0:00 min       RAÍZA 2ª TEMPORADA     SÉRIE
0:25:00 min    


WEBTVPLAY APRESENTA
RAÍZA 2


Série de
Cristina Ravela

Episódio 07 de 23
"Em Segredo"



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FADE IN
CENA 1 RUAS DA CIDADE [NOITE]
= = Music On – Suspense = =

Chove muito.
Câmera no alto focaliza a fachada de uma empresa de perfil. Um raio ilumina o logotipo: HDM Construtora.
A chuva bate no telhado. Troveja.
A cena desce, ouvimos passos e um homem, com capa transparente sai daquela direção.
Ele caminha em passos largos, põe a mão por dentro da capa e se atrapalha um pouco.
À frente da tela surge outra pessoa, de capa preta e óculos escuros. Olha para ambos os lados e passa a seguir aquele homem.
A cena volta no homem que saca a chave e abre a porta do carro. Antes de entrar, percebe alguém parado e olha tentando enxergar.
HOMEM: Oi...Posso ajudar?
Um raio ilumina um revólver que está à frente da câmera para logo em seguida, ouvirmos o estampido do tiro.
O assassino(a) abaixa a arma. A câmera se move como a ser do atirador(a) e sua mão enluvada surge com umas fotos. Logo elas são jogadas sobre o corpo da vítima.
Close nas fotos que o mostra ao lado de uma mulher.
= = Music Off = =
FADE TO BLACK


2x07
EM SEGREDO


FADE IN
CENA 2 HDM CONSTRUTORA [EXT./MANHÃ]
Dois policiais cobrem o corpo com lençol branco. Há um cerco policial, ambulância, vários curiosos sendo afastados e entre uma dessas pessoas está uma mulher segurando um lenço na boca e chorando.
POLICIAL: A senhora pode me acompanhar?
A mulher contém o choro.
CORTA PARA
CENA 3 FACHADA - ED. CIRANDA DE PEDRA [MANHÃ]
Corta para o interior do APTº 403 – Cozinha
Josué está de costas para a porta preparando o café. João e Ari já estão à mesa.
Raíza adentra com cara de sono e logo se senta também.
RAÍZA: Cadê meu pai?
Josué se volta com o jarro e põe sobre a mesa.
JOSUÉ: Foi na delegacia...Parece que mataram um cara lá da HDM...
RAÍZA (assustada): E o que meu pai tem a ver com isso?
JOSUÉ: Nada, mas ele foi uma das últimas pessoas a saírem da empresa ontem.
ARI: E quem morreu? Algum conhecido?
Raíza se levanta apressada.

RAÍZA: Ah, eu vou lá saber.
João sorri debochado.
JOÃO: Deve tá achando que foi o Marco...
Raíza não dá ouvido, sai apressada e acaba trombando com Rafaela na porta.
VISÃO DE RAÍZA:
“O ambiente é desconhecido. Rafaela caminha rápido, olha ao redor e se esbarra num porta-retrato sobre a cômoda. Close na foto de uma mulher (a mesma da foto encontrada sobre o corpo da vítima).
Rafaela vai até o laptop, abre, põe a mão por dentro da blusa sacando um pen-drive.
Logo vemos as mesmas fotos encontradas sobre o corpo daquele homem sendo copiadas para aquele laptop”.
FIM DA VISÃO.
RAFAELA: Nossa! Que pressa!
RAÍZA (atordoada): Ahn...Foi mal.
Raíza vai embora deixando Rafaela sem entender e Ari esperta quanto ao que pode ter acontecido.
CORTA PARA
CENA 4 DELEGACIA [INT.]

Ouvimos vozes, tumulto, coisas típicas do ambiente.

Marco está sentado com a perna sobre a outra e encarando alguém fora da tela. A câmera desliza e mostra o alvo de sua visão: Bruno, também sentado.
MARCO: Nunca pensei que eu fosse pisar numa delegacia.
BRUNO (sarcasmo): Sério?
Uma moça, JOANA, sentada um pouco adiante de Bruno, observa a cena enquanto folheia o jornal. Cabelos loiros e curtos, olhos claros, as pálpebras meio caídas dão-lhe um ar de cansada.

