila
e Roger vão embora.
Allan encara a cena, franze as
sobrancelhas, expressão sagaz.
CORTA PARA
CENA 4 EDIFÍCIO [EXT. / NOITE]
A moto para na calçada. Raíza desce, retira o capacete e ajeita o cabelo. Dcr retira o capacete, cansado, e também desce.
RAÍZA: Eu disse pra você que não ia adiantar nada. Aquele Allan deve ter vindo da mesma escola do Marco.
Dcr está quieto, pensativo.
RAÍZA: O que foi? Você não tá achando que/
DCR: E se fosse possível...? Quero dizer/
RAÍZA: Você a viu morrer, Dcr. Qual a dúvida?
Dcr pensa um pouco.
DCR: Você se lembra que eu não acompanhei o corpo no necrotério, né? Eu pedi que a minha tia fizesse isso e deixasse o caixão fechado. Eu não queria que o Marco a contemplasse morta.
Raíza toca seus ombros, tentando consolá-lo.
RAÍZA: Dcr...Do jeito que ela se foi, como acha que ela poderia voltar?
Dcr
se mostra mais convencido. Ouvimos um carro estacionar.
Dcr e
Raíza olham para a cena.
Corta para o taxista dando a volta e abrindo a porta do carro. Um par de pernas femininas saem do carro, o taxista ajuda com uma muleta.
Dcr encara, tenso.
[Efeito câmera lenta]
A
mulher, de cabelos longos aloirados cobrindo parte do rosto, se
equilibra na muleta.
Close em Dcr, cada vez mais tenso.
A
mulher vira o rosto revelando ser ARI, que logo abre o sorriso,
emocionada.
[Fim do efeito câmera lenta]
ARI: Danilo!
Ari tenta andar rápido com a muleta e cai sobre Dcr, que está paralisado. Ari o abraça fortemente.
ARI: Danilo...Me perdoa (chora) Me perdoa por tudo, por favor...
Raíza
só observa, incrédula.
Fecha em Dcr, chocado.
A IMPOSTORA
SEGUNDO ATO
FADE IN
CENA 5 EDIFÍCIO [INT. / NOITE]
Mãos femininas, trêmulas, com unhas bem feitas, seguram um copo de água. Ari está cabisbaixa, sofrida.
ARI: Eu lembro de ter acordado na escuridão e de ter escutado um homem, de sotaque estrangeiro, dizendo que eu não podia ter uma morte pior do que aquela.
Dcr ouve atento, ainda em estado de choque.
Raíza ao fundo, observando tudo.
ARI (continua): Eu tive medo de ser enterrada viva (engole o choro), mas não podia deixar aquele cara saber que eu não tinha morrido. Ele ia acabar comigo, com você, com quem fosse.
DCR: Mas você tava muito debilitada. Quem te ajudou? Como você saiu daquele hospital?
ARI: Um enfermeiro me ajudou, mesmo com medo de encrenca com a polícia. A sorte é que uma mulher havia morrido no mesmo dia, então ele fez a troca, me transferindo para outro andar, onde nenhum médico ou funcionário tivesse me visto. Depois ele me levou pra casa dele...(derrama lágrimas) Eu soube do seu acidente, e não podia fazer nada (chora copiosamente).
Dcr a abraça fortemente.
DCR: Agora tá tudo bem, Ari. Tá tudo bem.
RAÍZA: O bom é que agora podemos prender o seu assassino, né Ari?
Ari desfaz o abraço, séria, semblante inquieto.
DCR: É verdade, Ari. Você contou o que aconteceu depois, mas não o que aconteceu antes. Quem tentou te matar?
ARI: Eu queria muito, mas não consigo me lembrar...Recuperei a visão, os movimentos das pernas, mas...Só consigo lembrar do Víctor me ameaçando.
DCR (ódio / para Raíza): E quem mais com sotaque estrangeiro teria o sadismo de contemplá-la morta?
Raíza
faz que sim, olhando desconfiada para Ari.
Ari retribui o olhar,
mas logo abaixa a cabeça.
FADE
OUT
FADE IN
CENA 6 FACHADA - REDAÇÃO CARIOCA NEWS [MANHÃ]
Algumas
pessoas entrando e outras saindo.
Corta para o interior da
REDAÇÃO
Movimentação típica, barulho de computador, pessoas
conversando. Roger vem apressado e bate no computador diante de uma
Lila concentrada.
ROGER: Lila, acessa rapidinho seu Face. Você vai ter um troço!
LILA: (sem tirar os olhos da tela) De 0 a 10, qual o grau de importância nisso? Cê mudou o seu status de solteiro para desesperado?
ROGER: É sério, Lila, é do seu interesse, tipo grau 11.
Lila dá uma espiada na cara de afoito de Roger, e então se dá por vencida. Após alguns cliques, Lila paralisa.
LILA: Não pode ser...
POV de Lila olhando para o seu perfil na rede social onde há uma foto de Ari e Dcr abraçados na noite anterior. O post é de uma fã chamada ALINE e traz a seguinte legenda: “Allan Dick devia escrever a volta de Michael Jackson também!”
VOLTA em Lila, atônita.
LILA: Isso não existe, gente, não existe!
ROGER: Ah, existe sim viu. E é bom a gente correr antes que o abutre do Hans consiga uma exclusiva com a ressuscitada Ari. (saindo) Te encontro na Coffee Break, ok?
Em Lila, perplexa.
CORTA PARA
CENA 7 APTº 301 [INT. / MANHÃ]
Em
João Batista chocado ao ver alguma coisa no computador.
Um
livro de Allan Dick sobre a mesa é pego por João, que folheia
imediatamente, parando em uma página.
JOÃO: Não acredito...
Josué aparece da porta.
JOSUÉ: Não acredita em quê?
João se assusta e fecha o livro.
JOÃO: Ahn, eu...Eu tava vendo umas mensagens e...Compartilharam essa foto.
Josué se aproximando.
JOSUÉ: Qual é a bobagem de hoje?
POV de Josué vendo a foto de Ari e Dcr juntos.
VOLTA em Josué, sem entender.
JOSUÉ: A Ari tá viva? Que brincadeira é essa?
JOÃO: Allan Dick não costuma brincar quando escreve seus livros.
Josué dá uma olhada no livro, meio confuso.
CORTA PARA
CENA 8 APTº 3011 [EXT. / MANHÃ]
A porta é aberta, Raíza sorri. Roger está suspirando com a cabeça encostada ao batente da porta.
ROGER: Feliz em me rever, Raizinha?
Raíza abre passagem.
RAÍZA: Oi Roger. O Dcr tá esperando.
