Testemunha de um Crime - Capítulo 09

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TESTEMUNHA DE UM CRIME


Novela de
Luiz Gustavo

Capítulo 09 de 30



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CAPÍTULO 09


Dois meses tinham se passado desde que David de tornou testemunha ocular de um crime, as confusões ainda permanecem em sua cabeça, lutando para serem desfeitas num verdadeiro quebra-cabeça de oito mil peças, vendido na parte de cima em uma loja de conveniência. Nunca teve coragem de falar sobre aquela noite na praia, nem para os amigos e ao menos a Andressa, a respeito da possível traição. Como dizer algo que parece mais uma invenção?
O sinal da escola toca ás 12h20min, os alunos se entrelaçavam um ao outro para sair do prédio branco com listras azuis, que nem no uniforme. David anda do lado dos amigos e observa o boletim escolar, apenas notas altas, deixando-o na lista dos melhores alunos da sala, em terceiro lugar, atrás apenas de seu amigo Google, que fica com a medalha de ouro e Andressa, com a de prata. As dúvidas referentes ao curso que deseja fazer na faculdade viraram certeza, Direito, deseja lutar com unhas e dentes, para tentar mudar a justiça do Brasil, beneficiar as pessoas de bem e jogar os bandidos numa cadeia e não em hotel de luxo fechado.
David se despede dos amigos com um aperto de mão, Jefferson e Matheus caminham em direção contrária do colégio para uma loja de jogos, o adolescente permanece parado na frente do portão azul, abraçando Andressa.
- Hoje eu tenho que almoçar com o meu pai, mas amanhã podemos passar a tarde toda juntinhos.
- David... Qualquer momento ao seu lado é único, como num livro do Nicolas Sparks que estou lendo.
- Eu sou tipo o Jhon, então?
- É quase isso, mas eu não quero me separar de você, nem por uma guerra. – Ela acaricia os lábios do namorado com o dedo indicador, os dois estão embaixo da sombra do prédio, o sol continua quente por causa do horário. – Desejo permanecer assim, brigar contigo, rir contigo e aprender amar. Não existem sentimentos sem erros. Não tem como encontrar alegria sem viver a dor.
Um carro escuro estaciona próximo ao lancil, buzina duas vezes, é o motorista dos Yamashitas, para buscar a "princesinha" da família.
- Tchau amor, te vejo depois.
Andressa retoca o batom vermelho e entra no veículo ao se despedir do namorado, que segue lentamente na pista. David vira a face para o lado, avista os alunos da tarde chegando, ainda tem diversos passos para andar, segue confiante e pensando no almoço. O garoto dobra a esquina, sobe uma longa ladeira da Cidade Dutra, divisa dezenas de automóveis, o sinal fica vermelho para eles e verde para os pedestres. Ao infiltrar-se no pequeno beco para cortar caminho, dois homens usando terno e gravata a frente de um carro branco se aproximam do adolescente. Um é moreno claro, permanece encostado no capô do automóvel vendo o chão e o outro é negro, assim como seu olhar sem brilhos, a voz rouca começa a falar.

