Marcelo Delpkin
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Cena 1/Int./restaurante/Dia.
Fábio está segurando a mão de Liz, ambos se encarando, quase se beijando, o gerente se aproxima.
GERENTE
Com licença, a briga entre vocês está atrapalhando o almoço das pessoas.
Fábio solta a mão de Liz, ambos disfarçam o clima de romance.
LIZ
Desculpa, a nossa conversa passou um pouco dos limites.
GERENTE
Vocês se conhecem?
LIZ
Sim, está tudo bem.
GERENTE
Peço que se forem brigar, que não façam aqui, com licença.
O gerente sai, Liz encara Fábio nervosa.
LIZ
(tom baixo) Viu o que você fez?
FÁBIO
Eu?
JULIANA
Fábio, vamos almoçar em outro lugar, é melhor.
FÁBIO
Ta certo, já deu o que tinha que dar aqui.
Juliana e Fábio saem, Liz os observa sair, se senta constrangida, Eduarda se senta.
EDUARDA
(Empolgada) Liz, o que há entre vocês?
LIZ
Vocês quem?
EDUARDA
Não se faça de boba, você e o Fábio.
LIZ
A única coisa que tem entre nós, além do trabalho, é incompatibilidade, somos muito diferentes, ele vive nas cavernas... Grosseiro.
Kira
(toma vinho) Tem toda razão, ele não é pra você, Liz.
EDUARDA
(sorri, para Liz) Os opostos se atraem, amiga.
LIZ
Vocês querem parar! Vamos almoçar logo e sair daqui.
Liz cruza os braços, irritada, Eduarda sorri.
Cena 2/Ext./Rua.
Juliana e Fábio estão caminhando.
JULIANA
Fábio, por que você fez aquela cena?
FÁBIO
(irritado) Ela que começou!
JULIANA
Ela mexe com você...
Fábio para de andar, Juliana também para de andar.
FÁBIO
Mexe, mas mexe com a minha paciência! Desde quando eu conheci a madame, que não suporto ela!
JULIANA
Não suporta? Fábio... Vocês estavam quase se beijando.
FÁBIO
(ri debochado) Nem em sonho, Juliana. Impressão sua hein.
JULIANA
Pode ser. Bem, e vamos almoçar onde?
FÁBIO
Eu perdi a vontade de comer, eu vou pra casa.
JULIANA
Mas/
FÁBIO
Foi mal mesmo, mas não quero, valeu o convite.
Fábio sai, Juliana fica triste, cruza os braços.
JULIANA
(a si mesma) Droga, por que fui trazer o Fábio nesse restaurante.
Cena 3/Int./Tecelagem Santa Isabel/Refeitório/Dia.
Josivaldo e Nicolas estão fazendo a reforma do refeitório, Denise entra, está com uma sacola na mão, sorri e se aproxima.
DENISE
Oi, meu amor.
JOSIVALDO
(feliz) Denise!
Denise beija Josivaldo.
JOSIVALDO
O que você veio fazer aqui?
DENISE
Eu vim trazer o seu almoço.
NICOLAS
(levanta a mão) Eu também posso participar desse almoço? O cheiro ta batendo aqui.
DENISE
(ri) Claro que pode, eu fiz bastante.
JOSIVALDO
Você fez?
DENISE
Sim, claro, sem a minha mãe ver, ela detesta que eu entre na cozinha para fazer alguma coisa.
JOSIVALDO
A sua mãe é uma bruaca mesmo.
NICOLAS
É, esse namoro ta dando certo mesmo, Josivaldo até não gosta da sogra.
DENISE
A minha mãe é uma pessoa muito difícil.
JOSIVALDO
Matemática, é difícil, a sua mãe é osso duro de roer.
DENISE
Verdade, eu não posso demorar, só vim trazer o almoço.
JOSIVALDO
A gente se vê a noite?
