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RAÍZA 2ª TEMPORADA SÉRIE
0:32:00 min
WEBTVPLAY APRESENTA
RAÍZA 2
Série
de
Cristina Ravela
Episódio 01 de 23
"Mentiras"
© 2010, WebTV.
Todos os direitos reservados.
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FADE IN
CENA 1
– RUAS DA CIDADE [MANHÃ]
CLOSE DE CIMA
A cena mostra pessoas ao longe,
abaixo de um viaduto e um córrego. Ouvimos o som das hélices e a
cena é vista de dentro de um helicóptero. O piloto está com uma
rádio ligada.
PILOTO:
Nenhum sinal...
Corta para os pés de um homem
que caminha rente ao córrego. Outro alguém para diante dele.
HOMEM (O.S):
Você pode dizer pra mim exatamente o que viu.
A cena sobe e revela Marco
encarando o sujeito.
MARCO:
Eu já disse tudo. O que mais quer que eu diga?
Josué está de frente pra ele
com olhar acusador.
JOSUÉ:
A Raíza tava com ele, né? Tava ou não tava?
Ari e Bruno vêm por trás.
BRUNO:
Mas será possível, Josué? Parece até que você quer que ela seja
a culpada.
JOSUÉ:
Não foi bem isso que eu quis dizer...
BRUNO (irritado):
Ela também pode estar em perigo.
JOSUÉ (para Bruno):
Você devia estar preocupado com o João. Esse sim deve tá
precisando de ajuda...
Bruno o encara; Marco faz o
mesmo.
JOSUÉ (disfarçando para
Marco): Foi você
mesmo que disse tê-lo visto cair.
MARCO (nervoso com a
insistência): Eu
disse que vi muita névoa e não posso dar certeza de tudo que vi. O
Bruno chegou depois e deduziu que era ele quem tinha caído.
ARI:
Então você não viu nada, não é?
Marco se cala insatisfeito.
Um bombeiro chega logo trás e apresenta algo na mão.
Um bombeiro chega logo trás e apresenta algo na mão.
BOMBEIRO:
Encontramos isso agarrado a uma pedra.
Close em sua mão. Há uma
pulseira de contas de madeira. Bruno pega com uma expressão de
pavor.
BRUNO:
É da Raíza!
JOSUÉ:
Ela caiu também?
Marco o olha estranhando sua
surpresa como se fosse impossível aquilo estar acontecendo.
MARCO:
Não seria muito estranho, não? Afinal, ela pode ter pulado pra
tentar salvar o primo, embora...
JOSUÉ (seguro de si):
Duvido muito...
Todos o encaram.
Ouvimos um rebuliço.
Ouvimos um rebuliço.
BOMBEIRO:
Encontramos!
Josué dispara na frente.
João é colocado numa maca com todos aqueles cuidados necessários.
João é colocado numa maca com todos aqueles cuidados necessários.
Josué quase tem um siricutico;
Toca o rosto do sobrinho, sorri querendo chorar. Uma coisa. Marco
observa enquanto Bruno se mostra desanimado.
MARCO:
Se um vento foi capaz de derrubá-lo de um viaduto, o mais provável
é que tivesse feito o mesmo com a Raíza, não?
Bruno olha na direção do
viaduto com a grade arrebentada.
FADE OUT
2x01
MENTIRAS
FADE IN
CENA 2
– HOSPITAL CENTRAL – FACHADA
Ouvimos som de sirene.
Corta para o interior da
recepção.
Médicos e enfermeiros passam de
um lado e de outro.
No canto, próximo a entrada, estão Ari e Bruno afastados dos demais.
No canto, próximo a entrada, estão Ari e Bruno afastados dos demais.
ARI:
Você também acha que ela escapou, né?
BRUNO (suspira):
Eu não sei...Você acha?
ARI:
(ênfase)Você sabe que ela pode escapar. O problema é onde ela pode
ter ido parar...
Bruno a olha, espantado.
BRUNO:
Você não tá falando em...
ARI:
Perdida no tempo? Anos sumida? Isso não é um “De volta para o
futuro” , mas temos que ser realistas, seu Bruno.
BRUNO:
Isso só pode ser coisa do Cipriano, só pode!
Ari engole a saliva e abaixa a
cabeça.
ARI:
Ela queria desmascarar o João...
BRUNO:
Como?
ARI:
Depois que ela lembrou de tudo, ela queria provar umas coisas que
descobriu...
BRUNO:
Umas coisas? E como ela faria isso?
ARI:
O Cipriano deu um celular pra ela gravar tudo às escondidas. Eu
tentei fazê-la mudar de ideia, mas não consegui.
BRUNO (Esperançoso):
Se ela estava gravando enquanto tudo aconteceu o celular ainda pode
estar em casa. Eu vou lá!
Bruno sai, esbaforido e passa
zampado por Marco.
MARCO:
A Raíza apareceu?
ARI:
Não. Mas ele foi em casa pra saber exatamente isso.
CORTA PARA
CENA 3
– HOSPITAL CENTRAL - ENTRADA
Dcr entra ao lado de Rafaela e em
seguida, para diante dela segurando seus ombros.
DCR:
Regra nº 1: Não fazer disso a próxima matéria de seu blog, ok?
RAFAELA:
Eu nem atualizo mais o blog, ‘Dc’. E você já deve saber disso.
Dcr vai largando dos ombros dela.
DCR:
Mas você estava lá tirando fotos das buscas pelo João que eu vi.
RAFAELA:
Curiosidade.
DCR:
Isso, um dia, te mata.
Assim que ele se volta quase
esbarra em Bruno que nem os vê.
RAFAELA:
Será que a Raíza apareceu?
DCR:
Não sei, mas vamos saber.
Os dois tornam a caminhar na
direção da recepção e param diante de Ari e Marco.
Dcr e Rafaela cumprimentam os
dois sendo que Dcr encara Marco com ar de desdém.
MARCO:
Com licença, vou ver como está o Josué.
Ele mira em Rafaela e assim que
sai, Dcr faz uma cara de enojado.
DCR:
Não consigo engolir esse cara.
ARI:
Eu menos.