Corta para o INT. do APTº.
Raíza
fecha a porta.
Roger se depara com Ari e Dcr sentados no sofá.
ROGER: Chocado. Eu pensei que isso só acontecesse em The Walking Dead.
Ari ignora. Dcr encara Roger.
ROGER: Ahn, desculpe, não resisti. (Roger estende a mão para Ari) Muito prazer. Meu nome é Ribeiro...Roger Ribeiro. Sabia que o seu marido salvou a minha vida?
Dcr faz cara de tédio.
ARI: (corresponde) Ele realmente é um herói.
DCR: Não liga, Ari; Ele diz isso pra cada pessoa que ele conhece. Vamos ao que interessa?
ROGER: To ansioso pra saber (cantarola) Que queres tu de mim? (sorri descarado)
Dcr sorri forçado, enquanto Ari segura o riso.
CORTA PARA
CENA 9 COFFEE BREAK – ESCRITÓRIO [INT. / MANHÃ]
Valentina,
de vestido preto, entra segurando um laptop aberto.
Marco,
sentado, digita alguma coisa em seu computador.
MARCO: Caso não se lembre, gosto que bata na porta antes de entrar.
VALENTINA: Duvido que você terá cabeça pra formalidade depois de ver essa foto.
E Valentina afasta alguns objetos na mesa e coloca o laptop.
VALENTINA: Parece que duas amigas suas resolveram ressurgir.
POV de Marco vendo a foto de Ari e Dcr no Facebook seguido de vários comentários. Close na imagem de Raíza ao lado de Dcr.
VOLTA em Marco, chateado
MARCO: Isso é brincadeira, não é?
VALENTINA: (sarcasmo) Qual delas? A Ari voltar dos mortos ou a Raíza tá morando no apê do Danilo?
MARCO: Você está a essa hora de fofoca no facebook.
Marco fecha o laptop e se levanta.
VALENTINA: Marco, tão dizendo que quando Allan Dick escreve alguma coisa, é batata! A Ari pode ter voltado mesmo!
MARCO: (desdenha) Quem é Allan Dick? Um sujeito que realiza os desejos dos outros, mas nunca os próprios? Querida, mortos não voltam. E se esse Allan Dick fosse bom ele estaria mais rico do que eu.
Marco saindo, Valentina atrás.
VALENTINA: Ok, Marco, mas...
Corta para o EXT.
VALENTINA: (continua) ...Se a Ari estivesse viva mesmo? O que você faria?
Marco olha o relógio de pulso e se volta.
MARCO: (suspira sonso) Bem, eu a convidaria a tomar um uísque, conversaria sobre o tempo que ela passou no inferno, tentaria reestreitar relações. Sinceramente, Valentina? Você fica patética quando cria hipóteses.
Valentina revira os olhos, chateada.
VALENTINA: E quanto à Raíza?
Marco dando as costas.
MARCO: Um uísque duplo.
Valentina sorri sem acreditar.
CORTA PARA
CENA 10 COFFEE BREAK [EXT. / MANHÃ]
Roger e Ari saindo de um carro. Ari olha para o Café com certa estranheza.
ROGER: Vamos entrar?
Ari dá as costas para a Coffee Break, apreensiva.
ARI: Não sabia que a gente vinha pra cá.
ROGER: Faz parte do plano. Entenda isso como aquela brincadeira do Liga os Pontos, sacas? Uma coisa leva a outra.
ARI: Eu não sei se vou conseguir...
A CAM mostra Ari com a porta do Café aos fundos. Marco sai e sorri cínico ao ver Roger.
MARCO: A imprensa tão cedo por aqui?
Close na expressão de Ari ao ouvir aquele sotaque.
MARCO: (continua) Onde está aquela sua amiga, a...(finge) Leila Machado, não é?
Ari se volta, Marco desmonta, surpreso.
MARCO: O que é isso?
Ari olha com ódio, treme os lábios querendo chorar, quase o fulmina.
ARI: Seu monstro...(lacrimeja) Cê quase acabou comigo, seu monstro...
Ari recua, medrosa.
ARI: (para Roger) Me leva daqui, ele vai tentar de novo, ele vai me matar...
A cena chama a atenção de algumas pessoas.
MARCO: O que ela está dizendo? Essa garota é uma farsa!
ROGER: Vamos, Ari, acho que já conseguimos o que queríamos.
Roger vai abrindo a porta do carro.
MARCO: Me enganar? Isso é ridículo! A Ari está morta e enterrada.
Em uma jogada rápida, Ari puxa da cintura um canivete e avança em Marco ferindo-o na mão. Marco reclama de dor.
ROGER: Ari! Cê não podia ter feito isso!
Ari, encarando Marco.
ARI: Ele é que não podia ter feito um trabalho tão sujo.
Lila surge, apressada.
LILA: Roger, leva a Ari daqui (olhando para Ari, ainda surpresa). Eu falo com o Marco.
Corta
para o INT.
Onde Valentina, assustada, acaba de assistir à
cena.
CORTA PARA
CENA 11 COFFEE BREAK [INT. / MANHÃ]
Um copo de uísque é colocado sobre a mesa diante de Marco. Lila acaba de servir, e ao fundo, Valentina finge limpar o balcão. Há alguns clientes no Café.
LILA: Um uísque duplo pra acalmar os ânimos.
Marco olha desconfiado, pega o copo com a mão enfaixada.
MARCO: Obrigado. Não sabia que além de jornalista você também é uma exímia enfermeira.
Lila se senta.
LILA: Não desmereça a sua funcionária (ambos olham para Valentina, que disfarça). Eu apenas fiz uma coparticipação.
Marco toma um gole do uísque.
MARCO: Eu imagino que a sua coparticipação não foi pelos meus olhos, não é? Deve estar pensando na matéria de amanhã com a minha foto estampada mais uma vez na sua coluna.
LILA: (irônica) Ah, eu espero que você não tenha ficado chateado; Eu tava apenas fazendo o meu trabalho.
MARCO: (irônico) Imagina, querida, eu apenas não gostei do ângulo em que saí (sorri forçado).
LILA: Pode deixar que a próxima será bem caprichada (sorri forçada). Só não garanto que a matéria será sutil como a anterior.
MARCO: Eu não posso impedir que você leve adiante essa acusação infundada, mas espero que você investigue essa história direito. Odiaria processar mulheres tão bonitas.
LILA: Sendo assim, poderia explicar o porquê de Ari te acusar de tentativa de homicídio, se você, segundo seu depoimento na polícia, estava no meio de um engarrafamento na avenida das Américas?