DENISE
(sorri) Claro que sim, no lugar de sempre.
Denise beija Josivaldo, entrega a sacola, sai, Nicolas se aproxima.
NICOLAS
Vê ai o que ta com esse cheiro bom.
JOSIVALDO
Tira o olho, é meu.
NICOLAS
Larga de ser fominha, a Denise falou que da pra nós dois.
JOSIVALDO
Vo pensa no seu caso.
Josivaldo abre a sacola.
Cena 4/Ext./Praça.
Isadora está comprando um churros em uma barraquinha, Ivan se aproxima.
IVAN
(sedutor) Oi, Isadora.
ISADORA
(sorri) Oi.
IVAN
O dia ta lindo né, assim igual você.
ISADORA
Sério? Não tinha outra cantada?
IVAN
Tenho várias, só comecei, gata.
ISADORA
(morde o churros, fala com a boca cheia) Melhor parar, porque tá feio viu.
IVAN
Nossa, nunca me deu tanta vontade de comer um churros, como tô agora.
ISADORA
Compra ai, e aproveita e paga o meu tá.
Isadora sai, Ivan a observa, a desejando.
IVAN
Isso que é mulher.
VENDEDOR
Vai querer um, ou só vai pagar o dela?
IVAN
Dá um ai.
O vendedor dá um churros para Ivan, que morde, queima a boca com o recheio.
IVAN
Eita, que ta mais quente do que a Isadora.
Isadora está andando pela praça distraída, Alfredo vem caminhando, Isadora esbarra em Alfredo, sujando a roupa dele com o churros, Isadora fica aflita.
ISADORA
Ai moço, desculpa!
Isadora começa a limpar a roupa de Alfredo.
ALFREDO
(sorri) Está tudo bem, fica tranquila.
Isadora e Alfredo se olham, sorriem.
ISADORA
Eu sou desajeitada mesmo.
Alfredo percebe que o canto da boca de Isadora, está sujo com doce de leite, pega um lenço.
ALFREDO
Me permite?
ISADORA
(coloca a mão no nariz) Meu nariz ta sujo?
ALFREDO
(ri) Não.
Alfredo limpa o canto da boca de Isadora.
ALFREDO
Mas sua boca estava.
ISADORA
(sorri) Ah sim, é que isso estava tão bom que nem me importei de me lambuzar.
ALFREDO
(sorri) Entendi, qual é o seu nome?
ISADORA
(acelerada)Isadora, acabei de mudar pra cá, to morando na casa do meu cunhado, ele é bem chato, quer que eu arrume um emprego, sendo que ele trabalha na tecelagem, e é muito mais fácil ele me arrumar alguma coisa, mais não, eu tenho que me virar do avesso.
Alfredo ri, achando Isadora interessante.
ALFREDO
Entendi.
ISADORA
E você? Chama como?
ALFREDO
Alfredo, muito prazer, Isadora.
Alfredo aperta a mão de Isadora, a cumprimentando.
ISADORA
Você também trabalha na tecelagem?
ALFREDO
Não, mas conheço quem trabalha, lá.
ISADORA
E você acha que eu consigo um emprego lá?
ALFREDO
Qual é a sua profissão?
ISADORA
(orgulhosa) Eu trabalho na área da beleza, cabelo unha, essas coisas e também sou modelo nas horas vagas.
ALFREDO
(sorri) Combina com você, mas acho que você não se encaixa lá.
ISADORA
(chateada) Que pena. (sorri) Já vou indo, desculpa pela lambança na sua roupa.
Isadora vai saindo, Alfredo a observa, sorri gostando.
Cena 5/Int./Mais Tarde/Mansão Camargo/Sala/Dia.
Liz está sentada no sofá, Clarice se aproxima, joga um pacote em cima da mesa.
CLARICE
(altiva) Aí está todo o dinheiro que eu peguei.
Liz pega o pacote, abre.