Rafaela dá um sorrisinho tímido,
mas seu olhar está inquieto.
CENA 4
– HOSPITAL CENTRAL [EXT.]
Bruno abre a porta do carro e
vemos Josué vindo logo atrás, preocupado.
JOSUÉ:
Ei! Ei! Bruno!
Bruno não ouve. Josué corre e
consegue pôr a mão na porta antes que Bruno a feche.
JOSUÉ:
Que pressa é essa? (tom de raiva) Por acaso a Raíza apareceu e
pediu que você fosse ao encontro dela às escondidas?
Bruno lhe dá uma olhada e sai do
carro.
BRUNO:
Você para com essas acusações que você não sabe de nada.
JOSUÉ:
Ela certamente fugiu da cena do crime e você fica tentando
acobertá-la.
BRUNO (incrédulo):
Que crime? Não houve crime algum, ‘cê’ tá maluco?
JOSUÉ:
Nós dois sabemos que só existe um jeito dela ter desaparecido.
Bruno se aproxima e os dois ficam
cara a cara.
BRUNO:
Ela não é imortal, Josué! Se ela fosse, a mãe dela também seria.
Josué se cala por instantes não
gostando do que ouve.
JOSUÉ:
Se ela não desapareceu como daquela vez é melhor que ela nem volte.
Close no rosto de Bruno sério.
CENA 5 –
HOSPITAL [INT.]
Cael e Valentina chegam de mãos
dadas. Ela está de óculos escuros, usando um vestido colante e
preto, salto alto e uma expressão de luto. Cael larga de sua mão e
vai direto para onde estão Ari, Dcr e Rafaela.
CAEL(afobado):
Bom dia. E a Raíza? Foi encontrada?
Valentina não gosta daquele
interesse todo, se mostra incomodada e nota que Rafaela lhe encara
com deboche.
ARI:
Não, mas o João sim. Ele deve estar sendo operado agora.
CAEL:
Muito grave?
DCR:
Foi uma queda e tanto...
Cael não disfarça sua
preocupação e olha para dentro da sala de espera.
CAEL:
Há quanto tempo o Marco está aqui?
DCR:
Ele acompanhou todo o resgate...
Indignado, Cael vai até
lá.
Valentina nem levanta os óculos e os cumprimenta esnobe. Quando dá as costas, Ari faz cara de nojo.
Valentina nem levanta os óculos e os cumprimenta esnobe. Quando dá as costas, Ari faz cara de nojo.
CORTA PARA
Valentina chegando por trás de
Cael com uma cara de enterro. Marco observa de frente para eles.
CAEL:
Sabia que eu só soube porque a Ari ligou pra mim hoje cedo?
MARCO (mãos nos
bolsos/debochado): E
foi necessário?
Valentina disfarça um riso. Cael
também põe as mãos nos bolsos disfarçando uma vontade de
esbofeteá-lo.
CAEL:
Deve estar sendo cansativo pra você ficar aqui. Se quiser pode ir.
MARCO:
Vou esperar o João ser operado.
CAEL:
Essas coisas demoram. Você tem uma empresa para administrar, não?
VALENTINA(provoca):
Seu Bruno deve estar ganhando bem, hen. Cirurgia aqui custa caro...
MARCO (cínico):
Por isso eu fiz a gentileza de pagar...
CAEL:
Você pagou? O Bruno...
MARCO:
Josué é muito preocupado com o sobrinho querido. Bruno está mais
envolvido com o desaparecimento da filha.
CAEL:
Por que você fez isso?
VALENTINA:
Porque ele acompanhou todo o resgate. Natural querer pagar, não é?
Por que não deixa que o Marco faça as honras da casa? Ele já está
com eles a noite toda mesmo...
Marco sorri debochado para o
irmão que tem que engolir aquilo.
CENA 6
– APTº 403 - SALA [INT./MANHÃ]
A cena vai passeando pelo
ambiente mostrando o sofá fora do lugar, objetos tortos nos móveis,
tapete virado. Bruno surge do corredor segurando a bolsa da filha com
ar de cansado.
BRUNO:
Se esse celular existe, quem será que pegou?
Ele olha para a bolsa, confuso.
A tela se fecha num baque.
FADE IN
CENA 7
– HOSPITAL CENTRAL – CORREDOR [INT./TARDE]
Ari caminha de cabeça baixa,
mãos nos bolsos da calça até que para, de repente. Ela se aproxima
da sala de espera e olha meio de canto. Observa que Cael e Marco
estão juntos conversando, mas pega pela metade.
CAEL:
Eu vou chamar a polícia, não posso esperar mais.
Marco toca seu ombro com um falso
sentimento de solidariedade.
MARCO:
É o melhor que você pode fazer.
Ari se volta preocupada, apanha
um celular do bolso. Disca e faz uma cara feia.
ARI:
Mas por que o Bruno não atende?
JOSUÉ (O.S):
O que você tá pretendendo?
Ari se assusta.
ARI:
Eu preciso falar com o Bruno; O Cael tá prestes a chamar a
polícia...
JOSUÉ:
E o que você tem a ver com isso?
ARI:
Hã?
JOSUÉ (faz uma cara de raiva,
mostra-se exaltado):
Escuta, Ari: Quem não deve não teme. E se o Bruno não é capaz de
tomar uma providência quanto ao sumiço da filha dele então bem
feito para ele ver o projeto de namorado dela fazer o serviço.
ARI (sem graça e sem
entender): Mas Josué
acho que não precisa chamar a polícia pra isso...
JOSUÉ:
Pois eu acho melhor você deixar a família resolver isso.
Os dois se encaram.
Ele dá as costas deixando a garota passada com o fora.
Ele dá as costas deixando a garota passada com o fora.
FADE OUT
== Passagem de tempo ==
FADE IN
CENA 8
– HOSPITAL CENTRAL [EXT./TARDE]
Ari está desassossegada, andando
de um lado e de outro de frente para o hospital e com o celular nas
mãos. Olha para frente e vê Bruno sair do carro. A garota corre até
lá com uma cara de preocupada.
BRUNO:
Eu não encontrei o celular, Ari...Certamente...
ARI:
Seu Bruno, isso não é o mais importante agora...