MARCO: Boa pergunta, mas não me espanto que essa Ari esteja confusa; (sarcasmo) Ela morreu em circunstâncias trágicas, e agora ressuscitou. Isso não deve ter feito bem a ela, não é?
LILA: Meio difícil conversar com você.
MARCO: Difícil é acreditar que estamos tendo essa conversa. (Marco se levanta e apanha a maleta) Você devia perguntar a Allan Dick o porquê da garota zumbi escolher um milionário como eu para chamar de seu assassino. Tenha um bom dia e obrigado pelo serviço de enfermagem.
Marco sai de cena, deixando Lila confusa. Valentina se aproxima.
VALENTINA: Você nunca revela suas fontes, não é?
LILA: É o segredo do sucesso. Por quê?
VALENTINA: Porque acho que você vai gostar de saber de umas coisas.
Lila,
curiosa.
Fecha no sorriso malicioso de Valentina.
FADE IN
CENA 12 FACHADA - REDAÇÃO CARIOCA NEWS [TARDE]
Lila chega na frente e retira sua bolsa diante de sua mesa. Logo atrás, Ari, Dcr, Raíza e Roger.
DCR: Eu disse que seria arriscado fazer uma acareação. Alguém aqui realmente achou que Marco fosse se desesperar?
ROGER: A ideia principal era a Ari reconhecer Marco como o seu assassino. Não era ele o suspeito número 1?
Lila se sentando enquanto observa a todos.
RAÍZA: Marco é capaz de inverter a situação e acusar vocês dois (para Ari e Roger) de tentar matá-lo. Aliás, onde você arrumou um canivete, Ari?
Ari está lacrimosa, mas com raiva no olhar.
ARI: Eu admito que eu já sabia que ele tentou me matar.
Surpresa nos demais.
DCR: Mas por que você não falou?
ARI (nervosa): Porque eu tinha certeza de que ninguém me deixaria chegar perto dele. Eu precisava fazer isso, entende? Ele nos separou, Danilo!
Raíza a encara, disfarçadamente.
LILA: (ríspida) Esse era o seu plano de vingança, garota? Tem ideia do que a morte dele representaria para o nosso jornal? Você tava na companhia do meu fotógrafo.
DCR: Calma aí, Lila! Dá um tempo. É só nessa droga de jornal que você pensa?
LILA: É essa droga de jornal que quer te ajudar, e essa garota quase põe tudo a perder!
ARI: Eu queria ver você no meu lugar, tá? (quase chorando) Não sabe o horror que passei naquele prédio com aquele monstro tentando me enforcar.
ROGER: Chega, gente! Pelo amor, né? A gente precisa levar a Ari para a delegacia pra ela fazer a denúncia, e a gente tem que fazer isso antes que outra imprensa descubra.
ARI: Desculpa, gente, eu não to me sentindo muito bem, acho que foi muita emoção.
Raíza abraça Ari.
RAÍZA: Vamos dar um tempo a ela. Talvez mais tarde ela já esteja melhor (para Ari) não é?
Ouvimos um alerta de SMS.
Ari pega seu celular no bolso da calça e verifica a mensagem.
DCR: Algum problema?
ARI: (guardando o celular) É aquele amigo que eu te falei. Ele queria saber se ocorreu tudo bem com a minha volta. Preciso falar com ele.
DCR: Ok, então vamos. Vou aproveitar pra conhecê-lo.
ARI: Ahn, sabe o que é? Ele tem medo de retaliação por ter me ajudado. Quanto menos souber dele, melhor pra ele, entende?
ROGER: Acho que o Marco tá mais preocupado com onde foi que ele errou, isso sim.
ARI: Bem, eu vou indo.
Ari dá um beijo na boca de Dcr, Lila abaixa a cabeça, chateada.
ARI: Tchau, gente, foi bom conhecer os novos amigos do meu amado.
Ari ganha distância, enquanto todos observam.
ROGER: Ai, que emoção conhecer alguém que até então eu só via nos livros, né não, Lila?
LILA: Emoção maior se ela tivesse denunciado Marco formalmente. Com o ódio que ela tá dele, estranho não ter sido a primeira coisa que ela fez.
RAÍZA: Bom, eu fiquei de visitar o meu pai. (para Dcr) Depois a gente se encontra?
DCR: Ok, até mais tarde.
RAÍZA: Então, tchau pra todos.
Raíza dá as costas.
ROGER: Apareça pra gente tomar aquele cappuccino esperto, hen.
Roger sorri e dá de cara com Dcr achando graça.
CORTA PARA
CENA 13 RUA DA CIDADE [TARDE]
Grande movimento, ouvimos buzinas e conversaria em alguns pontos. Ari anda apressada, olhando para os lados, atitude suspeita.
Raíza surge saindo furtivamente de alguma loja e vê quando Ari entra em uma biblioteca.
Close na expressão sagaz da heroína.
CORTA PARA
CENA 14 BIBLIOTECA [INT. / TARDE]
Um livro aberto sendo lido por alguém.
MULHER (O.S): Alguém desconfiou?
O livro é fechado e a capa traz o nome de “O Inimigo Oculto – A volta dos que não foram, de Allan Dick” Ari recoloca o livro na estante.
ARI: (imponente) Duvido. Mas espero que isso acabe logo porque ficar bancando a coitadinha me dá asco.
A cena passa a ser vista de dentro de uma câmera de celular. Em clima de suspense, HELENA é revelada a frente de Ari.
HELENA: Um pouco mais de paciência, garota. Com a grana que você vai levar, bancar a falecida é bem mais fácil que rebolar naquela boate de quinta de onde tu saiu.
ARI: Vai ficar me esculachando, ou vai dizer qual o próximo passo?
HELENA: A grana. Não podemos perder tempo. Invente que o tal enfermeiro amigo anda te chantageando ou que tá sendo ameaçado e precisa dar um tempo no interior. Isso sempre cola.
HOMEM (O.S): E depois do escândalo que Lila fizer (HANS aparece em cena) eu terei o enorme prazer em divulgar a seguinte notícia: “Ressurreição da esposa de Danilo Rodrigues é uma fraude – A garota era uma impostora”. E aquele jornal perderá a confiança dos leitores e a carreira de Lila Machado afundará junto (ri).
ARI: Espero que tudo vale a pena mesmo.
HANS: Já tá valendo, minha cara.
Raíza
acaba de filmar toda a tramoia. Super close em seu olhar
maquiavélico.
A tela se fecha num baque
TERCEIRO ATO
FADE IN
CENA 15 FACHADA - CURTO-CIRCUITO [TARDE]
Corta para o interior da boate.
Salão
com apenas alguns poucos funcionários trabalhando na faxina e no
palco. Dcr está sentado, folheando uns documentos.
