0:00 min       E VAMOS À LUTA!     NOVELA
19:00 min    

WEBTVPLAY APRESENTA
E VAMOS À LUTA!
Novela escrita por
Débora Costa

BASEADA NA OBRA 'A FÁBRICA', DE GERALDO VIETRI
Colaboração
Tainá Andaluz

Revisão de Texto
Cristina Ravela

Direção
Wellyngton Vianna

Núcleo
Cyber TV

Personagens desse capítulo
Alex
Alfredo
Ângela
Camila
Clarice
Eduarda
Fábio
Ivan
José
Josivaldo
Liz
Lúcia
Manuela
Marta
Nicolas
Otaviano

© 2019, CyberTV.
Todos os direitos reservados.
Capítulo 01 de 37

Cena 1/São Paulo/Int./Mansão Camargo/Sala/Dia.

Marta está feliz, cantando enquanto arruma alguns móveis da sala, bate as almofadas que estão no sofá. Clarice entra, tira os óculos de sol.

CLARICE

(sorri) Nossa! Por que está tão feliz, Marta?

Alfredo entra carregando com dificuldade muitas sacolas, está cansado, coloca as sacolas no sofá.

MARTA

(feliz) A Liz vai voltar!

Alfredo olha imediatamente para Clarice, que fica atordoada, tenta disfarçar. 

CLARICE

(sorriso sem graça, falsa) Sério? Poxa, isso é realmente muito bom.

MARTA

(feliz) Sim, eu estou morrendo de saudades dela.

CLARICE

Eu achei que ela nunca mais iria colocar os pés aqui, depois que o Geraldo morreu.

MARTA

(aborrecida) Pois é, coitada... Liz ainda tem muitas lembranças ruins, e não é pra menos, ela perdeu o marido e o pai naquele incêndio horrível da fábrica.

CLARICE

Eu sei como é, afinal, Geraldo era meu irmão.


MARTA

Mas agora não é hora de falar sobre isso, e muito menos quando a Liz estiver por perto, ela está vindo porque a Eduarda disse que está tendo alguns problemas na fábrica, ninguém sabe que ela está voltando, só eu. Com licença, dona Clarice, vou ver como está a suíte da Liz.

Marta sobe as escadas, Clarice fica com raiva, Alfredo se senta, a observa.

CLARICE

Droga! Porque a Liz vai voltar? Está tudo ótimo sem ela por perto!

ALFREDO

Não ouviu? Ela está voltando para resolver as coisas na fábrica.

CLARICE

Eu sei, mas agora as coisas podem mudar, você sabe muito bem que o idiota do meu irmão deixou tudo pra ela! Não quero perder o que tenho.

ALFREDO

Que é nada, você acabou de dizer que tudo é da Liz, incluindo o dinheiro que você usou para comprar todas essas coisas.

CLARICE

(calma) Alfredo... Você está de qual lado? 

ALFREDO

Do seu, meu amor.

Clarice joga os óculos de sol em Alfredo.


CLARICE

(raiva) Então para de me irritar! E me ajuda, porque quando a Liz cruzar aquela porta, eu preciso que ela acredite que eu sou a melhor tia do mundo.

Clarice fica pensativa, Alfredo balança a cabeça negativamente. 

Cena 2/Ext./Bairro Vila Operária/Dia.

Liz chega ao bairro dirigindo o seu carro, ela diminui a velocidade, olha os lugares, saudosa e um pouco triste, as lembranças felizes da época em que seu pai e seu marido eram vivos parecem tão reais que Liz as visualizam, em cada local. 

Liz está distraída e não vê que o farol está com o sinal de atenção. Quando o sinal fica vermelho, Liz não percebe e avança o sinal, batendo no carro que passou ao ver que estava livre para ele passar. Liz se assusta, encosta a cabeça no volante, fecha os olhos, ouve quando o motorista do carro bate a porta com força, Liz levanta a cabeça, vê que o motorista vem em sua direção, está bravo.

FÁBIO

(V.O, bravo). Aposto que a madame estava mexendo no celular!

Liz respira fundo, sai do carro, altiva, encara Fábio, o olha de cima a baixo.

LIZ

É, dá para notar que você é ruim de aposta, e não precisa fazer tanto escândalo, afinal foi uma batidinha de nada.