Raíza adentra afobada e segue em direção ao pai.
RAÍZA: Oi pai. Eu fiquei sabendo. Quem morreu?
MARCO (provoca): Eu acho que você não o conhecia.
Raíza lhe dá aquela olhada.
RAÍZA (desdém): Ah, você taí...
MARCO (sorri sacana): Não me diga que achou que eu fosse a vítima?
RAÍZA (deboche): Ah, não. Eu chegaria a tempo pra te salvar.
Marco força um sorrisinho malicioso.
DELEGADO (V.O): Assim que tivermos mais notícias lhe comunicaremos.
Bruno, Raíza e Marco se levantam. A tal mulher se volta e paralisa ao olhar para Bruno. Sorri emocionada.
MULHER: Bruno?...Quanto tempo!
Bruno está pasmo e se deixa ser abraçado. Marco se admira com a cena e Raíza mais ainda. Joana está de pé sem entender nada.
BRUNO: Ângela! (atordoado / desfaz o abraço) Eu pensei que nunca mais fosse te ver.
MARCO: Ah, vocês se conhecem?
Bruno não sabe bem o que dizer.
ÂNGELA: Cunhados. Sou tia do João Batista.
Close na cara desconfiada de Marco e Raíza.
Ângela torna a abraçar Bruno.
CORTA PARA
CENA 5 FACHADA – ED. CIRANDA DE PEDRA [MANHÃ]
Corta para o interior do APTº 403 – QUARTO
Vemos Rafaela sentada na cama e digitando em seu notebook. Algo que ela vê a deixa assustada.
RAFAELA: Não pode ser...
A câmera move-se a frente da tela:
“Sócio da HDM Construtora encontrado morto em frente à empresa.
Fotos sobre o corpo podem ser a pista do crime – diz a polícia.”
RAFAELA: Ele não pode ter feito isso comigo...
O barulho da porta a faz fechar imediatamente o notebook e se levantar em seguida.
Ari entra e nota o susto que deu nela.
ARI: Algum problema, Rafaela?
Rafaela se atrapalha ao calçar os sapatos de cano curto.
RAFAELA (disfarça): Não...Ahn...Eu tenho que ir, quero dizer, eu vou tomar um banho pra sair...
Rafaela pega o notebook, vai até a gaveta e o guarda lá. Sorri pra Ari meio sem jeito e sai.
Ari desconfia, olha para a tal gaveta como a ficar tentada em mexer. Close na gaveta.
CORTA PARA
CENA 6 PRAÇA PRÓXIMA DA DELEGACIA [MANHÃ]
Ângela e Bruno estão sentados num banco da praça. Ela se mostra triste e emocionada ao mesmo tempo.
ÂNGELA: Nunca pensei que a morte de meu marido fosse causar esse reencontro.
BRUNO: Não era preciso isso, você sabe. Não precisava esperar tanto tempo...
ÂNGELA: Eu tive medo! (pausa) Eu só fiquei sabendo da morte de meu pai muito tempo depois. Eu pedi a Josué que não me procurasse e assim ele o fez. Depois ficou mais difícil voltar (ela abaixa a cabeça)...
BRUNO: Ou você não quis cuidar do fruto de uma traição causadora de tanto aborrecimento.
Ela o encara, séria.
ÂNGELA: Eu tô arrependida.
BRUNO (respira fundo): As coisas estão ficando cada vez mais difíceis. Vai chegar o momento que todos precisam saber.
ÂNGELA: Tenho medo de ser rejeitada, Bruno.
Bruno vacila o olhar como a lembrar de algo que o entristece.
BRUNO: Engraçado seu temor. Por que eu senti a mesma coisa quando Raíza nasceu em relação a Josué.
ÂNGELA: Ele a rejeitou no início?
BRUNO: Pior. O faz agora. Às vezes eu acho que ele nunca se conformou da Ramona ter se casado comigo e não com ele.
Ângela olha por cima do ombro de Bruno, Raíza e Joana conversando próximas a uma árvore.
Corta
RAÍZA: O seu pai trabalhando na HDM esse tempo todo e meu pai nunca cruzou com ele.
JOANA: Acredita em destino?
Raíza a encara, pensa um pouco e sorri sem jeito.
RAÍZA: Não sei...
JOANA: Se pudéssemos mudar o futuro, não teria como acreditar em destino.
Joana abaixa a cabeça, triste. Raíza não sabe como se comportar diante de uma situação dessas.
RAÍZA: É estranho. Tô te conhecendo hoje e...(solta os ombros) não sei nem o que dizer.