BRUNO:
O que aconteceu?
ARI:
Melhor o senhor vir comigo...O Cael vai acionar a polícia...
BRUNO:
Como é que é?
Bruno sai em disparada na frente
de Ari.
ARI (murmura):
Se é que já não acionou...
Corta para um
CORREDOR
CORREDOR
Cael está de costas com um
celular no ouvido e assim que se vira vê Bruno se aproximando. Cael
faz que vai dizer algo, mas é interrompido.
BRUNO (tom áspero):
Você pretende chamar a polícia?
Cael não entende seu tom e
rapidamente Bruno arranca de forma estúpida o celular de suas mãos,
desligando-o em seguida.
BRUNO:
Você não vai fazer isso!
CAEL:
Mas por quê? A Raíza pode está em perigo...
BRUNO:
Eu sou o pai; Eu decido o que fazer.
Cael engole a seco, se refaz
daquele momento desagradável.
CAEL:
A polícia já está vindo.
Bruno olha para Ari indignado e
Cael se mostra sereno, mas não pouco nervoso com a situação.
CAEL:
Eu não ia esperar passar 4 anos pra vê se ela vai aparecer ou não.
Bruno o encara mais indignado
ainda e mal consegue balbuciar.
Ari e Bruno se olham, surpresos.
CORTA PARA
= = Passagem de Tempo = =
CENA 9
– RUAS DA CIDADE [TARDE]
Vemos o rio com suas ondas
revoltas batendo violentamente contra as pedras. A cena vai
lentamente para trás e o pé de alguém toca as águas. A cena sobe
e Raíza, sentada, olha para frente toda descabelada.
VOZ FEMININA(O.S):
Até quando?
Raíza se assusta e olha para
trás.
RAÍZA:
Ari?
Ari a encara, chega perto e se
agacha.
ARI:
Até quando vai se esconder?
Raíza olha ao redor com cara de
medo, levanta desesperada.
RAÍZA:
Eu não quero que me vejam! Eu não quero que me vejam!
Ari levanta e segura em seus
ombros.
ARI:
Calma! Calma! O que aconteceu?
RAÍZA:
Como é que você me achou?
ARI:
Eu pensei em você e aqui estou.
Raíza a olha diferente e mais
aliviada.
RAÍZA:
'cê' não tá aqui, né? Onde é que 'cê' tá?
ARI:
No hospital...
Raíza se mostra apreensiva.
ARI (cont.):
O João foi encontrado no rio. E todos estão a sua procura.
RAÍZA (se exalta):
Eu não vou voltar lá não, não vou voltar! O João vai contar
tudo!
ARI:
O que aconteceu naquele viaduto, Raíza? O que o João vai contar?
Os olhos de Raíza lacrimejam;
Ela mostra-se com medo e ao mesmo tempo com ódio.
ARI:
Você o atirou do viaduto, não foi?
Raíza reluta e seu silêncio
acaba sendo a resposta.
RAÍZA (indiferente):
Eu quase matei o João (pausa) Mas não sei se quero me arrepender
(encara Ari seriamente).
Ari segura sua mão.
ARI:
Não podemos ficar discutindo isso agora. A polícia virá a sua
busca e do jeito que as coisas estão é bem capaz do seu tio te
acusar de tentativa de homicídio.
RAÍZA:
Ele chamou a polícia?
Ari se cala. Raíza dá um soco
pra baixo e se vira pro lado do rio.
RAÍZA:
Mas agora que me ferrei! (ela se volta) O João já deve ter...(Ari
já não está lá) Ari?
CORTA PARA
CENA 10
– HOSPITAL CENTRAL – RECEPÇÃO [INT./TARDE]
Ari, sentada num banco, é
acordada por Bruno em neuras.
BRUNO:
Preciso que me ajude a pensar numa estratégia de livrar Raíza de
uma acusação.
Ari ainda se refaz do sono, coça
os olhos.
ARI:
O Cael é que devia pensar nisso. Não foi ele quem chamou a polícia?
Então?
Bruno se mostra desolado. Senta
ao seu lado, coloca as mãos por entre os joelhos e os dois
permanecem em silêncio.
ARI:
Eu sei onde ela está.
Bruno a olha e aproxima o rosto.
BRUNO:
Como? Se você...
Ela dá uma olhada de
cumplicidade.
BRUNO:
Ah, ainda não me acostumei com isso...Mas e aí? Como ela está? Por
que não a trouxe?
ARI:
Eu bem que tentei, mas o senhor me sacudiu toda.
Ele se levanta e a puxa pelo
braço.
BRUNO:
Vamos! Você me explica no caminho.
Os dois andam rápidos e passam
por Marco que observa a cena. Cael surge por trás notando que ele
está atento a algo.
MARCO:
A Raíza deve ter feito algo de muito ruim pra eles temerem a
polícia, não?
Cael o encara e logo sai atrás
de Bruno e Ari.
Marco esboça um sorrisinho de canto.
Marco esboça um sorrisinho de canto.
CENA 11
– RUAS DA CIDADE
Tanto Ari quanto Bruno estão com
as mãos na cintura olhando ao redor e para o rio. Nenhum sinal de
Raíza.
BRUNO:
Tem certeza que ela estava aqui?
ARI:
Sim, sim. Ela não pode ter ido pra muito longe...
Bruno para ao seu lado.
BRUNO:
Você acha que houve omissão de socorro?
A cena mostra os dois de costas e
um encarando o outro lado a lado.
BRUNO:
Você acha que ela...Que ela passou dos limites?
Ari desvia o rosto, não sabe o
que responder.
ARI (enrola):
Ela não me disse nada.
CAEL (O.S / surpresa):
Vocês sabem onde ela está? Por que não falam?
BRUNO (irritado):
Você nos seguiu?
CAEL:
Eu só estou preocupado. Custa dizer algo sobre ela?
Ari mantém as mãos na cintura e
um semblante calmo, disfarçadamente calmo.
ARI:
Não sabemos, Cael. Eu só tive um palpite já que aquele córrego
desemboca aqui.
CAEL:
Vocês acham que ela desapareceu? (tom de suspense) Por que do
contrário ela já devia ter aparecido em casa. Que outro lugar ela
poderia ir?