Mãos
femininas colocam o livro de Allan Dick sobre a mesa. Dcr espia e
encara Valentina.
DCR: (sarcasmo) Se tá pensando em me aplicar uma seringa, já aviso que aqui tem câmeras.
Valentina se senta, seriamente.
VALENTINA: Vim na paz, tá? Eu recebi ordens pra fazer aquilo, mas no fim, acabou que você só se lembrava da Ari.
DCR: Isso te perturba?
Em Valentina sem palavras.
DCR: Eu perguntei se isso te perturba.
VALENTINA (disfarça): É justamente por ela que eu vim. (aponta para o livro) Você já leu o livro?
Dcr volta a se concentrar nos documentos.
DCR: Não me interessa o que esse Allan escreve.
VALENTINA: Devia interessar. Não foi ele quem trouxe sua amada de volta?
DCR: (explode) Ninguém tem o poder de trazer uma pessoa de volta! A Ari voltou porque nunca esteve morta, e fim de história!
Dcr se levanta, furioso, dá as costas.
VALENTINA: Por que será que você não parece feliz?
DCR: Passei tempo demais acreditando na morte dela. Acho que criei um ciclo vicioso de lamentação, tudo bem pra você?
VALENTINA: Ou você já tá esperando pela morte dela...
Dcr se volta, meio revoltado.
DCR: O que cê tá dizendo?
JOÃO (O.S): A verdade (João Batista, engravatado, também está em posse do livro).
DCR: (se controla / finge) Você é o primo de Raíza, não é? Tá fazendo o quê aqui?
JOÃO: Eu vim te perguntar se em seis meses é possível uma pessoa que caiu do alto de um prédio, teve a coluna arrebentada, e o óbito declarado, recuperar-se tão bem?
Dcr avança, mas Valentina se interpõe entre eles.
DCR: (raiva) Cê tá maluco? Veio rir da minha cara?
JOÃO: Danilo, você viu a Ari morrer. Mas se quer acreditar que ela voltou, é bom que se prepare pra o fim dessa história.
VALENTINA: Danilo...Segundo Allan Dick, a Ari é uma psicopata que mata a melhor amiga do herói, no caso você, mas acaba morta por sua mentora.
Dcr, já meio perturbado.
DCR: E vocês tão achando que isso vai se realizar? Qual o interesse de vocês? (olha pra João / irônico) Você deve tá querendo zelar pela sua prima, não é? (para Valentina) E você?
Valentina nada diz, acuada.
DCR: Eu não lembro e nem simpatizo com vocês como meus amigos...É porque vocês nunca foram, né?
E
Dcr coloca os documentos dentro de uma pasta e sobe as escadas.
João
e Valentina se encaram, sem saber o que fazer.
CORTA PARA
CENA 16 CURTO-CIRCUITO – ESCRITÓRIO [INT. / TARDE]
Dcr joga a pasta sobre a mesa, anda de um lado e de outro, incomodado. Respira fundo, se apoia num armário, e quando se volta, dá com Ari ao batente da porta.
DCR: Ari? Não vi você chegar.
Ari vai entrando, sentida.
ARI: Eu ouvi o que o João disse. Parece que agora eu sou uma estranha pra vocês.
DCR: Isso não é verdade. O João sempre fez intriga, você lembra.
ARI: Mas você tá incomodado (os dois se encaram). Você pensa que eu não percebo? Não era essa recepção que eu esperava (chora). Você olha pra mim, mas parece que não tá me vendo.
Dcr toca seu rosto, comovido.
DCR: Me entenda. Até ontem eu era um viúvo tendo pesadelos acordado, tentando te salvar de todas as formas possíveis, mas sempre te vendo morrer. Eu ainda to em estado de choque, mas feliz.
Ari seca as lágrimas.
ARI: João consegue estragar o dia de qualquer um, não é? (Dcr sorri, faz que sim) Eu vim te pedir uma coisa, mas nem cara pra isso eu tenho mais.
DCR: O que é? Diga.
Ari se afasta, dá as costas, receosa.
ARI: Aquele meu amigo quer sair da cidade. (Ari se volta) Ele disse ter recebido uma ameaça por telefone.
DCR: Meu Deus! Deve ter sido a mando do Marco, claro.
ARI: Eu fiz de tudo pra preservar a vida dele, mas to com medo dele pagar por ter me ajudado, Danilo.
Dcr abraça Ari, preocupado.
DCR: Calma, Ari...O que eu posso fazer pra ajudar?
Sobre o ombro de Dcr, Ari sorri maliciosa e seca as lágrimas.
CORTA PARA
CENA 17 REDAÇÃO CARIOCA NEWS [INT. / TARDE]
Roger vem andando concentrado com um tablet na mão, esbarra em um funcionário, mas não o distrai.
Lila está digitando em seu computador.
ROGER: Lila, já deu uma olhada no perfil do Hans?
LILA: Aquele pulha quer passar a nossa frente. A gente precisa lançar essa matéria amanhã, não dá pra esperar.
ROGER: Temos material suficiente? (conta no dedo) Entrevista com a Ari, fotos, a acusação contra Marco...
LILA: Só ficou faltando a acusação formal. Parece até que essa Ari tá curtindo com a nossa cara.
Roger se debruça na mesa, fazendo graça.
ROGER: É impressão minha ou a autora está com ciúmes do seu personagem?
Lila apoia o cotovelo na mesa e a mão sobre o queixo, cerra os olhos.
LILA: Como vai a paixonite platônica por Raíza?
Roger sorri, sacana.
CORTA PARA
CENA 18 REDAÇÃO NOVO DIA [TARDE]
Hans
rindo diante do computador.
Beto, segurando um copo de
Milk-shake, passa por ali.
BETO: Qual é a piada, Hans? Quero rir também.
HANS: Espera, garoto...Espera que a hora da Lila tá chegando.
BETO: (debocha) Ah é, esqueci que o seu sucesso depende da derrocada dela.
Beto se senta em sua cadeira logo a frente da mesa de Hans.
HANS: Qual é a tua, hen Betinho? Cê me acha incapaz de escrever uma bomba jornalística?
Beto acaba de tomar seu Milk-shake.
BETO: Não, eu só acho difícil você escrever alguma coisa se não for em função dela.
Hans se levanta, pega seu celular e guarda no bolso da calça.
HANS: Paga pra ver se eu ainda não surpreendo (apanha a bolsa dependurada na cadeira). Agora deixa eu ir que o serviço me chama.
Hans pisca para Beto e sai de cena.