JOANA: Não diga nada. (pausa) Você deve ser feliz. Além do seu pai, tem seu tio e seu primo perto de você... (sorri forçado, ainda triste).
RAÍZA: Ah sim...(pouco caso) Só faltava a minha mãe.
JOANA: Desculpa, eu não queria...
RAÍZA: Tudo bem. Foi um comentário fora de hora o nosso.
As duas sorriem.
JOANA: E o João? Ele...É um cara bacana?
Raíza encosta-se ao tronco da árvore, põe a mão na cintura e olha para o lado onde estão seu pai e sua tia.
RAÍZA (esperta): Você vai conhecer o nosso primo... (torna a olhar para Joana que sorri).
Corta
ÂNGELA (toca a mão de Bruno): Será que eu posso vê-lo? Ele está bem, não está?
Bruno faz que vai responder quando ela avista uma mulher, LAURA, ao lado de policiais indo à direção da delegacia.
ÂNGELA (raiva): Aquela cachorra!
Ângela corre e Bruno não consegue impedi-la. Raíza e Joana, veem aquele vento passar e vão atrás.
Ângela avança em Laura puxando-lhe os cabelos.
LAURA: Que isso?!
ÂNGELA: Sua vagabunda! Você matou meu marido!
LAURA: Eu não matei ninguém! Eu não faria isso! Pelo amor de Deus!
ÂNGELA: Sua vagabunda!
Os policiais impedem que Ângela faça algo pior.
Bruno vê a cena e ele e a filha se entreolham. Raíza faz uma expressão denotando reconhecer a tal mulher de sua visão.
CORTA PARA
CENA 7 DELEGACIA [INT.]
Laura está sentada diante do delegado. Ouvimos a máquina de escrever no transcorrer do depoimento.
DELEGADO: Dona Laura...A senhora afirma que a esposa da vítima, o senhor Afonso Abjumara, já estava desconfiada das saídas do marido? Está insinuando que ela o matou e quer incriminá-la?
LAURA: O Afonso dizia que não podíamos mais nos encontrar como antes até ele pedir o divórcio.
DELEGADO: E ele nunca pedia, você se irritou e resolveu matá-lo?
LAURA (se exaspera): NÃO! (se contém) Eu jamais faria isso. Eu o amava...Meu erro foi ter acreditado que ele largaria a esposa por mim.
O delegado coloca as fotos encontradas no corpo da vítima diante de Laura. Ela olha por instantes e depois encara o delegado.
LAURA: Onde estavam essas fotos?
DELEGADO: Sobre o corpo de Afonso. A pessoa que deixou cair essas fotos não o fez sem querer. Mais provável que quisessem incriminar a dona Ângela.
Laura o encara tensa e fazendo ar suspeito.
CORTA PARA
CENA 8 APTº 403 – QUARTO [MANHÃ]
Ari senta na cama ao lado do notebook. Preocupada, ela está ao celular.
ARI (ao celular): Dcr? (pausa) Preciso que você faça uma coisa por mim. De preferência, nesse instante.
A câmera move-se acompanhando seus olhos e para diante da tela do notebook onde fotos, as mesmas encontradas com a vítima, são exibidas fora da Internet.
FADE TO BLACK
FADE IN
CENA 9 FACHADA – ED. CIRANDA DE PEDRA [MANHÃ]
Corta para o interior do APTº 403 – SALA
A porta é aberta. Raíza, Bruno, Ângela e Joana adentram. Ângela contempla a sala.
BRUNO: Sentem-se!
Raíza joga sua bolsa sobre um cesto de jornais e põe a mão no bolso de sua calça. Pega um rabicó e amarra os cabelos. Joana se senta e Ângela faz que fará o mesmo, porém o som de rodas vindo do corredor lhe chama a atenção.
João Batista vem se guiando em sua cadeira de rodas.
JOÃO (sarcasmo): Oh, visitantes diferentes!
Ângela olha assustada e depois para Bruno como quem pergunta se é ele quem ela queria ver. Bruno, discretamente, faz que sim.
Ari sai da cozinha com uma toalha de prato envolta em seu braço.
JOSUÉ (O.S): Quem é, Ari?
Josué sai da cozinha, pega a toalha do braço de Ari e seca as mãos. Olha para a sala, sorri e logo seu sorriso se desfaz ao encarar Ângela. Os dois ficam paralisados, um encarando o outro.
Todos observam curiosos.
CORTA PARA


