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RAÍZA 2ª TEMPORADA SÉRIE
0:30:00 min
WEBTVPLAY APRESENTA
RAÍZA 2
Série
de
Cristina Ravela
Episódio 13 de 23
"Golpe Baixo"
© 2010, WebTV.
Todos os direitos reservados.
Todos os direitos reservados.
FADE IN
Takes da cidade do Rio de Janeiro
de manhã
CORTA PARA
CENA 1
BANCO [EXT./MANHÃ]
Vemos a fachada de um banco. A
câmera vai se afastando até o rosto de Raíza olhando para a
fachada aparecer na tela. A cena dá um leve giro e ela caminha para
entrar.
Corta para o interior
Há pouca movimentação. Pisos
claros, pilastras azuis, ambiente plano. Raíza segue até a boca do
caixa, olha para cima onde há uma placa: “Penhor”. Abre a bolsa,
retira uma trouxinha típica de joia e desamarra o laço. Retira dali
um colar de ouro com um pingente em forma de borboleta e duas
pedrinhas de diamante, olha por instantes enquanto a atendente
espera. Ela entrega a joia com pesar.
Corta para o exterior
Vemos Raíza lá dentro pelo
vidro temperado guardando o dinheiro na bolsa. Ela sai pela porta
automática enquanto saca seu celular e digita. Foco em seu rosto
enquanto desce as escadas.
RAÍZA:
Ari? Consegui. Eu não queria ter feito isso, mas já dá pra pagar
uns dois meses da hipoteca (pausa / ela olha estranho para alguma
coisa). Ahn...Sei que não é o suficiente, mas...Já posso ganhar
tempo pra...
A câmera se afasta e Raíza olha
para ambos os lados, atônita. O ambiente é estranho, pobre e
sombrio. Raíza se volta rapidamente e encara o que seria um banco;
Agora, um colégio mal acabado e abandonado. Bate o medo.
RAÍZA (ao celular):
Depois eu falo contigo, Ari (e desliga).
Ela abre a bolsa, remexe
preocupada e nada. Nem a joia e nem o dinheiro. Clima. Ela corre pra
DENTRO DO COLÉGIO mal acabado e para no meio do pátio. Plano geral.
Há paredes sujas, teias, chão molhado e dois caras mal encarados
circulando.
Raíza olha para a sua esquerda onde há uma espécie de guichê. Corre até lá.
Raíza olha para a sua esquerda onde há uma espécie de guichê. Corre até lá.
RAÍZA (desesperada):
Por favor! Eu...Eu...Eu estive...Aqui agora pouco...(receosa) Não é?
A mulher do outro lado é TINA,
barra pesada, magra, morena. Fuma um cigarro barato. Está
acompanhada de um cara que sustenta uma pinta de malandro e um colar
aparentemente de ouro pesado.
TINA (voz de malandra):
Nunca vi seu rosto, belezinha. Será que você não fumou um desses?
(Dá uma baforada e faz sinal pro cigarro dela).
A atendente ri escandalosa junto
do cara.
Close na expressão desesperadora de Raíza.
Close na expressão desesperadora de Raíza.
A tela se fecha num baque.
2X13
GOLPE BAIXO
GOLPE BAIXO
FADE IN
CENA 2
RUAS DA CIDADE [MANHÃ]
A câmera dá flashes em cada
parte do cenário por onde Raíza vem andando transtornada sobre a
calçada.
Carros, buzina, transeuntes, lojas.
Carros, buzina, transeuntes, lojas.
Vemos que ela se aproxima do
edifício onde Marco mora. O portão de garagem é aberto e um carro
sai de frente. Ele para, a câmera mostra a janela sendo aberta.
Marco, de óculos escuros, sorri cínico.
MARCO:
Ora! Veio me ver?
Raíza o olha séria e faz que
dará as costas.
MARCO:
Ei!(ele sai do carro) Espere! (tira os óculos e põe na camisa).
Raíza está fora da calçada, de
frente para seu carro. Se volta com cara de poucos amigos.
RAÍZA:
Olha, eu já tenho que te aturar dentro da minha casa. Eu não
preciso te aturar aqui também.
MARCO:
Mas aqui é a rua onde moro. Vai me acusar de você estar aqui?
RAÍZA (solta os braços /
nervosa): Eu me perdi,
tá legal? (Marco esboça um sorriso debochado) Você devia
experimentar se perder bem longe de todos nós!
Marco vai se aproximando
cautelosamente.
MARCO:
Está nervosa...Aconteceu alguma coisa?
RAÍZA:
Mais alguma coisa? Meu tio hipotecou o apartamento pra te pagar uma
dívida de jogo quando ele podia ter pedido ajuda ao Cael. Então
você pagou esse tratamento por alguma razão. (pausa) O que você
quer, hen? O que você ainda quer?
MARCO (cínico):
Minha querida...(Raíza bufa) Eu só estou querendo ajudar vocês,
será que você ainda não percebeu isso?
RAÍZA:
Pare de fingir que é bonzinho! Você não é tipo de cara que presta
ajuda de graça.
MARCO:
Chega um momento na vida de um homem que precisamos fazer algo pelo
os mais necessitados. Sabia disso?
Raíza respira cansada.
RAÍZA:
Eu devo ter sido uma peste em outra reencarnação pra merecer tá
passando por isso, só pode.
MARCO:
Querida...
RAÍZA (se exalta):
Pare de me chamar assim! Você não me quer bem! Nunca quis!
MARCO (provoca):
Você gostaria que eu quisesse?
Raíza o encara com raiva. Marco
se aproxima mais ainda.
MARCO:
Eu não gosto quando você pensa mal das minhas boas ações. (ele
tenta tocar seus cabelos / ela se esquiva) Cael lhe ajudou muito,
lembra? Conseguiu um emprego pro seu pai, ajudou sua amiga Ari...O
que você tem dado em troca pra ele?
Climão. Raíza lhe acerta um
TAPA...
RAÍZA:
Seu imbecil!
Ele toca o rosto e a encara com
raiva.
MARCO:
Você perdeu o juízo, foi?
RAÍZA (aponta o dedo /
grita): Você que
perdeu! ‘Cê’ nunca mais fala assim comigo, tá ouvindo? Eu não
sou dessas mulheres com quem ‘cê’ tá acostumado a andar!
Marco segura sua mão com força.
MARCO:
O que é? Falei a verdade? (há uma resistência por parte dela) Você
fica visando o que vou fazer ou não, mas Cael não é nenhum santo!
(ele segura forte em seus braços) Você já viu o que ele é capaz
de fazer.
Ouvimos uma moto se
aproximar.
RAÍZA: Me solta! Tá me machucando!
RAÍZA: Me solta! Tá me machucando!
Ela larga dele.
Vemos uma moto se aproximando em alta velocidade. Ouvimos o pneu cantar no asfalto. Ela se assusta, se joga em Marco e os dois caem sobre o capô.
A moto passa rente a eles e para adiante.
Vemos uma moto se aproximando em alta velocidade. Ouvimos o pneu cantar no asfalto. Ela se assusta, se joga em Marco e os dois caem sobre o capô.