Como uma luz iluminasse a mente
de Bruno, este encara Ari que também parece receber a mesma luz.
BRUNO:
Ela pode ter ido ao hospital! Temos que correr!
Cael observa os dois entrarem no
carro.
CORTA PARA
CENA 12
– HOSPITAL CENTRAL – FACHADA [TARDE]
A cena vai andando para trás até
que aparece a costa de Raíza olhando para frente do hospital. Ela
espreita pelo muro e a mão de alguém toca seu ombro. Ela se volta
sobressaltada.
RAÍZA:
Cipriano?
CIPRIANO:
Calma. Não há o que temer.
Raíza faz que não entende; Ora
olha para o hospital, ora para ele.
RAÍZA:
Você soube?
CIPRIANO:
Sim, parece que o João passou dos limites...
RAÍZA:
Não era pra você dizer que eu fui longe demais?
CIPRIANO:
E você foi? (ele acaricia suas mãos) Você apenas respondeu a uma
agressão...Ele quer o seu poder para destruir com você depois...E
com todos que atravessarem o caminho dele.
RAÍZA:
Ao contrário de você...Não é?
CIPRIANO:
Claro! (cínico) Eu não quero o mal de ninguém, mas às vezes
precisamos reeducar pessoas como ele para fazê-lo entender que é
preciso ter responsabilidade ao usar o poder. Se não ele pode acabar
contigo.
RAÍZA:
Como soube?...Aliás, o que você sabe?
CIPRIANO:
Seu olhar diz tudo. Se não fez nada do qual sente medo não estaria
aqui.
RAÍZA:
Cipriano, eu preciso daquele celular! É a única coisa que pode me
salvar nesse momento...
Cipriano parece viver nas nuvens
de tão tranqüilo que é sua feição.
CIPRIANO:
Esqueça isso!
RAÍZA (exaltada):
Esquecer? O vídeo me salvaria hoje.
CIPRIANO:
E o que adianta provar pra sua família que você está certa se o
João continuar com a mesma ideia de sempre? Lembra do que eu falei
sobre reeducar? Ele primeiro, precisa aprender a te deixar em paz.
Quem sabe a partir de hoje com a lição que você deu?
RAÍZA:
Eu juro que não queria ter feito aquilo...
Cipriano ajeita os cabelos dela
num carinho falso de dar raiva.
CIPRIANO:
Tem certeza?
Ela franze as sobrancelhas e ele
sorri em seguida.
CIPRIANO:
Não se preocupe, Raíza. Você não fez nada (pausa) Vai lá. Eles
estão te esperando.
Ela torna a encarar o hospital
com ar de desolada e quando se volta não encontra mais Cipriano.
FADE TO BLACK
FADE IN
CENA 13
RECEPÇÃO – HOSPITAL CENTRAL [INT./TARDE]
Raíza alcança o corredor com a
cara e a coragem e em primeiro plano ela vê Marco conversando com
uns policiais. Extasiada com a presença deles ela para e Marco a
encara.
MARCO:
Raíza!
Os policiais e outras pessoas
presentes olham para a moça como se estivessem na expectativa de que
algo pudesse acontecer ali.
Raíza não diz nada. Nota-se o
medo em seu olhar. Ela caminha na direção deles com olhar fixo em
Marco que a encara com certa malícia. Ela para próximo a um sofá.
De repente, Josué surge do
corredor, e vai na direção dela apressado com a raiva estampada no
rosto.
JOSUÉ:
Resolveu aparecer, né? Veio ver seu primo que tá lá prostrado
naquela cama?
Os policiais olham para a garota.
POLICIAL:
Então você é Raíza Maciel?
RAÍZA (murmura para Josué):
Tio, preciso que me ouça, vamos conversar...
JOSUÉ (indignado / delira):
O quê? Quer conversar a sós comigo? Sabe se lá o que pretende pra
escapar da polícia. Eu não vou virar teu refém.
RAÍZA:
Tio, pelo amor de Deus!
JOSUÉ: Não
vou ficar ouvindo balela então é melhor que diga logo onde esteve
que não ajudou seu primo?
MARCO:
Calma, Josué. Ela deve ter uma ótima explicação(a encara /
cínico) Não é, querida?
Raíza faz cara de poucos amigos.
POLICIAL:
Por favor, eu preciso do depoimento da moça.
Josué segura no braço da
sobrinha com força e ela demonstra sentir dor.
JOSUÉ (mantendo a postura de
repressor): Explica
pra gente por onde você andou, explica!
RAÍZA:
Me solta!
Um dos policiais detém Josué
que parece que vai cuspir de raiva a qualquer momento.
JOSUÉ:
Sabe como seu primo vai voltar pra casa? Sabe? (ela nada responde) de
cadeira de rodas...
Raíza cai sentada no sofá,
desolada.
RAÍZA:
Ele...
JOSUÉ:
Pro resto da vida.
RAÍZA (balbucia):
Eu-eu não tive culpa, tio...
JOSUÉ:
Tá se defendendo? Ninguém aqui tá te acusando de nada.
POLICIAL (irritado):
Será que eu posso pegar o depoimento da moça?
MARCO:
Eu já depus; Agora a vez é da Raíza.
BRUNO:
E o que você sabe sobre isso, Marco?
Cael, Bruno e Ari estão na porta
e Bruno adentra com olhar acusador pra cima dele.
Marco faz aquele suspense
matador.
MARCO:
Eu disse o que vi.
Josué mostra-se na expectativa;
Bruno parece que vai explodir e Ari encara Raíza piedosamente.
MARCO:
Naquela tempestade, João se desequilibrou e caiu do viaduto. Raíza
tentou socorrê-lo e correu, acredito eu, para pedir ajuda. Como eu
estava distante ela não me ouviu gritar...
Raíza não entende sua atitude.
O policial olha para ela esperando que ela confirme e ela balança a
cabeça afirmativamente.
POLICIAL:
E por que não telefonou? Por que só apareceu agora?
RAÍZA:
Eu estava sem celular e...Acabei me perdendo.
POLICIAL:
Então você não conhecia o local? O que faziam lá?