CENA 10 APTº 403 – SALA [INT./MANHÃ]
Todos estão sentados e um clima estranho paira no ar. Ângela não para de olhar para João que nada entende; Josué, friccionando as mãos unidas acima do joelho, desvia o olhar que Raíza lhe direciona.
JOÃO: A senhora é irmã da minha mãe?
Ângela faz que sim.
JOÃO (indiferente): Hmmm, legal...
Ângela se mostra sem graça e todos se entreolham sem jeito.
ÂNGELA: Você não quer saber como ela está?
JOÃO: Ah, ela ainda vive? (Ângela abaixa a cabeça)
BRUNO: João! Isso é jeito de falar?
João faz cara de sonso.
JOSUÉ (disfarçando o nervosismo): Mas então, Ângela? Depois do acontecido você...Pretende ir embora da cidade?
Ângela nota seu desconforto quanto a sua presença, dá uma olhada para João.
ÂNGELA: Nem tão cedo...
Josué não gosta, Bruno repara que Ari está atenta e que João não demonstra tanto interesse naquelas visitas. Joana observa a cara de desapontado de Josué.
= = Passagem de Tempo = =


CORTA PARA
CENA 11 APTº 30 [EXT./FIM DA MANHÃ]
A porta é aberta e Marco encara Rafaela com um sorrisinho de canto.
MARCO: Ora, ora...Eu pensei que eu não teria a honra de...
RAFAELA (entrando): Ah não me venha com sarcasmo!
MARCO: Fique à vontade...
Ele fecha a porta na nossa cara.
Corta para o interior do APTº 30
Rafaela se mantém de pé enquanto Marco se serve de vodka. Rafaela observa impaciente e ele se volta com um copo para ela.
RAFAELA: Você sabe que não bebo.
Marco faz aquela cara de “Ah sim” e coloca o copo de volta ao bar.
RAFAELA: O que aquelas fotos estavam fazendo no corpo daquele homem?
Marco degusta de sua vodka e se senta no sofá.
MARCO: Se refere a triste morte de Afonso Abjumara? (pensativo) Essa cidade está realmente violenta...
Rafaela dá um passo à frente já perdendo o pouco da paciência que lhe resta.
RAFAELA: Eu não quero saber o que você acha da cidade. Eu quero saber como aquelas fotos foram parar na cena de um crime.
Marco dá um gole em sua bebida, desvia o olhar como a tentar lembrar de algo e a olha, cínico, como sempre.
MARCO: Pra você ver como hoje em dia, um clique, e você já está envolvida num crime.
RAFAELA (nervosa): Da primeira vez, o cara morreu sem eu ter conseguido tirar as fotos...
MARCO (se levanta): Dessa vez não houve erro algum.
RAFAELA: Se eu soubesse para o que você usaria as fotos eu não teria tirado.
Marco se aproxima, sorrindo.
MARCO: Você não está em condição de escolher nada. A não ser que a prisão seja melhor que aqui fora.
RAFAELA (raiva): Eu não matei ninguém!
Marco lhe dá as costas e volta pro bar.
MARCO: Você não quer passar pelo constrangimento de depor, não? E você sabe que qualquer coisa que a polícia encontre em posse do suspeito poderá incriminá-lo.
Rafaela se desarma entendendo de imediato que ele poderia plantar uma prova contra ela.
RAFAELA: Eles saberiam que eu não poderia ter agido sozinha (ele se volta calmamente) Logo procurariam um cúmplice.
MARCO (cínico): Você sabe que pagando qualquer um faz esse papel, não é? (ele toma mais um gole da vodka sob o olhar inquieto de Rafaela e vai se aproximando) É o desespero financeiro.
Clima pesado. Foco na expressão de raiva contida de Rafaela.
CORTA PARA
CENA 12 APTº 30 [EXT./FIM DA MANHÃ]
Dcr está subindo o lance de escadas vagarosamente. Assim que ele chega ao 3º andar e vai sair do corredor, Rafaela sai de um apartamento, revoltada. Dcr se volta pra se esconder.
Assim que ela passa, Dcr sai, olha para o apartamento do qual ela saiu e faz cara de quem sabe com quem ela esteve. A segue. Rafaela abre a porta do elevador e Dcr a segura para entrar também.
A garota se volta sobressaltada e espavorida.
RAFAELA (gagueja): D-D-Dcr? (sorri sem graça).
Dcr adentra o elevador praticamente empurrando a garota.
Corta para o interior do elevador
DCR (olhar sacana): Não sabia que você tinha amigos nesse prédio.
RAFAELA: Ahn...É...Isso eu...Vim visitar um amigo...
DCR: Eu não sabia que o Marco era seu amigo.
Rafaela dá uma de desentendida, mas Dcr não dá chance para ouvir mentiras.
DCR: O que você tem pra tratar com esse cara a portas fechadas, Rafaela? Não vá me dizer que...