A moto passa rente a eles e para adiante.
Raíza e Marco se fitam. Entre
eles vemos um homem de visual extravagante se aproximar.
HOMEM (O.S):
Não vou me perdoar por isso.
Tanto Raíza e Marco olham para o
cara abrindo-se a cena para que possamos ver Johnny Land segurando
seu capacete. Ela sai de cima de Marco.
RAÍZA:
Johnny! (pausa / sem graça) ‘Cê’ quase me atropelou.
JOHNNY:
Talvez teria sido melhor, acredite.
Os dois riem e ele vai abraçá-la.
Marco ajeita o paletó com cara de enjoado.
Johnny olha Marco e faz um sinal
de cumprimento com a cabeça. Marco corresponde com má vontade.
JOHNNY:
E aí? (irônico / relembrando 1x16) Ainda pisa fundo nesse seu
carro?
MARCO (pausa / sorrisinho de
canto): Estou mais
cauteloso (olha rápido para Raíza, põe os óculos). Tenham um bom
dia.
Marco entra no carro. Johnny e
Raíza se afastam e Marco vai embora.
Johnny coloca as mãos nos bolsos
da calça preta.
JOHNNY:
Como é que ele anda se comportando?
RAÍZA:
Nem te conto.
JOHNNY:
Me conta sim. No caminho... Vamos?
Raíza dá de ombros sorrindo.
Raíza dá de ombros sorrindo.
CORTA PARA
CENA 3
ED. CIRANDA DE PEDRA [EXT. / MANHÃ]
Johnny e Raíza chegam de moto e param rente a calçada. Retiram o capacete e Raíza sai.
Johnny e Raíza chegam de moto e param rente a calçada. Retiram o capacete e Raíza sai.
JOHNNY:
Estou impressionado com as novidades. Geralmente as coisas acontecem
quando eu volto.
RAÍZA:
É...Nada é como antes.
Johnny sai da moto e a suspende
para subir a calçada.
JOHNNY:
Percebi. Antes de você namorar o cara da night, o Marco já era
desagradável. Agora então...
Raíza abre o portão e Johnny
vai entrando com a moto.
RAÍZA:
Agora então o quê?
Os dois estão indo em direção
ao estacionamento quando Johnny para e a olha de repente.
JOHNNY (disfarça):
Agora (pausa) que seu tio tem dívidas com o Marco.
Raíza desconfia da real
explicação, mas ele logo a abraça enquanto adentram o
estacionamento.
JOHNNY:
E a Ari? Esse namoro com o cara da sigla é sério mesmo ou...
RAÍZA:
Melhor nem tentar.
Risos.
FADE OUT
FADE IN
Takes rápidos da cidade.
CORTA PARA
CENA 4
APTº 403 – SALA [INT.]
Johnny está abraçado a Josué
que disfarça o seu descontentamento.
JOHNNY:
Saudades, tio.
Josué se mostra sem jeito em
correspondê-lo devido a seu traje com colares de metal. Johnny o
larga e toca seu rosto.
JOHNNY:
Garoto esperto. O que anda aprontando?
Josué olha pra ele; Olha pra
Raíza.
JOSUÉ:
O que foi? Usou alguma droga?
Bruno surge na sala com Ari que
libera um sorrisão ao ver Johnny.
ARI:
Johnny! (ela vai abraçá-lo) Eu pensei que você não viesse.
JOHNNY:
E perder essa recepção calorosa? (sorri).
RAÍZA:
Pai...Pensei que não ia te encontrar aqui.
BRUNO:
Pedi pra chegar mais tarde (ele a olha fixo e ela entende a
cumplicidade). João vai estagiar hoje mais tarde também.
RAÍZA:
Ahn...Então...Ari, ‘cê’ faz companhia pro Johnny? Eu vou falar
com meu pai rapidinho.
ARI:
Tudo bem.
Raíza sai com o pai. Ari e
Johnny sentam no sofá e este faz menção de pôr os pés sobre a
mesa.
Josué o encara e Johnny faz sinal de paz evitando pôr os pés na mesa.
Josué o encara e Johnny faz sinal de paz evitando pôr os pés na mesa.
CORTA PARA
CENA 5
APTº 403 – QUARTO DE RAÍZA [INT.]
Raíza já está sentada na cama
e Bruno senta diante dela, preocupado.
BRUNO:
Mas como isso foi acontecer?
RAÍZA:
Eu não sei, pai. Eu tava com a joia, penhorei, saí com o dinheiro
e...De repente...Não era mais onde eu tava. E eu me vi sem a joia e
sem o dinheiro.
BRUNO:
Isso não faz sentido. Nem se você fosse ao futuro aqui em casa. Era
pra você estar com a joia.
Raíza se levanta, abismada e
chateada.
RAÍZA:
Eu sei, eu sei...Eu fui ao futuro antes de entrar na agência. O que
não dá pra entender é o que eu fazia ali, naquele beco.
BRUNO:
Se você perdeu a joia no futuro, o que acho absurdo, então ainda
vai acontecer.
RAÍZA:
Só que pra isso eu preciso estar com a joia.
Os dois se encaram.
CENA 6
Corta para a SALA
Johnny ri de alguma coisa com Ari
sob o olhar fuzilador de Josué. Johnny olha pra ele e depois volta a
olhar pra Ari.
JOHNNY (debochado):
Não se serve nada nessa casa não?
JOSUÉ:
Não temos bebidas alcoólicas aqui.
JOHNNY (para Ari):
Mas que mau juízo seu tio faz de mim.
JOSUÉ:
Eu não sou tio dela.
Ari disfarça o desconforto, mas
Johnny não perde o bom humor.
JOHNNY:
É modo de dizer...Tio.
Josué está nitidamente
incomodado. João Batista aparece do corredor sendo empurrado por
Joana. Ele olha aquela figura sentada com desprezo que lhe é
habitual.
JOÃO:
Você não muda mesmo, hen.
JOHNNY:
E mudar pra quê se tá tudo dando certo assim? (pausa / dá uma
olhada em sua cadeira de rodas) Ah, eu fiquei sabendo. Sinto muito.
JOÃO:
Sente não. (bate na perna) Nem eu sinto.
Ari lhe dá uma olhada.
JOHNNY (acha graça):
Ah, entendi. Boa piada. Bom ver que você está superando os
problemas com bom humor.
João não gosta do comentário e
o ignora.
JOHNNY (para Joana):
Você deve ser a Joana, não é? (ela faz que sim) Eu nunca saí com
uma médica (sorri malicioso).
JOANA:
E eu nunca com um astro do rock.
Ari acha graça, mas os demais
reviram os olhos.
JOSUÉ (impaciente):
João, avisa lá ao Bruno que tenho que ir agora.
JOÃO:
Ih, tio. (faz intriga) Ele tá numa discussão lá com a Raíza sobre
alguma coisa que ela perdeu...Não sei.
JOSUÉ:
Vou ver o que essa menina aprontou.
Josué sai rapidamente.
JOHNNY:
Vai na paz!
Ari disfarça o riso e Johnny dá
uma piscadela pra Joana.