- David Assunção?
- Sim, sou eu.
- Entre no nosso carro agora!
Na mente de David aqueles dois homens eram capangas de Junior Brandão chefe do narcotráfico e do contrabando. "Parecem dois armários ambulantes", pensa o garoto, que acaba recusando a proposta de primeira.
- David, fazemos parte da Agência Brasileira de Inteligência e precisamos conversa contigo a respeito do que aconteceu naquela noite, queremos apenas lhe proteger.
"Se eu correr agora, tem como escapar desses caras..." David tinha analisado bem o parâmetro, não acreditava que aqueles dois homens fossem da ABIN. Por que deveria? Depois de quase dois meses aparecerem assim? Sem identificação? No entanto não podia ficar parado que nem uma estátua grega no museu do Louvre.
"É correr ou morrer..."
Ele usa do artifício das suas únicas armas no momento: as pernas. David corre como um leopardo, com total rapidez e agilidade, afastando-se dos armários, que o perdem do campo de visão. Primeiro o chefe e agora os mandantes, tem força o bastante para apressurar-se em uma meia maratona.
A comida estava esfriando a essa altura e o adolescente, não sente mais tanta fome como anteriormente, depois de tamanha descarga de adrenalina. Ao chegar à metalúrgica Assunção, prossegue direto para o banheiro dos funcionários e lava o rosto, enxerga alguns cartazes de mulher pelada e um calendário, com um rosto familiar, o de Amanda  Lopez. Cumprimenta alguns caras que trabalha para a firma e sobe as escadas, Roberto estava sozinho assinando alguns papéis e em seguida levanta-se dando total atenção ao filho que se acomoda numa pequena poltrona.

- Está sem fome?
- Sim, comi um lance na rua. – David disse ao passar a mão nos cabelos suados. Não conta nada a respeito do ocorrido, ainda não é o momento.
David observa o patriarca atentamente, está meio abatido, como se algo estivesse acontecendo. Os cabelos lisos e escuros com alguns fios brancos estavam meio bagunçado. Roberto sempre se arrumava para o trabalho, mas aquele dia era como um toque nas feridas.

- O que houve contigo? – David indaga.
- Sonhei essa noite com a sua mãe. – Roberto chega mais perto do filho e se ajoelha no carpete, as lagrimas escorrem pela face. – Eu nunca consegui te dar nada de presente, me sinto culpado por isso. Dezesseis de outubro é apenas um dia para ser esquecido, mas é o seu dia também.
- Nunca liguei para isso, pai.
- Devia, vamos fazer algo esse ano? São seus dezoitos anos.
- Só de passar com as pessoas que amo, é o suficiente. O senhor, a Andressa, o Google e o Jefferson, são tudo para mim. Não preciso de mais nada.
Roberto abraça o primogênito, que retribui o ato de carinho. O movimento na metalúrgica como toda sexta-feira estava fraco, pai e filho continuavam a conversar no escritório sem a presença de secretária ou subordinados, visava os lucros e poucas dívidas que a pequena empresa possuía. Ás sete horas da noite retornam para morada de carro. David pega a mochila do banco de trás dos passageiros e vai para o quarto tomar banho enquanto Roberto contempla a residência literalmente limpa, Dona Hilda tinha feito um excelente trabalho, excepcionalmente hoje havia mudado o dia da faxina devido alguns problemas pessoais. "A comida da semana está pronta e as roupas limpas na lavanderia." Lê a carta colada na geladeira, o filho retorna de banho tomado e cheirando a perfume, usando uma camiseta vermelha com o símbolo do Batman.

- Vai encontrar com a Andressa?
- A Andy está no restaurante.
- Você ganhou na loteria com essa menina.
- Ela é perfeita.
A campainha branda algumas vezes, David corre para atender o portão, imaginando que fosse um dos seus amigos, mas é Amanda, com um belo sorriso no rosto, usando um vestido escuro, segurando uma bolsa nas mãos. David analisa bem a constituição da mulher, seus trejeitos agora não se lembram de nada uma garota de programa, a face bem pintada e as lindas madeixas vermelhas, amarradas em um coque, faz parecer uma advogada de primeira linha.

- David...
- Amanda. Você simplesmente sumiu.
- Me desculpe.

Amanda o abraça amigavelmente.
- Eu não me esqueci da dívida, pelo contrário estava juntando o dinheiro. Morar sozinha é a coisa mais louca do mundo, mas com um tempo, vou conseguir me arranjar.
- Claro, você está linda. – David solta aquele elogio e desejava colocar as palavras de volta na boca, não devia pensar assim, tentou se redimir. – Com todo o respeito, claro.
- Já bati calçada querido, respeito ficou lá na Kennedy. Mas eu precisava fazer isso logo. – Amanda pega um pequeno envelope branco da bolsa e entrega ao garoto, é o dinheiro.