CORTA PARA
CENA 19 REDAÇÃO CARIOCA NEWS [INT. / TARDE]
Tela de um computador onde está sendo escrito uma matéria na coluna de Lila Machado: “Esposa de herói ressurge das cinzas – E o seu assassino acaba de ser descoberto”.
A matéria está toda pronta, CAM acompanha a mão feminina que está prestes a apertar a tecla ENTER do teclado. De repente, outra mão feminina aperta a tecla DEL. A página desaparece.
LILA: Ai meu Deus! O que cê fez? (Lila se surpreende) Você?
Raíza encara Lila, meio assustadora.
RAÍZA: Desculpe a invasão. O Roger me deixou entrar.
LILA: Você apagou a minha matéria. Tem ideia do que isso significa pra mim?
Raíza, bancando a sonsa, vai abrindo sua bolsa.
RAÍZA: Tenho certeza de que nada (Raíza mostra um pen-drive). Isso aqui sim, vai significar muito pra você e pros fãs do herói Nilo.
Lila faz que não entende, ainda chateada.
CORTA PARA
CENA 20 REDAÇÃO CARIOCA NEWS [EXT. / TARDE]
Raíza acaba de sair, e antes de virar na curva, alguém puxa seu braço rispidamente.
Raíza e João se encaram.
RAÍZA: Tá me seguindo?
JOÃO: Devia, não? Uma louca como você não podia circular por aí pra não causar estrago.
RAÍZA: (cínica) Ainda chateado pelo nosso encontro no elevador? Ah, João, você devia saber que loucos não dizem coisa com coisa, né?
João segura a raiva.
JOÃO: Me poupe do seu deboche, tá? Eu to preocupado com outra coisa. Queria saber se você vai impedir que Lila publique sobre a volta da Ari.
Raíza olha João de cima a baixo.
RAÍZA: Eu não sou o editor dela.
JOÃO: Raíza, essa garota é uma farsa! A Ari tá morta e você sabe disso. Você precisa evitar que a Lila publique essa mentira ou então/
RAÍZA: Ou então o quê? Por que tá tão preocupado, João? Será que é porque você sabe que se todas as histórias contadas por Lila Machado perderem a credibilidade, Marco deixa de ser apontado como um assassino, e aí será a vez do Hans pensar em um substituto? Tá com medo de descobrirem que foi você?
Forte
clima.
João fica sem jeito.
JOÃO: Você...Cê tá maluca, garota?
RAÍZA: (sarcasmo) To, fui até internada.
João segura Raíza pelos ombros e a prensa contra um arbusto.
JOÃO: PARA COM ESSE DEBOCHE! Você é a vidente, não? Se sabe que Lila pode perder o crédito por tudo que escreve, sabe também que ficará mais difícil descobrir o assassino da Ari. Nenhum jornal tem tanto empenho quanto esse.
João solta Raíza, que pensa um pouco, suspira, chateada.
RAÍZA: Ela não vai publicar.
JOÃO: O que cê fez?
RAÍZA: Ela não vai publicar e ponto final.
Raíza dá as costas, João ao fundo continua olhando.
CAM revela uma imagem desfocada, enquanto Raíza ganha distância. É Ari atrás de umas árvores, dando a entender que ouviu tudo. Ari saca um celular e disca.
VOLTA em Raíza. Ouvimos um celular tocar. Raíza abre a bolsa e apanha o telefone, atendendo.
RAÍZA: Alô? (t) Ah, oi Ari, ainda não gravei seu número aqui.
João
ouve atento, encostado em um arbusto.
Ari, atrás de uma árvore.
ARI: Eu preciso falar muito com você. Será que a gente pode se encontrar?
RAÍZA (V.O): Claro, onde seria?
Super close em Ari esboçando maldade.
CORTA PARA
QUARTO ATO
CENA 21 CURTO-CIRCUITO [INT. / TARDE]
Um copo d’água sobre a mesa, uma chave, e um cheque sendo assinado por um Dcr concentrado.
HOMEM (O.S): Ela já tá te extorquindo?
Dcr se assusta e encara João, insatisfeito.
DCR: Quem deixou você entrar?
JOÃO: Nós temos nossos meios, não é? Além do mais não gosto de deixar recado na caixa-postal.
DCR: Não lembrava que você tinha o meu número.
Dcr termina de assinar o cheque e se levanta.
JOÃO: (provoca) Você não lembra de muita coisa, né? (Dcr lhe dá aquela olhada) Porque a Ari que a gente conhecia não marcaria um encontro furtivo com a Raíza num lugar distante, cê não acha? O que as duas têm pra esconder de você?
Dcr franze as sobrancelhas, desconfiado e se aproxima de João, que dá um passo para trás.
DCR: Do que cê tá falando?
JOÃO: To falando que se você tiver um pouco de bom senso você vai atrás delas, ou fica aí esperando pelo pior.
DCR: Você veio até aqui me avisar que a sua prima corre perigo, é isso?
JOÃO: Eu só quero evitar que a verdade morra com a falsa Ari. Não se esqueça que a Raíza fugiu do hospício. Ninguém deu alta pra ela.
Dcr pensa um pouco.
DCR: Pra onde elas foram?
CORTA para o EXT.
Onde Hans tenta evitar que alguém o veja. Close em sua expressão preocupada.
CORTA PARA
CENA 22 FACHADA - CASA [NOITE]
Um casa simples, estilo colonial, branca, cercada por duas árvores e muitas plantas, muro branco e baixo.
Raíza surge em um andar vacilante, desconfiando do silêncio. Ela põe a mão no portão de ferro, que só está encostada, e torna a olhar adiante.
Corta para o seu INTERIOR
Onde a porta é aberta e Raíza entra na penumbra.
RAÍZA: Ari?
Raíza
fecha a porta, anda cautelosamente e observa um sofá preto, uma
cômoda e um porta-retratos nele, onde figura a imagem de Ari, toda
maquiada, sustentando brincos longos e dourados e uma blusa preta de
paetês, nada condizente com a velha Ari de sempre.
Adiante,
Raíza se aproxima de um mural de fotos.
Pelo seu ponto de vista, recortes de jornais e fotos de Dcr, Cael, João, Josué e Marco estão dispostos pregados por alfinetes e riscados com caneta vermelha.
ARI (O.S): Desculpe a demora.
Raíza olha para trás e vê Ari, sem maquiagem, camisa branca e calça jeans, andando com uma muleta.
RAÍZA: (aponta para o mural) O que é isso?
ARI: Meu instinto investigativo. Fiz uma seleção das pessoas que tiveram envolvimento comigo antes do crime. Lembrava delas, então imprimia as fotos e tentava, como diria o Roger, ligar os pontos (sorri).