CENA 7
Corta para o QUARTO DE RAÍZA
Bruno e Raíza ainda discutem
sobre o acontecido.
BRUNO:
Escuta. Se você perdeu no futuro, significa que em algum momento
você terá a joia de volta.
Raíza se mostra inconformada.
RAÍZA:
Pai, mesmo que seja isso, a minha visão foi clara: Tentando penhorar
ou não eu perco a jóia (ela desmonta pessimista e o pai a abraça).
Era a única joia da minha mãe e a chance de conseguir pagar, nem
que fosse aos poucos essa hipoteca.
JOSUÉ (O.S / raiva):
Então é assim? (os dois se assustam) Você dá um sumiço na joia
de sua mãe e você (aponta para Bruno) tava ciente disso?
Bruno se coloca a frente da
filha.
BRUNO:
Não foi bem assim, Josué...
JOSUÉ:
Não, deixa sua filha se explicar. Como ela manda penhorar uma joia
de família sem falar comigo?
RAÍZA:
Talvez pelo mesmo motivo que o senhor hipotecou o apartamento sem o
consentimento do meu pai.
Josué avança, mas Bruno a
interpõe.
JOSUÉ (fita Raíza):
Eu quero essa joia de volta. Eu já disse que eu darei um jeito de
pagar a hipoteca.
RAÍZA:
A joia era da minha mãe e por direito agora é minha!
JOSUÉ:
As coisas não se resolvem assim não, mocinha. Traga essa joia de
volta, tá entendendo? Traga de volta!
Os dois se fitam ressentidos.
FADE OUT
FADE IN
CENA 8
ED. CIRANDA DE PEDRA - ESTACIONAMENTO [EXT. / MANHÃ]
Johnny caminha empurrando sua
moto ao lado de Ari. Esta, mãos nos bolsos da calça, tem semblante
preocupado.
ARI:
Eu pedi que você descesse comigo, porque o Josué, às vezes, torna
a situação constrangedora.
JOHNNY:
Não dá pra tornar algo mais constrangedor que ele.
Ari esboça vontade de rir.
ARI:
Ele sempre me pareceu um cara bacana, mas...Uma coisinha ali, outra
ali e ainda mais depois do acidente do João (pausa) Ele foi ficando
pior.
Eles se aproximam do portão.
JOHNNY:
Ele já era assim. Só precisava de um empurrãozinho pra aflorar.
Ela ri e os dois dão de cara com
Dcr no portão.
ARI:
Dc! Tudo bem?
Ela o abraça. Dcr sorri
incomodado com a presença de Johnny.
DCR:
Mais ou menos, né? E vocês?
JOHNNY:
Eu vim trazer a Raíza, mas não sou muito bem-vindo na casa dela.
Dcr faz que entende.
ARI:
É o Josué, Dcr. Ele tá criando maior quizumba, porque a Raíza
perdeu uma joia de família.
DCR:
Ah, ela já tinha comentado comigo no dia da inauguração da casa de
shows que pretendia fazer alguma coisa pra pagar alguns meses da
hipoteca. Eu já havia dito que podia dar a grana, mas o problema é
o tio dela.
JOHNNY:
O que eu não entendo é por que ela não pede ajuda ao namorado.
Orgulho?
ARI:
O problema é o Josué de novo que não quer a ajuda dele porque sabe
que ele o faria por ela e Raíza teme por sua reação.
JOHNNY:
E?
Ari e Dcr se entreolham e Johnny
desconfia.
JOHNNY:
Seja lá o motivo não deve ser nada que me cause espanto.
Ari faz sinal positivo com a
cabeça para Dcr, hesita mais uma vez, mas logo se mostra decidida.
ARI:
Acontece que o Josué acusa Raíza de ter provocado o acidente de
João, pronto, falei.
JOHNNY:
Uau!
DCR:
Mas é óbvio que ela não fez isso (olha Ari como a esperar uma
confirmação). Ela nega.
JOHNNY:
Essa garota tem sangue nas veias.
DCR (indignado):
Ela não é assim!
JOHNNY:
Calma! É brincadeira.(pausa) Bom, mas essa desculpa pra não aceitar
ajuda dela, do Cael e a sua parece desculpa esfarrapada. Se ele
precisou hipotecar o apê pra pagar uma dívida com o Marco, como é
que ele vai pagar a hipoteca?
Todos se entreolham receosos.
CORTA PARA
= = Passagem de Tempo = =
CENA 9
FACHADA - CURTO-CIRCUITO [TARDE]
Corta para o escritório [int.]
O corte é feito direto no rosto
de Dcr, sentado e preocupado, olhando pra baixo.
CAEL (O.S):
As vendas dos ingressos para o próximo show se esgotaram. Você é
bom de idéias. O cartão de fidelidade tem superado minhas
expectativas de público.
Vemos Cael adiante olhando para
um armário onde há uma foto. Ele olha para Dcr, absorto.
CAEL (se aproxima):
Algum problema com as contas, Danilo?
Dcr acorda de seus pensamentos e
põe as contas sobre a mesa.
DCR:
Cael, por que você não paga a hipoteca do apartamento de Raíza
mesmo contra a vontade de Josué?
Cael nada responde no momento, se
senta a sua frente.
CAEL:
Pelo mesmo motivo que você. Não queremos que sobre pra Raíza
depois. Como é que você se sentiria se alguém que você não
gostasse te tirasse de uma situação difícil?
Dcr se inquieta, levanta, dá as
costas e põe as mãos na cintura. Logo se volta.
DCR:
Tá sabendo que ela tentou penhorar uma joia de família pra pagar
alguns meses da hipoteca? (Cael se mostra surpreso) Só que ela
perdeu a joia. Como é que esse Josué vai pagar a hipoteca se ele
precisou hipotecar pra pagar ao Marco?
CAEL:
A não ser que ele já tenha uma carta na manga.
DCR:
Eu não consigo nem imaginar o que seja.
CAEL:
Vidência não é o nosso forte, não é mesmo?
Close no rosto de Dcr que, de
repente, ergue as sobrancelhas numa expressão de esperteza.
CORTA PARA
CENA 10
COLÉGIO FRANÇA [EXT. / TARDE]
Há muitos alunos, carros
estacionados e o burburio habitual.
Vemos Raíza, uniformizada, conversando com colegas de turma quando ouvimos o barulho de uma moto. A cena mostra Dcr chegando e parando na calçada.
Vemos Raíza, uniformizada, conversando com colegas de turma quando ouvimos o barulho de uma moto. A cena mostra Dcr chegando e parando na calçada.
DCR:
Raíza!
A garota olha para trás, se
despede das colegas e vai ao encontro do amigo.
RAÍZA:
Oi Dcr, o que aconteceu?
DCR:
Não temos tempo a perder (pausa). Nossa! Eu sempre quis dizer isso.
RAÍZA:
Não tô entendendo.
DCR:
Vim te raptar. Esqueça a aula de hoje, suba na moto que temos um
compromisso.
RAÍZA:
Pirou? Não posso, se meu pai descobre...