Ela aperta o botão para o térreo.
RAFAELA: Pelo amor de Deus, Dc! (pausa / nota-se que está sem saída / enrola) Você sabe que meu pai é advogado, né? (Dcr faz que sim com cara de quem a pegou no pulo do gato) O Marco achou que ele fosse advogado criminal e queria saber mais sobre o trabalho dele porque...Porque queria contratá-lo para a dona Ângela, a amiga do seu Bruno...
DCR: Dona Ângela?
RAFAELA: É. 'Cê' sabe que mataram um cara em frente a HDM, né, então, era marido dela e coincidentemente ela é tia do João Batista.
DCR (impaciente): E esse cara nunca ouviu falar em celular, não?...Escuta, Rafaela, Marco não faz o tipo preocupado em ajudar sem ter um benefício.
RAFAELA: Eu sou bem grandinha pra saber com quem estou lidando, não acha, Danilo?
A porta do elevador abre e ela faz que vai sair. Dcr a puxa pelo braço.
DCR: Eu espero que você realmente saiba disso.
Rafaela o encara e sai deixando Dcr abismado, ainda mais por que ela o havia chamado pelo seu nome verdadeiro.
FADE TO BLACK
FADE IN
CENA 13 COLÉGIO FRANÇA [EXT./TARDE]
Há muitos alunos chegando e carros estacionados. Dcr se encontra na porta de uma lanchonete esperando por alguém.
Raíza vem chegando e é abordada por Dcr que tenta disfarçar sua inquietação.
RAÍZA: Oi, aconteceu alguma coisa?
Dcr põe as mãos por dentro do bolso da calça, desvia o olhar e depois a encara meio sem jeito de falar.
DCR: Não...É que eu fiquei sabendo do que houve na HDM...A Ari me contou.
RAÍZA: Ah sim. A esposa do cara era amiga de colégio do meu pai (pausa) E é minha tia.
Dcr se surpreende.
DCR: Irmã de seu pai?
RAÍZA: Não, na verdade ela é irmã da mãe do João. Até uma prima ganhei.
DCR: E a Rafaela? Como ela está?
RAÍZA: Do mesmo jeito: Sonsa. Pior é ter que aturar o Marco de vez em quando lá pra conferir se o dinheiro dele tá sendo bem gasto.
Dcr coça a nuca e abaixa a cabeça.
DCR(resmunga): Se é que é por isso mesmo...
RAÍZA: O que 'cê' disse aí?
Dcr disfarça, ouve-se uma buzina. Os dois olham e veem Cael sair do carro sorridente.
CAEL: Cheguei a tempo de dar um beijo na minha namorada?
Cael beija Raíza na boca e depois cumprimenta Dcr dando as mãos.
CAEL (para Raíza): E a sua prima? Ela vai ficar bem?
RAÍZA: É, vai ficar. É difícil perder quem se ama, mas com o tempo, né? Tudo se resolve.
DCR: Deus queira que eu me vá antes do meu pai. (Raíza se espanta) Deve ser horrível perder quem a gente ama.
CAEL: Acho que seu pai não suportaria te perder.
RAÍZA: Dcr tem cada ideia...
Dcr olha pro alto, fecha os olhos como a agradecer a Deus por algo.
DCR: Ainda há alguém que me chama de Dcr.
Cael e Raíza fazem que não entendem.
DCR: É que hoje a Rafaela me chamou por Danilo e...
RAÍZA: Rafaela? Você esteve com ela hoje? (Dcr olha sem graça pros dois) Você perguntou por ela como se há algum tempo não a visse.
Dcr não sabe o que dizer e Cael nota seu nervosismo.
Ouvimos o sinal do colégio tocar.
RAÍZA: Ah, tenho que ir agora.
Cael lhe dá outro beijo na boca e ela sorri para Dcr. Este a vê atravessar o portão, volta os olhos para Cael que o encara.
Dcr vai embora. Close na expressão sagaz de Cael que o vê partir.
FADE OUT
FADE IN
Vista aérea da cidade à noite.
CENA 14 APTº DESCONHECIDO [EXT./NOITE]
O local está escuro. Close no chão abaixo de uma janela.
A câmera foca em um par de pernas vestidas com calça jeans e coturnos pretos caírem no chão após um salto. Imediatamente, a pessoa para encostada à parede, a câmera sobe apenas mostrando que em suas mãos enluvadas se encontra um papel, possivelmente onde está anotado o endereço.
Corta para o interior.
Close na fechadura da janela.
Um canivete força a fenda entre as duas partes que vai subindo e desprendendo-se do gancho. Pausa. A janela é aberta na nossa frente e vemos que se trata de Rafaela. Ela se mostra nervosa e apreensiva.
Corta para o quarto.
O quarto tem uma cama de casal, paredes brancas, decorado com flores vermelhas artificiais, dois quadros de pintura moderna e móveis, tanto a cabeceira quanto cômoda e guarda-roupa.