Raíza finge que concorda, brinca.
RAÍZA: Pensei que fosse um mural dos principais suspeitos do seu quase assassinato.
As duas riem.
ARI: (sádica) E é. (Raíza para de rir) Mas não cheguei a completar.
RAÍZA: Engraçado, pensei ter ouvido você dizer que o Marco tentou te matar. Afinal, por que ainda não o denunciou à polícia?
Ari põe a mão por trás do bolso da calça.
ARI: Porque não sei se vale a pena cometer uma injustiça pra acobertar o verdadeiro culpado.
E Ari finca a foto de Raíza no lugar do Marco.
Raíza fica perplexa.
RAÍZA: Eu quis te matar?
ARI: Você tava fora de si, Raíza, te entendo perfeitamente. Danilo também vai entender.
RAÍZA: Você nunca o chamou de Danilo, Ari (Ari se cala, acuada). Seus comparsas não tiveram nem a decência de te avisar que a Ari também não foi enforcada.
ARI: Não sei do que cê tá falando, cê deve tá tendo uma recaída/
Raíza torna a olhar para o mural, firme. Ao fundo, Ari levanta a muleta, discretamente.
RAÍZA: Cê me chamou aqui pra quê, hen? Pra vê como se constrói uma impostora? Você não é páreo para a Raquel* (*webnovela A Impostora).
ARI: Isso é o que você pensa.
= = Music On – Suspense = =
Ari
avança com a muleta no momento em que Raíza se volta, e desvia
habilmente. Ari acerta o mural e faz algumas fotos despencarem. Raíza
acerta uma cotovelada no estômago de Ari, acerta mais uma e a
empurra de contra uma mesa. Depois, Raíza pega a muleta no chão e
se volta furiosa, avançando em Ari.
As duas se atracam, rolam
pelo chão, a muleta desliza. Ari ganha vantagem, saca um canivete do
bolso da calça e avança em Raíza, disposta a dar o golpe fatal.
Mas Ari acaba recebendo uma pancada na nuca.
Ari apaga no chão.
Um homem segura uma muleta e, em clima de suspense, CAM sobe e nos mostra Dcr, firme, como quem acabou de tomar coragem.
Em Raíza, surpresa.
Ao fundo, atrás de Dcr, está Hans espiando pela janela com a sua câmera.
= = Music Off = =
FADE TO BLACK
FADE IN
CENA 23 CASA [INT. / NOITE]
A
cena abre no rosto da falsa Ari mostrando-se sem saída.
Lila
caminha em volta dela, indignada.
LILA: Soraya? Seu nome é Soraya e você trabalha como garota de programa?
Roger, com a mão no queixo, está estarrecido.
ROGER: Chocado. (para Lila) Imagine se você publica essa história fajuta amanhã, Lila! E se o Hans descobre? Ele iria te fritar, com certeza.
Dcr se senta no sofá onde está Soraya, que quase não o encara.
DCR: Quem te mandou aqui? Quem tava querendo brincar comigo? (t) ANDA! FALA!
LILA: Calma, Dcr!
DCR: (se levanta, nervoso) Calma? Como “calma”? Eu passei meses chorando a morte de uma pessoa, de repente ela aparece com uma história convincente, e agora tenho que aceitar que as pessoas que tentaram me alertar são justamente quem sempre quis me ver pelas costas?!
LILA: Não me leve a mal, Danilo, mas você se enganou porque quis.
Dcr fica indignado.
ROGER: Lila, todo mundo aqui acreditou, não joga o pepino só pra cima dele não.
Soraya se levanta, irritada.
SORAYA: Olha só, eu só entrei nessa pela grana, tá bom? Eu não ia matar ninguém. Vocês não sabem a vida que eu levo, o que eu tenho que passar, aí eu tenho a chance de me transformar na garota perfeita e amada, eu não pensei!
Soraya se senta, desolada, põe as mãos no rosto.
RAÍZA (fria): Por isso você tentou me matar? (Soraya lhe encara, com raiva) Pra não perder o seu papel de boa moça?
Soraya olha para cada um na sala, até encarar Dcr.
DCR: Diga o nome de quem armou esse plano e talvez eu te ajude.
Soraya pensa um pouco, olha para todos, relutante.
SORAYA: Eu não sei o nome deles, mas a mulher queria seu dinheiro; Falou até em te matar, e pelo jeito, não seria a primeira vez, porque ela disse que “desta vez” nada podia dar errado.
DCR: Eu não posso deixar isso barato. Você tem que dizer isso pra polícia.
LILA: Você já sabe quem é, Danilo?
Soraya se levanta, assustada.
SORAYA: Peraí, cara, você disse que ia me ajudar, vai meter polícia agora?
RAÍZA: (sacana) Ele vai te ajudar com advogado, querida.
Lila olha para Raíza de soslaio, percebendo o sarcasmo.
DCR: (para Soraya) Eu vou arrumar o melhor advogado pra você/
SORAYA: (explode) Eu não quero advogado, caramba! Cê vai me jogar na cadeia, isso sim. Você é como todos os caras que frequentam o meu trabalho; lamentam a vida que têm, mas caem nos braços da primeira que oferece alguma coisa.
Dcr estacado, ouvindo tudo a seco.
SORAYA: Mas eu sou safa, ouviu? E eu não entrei nessa pra morrer na praia.
Soraya sai correndo, Lila ainda tenta segurá-la, mas é empurrada contra Roger. Roger vai atrás, Lila o segue.
Dcr se senta, cabisbaixo, abalado pelo o que ouviu.
RAÍZA: Não liga pra ela; É uma garota de programa acostumada com outros tipos de caras.
DCR: Eu sou o tipo de cara com quem ela ta acostumada a lidar, Raíza. A diferença é que eu não minto meus sentimentos. Eu queria tanto que ela fosse a Ari que até o momento em que eu dei aquele golpe...Eu senti que era nela que eu batia.
Raíza se abaixa diante dele e segura suas mãos fortemente.
RAÍZA: Não é justo o que fizeram com você. Não é justo o que ainda fazem. Depois de tudo que passamos, ainda tem gente que se diverte com a nossa dor. Eles vão pagar por isso.
Dcr abaixa a cabeça, triste.
DCR: Sabe o que é pior nisso tudo? (p) É que eu queria que tivesse sido verdade.
Raíza abaixa a cabeça, continua segurando as mãos de Dcr, e depois o encara, decidida.
RAÍZA: A única verdade a qual temos que aceitar é que os nossos inimigos nunca vão desistir da gente.
Dcr sorri incrédulo, passa a mão pelos olhos marejados.