DCR:
Esqueça o protocolo (pausa). Caramba! Sempre quis dizer isso
também...Ah! Raíza, você quer ou não quer descobrir onde perdeu
sua joia?
Raíza se surpreende.
CORTA PARA
= = Passagem de tempo = =
CENA 11
CLÍNICA NOVO-HORIZONTE – QUARTO [INT./TARDE]
Raíza acaba de sentar numa cama
de solteiro, abismada.
RAÍZA:
O senhor sonhou com isso?
Daniel e Dcr estão sentados na
cama ao lado, de frente para ela.
DANIEL:
Eu sei. Eu já tive sonhos bem mais precisos, mas...Os remédios que
tomo aqui mexem com a minha cabeça.
RAÍZA:
Imagino...
Dcr apoia a mão sobre o ombro do
pai.
DCR:
Eu já pedi pro senhor fingir que toma os remédios, não pedi?
DANIEL:
Às vezes não dá. E são nessas vezes (olha pra Raíza) que meus
sonhos se tornam confusos.
Raíza se levanta, anda com as
mãos na cintura e se volta em seguida.
RAÍZA:
O senhor sonhou que tava em seu apartamento e que uma borboleta saiu
de um casulo, mas não conseguia sair da casa, certo? (Daniel faz que
sim) Depois ela voltou pro casulo...Ah, isso é impossível na
verdade...O que isso pode representar?
Daniel meneia a cabeça.
DANIEL:
Que a borboleta não ia pra lugar algum?
Dcr olha para Raíza que se
mostra incrédula.
CORTA PARA O CORREDOR
Acompanhamos Dcr e Raíza pelas
costas. À frente deles há enfermeiros que atravessam o corredor,
pacientes sentados e outros em pé.
RAÍZA:
Não me leve a mal, Dcr, mas esse sonho do teu pai é muito estranho,
sem nexo.
DCR:
Eu aprendi que 80% dos nossos sonhos são sem nexos, mas com
fundamento. 20% restante são reflexos do nosso cotidiano sem valor
algum. Nós viemos pela joia, algum fundamento esse sonho tem.
RAÍZA:
Onde você aprendeu isso?
DCR:
Ahn...Eu deduzi.
RAÍZA:
Tá, entendo. Os remédios o deixaram confuso. Seu pai é um vidente,
tem sonhos premonitórios. Não tem medo dele perder esse dom?
DCR:
Dom não se perde, no máximo se esconde. Ficou claro que a borboleta
do sonho dele representava alguma coisa. Alguma coisa do tipo...A
joia.
Notamos um paciente encostado ao
batente da porta com a camisa cobrindo o rosto e dois furos revelando
os olhos. Ele olha fixo para Dcr e Raíza.
RAÍZA:
A joia? Não faz sentido. A borboleta não saiu do apê.
DCR:
Então a joia não saiu do apê?
Raíza se mostra confusa.
RAÍZA:
Não, mas...Eu coloquei a joia na bolsa. Tenho certeza disso.
DCR:
Mas no sonho a borboleta saiu do casulo sem sair da casa. Depois
voltou pro casulo, o que é tecnicamente impossível. (pausa) Sinal
de que as coisas não saíram como planejado e ela teve que voltar
para o único lugar que conhecia bem?
Os dois se encaram e Raíza
parece receber uma luz.
RAÍZA:
Você devia escrever um livro...
Dcr faz cara de quem está pronto para ouvir uma gracinha.
Dcr faz cara de quem está pronto para ouvir uma gracinha.
DCR:
Tá, vai dizer de ficção...
RAÍZA:
Não, de deduções.
Ela apressa o passo e Dcr a segue
passando pelo tal paciente com o rosto coberto pela camisa. Ele
continua a encará-los.
FADE TO BLACK
FADE IN
CENA 12
APTº 403 – QUARTO DE RAÍZA [INT. / TARDE]
Raíza adentra apressada seguida
por Ari.
ARI:
Eu não entendi, Raíza. O pai do Dcr deu a entender que a joia nunca
saiu daqui?
Raíza abre o guarda-roupa.
RAÍZA:
Isso não faz sentido, mas vale tentar.
Ela abre uma gaveta onde há
lençóis e colchas.
ARI:
Mas como você ia guardar novamente e não lembrar?
Raíza pega um porta joia e olha
para Ari de forma sagaz.
RAÍZA:
Talvez porque não fui eu que guardei.
A câmera desliza mostrando um
colar com pingente em forma de borboleta e duas pedrinhas de
diamante.
CORTA PARA A SALA
Vemos Josué entrar, cansado
segurando sua bolsa no ombro.
Raíza e Ari param próximas do computador.
Raíza e Ari param próximas do computador.
RAÍZA (mostrando a joia / tom
acusador): Olha só o
que encontrei.
Josué para e não entende seu
tom. João e Joana surgem do outro corredor.
JOSUÉ:
Então você se lembrou onde deixou a joia.(ele caminha, deixa a
bolsa sobre o sofá) Espero que tome juízo e não penhore.
Ele tenta pegar e ela desvia.
Ele tenta pegar e ela desvia.
RAÍZA:
Não se faça de sonso! (Joana se surpreende).
JOSUÉ:
Como é que é?
RAÍZA:
O senhor pegou a joia da minha bolsa e tornou a guardar antes que eu
saísse pra penhorar, mas o senhor achava que eu ia dar como perdido
e largar pra lá, né?
Ari a cutuca.
ARI:
Pelo amor de Deus, Raíza...
JOSUÉ (se aproxima):
Como você se atreve? Não pode sair acusando os outros dessa
maneira, não.
Os dois ficam cara a cara.
RAÍZA:
Depois do que o senhor fez com o meu pai, não duvido de mais nada.
Ele faz que vai dizer algo, mas
ela o empurra de ombro e sai. Ari vai atrás.
Josué olha para João e Joana e se volta. Close em sua expressão preocupada.
Josué olha para João e Joana e se volta. Close em sua expressão preocupada.
CORTA PARA
CENA 13
ED. CIRANDA DE PEDRA [EXT.]
Ari desce a galopes pelas escadas
e passa por Dcr sentado no beiral de cimento de um jardim.
DCR:
Ari!
Ele vai até ela.
DCR:
Cadê a Raíza?
ARI:
‘D’, escuta. Ela encontrou a joia, brigou feio com o tio e disse
que ia pro banco penhorar o mais rápido possível.
DCR (confuso):
Mas ela não passou por aqui...
Os dois se fitam.
DCR:
Ah, claro...Mas eu podia ter dado uma carona.
ARI:
Ela não queria te envolver nisso. (ouvimos alguém descer a escada /
Ari dá uma olhadela) Vem comigo, rápido!
Os dois se escondem atrás de um
carro no estacionamento. Vemos Josué surgir da porta do edifício ao
celular.
JOSUÉ:
Eu sabia que isso não ia dar certo, eu falei pra você que ela era
tinhosa (pausa) Eu tive que colocar a joia no lugar, ela não ia
sossegar até encontrar (pausa). Faça o que achar melhor, mas ela
não pode tentar pagar essa hipoteca. A gente combinou.