Raíza observa todos, com exceção
de Cael, Ari e Bruno a olharem com olhares acusadores. Nota-se que
está insegura.
CENA 14
HOSPITAL CENTRAL – ENTRADA [TARDE]
Dcr vem na direção da entrada e
encontra-se com Rafaela com jeito de quem pegou um furo de
reportagem.
RAFAELA:
A Raíza chegou, Dc! E você nem imagina a cara dela, parecia que
tinha...
DCR:
Rafaela, você não filmou, né?
Aquela euforia toda da garota se
desfaz.
RAFAELA (irritada):
Não, Dc. Só tô comentando o que vi.
DCR (ele vai andando a sua
frente): Ai toda vez
que você fala em ‘comentando’ me lembro do blog...
Rafaela o segue fazendo careta.
CORTA PARA
Um policial com um olhar
desconfiado.
POLICIAL:
Então você e seu primo foram visitar o bairro onde moraram?
A cena dá um giro e para em
Josué irritadíssimo.
JOSUÉ:
Mentira! Há tempos que vocês não saem juntos.
Clima. Dcr e Rafaela adentram.
RAFAELA (cochicha para Dcr):
Droga! Sempre odiei pegar CSI pela metade...
Volta para a cena que dá um
close em Bruno.
BRUNO:
Eles me avisaram.
JOSUÉ (surpreso):
Bruno?
Raíza e Bruno se entreolham e
ele faz um sinal. Ela entende.
RAÍZA:
E na volta houve a tempestade. O resto, ‘cês’ já sabem. O lugar
mudou um pouco, por isso me perdi.
Josué mostra-se desassossegado e
faz que vai dizer algo, porém a doutora Letícia se aproxima do
cenário investigativo.
Drª LETÍCIA:
Com licença. O João pediu para ver a prima assim que ela chegasse.
MARCO (cínico, com o nariz
empinado): Bom, acho
que já está tudo claro, não é seu investigador? A Raíza deve
estar cansada (para Raíza) Não é mesmo, querida?
Raíza fecha a cara, encarando-o.
CENA 15
HOSPITAL CENTRAL – QUARTO [INT./TARDE]
A cena focaliza o rosto de João
Batista, deitado, com um ferimento na testa e olhar disperso. Ouvimos
a porta se abrir.
Drª Letícia adentra junto de
Josué, Bruno e Raíza. Josué aproxima rapidamente de João com
aquela cara de penalizado.
JOSUÉ:
Como é que ‘cê’ tá?
JOÃO:
Meio zonzo. (ele nota a prima ao fundo, parecendo que está
escondida) Raíza, vem cá, tudo bem contigo?
Josué encara o sobrinho
indignado.
JOSUÉ:
Por que tá perguntando isso?
João demonstra estar confuso,
passa a mão na cabeça.
JOÃO:
O incêndio...O incêndio na boate, né? É por isso que estou aqui,
não?
Josué não se conforma.
JOSUÉ:
Aquele incêndio em que você nem esteve?
BRUNO:
Ele está confuso, deixa ele, Josué.
Josué leva a mão para impedir
que o irmão o toque.
JOSUÉ (para João):
O que aconteceu? Pode falar.
JOÃO:
O que aconteceu o quê?
Josué encara Raíza como lhe
acusar de algo.
RAÍZA:
Não gosto que me olhe assim, eu não fiz nada.
JOÃO:
Mas o que tá acontecendo? Você não fez nada o que?
Bruno olha para drª Letícia que
demonstra tranquilidade no caso.
BRUNO:
Isso é possível, doutora?
Drª LETÍCIA:
Não é comum, mas ele sofreu um choque emocional e qualquer coisa
que seja impressionante e tenha antecedido ao acidente pode causar
regresso de memória.
JOÃO:
Do que ‘cês’ estão falando? O que tá acontecendo?
JOSUÉ (para Raíza):
Quer que eu conte?
BRUNO:
Vocês querem parar? Aqui não é lugar para isso.
JOSUÉ:
O João quer saber, Bruno. Ou você não quer que ele saiba que ela
pode ter culpa no estado em que ele se encontra agora.
Silêncio.
João encara a todos que mantém
um semblante sério e de penalizados.
JOÃO:
Como assim “meu estado?”.
Josué coça a testa, entreolha
Bruno e Raíza abaixa a cabeça.
JOSUÉ:
Seu estado...Você aí...Nessa cama.
João nota que por entre aquelas
palavras descompassadas existia um mistério.
Ele, de repente, parece perceber algo; Toca as pernas e se preocupa.
Ele, de repente, parece perceber algo; Toca as pernas e se preocupa.
JOÃO:
Eu não tô sentindo minhas pernas...Eu não tô sentindo as minhas
pernas!
JOSUÉ:
Calma, calma! Isso não é definitivo...
JOÃO:
Eu não vou poder mais andar? É isso?
Josué tenta dizer algo, mas não
consegue. Está emocionado.
João se agita e Josué segura suas mãos.
João se agita e Josué segura suas mãos.
Drª LETÍCIA:
Por favor, há muita gente aqui...
Josué encara Raíza de soslaio.
JOSUÉ:
Melhor você sair.
RAÍZA:
(a voz quase não sai) Eu não tive culpa...
JOSUÉ:
Eu só tô pedindo que você saia...
Close no rosto sério de Raíza.
CENA 16
HOSPITAL CENTRAL – CAFETERIA [INT./TARDE]
Raíza caminha de cabeça baixa,
mãos nos bolsos da calça e uma expressão de culpada. Chega no
balcão e olha para trás. Assim que avista Marco sentado e bebendo
café próximo de uma janela, ela vai se aproximando com cara de
poucos amigos. Se senta deixando-o falsamente surpreso.
RAÍZA:
Ainda por aqui?
Marco termina de dar o gole,
sorri aquele sorrisinho de canto.
MARCO:
Que honra você sentando comigo...Como está o João?
Raíza cruza os braços com uma
certa empáfia como a esperá-lo a ter outra atitude.
RAÍZA:
Vai ficar bem.
Os dois se encaram.
RAÍZA: Por
que me defendeu?