Rafaela caminha rápido, olha ao redor e se esbarra num porta-retrato sobre a cômoda. Close na foto de Laura.
Rafaela vai até o laptop, abre, põe a mão por dentro da blusa sacando um pen-drive.

RAFAELA: Deus que me perdoe...
Ela conecta o pen-drive no laptop.

Vemos aparecer na tela cópias daquelas fotos encontradas sobre o corpo de Afonso. Pela barra de progresso vemos que Rafaela copia as fotos para o laptop numa pasta compartilhada.
Ouvimos o som de chaves vindo do lado de fora do apartamento. Close na expressão assustada da garota.
= = Music On – Suspense = =
RAFAELA (apressada/olha o pc): Anda logo!
Rafaela desconecta o pen-drive, fecha o laptop, corre até a SALA e sai pela janela.
A porta se abre e Laura acende a luz. Ela carrega sacolas de compras, fecha a porta e joga a chave por cima do sofá.
Ao se aproximar do corredor, nota a janela entreaberta. Estranha, abre, mas logo a fecha sem se importar muito.
Corta para o exterior
A janela é fechada e abaixo dela se encontra Rafaela, agachada e com expressão de medo.
= = Music Off = =
FADE TO BLACK
FADE IN
CENA 15 FACHADA - ED. CIRANDA DE PEDRA [MANHÃ SEGUINTE]
Corta para o interior do APTº 403 - Cozinha
Josué está de pé e coloca o jarro de café sobre a mesa onde se encontram Bruno, João, Ari e Raíza sentadas.
Rafaela aparece da porta meio afobada.
RAFAELA: Ai gente, desculpa. Dormi demais.
Raíza revira os olhos, indiferente. Rafaela se senta e Josué lhe serve café.
BRUNO: Ontem você chegou um pouco tarde, não que eu tenha algo a ver com sua vida, mas fiquei preocupado.
Rafaela sorri nervosa e quase derruba a xícara.
RAFAELA: Não, é que...”Brigada” seu Josué...Eu fui fazer um trabalho na biblioteca da faculdade. Eu acabo perdendo a noção da hora.
ARI: Não é perigoso você vir pra casa sozinha?
JOSUÉ: Se você quiser eu posso ir te buscar todo dia.
RAFAELA: Não, que isso...Eu não quero incomodar...
Raíza coloca os cotovelos sobre a mesa e come o pão com certa indiferença, ainda.
JOSUÉ: Raíza, é falta de educação pôr os cotovelos sobre a mesa.
Raíza mastiga o pão com má vontade e o encara.
RAÍZA: Eu pensei que eu tava na minha casa...
Josué faz que vai dizer algo, mas Bruno o interpõe.
BRUNO: A Ângela virá hoje com sua filha (olha para João) espero que a trate melhor do que ontem.
JOÃO: Eu espero que ela não fale dos mortos...
Ouvimos a campainha tocar não dando tempo de Bruno lhe chamar a atenção.
BRUNO: Deve ser elas.(ele se levanta e sai da cozinha)
JOÃO (sarcástico): Melhor do que o Marco, né não Raíza?
Raíza lhe dá uma olhada e não diz nada. Josué observa João como a analisar seu comportamento perante as visitas.
Bruno chega da porta com Ângela e Joana.
BRUNO: Gente, a polícia já prendeu a assassina de Afonso.
Rafaela nem olha para trás e se mantém quieta. Ari observa.
ÂNGELA: Alguém fez uma denúncia e a polícia, hoje cedo, foi até a casa de Laura. Encontraram cópias daquelas fotos que puseram sobre o...(sentida)Sobre o corpo de Afonso.
Raíza abaixa a cabeça e sua expressão é de quem se lembra de algo.
JOANA: Melhor irmos, não?
Bruno, Ângela, Joana e Raíza saem de cena. Close alternando nas expressões de Josué sério, Ari atenta, parando em Rafaela de olhar inquieto.
CORTA PARA
CENA 16 DELEGACIA [INT./MANHÃ]
Laura está chorosa diante do delegado.