Ao fundo Ari e Dcr se entreolham,
surpresos.
CORTA PARA
CENA 14
RUAS DA CIDADE
Um ônibus para e a porta se
abre. Raíza desce, olha para ambos os lados e caminha em passos
largos para a direita.
Raíza sobe uma passarela. A câmera dá um corte rápido para o outro lado da passarela onde, além de algumas pessoas, se destaca um homem de uns 30 anos que vê a garota subindo.
Raíza sobe uma passarela. A câmera dá um corte rápido para o outro lado da passarela onde, além de algumas pessoas, se destaca um homem de uns 30 anos que vê a garota subindo.
Ele anda por entre as pessoas
fazendo o caminho inverso e finge prestar atenção no que vê
abaixo, trilhos de trem. Close em sua mão escondida por dentro do
bolso da calça. Ele retira uma tesoura. Assim que Raíza passa pelo
homem, rapidamente, ele corta a alça de sua bolsa, puxa e sai
correndo.
RAÍZA:
EI!
Inicia-se uma corrida. As pessoas
se seguram nas grades da passarela para evitar empurrões.
RAÍZA:
PEGA! LADRÃO!
A nossa visão muda para o final
da passarela onde o homem corre. Raíza salta a grade, cai na calçada
e continua a persegui-lo.
Ele corre no meio da estrada,
ouvimos buzina, carros dando bruscas freadas.
De frente, Dcr vem em sua moto e olha assustado para a perseguição.
O cara continua na mesma direção, parece que vai ser atropelado [efeito câmera lenta]
O cara arranca Dcr de sua moto, [fim do efeito] Dcr rola pelo asfalto e o tal cara dirige em disparada. Passa por Raíza que desvia e se joga no capô de um carro parado.
De frente, Dcr vem em sua moto e olha assustado para a perseguição.
O cara continua na mesma direção, parece que vai ser atropelado [efeito câmera lenta]
O cara arranca Dcr de sua moto, [fim do efeito] Dcr rola pelo asfalto e o tal cara dirige em disparada. Passa por Raíza que desvia e se joga no capô de um carro parado.
Dcr se levanta e vai até Raíza.
Esta observa o assaltante fugir.
RAÍZA (nervosa):
Viu o que você fez? Viu?
DCR:
Eu só queria ajudar...
RAÍZA:
E conseguiu. Olha ele fugindo, olha!
DCR (nervoso):
Me desculpe se eu queria evitar o assalto. Não sou eu o herói aqui.
Raíza faz que não entende.
RAÍZA:
Como você sabe que me assaltaram?
DCR:
Eu queria ter te alcançado pra te avisar isso. Eu e a Ari ouvimos
Josué no celular e...
RAÍZA (interrompe):
Nem precisa terminar. Eu já devia ter imaginado. Acho que já sei
pra onde aquele cara foi.
Ela corre e Dcr a segue.
= = Passagem de Tempo = =
CENA 15
COLÉGIO ABANDONADO [EXT. / TARDE]
Vemos o colégio abandonado de
longe e a moto de Dcr estacionada na frente. Raíza se volta
encostada à parede.
RAÍZA:
Não pode dar errado. ‘Cê’ fica aí, não tente fazer nada.
Serei rápida.
DCR:
Pode deixar. Mas não se esqueça que não sairemos daqui sem minha
moto, hen.
Raíza faz que sim e
desaparece.
Dcr ainda se surpreende.
Dcr ainda se surpreende.
CORTA PARA
CENA 16
COLÉGIO ABANDONADO [INT.]
A câmera caminha pelo pátio.
Ouvimos burburios, gargalhadas e vemos alguns caras conversando do
outro lado do pátio.
A câmera segue até uma espécie de guichê, para e observamos o ladrão e Tina, que atendeu Raíza de manhã, analisando a joia.
A câmera segue até uma espécie de guichê, para e observamos o ladrão e Tina, que atendeu Raíza de manhã, analisando a joia.
TINA:
Despistou a garota?
LADRÃO:
Sim, tinhosa como disseram, mas ela já deve tá chegando por aí.
Ouvimos um celular tocar. Close
no celular sobre a mesa. Tina atende e faz uma cara satisfeita.
Desliga.
TINA:
Chegaram.
A cena nos mostra que Raíza está
diante deles, mas ninguém a vê. Estranhando aquele papo, ela volta
para onde entrou e para estagnada.
[POV de Raíza]
Um homem aponta uma arma para a
cabeça de Dcr enquanto o segura com a outra mão.
VOLTA À CENA
Tina e o ladrão passam a frente
de Raíza e estranham a cena.
LADRÃO:
Mas esse é o cara da moto. Veio fazer o que aqui?
Dcr se mantém quieto. Tina se
aproxima dele, segura seu queixo e o faz encará-la.
TINA:
Não ouviu a pergunta do Mauriçoca, garotão? Veio fazer o que
aqui?
LADRÃO: Pô, Mauriçoca não, é Mauricinho, ó o esculhambo aí.
TINA: Cala a boca...(para Dcr) Então?
LADRÃO: Pô, Mauriçoca não, é Mauricinho, ó o esculhambo aí.
TINA: Cala a boca...(para Dcr) Então?
DCR:
Eu vim buscar a minha moto. Só isso.
Ela olha para os caras,
incrédula.
TINA:
Vocês ouviram isso? (ela olha fixamente para Dcr e de repente lhe
acerta um tapa) Levem ele!
Close na expressão de assustado
de Dcr.
CORTA PARA
CENA 17
COLÉGIO ABANDONADO [INT.]
Dcr está sentado numa cadeira. A
cena dá uma volta ao seu redor mostrando os dois caras empunhando
armas e a mulher diante dele.
TINA:
Aposto que queria dar uma de herói e pegar a joia daquela garota.
(olha para Mauricinho) Tu é maior vacilão, cara!
MAURICINHO:
Não sou vidente, pô! Quer que eu veja o futuro, aí já tá
querendo demais, não?
Tina faz que vai avançar.
RAÍZA (O.S):
Ele só veio pela moto (vemos Raíza na porta da sala) Eu vim pela
joia.
As duas se encaram.
Fade Out
Fade In
Fade In
Raíza é empurrada contra outra
cadeira.
TINA:
Dois vai chamar atenção, caramba!
RAÍZA:
Eu sei que mandaram me assaltar e foi gente conhecida minha. A gente
não vai chamar a polícia. A gente só quer...
Tina segura seu queixo com raiva.
TINA:
Tu não vai ter sua joia, nem ele a moto. Tá pensando que aqui é
quintal de amigo teu, garota? (ela solta teu queixo com força).
Ouvimos um barulho. A mulher
estranha e faz sinal para Mauricinho ver o que é. Ele sai.
Dcr e Raíza se entreolham e suas
expressões denotam que se sentem perdidos. Tina se mostra
impaciente.
TINA:
Vai lá, maluco. Ele deve ter se perdido.
O cara se prepara para sair
quando é surpreendido com uma coronhada na testa. Ele cai, Tina
tenta alcançar outra arma sobre a mesa, mas Johnny Land aponta sua
9mm deixando-a sem ação.