FÁBIO

(Inconformado, mais bravo) Batidinha de nada? (aponta furioso) A madame acabou com a frente do meu carro! Bem que dizem: Lugar de mulher é na cozinha! 

LIZ

(inconformada) Como é? Que coisa mais antiquada de se dizer! Lugar de mulher é onde ela quiser! E eu não tenho culpa que você dirige essa lata velha! Até se encostasse nisso aí iria amassar, além de correr o risco de pegar uma doença, tétano por exemplo!

FÁBIO

(esbraveja, gesticula) Olha só, eu tenho mais o que fazer além de ficar aqui batendo boca com a madame, você bateu no meu carro, e você vai ter que pagar o concerto.

Liz percebe que Fábio está usando o uniforme da fábrica, sorri sarcástica. 

LIZ

Tudo bem, eu tenho certeza que nós vamos nos ver novamente, e eu sim posso apostar que você vai se arrepender de cada grosseria que disse. E tira essa lata velha do meu caminho!

Liz entra em seu carro, Fábio bate na porta, a olha pela janela.

FÁBIO

E o concerto do carro, madame?



LIZ

Já disse, vamos nos ver novamente, e eu quero ver se você vai continuar mantendo essa postura de machão retrógrado. 

Liz fecha a janela, sai dirigindo seu carro, Fábio fica nervoso.

FÁBIO

Era só o que me faltava!

Cena 3/Int./Tecelagem Santa Isabel/Pátio/Dia.

Os operários, José, Nicolas, Ivan, e Josivaldo, estão reunidos, conversam em um tom de discussão.

JOSÉ

Eu não me conformo! Como puderam demitir o Paulo?

NICOLAS

Pelo que eu entendi, ele estava aprontando no laboratório.

JOSIVALDO

O Paulo? Nunca! Ele é o cara mais honesto que conheço.

Alex e Ângela estão entrando na fábrica, Ivan os vê.

IVAN

Olha lá gente, olha lá quem chegou.

JOSÉ

Vamo lá falar com ele.

Ângela vê os operários se aproximando.


ÂNGELA

(para Alex) Problemas à vista, meu querido.

ALEX

Pra mim é que não é.

Os operários se aproximam, Alex os olha, altivo.

ALEX

Aconteceu alguma coisa?

JOSÉ

Aconteceu, o Paulo foi demitido.

ALEX

Foi, por justa causa, mas isso não é assunto para vocês, já está na hora do trabalho começar.

JOSIVALDO

Espera aí, isso é da nossa conta sim, o Paulo é nosso amigo, ele já estava aqui antes da gente chegar.

ÂNGELA

Acho que vocês não entenderam, o amiguinho de vocês já foi demitido, não tem mais o que fazer.

IVAN

Ninguém aqui falou com você.

NICOLAS

(a Ivan) Ficou louco? 

ALEX

Já chega de ficar aqui perdendo tempo, eu tenho coisas para fazer, e vocês também, e eu já contratei outra pessoa no lugar do Paulo.

Otaviano se aproxima.

ALEX

(sorri) Otaviano.

JOSIVALDO

(nervoso) Agora já entendi tudo! Tem dedo desse aí no que aconteceu, se tinha alguém fazendo coisa errada, com certeza era ele!

OTAVIANO

Eu sei que você é amigo do meu sogro, mas não tenho culpa dos erros dele.

Josivaldo vai pra cima de Otaviano, Ivan entra no meio para impedir a briga.

IVAN

Para gente! Aqui não é lugar pra isso!

ALEX

(nervoso) Voltem ao trabalho!

Alex e Ângela vão entrando na administração.

JOSÉ

Não! Aqui ninguém vai trabalhar mais.

Alex volta, encara José, Fábio se aproxima.

ALEX

Como é?

JOSÉ

A gente aguenta muita coisa errada aqui, mas nosso amigo não merece ficar sem emprego, até ele voltar, ninguém trabalha.

Os operários concordam com José, Otaviano sorri sarcástico. Ângela observa, Fábio fica ao lado de José.

FÁBIO

Eu cheguei agora, mas já sei que o Paulo foi demitido, e to do lado dos meus amigos.

ALEX

Está? É isso mesmo que vocês querem? Vão fazer greve até que eu chame o Paulo novamente?

JOSÉ

É isso.

ALEX

Tudo bem então. (a Ângela) Ângela, coloque na minha mesa os currículos que recebemos recentemente, vamos precisar de novos operários. (Aos Operários)Porque esses não trabalham mais aqui. 