Ele ergue a sobrancelha e faz uma
expressão de esperto.
RAÍZA:
Por que de uma hora pra outra o cara que chegou a me trancar num
armário quis me ajudar?
Marco põe os cotovelos sobre a
mesa e fecha os punhos.
MARCO:
Você devia estar mais preocupada com a tragédia que se abateu sobre
sua família do que com uma desavença do passado.
Raíza se mostra indignada.
RAÍZA:
Desavença do passado?
MARCO:
É (ele tira um fio de cabelo dela da frente de seus olhos)Isso
mesmo.
Ele exibe aquele sorriso cínico
e se aproxima ficando bem próximo de seu rosto.
RAÍZA:
Por que testemunhou a meu favor?
MARCO:
Preferia que eu tivesse mentido?
RAÍZA:
Omitir seria mais a sua cara.
Marco levanta levemente a
sobrancelha como a dizer “Você está certa” e sorri.
MARCO:
Talvez seja isso que o seu tio esteja pensando...
RAÍZA:
Ele tá procurando culpado para o que aconteceu.
Marco cruza os braços e pende o
corpo meio que para trás como a ignorar qualquer coisa.
MARCO (sarcástico):
Que absurdo, não?
RAÍZA (irritada):
Tá querendo me dizer alguma coisa?
MARCO:
Há algo que queira ouvir?
É nítido que Raíza sabe
exatamente onde ele quer chegar. Cruza os braços disfarçando o
ódio.
RAÍZA:
Por que ainda não foi embora?
MARCO:
Ninguém me expulsou ainda.
RAÍZA:
Precisa?
Ele descruza os braços e faz uma
cara de sapeca.
MARCO:
Acho que o Josué ainda precisa de mim...
Raíza não entende e o encara,
incrédula esperando a resposta.
MARCO (cont.):
Pra continuar convencendo-o de que você só não prestou socorro
porque não conseguiu.
Raíza mantém-se calada, sem se
mostrar estupefata por concluir o que temia.
MARCO (sorri sonso):
Não conto pra ninguém.
Ele se levanta e para ao seu lado
em tom de suspense.
MARCO:
Às vezes, o parente é o inimigo mais próximo que a gente tem...
Ele sai, vira no corredor
enquanto a cena dá um close em Raíza, séria. Do lado de fora da
janela, está Bruno, demonstrando ter escutado.
FADE TO BLACK
= = Passagem de tempo = =
CENA 17
HOSPITAL CENTRAL - QUARTO [INT. / TARDE]
Close nos rosto de João Batista,
ouve-se o ranger da porta. Marco entra e fecha a porta em seguida.
Põe as mãos nos bolsos e sorri, como sempre, cínico.
MARCO:
Está mais calmo? Disseram que você não se lembra do que aconteceu
ontem.
JOÃO:
Não dá pra acreditar que caí de um viaduto. Não lembro de nada.
MARCO (falso desolamento):
Ah... (puxa uma cadeira e senta) pensei que entre nós você falaria
alguma coisa...
JOÃO:
E por que eu mentiria?
MARCO:
Para não esquecer como é?
Os dois se encaram. Há um clima
estranho no ar. Marco cruza as pernas e parece que não se compadece
com nada ali.
JOÃO:
‘Cê’ veio aqui pra que exatamente?
MARCO:
Para dar o meu apoio...Você sabe que pode contar comigo, não sabe?
JOÃO:
Não sei de nada não...
MARCO:
Ora, Você um dia me ajudou; É justo que eu retribua, não?
João pende o corpo para o lado,
irritado.
JOÃO (murmurando querendo
gritar): Aquele
incêndio quase custou a vida do meu tio!
Marco descruza as pernas, pende o
corpo para frente e tal qual João murmura quase gritando.
MARCO:
Não era pra você dizer que quase custou a sua(ênfase)
vida? (ele olha suas pernas fazendo João o mesmo).
João se afasta, nota-se uma
expressão de receio em seu rosto.
MARCO:
Parece que sua memória anda voltando... Que bom. Assim você se
lembra que cumplicidade também dá cadeia.
Ele se levanta e ajeita os botões
do paletó.
JOÃO:
É a sua palavra contra a minha.
MARCO (tranquilo):
Não. É a minha palavra e a da Raíza.
Ele põe as mãos sobre a cama e
o encara, sério e ameaçador.
MARCO:
Nós sabemos que ela não gosta muito de te salvar, não é?
Marco faz que vai sair, mas
volta, põe a mão por dentro do paletó e retira uma caderneta.
MARCO:
Isso não me serve mais...(Joga sobre João) Você deve estar
sentindo saudades disso.
E sai sob os olhares do rapaz.
Este apanha a caderneta e visualiza. Reconhecemos ser aquela que ele
um dia deu por falta (1x07).
Close na expressão de
inconformado de João.
FADE OUT
FADE IN
CENA 18
HOSPITAL – RECEPÇÃO [INT./FIM DE TARDE]
Josué está sentado lendo um
jornal. Parece absorto e, ao mesmo tempo, ainda agitado. Bruno chega
perto dele, Josué levanta a cabeça levemente e torna a olhar para o
jornal.
JOSUÉ:
Viu isso? O acidente
(ênfase) do João saiu numa notinha minúscula aqui. Você viu algum
jornalista por lá?
Bruno toma o jornal, dobra e joga
na mesa de centro.
BRUNO (firme):
Eu tive que aceitar o Marco pagando a cirurgia do João sem ele ter
perguntado se eu queria. Você por acaso tá me excluindo da vida do
meu sobrinho?
JOSUÉ (com as mãos apoiadas
sobre os joelhos):
Você tava preocupado com o paradeiro da sua filha. Alguém precisava
lembrar que cirurgia só sai sob pagamento.
BRUNO:
Você podia ter ligado pro Cael. Uma ligação e estaria tudo
resolvido. O Marco nem aceitou que ele pagasse a sua dívida.
JOSUÉ:
E ficar devendo ao Cael? Daria no mesmo.
BRUNO:
Não, não daria no mesmo. Você sabe o que significa, não só pra
mim, mas principalmente para a Raíza ficar devendo algo para ele,
não sabe?