JOHNNY (seguro de si /
cínico): Calminha aí!
Não se assuste. Eu só vim buscar meus amigos e já estamos de
partida.
Ele faz sinal para Dcr e Raíza
se levantarem e eles vão para trás de Johnny. Tina observa.
TINA (sorriso malicioso):
Ora, mas se não é o vocalista daquela bandinha de rock.
JOHNNY:
Tenho outros talentos também (faz sinal para a própria arma), se
fizer questão de conhecer...
TINA:
Ora, podemos encontrar outras maneiras de resolver isso.
Ele vai andando para trás apontando a arma.
Ele vai andando para trás apontando a arma.
JOHNNY:
Eu só tenho um. Hasta la vista, baby!
Os três correm.
Close na expressão de debochada da mulher.
Os três correm.
Close na expressão de debochada da mulher.
Corta para o exterior.
Os três correm para a calçada.
Johnny vai na sua moto, coloca o capacete, Dcr pega a sua e Raíza
vai atrás.
Corta para os pneus da moto de Johnny que sai em disparada.
Corta para os pneus da moto de Johnny que sai em disparada.
FADE TO BLACK
FADE IN
CENA 18
ED. CIRANDA DE
PEDRA [EXT./ENTARDECER]
Dcr, Raíza e Johnny param rente
a calçada. Raíza desce, Johnny tira seu capacete e ajeita os
cabelos. Vemos um Toyota estacionado.
RAÍZA:
Ih, será que o Cael tá me esperando há muito tempo?
JOHNNY:
Agora você vai ter que se explicar por que matou a aula pra sair com
dois caras.
RAÍZA:
Falando nisso, como você sabia que a gente tava lá?
DCR:
Foi a Ari, não foi? (Raíza faz que não entende) Ela me contou que
você ia pro tal banco e que...
Dcr percebe que já ia falar
demais. Johnny faz que espera.
DCR:
Eu liguei pra ela e disse a direção que a Raíza tava tomando...
RAÍZA:
Ahn...Mas porque você, Johnny e não Cael?
JOHNNY (saca a 9mm):
Acho que uma dessas o Cael não tem.
Raíza e Dcr se entreolham na
hora em que Johnny atira. Susto na expressão dos dois amigos, mas é
apenas água que sai do cano.
RAÍZA (surpresa):
Você ameaçou os caras com uma arma de brinquedo? (ela põe a mão
na testa) Ari chamou um maluco pra nos salvar.
DCR:
Ainda bem que você não foi obrigado a matar ninguém afogado.
Johnny guarda o brinquedo.
JOHNNY:
Vocês estão bem, não estão? Não sou maluco de usar arma de
verdade. Ainda não tenho pretensão de matar ninguém.
Dcr encara rapidamente Raíza por
aquelas palavras.
RAÍZA:
Pena que fiquei sem a joia. (ressentida) Mas o Josué me paga por
mais essa.
DCR (desesperado):
Pelo amor de Deus, Raíza. Não vai dizer que eu e a Ari ouvimos e te
contamos, por Deus!
Johnny ri.
JOHNNY:
Ih o cara...Medo de ser apagado por queima de arquivo.
Dcr faz careta.
RAÍZA:
Bom, te devo mais essa, Johnny (ela vai abraçá-lo). ‘Brigada’.
DCR (incomodado):
Devemos, né?
JOHNNY (para Raíza):
Vai me dever mais ainda (ninguém entende). Eu acho que posso fazer
algo mais por você.
Raíza sorri sem entender.
CORTA PARA
CENA 19
APTº 403 – SALA [INT.]
O corte é feito diretamente em
Raíza que já está entrando. Ela fecha a porta, Josué e Cael a
encaram.
JOSUÉ:
Eu posso saber por onde a senhorita andava que não foi à aula?
Cael vai até ela e a beija na
boca.
RAÍZA (séria):
Não sabe mesmo?
JOSUÉ:
A Joana saiu daqui com uma impressão péssima de você.
RAÍZA:
Impressão péssima é o que não falta por aqui.
Josué fecha a cara.
RAÍZA (para Cael):
Vamos até a varanda?
CAEL:
Não. (surpresa em Raíza) Eu não saio daqui até o Josué me
explicar o que ele tá pretendendo da vida.
JOSUÉ:
Como é que é?
CAEL:
O Danilo me contou. Raíza perdeu uma jóia de família e não pode
fazer nada para tirar o apartamento da hipoteca. E isso tudo por quê?
Por que você não aceita a minha ajuda, mas aceitou a do Marco
quando João precisou.
JOSUÉ (indignado / provoca):
Você ainda tá de birra porque o Marco chegou na sua frente?
CAEL (contém a raiva): Eu
estou preocupado
com as pessoas que quero bem. Se você pensasse igual não teria nem
contraído essa dívida.
JOSUÉ:
Dívida essa que contraí no seu cassino, lembra?
RAÍZA:
Não vai começar a culpar os outros pelo os seus vícios, não.
Ainda mais porque essa dívida o senhor contraiu pedindo dinheiro ao
Marco pra continuar no jogo.
JOSUÉ (mãos na cintura):
Exatamente. Eu contraí a dívida. Eu resolvo isso.
RAÍZA:
Como vai resolver? O senhor hipotecou pra pagar uma dívida com o
Marco e ele ainda paga o tratamento do João. Como pode achar que vai
resolver se o senhor ta endividado com o banco e com o Marco ao mesmo
tempo?
CAEL (para Josué):
Às vezes eu tenho a impressão de que você quer provocar alguma
coisa...
JOSUÉ:
Será que alguém aqui poderia me dar um voto de confiança? (pausa /
para Raíza) Você confia no seu namorado mesmo depois de saber que
ele era dono de um cassino e, depois de meter uma bala num sujeito
(Cael se incomoda / Raíza desvia o olhar). Custa confiar em mim uma
vez na sua vida?
Cael entreolha Raíza. Josué sai
de cena.
Corta para a varanda
A cena, a partir da entrada,
mostra Cael e Raíza frente a frente e apoiados com o corpo na grade.
Enquanto eles conversam a câmera se aproxima.
RAÍZA:
Eu me sinto impotente. Eu sinto que vamos perder o apartamento e
ninguém pode me ajudar. E se tentarem, sabe Deus o problema que eu
ia arrumar com o meu tio.
Cael acaricia seu rosto.
CAEL:
Por que não me falou da joia? Eu poderia ter comprado pra você.
RAÍZA:
O Dcr disse a mesma coisa naquela festa, mas...(ela olha adiante,
preocupada) Meu tio ia acabar descobrindo que o dinheiro era dele ou
seu...
Cael vira seu rosto para
encará-lo.
CAEL:
Você anda tensa e não é de hoje. (pausa) Me responda uma coisa.
Estão te ameaçando? (Raíza se surpreende) Por acaso a minha
impressão é certa? Josué quer provocar alguma coisa...A favor do
Marco e, você teme que qualquer pessoa que tentar lhe ajudar sofra
represália?
Raíza ri nervosa por não
imaginar o que ele já desconfiava.
RAÍZA (desvia o rosto):
Que absurdo, Cael.