David confere e nota uma pequena diferença:

- Aqui tem cem a mais.
- São os juros. – Ela esboça um breve sorriso, seus dentes são brancos, como se nunca tivesse fumado. – Muito obrigado David, você foi um verdadeiro amigo, mesmo nem me conhecendo perfeitamente. Tenho uma dívida eterna contigo.
- Você já me pagou, não tem nada de eterno.
- Você não entende, mas um dia irá saber do bem que me fez.

O silêncio toma conta da conversa, sendo quebrado depois de alguns minutos.

- Do que você está trabalhando atualmente?
- Como atendente em uma padaria, aqui perto.
- Está gostando?
- É... – Amanda faz uma breve careta. – Para quem nunca estudou está excelente, mas é uma escravização, tem que limpar o chão, atender os clientes, abrir o caixa, fechar o caixa. Um dia me acostumo ou corro atrás do meu futuro.
"E ainda continua perfeita?" David amaldiçoa a si mesmo após esse raciocínio, não pode agir como um mulherengo deve segurar seus hormônios, mas é difícil se conter, conhecia cada detalhe daquele corpo feminino, as belas ancas e os seios grandes, a conversa toda até o final foi um verdadeiro teste de fidelidade. Aquele beijo no rosto de adeus, o trouxe de volta a vida real de uma maneira fatal.
Ele retorna para a cozinha e esquenta uma vasilha de arroz no micro-ondas e em seguida, um escondidinho congelado. Finalmente a fome tinha batido no estômago, David comia rapidamente como se o mundo fosse acabar, assustando Roberto que estava a sua frente, do outro lado da mesa de mármore.

- Calma filho, não sabia que estava tão esfomeado assim.
- Nem eu. – Ingere um pouco do suco de uva.
- Quem era no portão?
- Um vizinho.
- O que ele queria?
- Nada demais, apenas uns truques no GTA.
David lava os pratos da pia e retorna ao quarto, aparentemente satisfeito, deita na cama e visualiza algumas mensagens no aparelho celular. Nada demais. Liga a TV no Disney XD e começa a assistir Kick Buttowski, permanece cansado e acaba sendo domado pela letargia. Em seus sonhos ele corre na praia de um homem, mas não consegue controlar sua potência e deslancha na areia escutando um barulho de tiro, milhares seguidos, feito rajadas de bomba e levanta com a ajuda de um homem, mas não consegue enxergar aquele rosto, como se existisse um verdadeiro borrão, mais um disparo, dessa vez em seu corpo, sente o sangue escorrer pela blusa e desperta assustado, com o rosto literalmente molhado, pega o Iphone 4s, eram 03h15min. Avança velozmente até a janela do quarto, a rua estava vazia e literalmente molhada devido à chuva que caiu nas últimas horas. Escuta os cachorros latir e o barulho calmo da madrugada, mas não se sente confiante o suficiente.

"Será que estou seguro?"




INSPIRADO EM UMA HISTÓRIA REAL

autor:
LUIZ GUSTAVO

elenco
DAVID ASSUNÇÃO

AMANDA LOPEZ
ANDRESSA YAMASHITA

HERBERT VIANA

NICK SMITH
ADAM SMITH

FRANK SALVATORE
BRUNO LIMA

PROFESSORA MARIA
ROBERTO ASSUNÇÃO

MATHEUS
JEFERSON

DONA HILDA
SÁVIO MESSIAS
JUNIOR BRANDÃO

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
MARCELO MIRANDA
MÔNICA VELARDO


TRILHA SONORA:
SAVE ME - REMY ZERO (abertura)

COLABORAÇÃO:
MÁRCIO GABRIEL
JULIANA CORDEIRO


PRODUÇÃO:
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.




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