DCR: Então eu acho que o João tá usando uma estratégia diferente pra acabar com você.
Raíza faz que não entende.
DCR: Ele ouviu sua conversa com a Ari (corrige) Digo, Soraya. Ele não acreditava na ressurreição dela, e disse que você a mataria num acesso de loucura.
RAÍZA: Então...(dúvida) Você não veio por mim?
DCR: Claro que vim. Porque no livro de Allan Dick, era ela quem te mataria. E João sabia muito bem disso.
RAÍZA: O João quis salvar a minha vida?
Dcr dá de ombros.
DCR: Não sei, mas uma coisa eu aprendi hoje: Ninguém consegue ser o que não é por muito tempo. No final das contas, sempre prevalece o verdadeiro caráter.
Dcr
sorri para Raíza, que devolve o sorriso, e o abraça.
Em Raíza,
com o rosto sobre o ombro do amigo, e um olhar de quem esconde
algo.
POV de Raíza olhando para a sua foto pregada no mural.
FADE
OUT
FADE IN
CENA 24 BOATE [EXT. / NOITE]
Calçada movimentada, algumas garotas de programa conversando, outras na janela dos carros oferecendo serviços.
Soraya
surge com uma maquiagem pesada, roupas curtas e de couro, rodando uma
bolsinha preta enquanto caminha.
POV de uma pessoa dentro de um
carro, que para.
O vidro do carro abaixa e Soraya se agacha,
oferecida.
SORAYA: E aí, a fim de curtir uma/
Soraya faz que reconhece o motorista, bufa, e entra
NO CARRO
SORAYA: Já foram bater pra você, é? Ó, eu não contei nada, como combinado.
Helena retira o par de óculos com a mão enluvada.
HELENA: Vamos conversar.
Helena liga o carro.
CORTA PARA
CENA 25 GALPÃO [INT. / NOITE]
Um
local sujo, abandonado, vigas à mostra, janelas com vidros
quebrados, assoalho desgastado pelo tempo.
Soraya observa tudo,
com medo.
SORAYA: Por que me trouxe aqui? Esse lugar é horrível.
HELENA: Como você (Soraya se espanta). Por dentro e por fora. Eu devia tá louca quando aceitei a parceria do Marco, viu. Você conseguiu a façanha de ser desmascarada em menos de 24 horas.
SORAYA: A culpa não é minha!
Helena lhe acerta um TAPA.
HELENA: Cala a boca! Você só convenceu o Danilo, porque ele é um otário apaixonado. Um mês inteiro de trabalho pra te transformar na songa-monga da Ari, e você estraga tudo.
SORAYA: Peraí! Se eu errei é porque alguém aqui errou também, tá? Eu fiz tudo como me mandaram.
HELENA: Tão bem que se eu não tomar cuidado, daqui a alguns dias eu estarei em todos os jornais como vilã da história.
Soraya, gelando de medo.
SORAYA: Não, eu não vou contar nada. Nem que me paguem.
HELENA: E desde quando uma cachorra como você não aceita uns trocados para abrir o bico? (Soraya, ofegante) Acho melhor prevenir do que remediar.
Olho no olho. Soraya acerta um chute na virilha de Helena, que geme de dor.
HELENA: VAGABUNDA!
Soraya
ganha tempo, corre desesperada, Helena em seu encalço vê quando ela
tropeça.
Helena a agarra pelos cabelos, Soraya consegue acertar
um soco em seu estômago, Helena se contrai de dor, mas continua
firme e puxa os cabelos de Soraya. Esta chuta sua coxa fazendo Helena
cair de dor, mas é rápida e dá uma rasteira em Soraya que também
cai. Helena se levanta, pega a garota pelos cabelos e soca sua cabeça
de contra o chão duas vezes.
HELENA: Ordinária! Bandida!
Soraya
acerta umas três cotoveladas na boca do estômago de Helena fazendo-a
ir para trás, em seguida, chuta seu tórax, e corre.
Helena é
forte, alcança Soraya próximo da escadaria, agarrando em seus
ombros. Soraya se volta tentando lhe dar um soco na cara, mas Helena
desvia e acerta uma braçada na cara da garota.
CAM em ângulo alto mostra Soraya, aos gritos, rolando os degraus podres até bater de contra o assoalho, que arrebenta com o peso.
Helena,
assustada, desce devagar até o buraco que se formou no chão.
POV
de Helena revela Soraya de olhos abertos, morta, com uma estaca de
madeira atravessada no estômago.
O suspense marca.
FADE
TO BLACK
FADE IN
CENA 26 Compilação de cenas
1.Pessoas diante da banca lendo o jornal da Carioca News com o seguinte título: “Tia de herói contrata impostora para roubar sua fortuna”
2.Uma mulher comenta a matéria do mesmo jornal com uma amiga: “Que safada! Merecia a cadeia”
3.A tela de um laptop na coluna de Lila, onde mostra o vídeo em que Ari e Helena discutem. Um grupo de amigos assistem, um deles comenta: “Se não foi ela que matou a verdadeira Ari”
4.Outro jornal na coluna de Lila sendo visualizada por uma garota: “Com medo de que a profecia de Allan Dick se realizasse, nosso herói Danilo Rodrigues se encheu de coragem e salvou sua amiga Raíza das garras da falsa Ari. Parece enredo de livro? Mas aconteceu de verdade”
FUSÃO PARA
O jornal com a notícia anterior sendo lido é arrancado por mãos masculinas.
CENA 27 REDAÇÃO CARIOCA NEWS [INT. / MANHÃ]
Dcr está furioso encarando Lila.
DCR: Você já sabia! Aquela cena toda ontem foi só pra marcar presença. Cê tem ideia das pessoas que você expôs com esse vídeo?
Outros colegas prestam atenção.
LILA: (sonsa) A falsa Ari e a sua tia Helena?
DCR: Não seja sonsa! Primeiro foi o Víctor, agora vai ser quem? Você acha que a Helena vai deixar isso barato?
Lila ajeita o jornal amassado por Dcr.
LILA: Ela não vai tentar nada com a imprensa em cima.
DCR: Ah, é claro, (fala alto para o grupo de colegas de Lila) Cês ouviram isso? Lila Machado garante que nada vai acontecer com a minha família, nem com os meus amigos. (encara Lila, em tom baixo) Só que não.
Lila se levanta, irritada.
LILA: Cê tá com medo de retaliação, Danilo? É isso? O cara que passou por tudo que passou, agora tá com medo de vingança?
DCR: É isso que acontece quando a gente se mete com a pessoa errada.
