Marcelo Delpkin
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Cena 1/Int./Hospital/Sala de Espera/Dia.
Liz, Lúcia, Gabriel, Amanda, estão aflitos esperando notícias, Liz está sentada pensativa, Fábio se aproxima dela.
FÁBIO
Não fica assim, Liz, daqui a pouco alguém vem e dá notícia.
LIZ
Não é só pelo José que estou mal... Alex, confessando que matou o meu pai, e que ele é meu irmão, não sai da minha cabeça.
FÁBIO
Você tem que ver se ele é seu irmão mesmo, pra mim isso é coisa da cabeça dele.
O médico entra, Lúcia se aproxima.
LÚCIA
(preocupada) E aí doutor, como o tá o meu marido?
MÉDICO
Ele ainda não acordou da cirurgia.
GABRIEL
(preocupado) Que cirurgia?
MÉDICO
Seu José teve um infarto, e nós tivemos que operar.
AMANDA
(preocupada) O meu pai vai ficar bem?
MÉDICO
Tudo indica que sim, agora se me derem licença, vou ver outros pacientes.
O médico sai, Lúcia se senta, preocupada, aflita.
LÚCIA
Isso não pode ta acontecendo.
LIZ
Você ouviu o médico, Lúcia, o José vai ficar bem, você vai ver.
LÚCIA
Não sei como, tá tudo caindo na cabeça da gente, e ainda você trouxe o Zé pra cá, não tenho de onde tirar dinheiro para pagar a conta do hospital.
LIZ
Isso você pode deixar comigo, eu perdi a herança, mas eu tenho algumas coisas fora dela, e entre elas tenho uma conta no banco, então eu faço questão de ajudar.
Amanda se senta ao lado de Lúcia, está triste.
AMANDA
Eu só quero que o papai volte logo para a casa.
Liz observa, se afasta, Fábio vai atrás de Liz.
FÁBIO
Você tá bem?
LIZ
Não, nem um pouco, tudo isso é culpa minha, eu nunca deixo de ler nada, não sei como pude assinar algo sem ler! Perdi coisas que não eram só minhas... As pessoas dependiam de mim, e eu fracassei!
FÁBIO
Onde? Olha o que você tá fazendo pelo José, você acha que ele seria atendido tão bem num hospital público, como foi aqui?
LIZ
É o mínimo que posso fazer...
Alejandro se aproxima, fica aliviado ao ver Liz, a abraça.
ALEJANDRO
Liz, que bom te encontrar, fui até a sua casa e aquela sua amiga me contou tudo o que aconteceu.
LIZ
Ela não é minha amiga.
ALEJANDRO
Eu vim oferecer ajuda pra você, se precisar de um lugar para ficar posso te arrumar uma casa.
FÁBIO
Cantorzinho, eu sou transparente?
ALEJANDRO
Não, mas a conversa é com ela.
FÁBIO
(ri debochado) Liz, manda esse cara pastar, ele já tá me irritando.
LIZ
(nervosa; tom baixo) Eu quero que vocês parem de brigar! Aqui não é lugar!
ALEJANDRO
Desculpa, tem razão, mas o que precisar pode contar comigo.
LIZ
Obrigada.
Fábio olha Liz nos olhos, segura a mão dela.
FÁBIO
Liz, quando você bateu no meu carro, você me deu dinheiro para o conserto, você devolveu todos os benefícios atrasados da gente. Quando José perdeu tudo, você foi lá e deu dinheiro pra ele, agora mesmo sem poder, você tá pagando a conta do hospital... E eu quero te ajudar, quero que você fique comigo, no meu apartamento. Eu tô pedindo pra você não aceitar a ajuda desse cara, me deixa fazer isso por você.
ALEJANDRO
Deixa de ser egoísta/
LIZ
Aceito, Fábio, eu vou ficar com você.
Fábio sorri, feliz, beija Liz. Alejandro fica sério, chateado.
LIZ
(a Alejandro) Quer me ajudar?
ALEJANDRO
Quero, mas já vi quem nem isso posso fazer.
LIZ
Pode, eu quero que você dê para a família de José tudo o que eles precisarem, você pode fazer isso por mim?
ALEJANDRO
(sorri) Posso.
LIZ
Então vai falar com ele, estão ali na sala de espera, a mulher dele se chama Lúcia.
Alejandro entra na sala de espera.
FÁBIO
Por que você trata ele assim? Com esse carinho todo?
LIZ
(sorri) Porque ele é um grande amigo, gosto dele.
FÁBIO
Eu não gosto disso hein.
LIZ
Eu sei, mas nem ligo. Alejandro vai continuar sendo meu amigo.