Alex entra na administração, Ângela sorri, entra em seguida.

OTAVIANO

(ri debochado) São uns burros mesmo, agora quero ver o que vão fazer sem emprego.

Otaviano sai.

JOSIVALDO

(nervoso) Eu ainda meto a mão na cara dele.

IVAN

Ô gente, vocês viram a porcaria que aconteceu aqui, ou foi só eu? Pelo que eu entendi, ta todo mundo na rua.

NICOLAS

E agora? O que a gente vai fazer?

JOSÉ

(sem jeito) Eu não sabia que esse canalha ia fazer isso com a gente, quando vi já tava peitando ele.

FÁBIO

Fica tranquilo, tudo vai dar certo.

JOSÉ

Por que você não vai lá conversar com ele?

FÁBIO

(surpreso) Eu? 

JOSÉ

É, você leva jeito pra essas coisas, pede o nosso emprego de volta.

FÁBIO

Não sei não, eu detesto esse Alex, e você sabe que não tenho muita paciência. 

Eduarda se aproxima.

EDUARDA

É verdade que o Alex demitiu vocês?

NICOLAS

É.

EDUARDA

Por quê?



IVAN

Porque o José aqui quis começar uma greve até o Paulo voltar, a gente foi no embalo, e a gente perdeu o emprego.

EDUARDA

Mas que absurdo, ele não pode fazer isso.

JOSÉ

Mas fez dona Eduarda.

EDUARDA

Eu vou dar um jeito nisso, Alex não pode mandar e desmandar assim. Fiquem aqui, vou chamar a pessoa certa para resolver a situação.

Eduarda sai, os operários se sentam, menos Fábio e José.

FÁBIO

Espero que ela consiga... Arrumar emprego não está fácil.

Cena 4/Int./Mansão Camargo/Sala/Dia.

Liz entra, olha em volta, saudosa e triste. Marta se aproxima, abraça Liz, está feliz.

MARTA

Que saudade eu senti querida!

LIZ

(sorri) Eu também senti a sua falta, Marta.

Marta segura as mãos de Liz, a olha muito.

MARTA

Você está linda, meu amor.

LIZ

(sorri) Obrigada. E onde está todo mundo? 

MARTA

Seus tios estão lá em cima, Denise e Camila ainda não chegaram da faculdade.

Liz olha em volta, se afasta de Marta, caminha pela sala, suspira.

LIZ

Eu achei que seria mais difícil encarar tudo isso novamente, sem o meu pai, e sem o Maurício.

MARTA

Você está bem?

LIZ

Estou... Não como gostaria de estar, mas estou bem sim.

Clarice e Alfredo descem as escadas, Clarice abre os braços indo em direção à Liz.

CLARICE

(escandalosa, falsa) Minha querida! Eu senti tanto a sua falta!

Clarice abraça Liz.

LIZ

Como vai, tia?

CLARICE

Muito melhor agora, querida. Você sabe, depois que Geraldo morreu isso aqui nunca mais foi a mesma coisa.

Marta olha inconformada para Clarice.

ALFREDO

Como você está, Liz?

LIZ

Bem, mas um pouco cansada, eu quero ir para o meu quarto.

MARTA

Eu arrumei tudo pra você.

A campainha toca, Marta vai atender. Eduarda entra, sorri ao ver Liz, se aproxima e a abraça.

EDUARDA

Como você fez falta, Liz.

LIZ

(sorri) Também senti sua falta, e da Kira, são as minhas melhores amigas.

EDUARDA

Você sabe que eu não gosto da Kira, mas isso não vem ao caso agora, eu preciso que você venha comigo.

LIZ

Pra onde?

EDUARDA

Para a fábrica.

LIZ

Tem que ser hoje? Eu estava pensando em ir amanhã.

EDUARDA

Se você não for hoje, a maior das injustiças pode acontecer, não dá para esperar, amiga.

LIZ

Fazer o que... Vamos lá então.

Liz e Eduarda saem.

Cena 5/Int./Tecelagem Santa Isabel/Administração/Dia.

Ângela está sentada com as pernas cruzadas em cima da mesa de Alex, que está lendo alguns documentos.

ALEX

Esse bando de analfabetos não vão saber ir atrás dos direitos deles, como não foram até hoje.