CAEL:
Ou talvez, tem relação com alguma coisa que você fez e não quer
que ninguém saiba.
Raíza desvia o olhar, abaixa a
cabeça, hesita.
Cael toca sua mão e ela volta a encará-lo.
Cael toca sua mão e ela volta a encará-lo.
CAEL:
Você confia em mim, não confia?
Olho no olho.
RAÍZA:
Eu não tenho segredos. Se é verdade que o Marco anda forçando a
barra, esse é um problema que ele tem comigo. Aliás, sempre teve e
nunca entendi.
Cael se mostra desconfiado, mas a
abraça. Com o rosto apoiado em seu ombro, Raíza tem em seu
semblante a preocupação e a tensão claras.
FADE OUT
FADE IN
CENA 20
FACHADA - HDM CONSTRUTORA
Corta para o interior
A porta do elevador é aberta.
Raíza sai, atravessa o corredor e dá com Bruno diante de uma
secretária.
BRUNO (sorri):
Filha, veio me buscar?
Raíza se mostra tensa, não
sorri, mas cumprimenta a secretária com a cabeça.
RAÍZA:
Será que a gente pode conversar rapidinho?
Bruno não entende.
CORTE RÁPIDO / SALA [INT.]
Há uns três engenheiros na
sala, cada um atento ao que faz. No canto, à direita, Bruno e Raíza
estão sentados frente a frente com o corpo curvado um para o outro
como se fizessem confidência.
BRUNO:
Então você encontrou a joia? Não a perdeu na rua?
RAÍZA: (mente) É...
Só que...(pausa / voz embarga) Acabei sendo assaltada.
Bruno acaricia seu rosto e a
abraça.
BRUNO:
Filha... Eu devia ter ido com você, me desculpa.
RAÍZA:
Não ia fazer diferença, pai...Não ia.
Bruno a olha nos olhos, mas ela
não o encara.
BRUNO:
Tem algo a mais te perturbando?
Raíza o encara algumas vezes.
RAÍZA:
Eu me sinto mal, sabe? Perdi o presente que o senhor deu pra minha
mãe. Gastou o seu dinheiro pra filha perder assim...
Bruno faz uma expressão de que
esconde algo também.
BRUNO:
Eu não queria contar porque foi um pedido dele, mas...Essa joia quem
deu pra sua mãe foi o Josué, quando ganhou uma pequena quantia na
loteria. Acho que por isso ele reagiu daquela forma.
Raíza abre as mãos como a achar
aquilo irrelevante.
RAÍZA (áspera):
E não quis me contar, porque sabe que isso só piora as coisas, né?
BRUNO:
Não. Eu só queria que você entendesse a reação dele, mas ele não
terá por que te atormentar com isso, pois foi um presente e tudo que
era de sua mãe passou a ser seu.
RAÍZA:
Inclusive essa maldita cruz que não me serve de nada pra eu evitar
meu próprio futuro!
Bruno segura suas mãos, firme.
BRUNO:
Não se preocupe. Nós vamos conseguir pagar essa hipoteca mesmo o
Josué não querendo nossa ajuda.
Raíza lhe dá uma olhada
pessimista.
CORTA PARA
CENA 21
HDM CONSTRUTORA [INT.]
Raíza sai da sala, cumprimenta a
secretária com um gesto de cabeça e faz que vai embora.
SECRETÁRIA:
Raíza! (ela volta) O seu Marco quer falar com você. Ele está te
esperando na sala dele.
RAÍZA (pouco caso):
Ele sabe onde moro.
Ela dá as costas.
MARCO (O.S):
Serei breve (Raíza se volta com cara de poucos amigos e o vê ao
batente da porta) Prometo (sorrisinho de canto).
CORTA PARA
CENA 22
SALA DE MARCO [INT.]
Marco está com a porta aberta e
Raíza adentra apressada. A porta é fechada, Raíza para antes de se
aproximar da mesa, cruza os braços e Marco chega bem perto dela.
Para, vemos a cena pelo perfil de Raíza que nem o olha.
MARCO:
Senta.
RAÍZA:
O que você quer?
Marco se coloca diante dela e se
apoia na mesa. A olha de maneira diferente, analítica. Cruza os
braços.
MARCO:
Como foi seu dia hoje?
Raíza o olha, incrédula. Ele
levanta as sobrancelhas esperando a resposta.
RAÍZA (irônica / se segura):
Divertidíssimo.(pausa) É só isso?
Ela faz que vai dar as costas.
MARCO:
Veio ver seu pai no fim do expediente. (ela para e vai se voltando)
Estranhei.
RAÍZA (irônica):
Dessa vez eu não me perdi.
Ela dá as costas.
MARCO:
Me desculpa.
Raíza para e se volta sem
entender.
RAÍZA:
Te desculpar pelo o quê exatamente?
MARCO:
Pela minha grosseria de hoje cedo (ela ajeita a bolsa, disfarça o
contentamento / ele se aproxima) Eu sei que você não é dessas
(para diante dela). Cael deve saber disso tão bem quanto eu.
RAÍZA:
Ainda sim, você foi grosseiro. Não imagino nem o que você faz com
as mulheres que são dessas.
MARCO:
Me desculpa?
Ela o encara e, desta vez é ela
quem o olha de maneira analítica.
RAÍZA:
Isso não vai mudar nada. Vai?
Marco nada diz e a vê ir embora.
Ouvimos a porta bater.
Ele contorna a mesa, senta, abre uma gaveta e pega um porta-joia grande. Ao colocar sobre a mesa a câmera dá um close em sua mão que abre o porta-joia. Vemos o colar roubado de Raíza. Marco olha sério e fecha na nossa cara.
Ele contorna a mesa, senta, abre uma gaveta e pega um porta-joia grande. Ao colocar sobre a mesa a câmera dá um close em sua mão que abre o porta-joia. Vemos o colar roubado de Raíza. Marco olha sério e fecha na nossa cara.
A tela se fecha num baque.
FADE IN
CENA 23
HDM CONSTRUTORA – ESTACIONAMENTO [INT. / NOITE]
= = Music On = =
O local é mal iluminado e há
alguns poucos carros parados. Adiante, Marco sai do elevador
segurando sua pasta.
Vindo na direção da câmera ele põe a mão no bolso da calça e retira a chave do carro apertando, em seguida o botão de destrave.
Ele abre a porta, entra, coloca sua pasta na poltrona do carona e quando vai fechar a porta...Tensão. A mão de alguém força assustando Marco.
Vindo na direção da câmera ele põe a mão no bolso da calça e retira a chave do carro apertando, em seguida o botão de destrave.
Ele abre a porta, entra, coloca sua pasta na poltrona do carona e quando vai fechar a porta...Tensão. A mão de alguém força assustando Marco.
MARCO:
Quer me matar de susto, rapaz?
Johnny Land o arranca do carro e
sofre resistência.
MARCO:
Que isso? Andou bebendo?
Johnny o prensa sobre o carro.
JOHNNY (furioso):
Sabe de onde tô vindo? Sabe?
Marco segura suas mãos que
apertam sua gola.