Josué se levanta e tem na
feição, uma raiva contida, aparência de quem vai explodir a
qualquer momento.
JOSUÉ (faz um gesto rápido
com as mãos): A vida
de João estava em risco e eu não ia ficar pensando nas picuinhas
entre os dois, né?
Bruno aproxima-se dele, sério e
disfarçando uma raiva também.
BRUNO:
Ele mandou matá-la, Josué. Isso não é mais uma picuinha.
Josué se mostra inquieto.
JOSUÉ:
Então por que ele está aqui nos ajudando? Por que eu não vi o Cael
a noite toda com a gente? Não foi ele que estava presente o tempo
todo.
BRUNO:
Ele disse que estava viajando. Ele não é vidente!
Josué solta um riso incrédulo,
enquanto se inquieta mais ainda.
JOSUÉ:
Que engraçado isso...Ele não é vidente...Quem sabe se fosse teria
evitado tudo isso.
BRUNO:
Pare de acusá-la! Você não vê que ela também não está bem?
JOSUÉ:
Perto do João ela tá ótima!
Bruno sacode seus ombros...
BRUNO:
Escuta aqui...!
Algumas pessoas veem, ele para, e
o olha fixamente.
BRUNO:
Esse seu comportamento não vai ajudar o João em nada! Foi uma
fatalidade!
JOSUÉ:
Você fala isso por que não é a tua filha que vai ficar numa
cadeira de rodas!
Clima. Ele sai deixando Bruno com
aquela cara de quem está cansado de argumentar.
CENA 19
HOSPITAL – CORREDOR [INT.]
Raíza e Cael caminham pelo
corredor tranquilos, não há muita gente passando por ali no
momento. Ela está de braços cruzados e ele com as mãos nos bolsos.
CAEL:
Eu queria ter ajudado. Se não fosse eu ter ido atrás da família do
Camilo.
RAÍZA:
Soube de alguma coisa?
CAEL:
A última visita dele foi após aquele atentado em que quase morreu
queimado. O irmão diz que ele queria se vingar de alguém, mas não
disse quem.
Raíza desvia o olhar. Nota-se
que se lembra de algo, mas disfarça.
RAÍZA:
Será que aquela vez em que o carro da Valentina deu problema ele
tinha algo a ver?
CAEL:
Pensei mais naquela vez em que o Paulo morreu da primeira vez...(ela
o encara e ele sorri) Lembra que você disse que ele podia ter um
cúmplice? (ele torna a olhar para frente) Não sei por quê, mas
pensei nisso...
Raíza abaixa a cabeça,
preocupada com aquele tom de suspense.
RAÍZA:
Ultimamente tenho achado aquele passado mais distante do que
realmente é.
CAEL:
Às vezes a vida dá uma reviravolta, não é? O seu tio vai parar
pra pensar e ver que está sendo injusto contigo. Por que...(ele para
e ela também) Você não teve culpa no acidente não, né?
Raíza faz que vai dizer algo,
nota que Cael sorri esperando uma resposta negativa e nesse momento
Ari se aproxima.
ARI:
Oi...Posso falar contigo um instante, Raíza?
RAÍZA:
Ah...É...(olha para Cael que sorri e se despede) Depois a gente se
fala...
Ari espera Cael se distanciar e
segura no braço da amiga que é conduzida até um canto.
ARI:
Raíza...O seu pai foi até o apartamento e...E não encontrou o
celular.
Raíza passa a mão pelos
cabelos, preocupada.
RAÍZA:
Era o que eu temia. ‘Cê’ sabe que, antes de tudo acontecer eu
tive uma visão e descobri que João teve participação no incêndio,
mas...
ARI:
Nem me lembre disso...Quando você contou nem acreditei.
RAÍZA:
A gente não conhece as pessoas...Mas então o que me chamou atenção
é que eu só tenho as visões se eu tocar em alguém...
ARI:
Você tá querendo dizer...
RAÍZA:
Que tinha mais alguém naquele apartamento.
Suspense. Ari se desfaz daquela
tensão toda como se o problema não houvesse solução.
Em segundo plano, está Dcr
espreitando no canto de uma porta.
CORTA PARA
CENA 20 EDIFÍCIO
O’HARA – FACHADA [FIM DE TARDE]
APTº 303 [INT]
Um Jornal cobre toda a tela
focalizando a tal nota sobre o acidente de João Batista: “Um rapaz
cai do viaduto após tempestade”.
O jornal é fechado por alguém
em primeiro plano e Rafaela está de frente com cara de ré esperando
o veredicto.
RAFAELA:
Eu juro que não tenho nada a ver com isso.
Dcr caminha para trás dela
segurando o jornal. Este é colocado sobre a cômoda ao lado de um
celular. Rafaela se mostra preocupada, faz uma expressão de quem vai
tentar impedir, mas fica quieta. E então Dcr pega o celular, faz uns
cliques e, em seguida, mostra para ela com ar de esperto.
No visor há a mesma foto que
está no jornal.
DCR:
Por que você fez isso? (irritado)Não bastava o blog? Agora você
quer expor a família nos jornais também?
RAFAELA (se entrega):
Foi uma notinha à toa de nada. Eles quase não quiseram aceitar.
Dcr ri incrédulo.
DCR:
Isso pra quê, me diz? Existe tanta coisa de ruim acontecendo e você
tem que focar na família dela?
RAFAELA:
Eu precisava do dinheiro, poxa!
DCR:
E você por acaso ganhava dinheiro com o blog?
Silêncio. Rafaela vira o rosto,
inconformada.
DCR (cont.):
Então nem tente dizer que só fez o que fez por dinheiro. Se quer se
dar bem no ramo jornalístico tente fazer algo que realmente importa
pro mundo.
RAFAELA:
Falar de um acidente não importa?
Dcr a encara.
DCR:
O problema não é exatamente esse e você sabe. Qualquer coisa que
acontece nessa família é motivo pra você fazer notícia.
RAFAELA:
Você nunca quis que eu falasse sobre a Raíza, sempre condenou os
vídeos que eu exibia dela...Por que a protege?
Dcr faz aquele suspense parecendo
querer esconder algo.