ÂNGELA

Você teve uma atitude radical, querido, mas gostei dela, essa gente tem que saber quem manda.

Ângela beija Alex.

ALEX

(sorri) Isso mesmo, e já estava na hora de mudar esses operários.

Liz e Eduarda entram.

LIZ

Eu posso saber quem te autorizou a demitir os meus funcionários? 

Ângela desce rapidamente da mesa, se ajeita, Alex se levanta, fica atordoado ao ver Liz. Eduarda sorri gostando.

ALEX

Liz, que surpresa, não esperava te ver aqui.


LIZ

A Eduarda me contou que você demitiu todos os funcionários sem motivo algum.

ALEX

Não foram todos, foram os que estavam ameaçando fazer greve.

LIZ

Aqui quem admite algo ou não, sou eu. 

ALEX

Eu sei, Liz.

LIZ

Por que eles queriam fazer greve?

ALEX

Porque eu demiti o Paulo, você sabe disso, tive a sua autorização.

LIZ

E por isso eles queriam fazer greve?

ALEX

Exatamente.

LIZ

Bem... Sua decisão foi correta então.

EDUARDA

(inconformada) Não, Liz! Não foi correta, e eu posso te garantir que a demissão do Paulo foi a gota d’água para eles, aqui tem muita coisa errada que o Alex não te conta!

Alex fica com raiva, encara Eduarda.

ALEX

Você não sabe de nada.

EDUARDA

Ah, eu não sei de nada? Pois bem, Liz, manda qualquer um dos funcionários vir até aqui, e pergunte sobre a carga horária, por exemplo, pergunte se recebe hora extra.

ANGELA

Eduarda, eu mesma faço esses pagamentos.

ALEX

(à Eduarda) Como disse, você não sabe de nada.

LIZ

Alex, sai da minha sala. Eduarda, chame um deles aqui, vamos ver se eles merecem ou não continuar trabalhando aqui.

Eduarda sorri, Alex e Ângela se olham cúmplices, sérios.

Cena 6/Ext./Tecelagem Santa Isabel/Pátio/Dia.

José está andando de um lado para o outro, aflito, Fábio está sentado.

FÁBIO

José, daqui a pouco você chega no Japão, com o buraco que já fez aí.

JOSÉ

Eu to nervoso já, a Eduarda que não volta.

FÁBIO

Calma, o melhor a fazer é já ir pensando em outro emprego.

JOSÉ

Você fala uma coisa dessa, e ainda me pede calma?

Eduarda se aproxima.

EDUARDA

José, vem comigo, você vai falar com a dona da tecelagem. Tenho certeza que vocês não serão demitidos.

JOSÉ

A gente já foi demitido, a gente quer o emprego de volta.

EDUARDA

Então vem comigo.

JOSÉ

É melhor o Fábio ir, ele vai saber falar melhor do que eu.

FÁBIO

Essa é boa, agora eu vou ter que ir lá e fazer milagre?

EDUARDA

É melhor vocês se decidirem logo, a Liz não gosta de esperar, agora pouco ela deu razão para o Alex, e eu disse que aqui tem muita coisa errada, e ela quer ouvir de vocês o que acontece.

FÁBIO

Eu vou então.

Eduarda e Fábio saem, José junta as mãos, olha pra cima, pedindo ajuda.

Cena 7/Int./Tecelagem Santa Isabel/Administração/Sala de Liz/Dia.

Liz está em pé se servindo um café, Eduarda e Fábio entram, Liz reconhece Fábio, ele também a reconhece.

FÁBIO

A madame aqui? 

EDUARDA

(estranha) Vocês se conhecem?

FÁBIO

Infelizmente sim, a madame aí não presta atenção quando dirige, ela bateu no meu carro.

LIZ

Ele insiste em chamar aquilo de carro.

FÁBIO

Você vai trabalhar aqui?

LIZ

Pretendo.

EDUARDA

Liz, ele é o representante dos funcionários.

LIZ

(sorri sarcástica) É?

FÁBIO

Vem cá, quando a dona da fábrica vai chegar?

LIZ

Ela chegou faz um tempo, mas no caminho ela teve um imprevisto. Um machão armou um escândalo por causa de uma batidinha que ela deu na lata velha dele.

Fábio fica sem jeito, Liz o encara.

LIZ

Eu disse que logo nós iríamos nos ver novamente. 

Fim Do Capítulo


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