LIZ
Você resolveu devolver em espécie, por quê? Era só depositar na conta da Tecelagem.
CLARICE
Assim fica mais fácil para jogar na sua cara.
Liz se levanta, encara Clarice.
LIZ
Clarice, você sabe que cometeu um erro grave, não tem porque agir assim, como se eu fosse a errada na história.
CLARICE
(se faz de vítima) Você é minha sobrinha, e me fez ameaças!
LIZ
Claro! Você roubou os meus funcionários, você me enganou! Você cometeu um crime!
CLARICE
Tudo bem, Liz, o dinheiro está aí, eu não vou mais fazer isso, pode ficar tranquila.
LIZ
Ótimo, e eu nem quero saber como você conseguiu tudo isso em tão pouco tempo.
Liz vai indo em direção ao escritório.
CLARICE
Liz.
Liz para, olha Clarice.
CLARICE
O que você acha de uma trégua? Afinal, não temos porque brigar, nós somos uma família.
LIZ
Isso que é triste, Clarice, somos uma família e você só está interessada no meu dinheiro.
Liz entra no escritório, Clarice fica com raiva, Marta se aproxima, Clarice não a vê.
CLARICE
Que vontade de torcer o pescoço dela!
MARTA
Se eu fosse a senhora, não perderia o meu tempo, odiando a minha própria sobrinha.
CLARICE
Ainda bem que não somos a mesma pessoa.
MARTA
Tem razão, eu iria me odiar se fosse tão mesquinha e egoísta quanto a senhora.
Clarice encara Marta.
CLARICE
Não é porque Liz está aqui, que você deixou de ser uma empregada, coloque – se no seu lugar, ou eu vou fazer com que você saia dessa casa.
Clarice sai, Marta fica pensativa.
Cena 6/Dia Seguinte/Tecelagem Santa Isabel/Administração/Sala de reunião/Dia.
Célia está arrumando umas pastas na mesa, Ângela entra, estranha ao ver Célia.
ÂNGELA
Quem é você?
CÉLIA
(sorri) Meu nome é Célia, sou secretária da dona Liz.
ÂNGELA
Impossível, eu sou a secretária da administração.
CÉLIA
Dona Liz me contratou para trabalhar diretamente com ela.
Alex entra, Ângela o encara.
ÂNGELA
Temos novidades, Alex. Liz contratou uma nova secretária.
ALEX
E é isso que te chama a atenção? Ela convocou essa reunião de última hora, coisa boa não vai sair daqui.
Erasmo e Eduarda entram.
ALEX
Vocês sabem por que a Liz está fazendo essa reunião?
ERASMO
Não, mas é compreensível, ela chegou faz poucos dias, essa reunião estava previsível.
EDUARDA
Agora tenho certeza que as coisas vão mudar, e para melhor.
Liz entra.
LIZ
Bom dia.
ALEX
Agora vamos saber do que se trata a reunião, já que fomos chamados, mas não informados sobre o assunto.
LIZ
Os assuntos, vamos falar de tudo que envolve a tecelagem, mas ainda não podemos começar, falta uma pessoa, e a falta a Ângela sair.
ÂNGELA
Como? Por que eu vou sair?
LIZ
Porque você é a secretária do Alex, é dispensável aqui.
Eduarda gosta, disfarça, Ângela fica incrédula.
ALEX
Ângela sempre participou das reuniões.
LIZ
Agora isso mudou, como estão vendo, essa é a Célia, minha secretária, ela sim fica.
Fábio entra.
FÁBIO
Desculpa ter demorado, tive que dar um jeito em uma das máquinas.
ALEX
E quem te chamou aqui?
LIZ
Eu, Fábio era a pessoa que faltava, a partir de hoje, ele irá participar de todas as reuniões, representando os operários, para que tudo seja feito às claras.
Fábio sorri maroto para Alex, que com raiva, encara Liz e Fábio.
Fim do Capítulo
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