FÁBIO
Pelo menos, você aceitou a minha ajuda.
LIZ
É, e só quero ver como será a nossa convivência, pelo menos até eu recuperar minhas coisas, e eu nem sei como.
Liz fica pensativa, preocupada.
Cena 2/Int./Mansão Camargo/Sala/Dia.
Clarice está tomando champanhe, Kira desce as escadas.
CLARICE
Kira, você já falou para o Alex vir jantar aqui hoje? Para a nossa comemoração. (sorri).
KIRA
Falei, e ele virá, claro.
CLARICE
Nunca pensei que um dia sentiria uma alegria tão grande.
KIRA
Você já contratou uma empregada nova?
CLARICE
Ainda não, preciso fazer teste com algumas, e ver qual será a melhor.
Renato se aproxima.
RENATO
Eu vou até o clube, e não demoro.
CLARICE
Vai fazer o que lá?
RENATO
Não é da sua conta.
Renato sai, Kira sorri pensativa.
KIRA
Se você bobear, vai perder o Renato.
CLARICE
Por quê?
KIRA
Porque ele não gosta de você, isso tá na cara.
CLARICE
Mas a gente tem um caso há anos.
KIRA
E quando ele te deu apoio para se separar?
CLARICE
(pensativa) Nunca.
Kira
Então, ele não gosta de você, mas gosta da Liz, a gente precisa ficar de olho aberto, se não o Renato pode estragar tudo.
CLARICE
Ele que se atreva, nem sei do que sou capaz de fazer.
Cena 3/Ext./Praça/Dia.
Josivaldo e Denise estão sentados.
DENISE
Eu ainda me surpreendo com as coisas que minha mãe é capaz de fazer... Coitada da Liz.
JOSIVALDO
E de você também, ela te colocou pra fora, por minha causa.
DENISE
Ela me deu duas opções, e eu escolhi você, foi uma decisão minha.
JOSIVALDO
Agora a gente vai ter que adiar o casamento.
DENISE
Sabe o que eu estava pensando? E se a gente se casar no civil, podemos fazer uma festa depois.
JOSIVALDO
Denise, mesmo eu ter perdido o emprego, ficar ainda mais pobre, você quer se casar comigo?
DENISE
Claro que sim, emprego você arruma outro, e eu também vou arrumar um, agora... Amor é raro encontrar. (sorri).
Josivaldo beija Denise.
JOSIVALDO
Concordo com você, meu amor.
DENISE
Então não vamos mais perder tempo, e vamos casar logo.
JOSIVALDO
Quando?
DENISE
Hoje.
JOSIVALDO
(surpreso) Hoje!
DENISE
(ri) Sim, vamos falar com o meu pai, ele vai nos ajudar.
Cena 4/Int./Mais Tarde/Faculdade/Corredor/Dia.
Gabriel está caminhando triste, preocupado, Camila se aproxima.
CAMILA
Oi, como está o seu pai?
GABRIEL
Bem, ele já acordou.
CAMILA
Que bom.
GABRIEL
Sim, eu vou até a diretoria agora, com licença.
CAMILA
O que você vai fazer lá?
GABRIEL
Trancar a minha matricula, vou precisar ajudar mais em casa, até meu pai estar melhor.
CAMILA
Não faz isso, Gabriel.
GABRIEL
Camila, é o tipo de coisa que você não entende/
CAMILA
Eu entendo sim, e falo para o seu bem, e eu tenho certeza que se seu pai souber disso vai ficar muito chateado, já que ele faz de tudo para você se formar.
GABRIEL
Eu sei, mas não tenho como estudar e ajudar em casa ao mesmo tempo.
CAMILA
Eu te ajudo.
GABRIEL
Você?
CAMILA
Sim, eu, ajudo em tudo que puder.
GABRIEL
Você tem certeza?
CAMILA
Tenho, porque amo você, e sei o quanto você ama sua família.
GABRIEL
Caiu alguma coisa na sua cabeça? Você está bem?
CAMILA
De certa forma caiu: Consciência... Me deixa te ajudar, isso vai fazer bem a nós, e quem sabe você me perdoa.
GABRIEL
(pensativo) Tudo bem, mas... Já te perdoei, Camila.
CAMILA
(sorri) É bom saber disso, porque como disse, eu te amo.
GABRIEL
(sorri) Também te amo.
CAMILA
Então, podemos voltar?
GABRIEL
Vai depender dessa mudança que você falou que teve.
CAMILA
(sorri) Você vai ver, mudei mesmo.
GABRIEL
Quero ver na prática.
Gabriel beija Camila.
Cena 5/Int./Apartamento de Eduarda/Sala/Dia.
Eduarda e Erasmo estão sentados.