LAURA: Eu não fiz nada, seu delegado. Não sei como aquelas fotos foram parar lá, aquilo só pode ter sido plantado ali.
DELEGADO: Quem mais tinha acesso ao seu computador?
Laura se mostra vencida.
LAURA: Só eu...
Delegado faz um gesto de “então?”.
De repente, Ângela, se desvencilhando dos policiais, invade a sala e pega Laura pelos cabelos.
ÂNGELA: Sua cachorra! Por que não se matou junto com ele, infeliz!
Laura grita e os policiais contêm Ângela. Bruno e Joana tentam acalmá-la enquanto Raíza observa penalizada.
LAURA (desesperada): Eu não matei ninguém...Eu juro...Estão querendo me incriminar...
Raíza abaixa a cabeça com expressão de impotência.
O delegado faz um sinal para o policial que, em seguida, algema Laura e a leva dali sob seus protestos.
CORTA PARA
DELEGACIA [EXT.]
Ângela, Bruno, Joana e Raíza descem as escadas.
JOANA: Ao menos será feita justiça.
ÂNGELA: Fiz isso por você, filha. Por que por mim, essa vadia podia viver livre. Aquele desgraçado mereceu o tiro.
JOANA (chocada): Não diga isso, mãe!
RAÍZA: E se o que ela disse for verdade? (todos a olham)E se alguém plantou as fotos na casa dela para incriminá-la?
ÂNGELA: E o que importa? Meu marido tá morto. Eu é que não vou perder meu tempo pensando em quem realmente o matou.
Ângela desce apressada pelas escadas deixando Bruno atônito.
RAÍZA: Pode ser uma inocente.
Joana se volta para ela humilde.
JOANA: Olha, Raíza não leve em conta o que ela disse, tá? Se eu tivesse certeza de que essa mulher não fez nada eu seria a primeira a ajudá-la. (close em seu rosto) Mas eu não sou vidente.
Joana abaixa a cabeça e vai atrás da mãe. Bruno olha para Raíza como a perceber que ela esconde algo e segue atrás de Ângela.
Raíza se mostra incomodada com a situação.
FADE OUT
FADE IN
CENA 17 RUAS DA CIDADE – JARDIM AMARO
Um carro estaciona em frente a uma casa num bairro de classe média. Bruno sai do lado do motorista, Ângela e Joana saem em seguida.
JOANA: Bom eu vou entrar...(para Bruno) Mais tarde a gente se vê...No cemitério...
Bruno faz que sim, toca sua mão e ela entra.
BRUNO (observa Joana entrando na casa): Então, Ângela...(mãos no bolso da calça) Por que fingiu que não se importava com a morte de seu marido?
ÂNGELA (ressentida): Eu sempre soube o quanto ele era mulherengo, sabe...(pausa) Mas eu o amava (sorri / olhos começam a avermelhar) Nós éramos cúmplices em quase tudo...Ele teve um caso com uma mulher rica antes de ficarmos juntos e até brincava que podia ter filhos por aí. Eu fingia que isso não me doía.
Bruno se compadece e a abraça.
BRUNO: E você acha que não doeria nele saber que você largou um filho por aí?
ÂNGELA (abraçada, inquieta o olhar): Nunca vou me perdoar por isso...Nunca...
A câmera vai se aproximando...
FADE OUT
FADE IN
CENA 18 APTº 215 - SALA [INT./MANHÃ]
Daniel chega do corredor e dá uma batida na parede. Dcr, sentado diante do computador, sorri e faz sinal pra ele se aproximar.
DANIEL: Pensei que você fosse ao velório do tal Afonso (ele se senta no sofá)
Dcr se vira.
DCR: Irei, daqui a pouco.
DANIEL: Tá preocupado com a Rafaela, não é?
Dcr se levanta e se recosta na janela.
DCR: Não sei o que fazer, pai. Se eu denunciar a Rafaela, estarei traindo a nossa amizade; Mas se eu escondo da Raíza o que sei eu estarei traindo-a pela 2ª vez. Me dê uma luz!
DANIEL: A Ari tem a prova de que Rafaela é autora das tais fotos e você sabe que ela está envolvida com o Marco. Se você a denuncia ela irá denunciá-lo. Você quer realmente bater de frente com ele?
Dcr não sabe o que dizer.
DANIEL: Se você, ao menos, tivesse uma prova concreta de qualquer coisa que Marco tenha feito, algo que não deixe dúvidas, aí sim você poderia denunciá-lo sem precisar meter a Rafaela no meio. Mas é claro que, você precisaria de ajuda.
Dcr o encara e inquieta o olhar sem saber como proceder.
CORTA PARA
= = Passagem de Tempo = =
CENA 19 CASA DE ÂNGELA [EXT./TARDE]
Ângela está saindo da casa vestida formalmente de preto.
ÂNGELA: Não demora, filha!
Assim que ela se aproxima do portão, dá com Josué a encará-la seriamente.
ÂNGELA (finge não entender): O que você quer?
JOSUÉ: Quando você disse que ia embora era pra não voltar mais.
Ângela vai abrindo o portão indiferente.
ÂNGELA: O destino quis que a gente se aproximasse. Não tenho culpa.
Josué a segura pelo braço com força.
JOSUÉ: Não acredito em destino! Eu não vou deixar você atormentar a minha vida de novo. Você vai se mandar daqui com sua filha ou eu...
ÂNGELA (encara, petulante): Ou você o quê, hen? (fala mais baixo, porém mantém o tom) Você deixou seu irmão pagar por uma coisa que não fez por que não teve coragem de assumir nosso filho e agora se acha no direito de me mandar embora?