LILA: Engraçado porque, quando você invadiu o escritório de um figurão você não pensou na tal família ou nos amigos, não é? (baque em Dcr) E a imprensa tava onde quando a Ari morreu?
Dcr mescla ódio e culpa encarando Lila.
LILA: Então não vem apontar o dedo na minha cara! Que saco! (Lila joga o jornal com força sobre a mesa) Até quando você vai preferir brigar comigo ao invés de nos unirmos?
DCR: Me unir a você?
Lila aproxima o rosto de Dcr, faz segredo.
LILA: Se eu faço o que eu faço é porque tem gente por trás disso tudo. Gente que gosta de você e quer pôr a mão no assassino da Ari.
DCR: (faz segredo também) Quem é essa pessoa então?
LILA: O que você precisa saber é que mesmo de maneira torta, é a imprensa que vai te ajudar.
No
olhar marcante de Lila.
Dcr se mostra desarmado.
CORTA PARA
CENA 28 COFFEE BREAK – ESCRITÓRIO [INT. / MANHÃ]
O
corte é feito diretamente na tela de um laptop com o vídeo de Lila
em exibição. O vídeo é parado.
Logo atrás, Hans está de
pé, nervoso.
HANS: A
garota era amadora demais. Não teve consciência do papel que ela
tava representando.
Marco, sentado, assiste com cara de quem
analisa.
MARCO: Ela não foi a única, não é? (Hans, sem graça). Sabe o que poderia ter acontecido se essa garota resolvesse abrir a boca e contar que eu estava envolvido na armação? Seria a minha sentença como assassino da Ari.
HANS: (tentando se justificar) Marco, a gente fez como combinado, mas quem estragou tudo mesmo foi aquela Raíza (Marco, curioso). Ela descobriu, não sei como!
HOMEM (O.S): Não é hora de fazer acusações (Cipriano se levanta da poltrona). É hora de pensar no que foi feito e tirar o máximo de proveito da situação.
HANS: Não me leve a mal, mas quando o Marco disse que você poderia me ajudar na minha carreira, não era bem esse desfecho que eu esperava.
CIPRIANO: Vejam pelo lado positivo: Helena agora está na mira da jornalista. Para a culpa de assassinato recair sobre ela, só seria necessário um empurrão.
HANS: Você quer dizer...Que se a Helena for presa como a assassina...
MARCO: Será o fim de saga do herói Danilo.
Hans e Marco riem.
(Tocando: Summertimes Sadness – Lana Del Rey)
Cipriano assente com um olhar maligno sobre os dois.
FADE
OUT
FADE IN
CENA 29 Compilação de cenas
APTº 301 – QUARTO [INT. / MANHÃ]
POV
de alguém contemplando a foto de Ari. Uma lágrima cai sobre a foto,
e João seca os olhos, nostálgico, esfrega a foto na própria camisa
para secá-la, e a guarda dentro de um livro.
Ao fundo, Josué
espia, insatisfeito.
FUSÃO PARA
CASA DE SORAYA [INT. / MANHÃ]
Raíza se aproxima do mural onde somente sua foto está pregada com alguns recortes de jornais. Raíza se agacha, pega outras fotos e se levanta, formando um leque com as fotos de João, Dcr, Cael e Josué. Em seguida, olha para o piso, algo chama a sua atenção.
Raíza pega alguma coisa do chão. É um recorte de jornal com a foto de Ari no asfalto, no dia do crime, onde também aparecem Bruno e Raíza.
Close no fundo da imagem onde há uma garota (Sam – episódio 2x22) espiando a cena.
Raíza se mostra curiosa.
FUSÃO PARA
APTº 3011 – SALA [INT. / MANHÃ]
Dcr está diante de um laptop, sorri, malicioso, para algo que lê.
POV de Dcr diante de um email de Allan Dick com a seguinte mensagem: “Olá, querido Danilo. Peço desculpas pelo transtorno causado pelo o meu livro, mas confesso que fiquei surpreso com o seu email. Diante de sua proposta, não poderia nunca recusar. Aqui está um pequeno resumo do próximo livro: O assassino sofre uma emboscada, mas tentará se safar usando uma refém. Eis que o grande herói, aqui denominado Dick, lutará contra o bandido para ele pagar pelos crimes que cometeu. Taí o que você me pediu, com um toque de ação e clichê. Obrigado e aguarde as realizações”.
Em Dcr satisfeito.
= = Music Off = =
FUSÃO PARA
CENA 30 HDM CONSTRUTORA – ESCRITÓRIO [INT. / TARDE]
Em Marco assinando um cheque.
MARCO: Quero que você saiba que eu realmente acredito em sua capacidade. Tanto que, agora, preciso que você realize um antigo desejo que eu tenho.
Assim que termina de assinar, Marco olha para alguém fora da tela, com um sorrisinho sacana.
MARCO: O meu casamento com a amiga do herói Danilo.
Marco entrega o cheque e, para surpresa de todos, é Allan Dick quem recebe a grana.
ALLAN: Eu não entendo. Você pediu que eu escrevesse a morte dessa garota, e agora quer tê-la como esposa?
Marco se recosta na cadeira, brinca com a caneta entre os dedos.
MARCO: Ahn, eu não esperava que ela fosse precisar de outra pessoa para salvá-la... Mas enfim, o importante é que ela está viva, não é meu caro?
Allan faz certo suspense.
ALLAN: Parece que você não acredita tanto assim no meu dom, não é?
MARCO: Por quê?
ALLAN: Porque uma vez que eu tenha escrito o assassinato de alguém, não há como voltar atrás (Marco, apreensivo). A vida vai imitar a arte. A menos que você acredite em ressurreição.
Em Marco, temeroso.
CORTA PARA
CENA 31 CASA DE CIPRIANO - PORÃO [TARDE]
Cipriano ao telefone, enquanto desce as escadas.
CIPRIANO: Não se preocupe, Helena; (falso) Soraya não será um problema. No que depender de mim você nunca saberá o que é uma prisão, minha cara.
Cipriano se aproxima de um grande espelho.
CIPRIANO (cont.): Claro, somos parceiros, não? Você sempre estará em ótimas mãos.
Cipriano sorri, desliga o celular e olha para o espelho.
O espelho reflete sua imagem, mas em seguida, seu reflexo some dando lugar a uma sombra negra.
CIPRIANO: É, Danilo...Sua família está em ótimas mãos...
Cipriano
olha para trás, sorriso sádico.
Um homem moreno de 30 e poucos
anos, expressão ruim, sobrancelhas franzidas, trajando roupas
pretas, está envolto de uma fumaça negra. De repente, o homem se
desfaz junto da fumaça e
A Tela fica preta
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