MARCO (cínico):
Não sou adivinho.
Johnny o empurra contra uma
pilastra e Marco ajeita seu paletó.
JOHNNY:
Fui pagar a hipoteca do apê de Raíza (Marco esboça o cinismo de
sempre). Mas pra minha surpresa ele já foi comprado (pausa / os dois
se encaram). O que tá esperando pra tomar posse do que é seu?
Baque.
MARCO:
Eu só quis evitar que aquele...”Apê” fosse a leilão por falta
de pagamento dos donos. Qual é o problema?
JOHNNY:
Você não fez isso por benevolência. Você quer aquela família em
suas mãos e tá usando o Josué. Qual é o plano, hen?
MARCO (o encara sarcástico):
Por que você não volta pra sua vidinha psicodélica, hen? Seu tio
Jack deve estar preocupado com você.
Tensão. Johnny lhe acerta um
soco, mas Marco se mantém de pé.
JOHNNY:
Eu não vou deixar você arruinar com a vida daquela gente! (ele dá
as costas).
MARCO:
Lembra que eu ainda não pedi as chaves.
A cena dá um close no rosto de
Johnny que para diante da tela e ao fundo vemos Marco.
MARCO:
Mas posso pedir a qualquer momento.
Johnny se volta, sério.
JOHNNY:
Não passou pela sua cabeça doente que o Cael pode dar abrigo a essa
família?
MARCO:
Por que você acha que o Josué nunca pediu ajuda a ele pra nada?
(ele se aproxima, cara a cara, cínico) Você conhece a minha máxima.
Quando se endivida uma vez...
JOHNNY:
Se endivida pra sempre.
= = Music Off = =
FADE TO BLACK
FADE IN
CENA 24
ED. CIRANDA DE PEDRA [EXT. / NOITE]
Vemos na calçada, Cael encostado
em seu carro e Dcr próximo de sua moto.
DCR:
Garotas. Sempre demorando a se arrumar.
Cael sorri concordando.
Ouvimos o som de dois bips. Dcr
põe a mão no bolso da calça e retira o celular.
Close no visor onde aparece o nome “Mensagem”. A mensagem é aberta e vemos o seguinte texto: “Marco comprou o apê de Raíza e Josué tá nas mãos dele. Eu não posso fazer nada, mas talvez você sim. Johnny”.
Close no visor onde aparece o nome “Mensagem”. A mensagem é aberta e vemos o seguinte texto: “Marco comprou o apê de Raíza e Josué tá nas mãos dele. Eu não posso fazer nada, mas talvez você sim. Johnny”.
Ouvimos o barulho de uma moto se
aproximando. Dcr olha pra frente estarrecido com a mensagem e com a
pessoa que vê chegar.
Ari, Raíza e Joana estão saindo
do prédio, arrumadas. Joana vai na direção de Johnny Land que tira
o capacete e sacode os cabelos.
Cael abraça e beija Raíza.
Cael abraça e beija Raíza.
JOHNNY:
E aí, Joaninha? Me atrasei?
JOANA:
Chegou na hora.
Johnny cumprimenta todos com a
cabeça e olha cúmplice para Raíza e mais ainda pra Dcr. Este é
abraçado por Ari.
JOHNNY:
Bem, depois dessa night eu estou indo embora (Joana faz ar de
lamentação). Preciso tocar a vida que tento viver em Los Angeles.
JOANA:
E quando volta?
Johnny olha todos disfarçando a
tristeza e Cael observa.
JOHNNY:
Um dia (sorri forçado). Um dia eu voltarei. I’ll Back!
Todos riem. Johnny tira um
celular do bolso da sua jaqueta de couro.
JOHNNY:
Mas antes, vamos bater uma foto (ele olha para um transeunte) Ei!
Pode tirar uma foto nossa?
O cara aceita. Johnny entrega o
celular, sai da moto e abraça Joana. Todos se posicionam em frente
ao portão.
JOHNNY:
Digam ‘merda’!
Todos estranham. Ari e Raíza
riem, Cael, Dcr e Joana olham pra ele surpresos.
Ouvimos um click. Só Johnny sai
na foto olhando para a câmera e sorrindo.
FUSÃO PARA
CENA 25
COFFEE BREAK [INT./NOITE]
= = Tocando
no ambiente: Save Me
From Myself – Christina Aguilera = =
Vemos um garçom do pescoço pra
baixo atravessar a tela enquanto carrega uma bandeja com um
cappuccino e um mate.
Ele coloca os copos numa mesa ao lado de um porta-joia grande e sai.
A mão masculina empurra cuidadosamente a caixa para frente.
Mãos femininas abrem e vemos o mesmo colar de Raíza. A câmera sobe revelando Josué, sentado, cotovelos sobre a mesa e mãos fechadas frente a boca.
Ele coloca os copos numa mesa ao lado de um porta-joia grande e sai.
A mão masculina empurra cuidadosamente a caixa para frente.
Mãos femininas abrem e vemos o mesmo colar de Raíza. A câmera sobe revelando Josué, sentado, cotovelos sobre a mesa e mãos fechadas frente a boca.
JOSUÉ:
O que me diz? Eu sei que depois de tudo que passou isso ainda seria
pouco.
A cena dá um giro lento até nos
revelar Rafaela que olha deslumbrante para o colar.
RAFAELA (sorridente):
É lindo.
Close em sua mão esquerda que
desliza pela mesa e é acariciada pela mão de Josué.
FADE OUT
=
= FIM DO EPISÓDIO = =
SÉRIE ESCRITA POR:
Cristina Ravela
ESTRELANDO:
Maria Flor- Raíza
Michael Rosenbaum - Cael
Pierre Kiwitt - Marco
Caio Blat - João Batista
Nathália Dill - Ari
Aaron Ashmore - Dcr
Fernanda Vasconcellos - Rafaela
Alinne Moraes - Valentina
Caco Ciocler - Josué
Juan Alba - Bruno
Thiago Rodrigues - Cipriano
Cristina Ravela
ESTRELANDO:
Maria Flor- Raíza
Michael Rosenbaum - Cael
Pierre Kiwitt - Marco
Caio Blat - João Batista
Nathália Dill - Ari
Aaron Ashmore - Dcr
Fernanda Vasconcellos - Rafaela
Alinne Moraes - Valentina
Caco Ciocler - Josué
Juan Alba - Bruno
Thiago Rodrigues - Cipriano
PARTICIPAÇÕES:
Zé Carlos Machado - Daniel
Monique Alfradique - Joana
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:
Zé Carlos Machado - Daniel
Monique Alfradique - Joana
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:
Jared
Leto - Johnny Land
(CrossOver com a minissérie "O Dia Em Que Tentei Viver")
Virgínia Cavendish - Tina
Dudu Azevedo - Mauricinho
Marcela Valente - Secretária
TRILHA SONORA:
(CrossOver com a minissérie "O Dia Em Que Tentei Viver")
Virgínia Cavendish - Tina
Dudu Azevedo - Mauricinho
Marcela Valente - Secretária
TRILHA SONORA:
Save
Me From Myself - Christina Aguilera
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