EDUARDA
Eu acho que a gente deveria fazer alguma coisa para ajudar a Liz, a recuperar a tecelagem.
ERASMO
Eu também acho, meu amor, mas o quê?
EDUARDA
Ainda não sei, mas podemos pensar em algo juntos.
Patrícia se aproxima.
PATRÍCIA
Vocês não vão acreditar... O papai foi preso.
EDUARDA
Isso iria acontecer cedo ou tarde filha, como foi?
PATRICIA
A polícia arrombou a porta do apartamento dele, porque ficou comprovado que ele matou mesmo a mulher que ficava com ele.
ERASMO
Lamentável uma coisa dessas, que ele pague por tudo.
EDUARDA
E capaz de descobrirem mais coisas.
PATRICIA
(chateada) É triste saber que além de não gostar de mim, ele faz esse tipo de coisa.
ERASMO
Patrícia, eu não sou seu pai, mas gosto muito de você, como se fosse minha filha.
PATRICIA
Mesmo eu tendo sido tão chata com você?
ERASMO
Mesmo assim, porque eu entendia seus motivos.
PATRICIA
Obrigada, Erasmo.
Patrícia vai para seu quarto, Eduarda abraça Erasmo.
ERASMO
Você acha que ela vai gostar de mim um dia?
EDUARDA
Ela já gosta de você.
Cena 6/Int./Mercadinho/Dia.
Fábio e Liz entram, Manuela se aproxima.
MANUELA
(sorri) Oi, e aí? Conseguiram resolver as coisas?
LIZ
Não, dona Manuela, infelizmente ainda não surgiu uma solução para recuperar minhas coisas.
MANUELA
Mas vai conseguir.
FÁBIO
Dona Manu, a Liz vai ficar um tempo aqui comigo, tem problema?
MANUELA
Nenhum, vai ser um prazer.
LIZ
(sorri) Obrigada.
FÁBIO
E dona Manu, você sabe que eu fui demitido e pelo jeito aquele imbecil não vai dar mais nenhum centavo pra gente, então acho que o aluguel vai atrasar.
MANUELA
Não vai, porque não vou cobrar nada.
FÁBIO
Não, isso não é justo, e/
MANUELA
E, nada, eu sou a dona e eu falo que quando você tiver outro emprego, você volta a me pagar.
Carlos entra apressado.
CARLOS
Liz, eu já tenho a solução para recuperar sua herança.
Cena 7/Int./Mercadinho/ Apartamento de Fábio/Dia.
Liz está sentada lendo alguns documentos, Fábio e Carlos estão de pé.
LIZ
Tio, realmente essa é a solução, mas para isso a Clarice e o Alex precisam assinar a anulação do contrato, e isso é impossível.
FÁBIO
A gente pode fazer igual foi com você, dá um jeito e fazer eles assinarem.
CARLOS
Eles devem estar atentos, não vão assinar qualquer coisa sem ler, e fora que na tecelagem não tem mais ninguém e em que possamos confiar.
LIZ
(pensativa) Algum jeito deve ter, e vamos descobrir, mas até lá, vou ter que me virar de outra forma, não consigo ficar parada.
FÁBIO
Nem eu, qualquer coisa que aparecer tô fazendo.
O celular de Liz toca, ela atende.
LIZ
Alô. (fica séria ao reconhecer a voz de Renato) O que você quer? (ouve) Eu não vou me encontrar com você! (ouve, suspira) Está bem, eu vou, e espero que seja realmente importante. (desliga).
FÁBIO
Quem era?
LIZ
Renato, ele quer me encontrar no clube, disse quem tem algo importante para me falar.
CARLOS
Toma cuidado, Liz.
FÁBIO
Eu vou com você.
LIZ
Não, é melhor que ir sozinha, não se preocupe, vou ficar bem.
Cena 8/Int./Delegacia/Dia.
César está sendo interrogado pelo delegado, um policial entra.
POLICIAL
Com licença, saíram os resultados daquele corpo carbonizado que encontraram. É de uma mulher, e é a filha daquela senhora que prestou queixa esses dias, é a Ângela.
DELEGADO
Chama ela aqui e vamos dar a notícia.
CÉSAR
Se eu falar quem matou essa mulher, posso ter minha pena diminuída?
DELEGADO
Você sabe quem fez isso?
CÉSAR
Sei, e entrego quem foi se me garantirem que terei minha pena diminuída.
DELEGADO
Tem minha palavra, pode falar, quem matou essa mulher?
CÉSAR
Alex Vietri, ele matou a Ângela, e me chamou para ajudar a colocar fogo no corpo.
O delegado e o policial se olham.
Fim do capítulo
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