JOSUÉ (raiva): Você disse que me amava, que o largaria por mim, mas assim que ele morreu você se mandou. Pois bem, seu marido morreu que tal dar o fora de novo?
Ângela se desvencilha dele com força e provoca com ar sagaz.
ÂNGELA: Do que você tem medo, Josué? Que descubram que você deixou seu irmão e seu sogro morrerem? Ou que João Batista saiba que nós não tivemos coragem de assumi-lo?
Clima. Close na expressão sem graça de Josué.
ÂNGELA: Me arrependo de não ter voltado antes a tempo de impedir que ele se tornasse a sua cópia. Mas Deus queira que dê tempo de reverter a situação.
A porta da casa é aberta e Joana sai notando o clima. Ângela disfarça.
JOANA: Oi...Você vem com a gente?
ÂNGELA (interpõe): Não, ele disse que tem algo a resolver antes. (para Joana) Vamos?
= = Tocando: Sober – Kelly Clarkson = =
Elas entram no carro deixando Josué pensativo. Ele passa a mão pelos cabelos impaciente e vê o carro partir.
FUSÃO PARA
= = Passagem de tempo = =
CENA 20 CEMITÉRIO [EXT./TARDE]
Chove pouco.
[Efeito câmera lenta]
Algumas pessoas passam a frente da tela entrando no cemitério e quatro delas carregam o caixão. Logo vemos muita gente vindo atrás.
Ângela, Joana, Dcr e todos da família de Raíza estão presentes. Raíza e Dcr olham para Rafaela cada um do seu jeito. Raíza, com a mesma impotência de quando viu Laura ser presa; Ele por não saber como ajudá-la. Rafaela desvia o olhar e abaixa a cabeça.
Josué e Ângela trocam olhares enquanto ele empurra a cadeira de João.
RAÍZA [OFF]: Às vezes eu acho que se eu não tivesse esse poder eu não estaria sentindo essa culpa...Culpa por algo que fiz ou deixei de fazer...
A cena intercala com outras cenas seguintes.
FUSÃO / INTERCALA
MANSÃO DE CAEL [INT.]
A manchete do jornal com a foto e a notícia da morte de Afonso Abjumara preenche a tela.
Lara lê a notícia com um estranho pesar e logo atrás dela, adiante, Cael aparece vestido socialmente e de preto.
CAEL: Impressionada?
Lara se volta sobressaltada e torna a olhar para o jornal sentida.
LARA: Podia ter sido o Marco...
Cael ajeita as abotoaduras e faz que entende.
CAEL: Vou ao enterro dele. A senhora quer vir junto?
LARA (responde rápido): Não o conhecia. Não tenho nada a fazer lá.
Cael meneia a cabeça e sai.
Lara torna a olhar para a foto e depois desvia olhando para frente como a pensar em algo.
FUSÃO / INTERCALA
CEMITÉRIO [TARDE]
Todos estão em volta da cova vendo o caixão descer. O padre benze ditando algumas palavras.
RAÍZA [OFF]: Quem sou eu pra achar ruim o que Rafaela faz ou deixa de fazer? Eu menti pro meu pai...Eu quase matei o João...(pausa profunda enquanto observa os outros) Eu iria matá-lo pra ter minha liberdade...
FUSÃO / INTERCALA
HDM CONSTRUTORA [INT.]
A câmera se movimenta pela sala e vemos um homem (IVAN) cumprimentar alguém que ainda não vemos.
IVAN: Tenha certeza que na próxima reunião você será nomeado o novo sócio.
A câmera revela Marco cumprimentando Ivan e exibindo um sorrisinho de vitória.
IVAN: Você tem se mostrado competente para isso e com a morte de dois sócios a empresa tem ficado desfalcada. Espero que você tenha mais sorte.
Sorri e dá as costas.
IVAN: Não vá perder a hora do enterro, hen. Muita gente já deve estar lá.
MARCO: Já estou indo...
Marco se senta na cadeira e sorri satisfeito.
CORTA / INTERCALA PARA O CEMITÉRIO
[Continua o Efeito câmera lenta]
Cael se aproxima de Raíza e a abraça. Ângela beija uma rosa e a joga sobre a cova.
A rosa bate no caixão juntamente dos pingos d’água.
RAÍZA [OFF]: Como posso querer liberdade se meu próprio segredo me prende? (pausa / A câmera passa por todas as pessoas) Acordo todo dia sem saber se irei salvar ou guardar outro segredo comigo...
Intercala mostrando Josué olhando estranho para Ângela e Ari, abraçada a Dcr, olhando para Rafaela. Dcr vai erguendo os olhos na direção de alguém.
RAÍZA [OFF]: Seria bom não ter segredos...
Cael retribui o olhar para Dcr como de cumplicidade.
RAÍZA [OFF]: Mas quem não tem um?
A tela vai se fechando no rosto de Cael.
= FIM DO EPISÓDIO =


Série escrita por:
Cristina Ravela
Elenco:
Raíza (Maria Flor)
João Batista (Caio Blat)
Bruno (Juan Alba)
Josué (Caco Ciocler)
Cael (Michael Rosenbaum)
Marco (Pierre Kiwitt)
Valentina (Alinne Moraes)
Rafaela (Fernanda Vasconcellos)
Ari (Nathália Dill)
Dcr (Aaron Ashmore)
Cipriano (Thiago Rodrigues)

Participação Especial:

Laura (Alessandra Maestrini)
Lara (Jane Saymour)
Diego (Jorge Pontual)
Afonso (Leopoldo Pacheco)
Joana (Monique Alfradique)
Ângela (Vera Zimmerman)
Queiroz (Walter Breda)
Ivan (Werner Schürnemann)

Trilha Sonora:
Sober (Kelly Clarkson)

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