DCR (seguro de si):
Por que é nossa amiga. Você ia gostar de ser exposta?
RAFAELA:
A Raíza é uma heroína sem precisar de poderes pra isso e você
quer escondê-la do mundo. Eu poderia fazer uma matéria dizendo que
ela tentou salvar o primo, mas só falei do acidente.
DCR:
Você ainda quer que eu agradeça?
RAFAELA:
Poderia ser menos durão.
Dcr respira fundo, se aproxima
dela e entrega o celular.
DCR (calmo):
Eu não sou durão. Mas desde que você começou a investigá-la que
vocês estão distantes. Não há mais uma conversa, não há mais
nada que lembre como vocês eram no passado.
RAFAELA (dá as costas e põe
o celular sobre a cama):
Eu teria esquecido, mas aí me mandaram aquele vídeo no qual Raíza
salva Camilo. Eu queria ganhar audiência no blog. Você sabe que...
DCR:
Isso que me preocupa. Eu sei, seus comparsas sabem e a Raíza
acredita que tem dois amigos fiéis.
RAFAELA:
Não quero que se sinta culpado. Eu só queria mostrar que temos
gente boa no mundo.
DCR:
E audiência no blog. Você queria isso e aquilo outro, mas a verdade
é que você não sabe o quer. Será que nesse rol de vontades
incluía a de manter a amizade com ela?
RAFAELA (preocupada):
Você não tá pensando em...
DCR:
Não. Mas você irá contar, por que não quero ser o fofoqueiro e
fazer “Dirce”(ênfase)
me disse.
Rafaela demonstra não gostar do
sarcasmo.
DCR:
Você vai contar, não é?
RAFAELA:
E tem outro jeito?
Dcr sorri e dá as costas.
Na visão de Rafaela, Dcr sai e
ela olha para o celular em suas mãos. Close na foto do viaduto que
saíra no jornal.
FUSÃO PARA...
CENA 21
ED. CIRANDA DE PEDRA – FACHADA [MANHÃ]
= = Legenda:
Dias depois...= =
APTº 403 – SALA [INT.]
= = Tocando:
Lie To Me – Bon Jovi =
=
Close no rosto de Raíza que olha
pela janela, séria e triste.
Ouvimos o barulho da porta e em
segundo plano, ela é aberta. Raíza olha para trás e vê João
sendo empurrado em sua cadeira de rodas por Josué. Logo atrás vem
Bruno.
JOSUÉ:
Vem ajudar, Raíza.
Raíza vai até eles, olha seu
primo naquela situação e mostra-se penalizada por um momento.
JOÃO:
Quero sair daqui...Me põe no sofá.
JOSUÉ:
Não quer ir pro quarto?
JOÃO:
Não terei muitas opções, né?
Raíza ajuda a entrar com a
cadeira e Josué olha para Bruno que nada diz. Josué segue com João
e Bruno vai junto.
Enquanto Raíza olha para eles,
Ari aparece na porta e entra.
ARI:
Eu não perguntei antes, mas...O que aconteceu pra você ter ficado
irritada depois de ter conversado com o Marco? Não que isso não
seja comum.
RAÍZA (sem tirar os olhos da
direção que Josué seguiu):
Sabe quando você tem o futuro de alguém em suas mãos e o deixa
escapar? (ela olha para Ari) Foi isso que aconteceu.
Close em Ari.
FUSÃO PARA...
CENA 22
RUÍNAS DE ALGUM LUGAR [INT. / MANHÃ]
A câmera caminha pelo lugar. Um
foco de luz ilumina o chão sujo de onde levanta a poeira. Há
pilastras tombadas e resquícios de queimaduras. Reconhecemos se
tratar da boate L.A HOUSE.
MARCO (O.S):
A Raíza está em minhas mãos. (a voz vai aumentando pela
aproximação) Eu estava esperando um vacilo dela, mas juro que não
esperava tanto.
Cipriano surge detrás de uma das
pilastras calmamente e cruza os braços. Há uma satisfação em seu
olhar.
CIPRIANO:
E assim você acha que ganhou a guerra?
Marco aparece do lado oposto,
sorri e se recosta numa das pilastras. Em seguida, desencosta e limpa
a manga do paletó.
MARCO:
Ainda não, mas é um passo. Um dia você disse que afastando os
amigos dela eu estaria matando-a em vida. Imagine a
família...(observa-se a satisfação plena em seu rosto) Imagine o
desprezo que dariam a ela...
CIPRIANO:
Ela te odiaria muito e ela só te despreza.
MARCO:
Se ela me odiar sem ter alguém para ficar do lado dela esse ódio
não me atingirá.
Cipriano sorri debochado para o
que ouve.
CIPRIANO:
E tem certeza que é isso que você quer? (Marco sorri, mas não
consegue manter o sorriso) Ela pode sumir de novo...Principalmente se
não tiver ninguém que a queira aqui.
Os dois se encaram. Marco se
mostra ligeiramente inseguro diante da pergunta.
MARCO:
Eu não faço nada que me arrependo.
FUSÃO PARA...
CENA 23
APTº 403 – QUARTO DE RAÍZA [INT. / MANHÃ]
Raíza está olhando alguma coisa
em sus mãos. Bruno surge na porta logo atrás.
BRUNO:
Agora você pode me contar o que aconteceu?
Raíza se assusta e joga uma foto
na penteadeira.
RAÍZA:
Pai...(ela se mostra acuada) A Ari já contou a briga que eu e o João
tivemos, né?
Bruno só balança a cabeça
afirmativamente.
RAÍZA (expressão de
desespero): Eu só
queria provar que o João foi cúmplice daquele incêndio, pai. Mas
acabou que fomos parar naquele viaduto e...
BRUNO:
E?
Raíza engole a saliva,
apreensiva.
RAÍZA:
Quando estou nervosa não controlo minha força...O senhor sabe, né?
Bruno se aproxima e segura seus
ombros.
BRUNO:
Foi um acidente...Não foi?
Ora Raíza olha para ele; Ora
desvia o olhar.
RAÍZA (voz quase não sai):
Foi.
Bruno sorri e a abraça forte.
BRUNO:
Eu não queria ter te defendido em vão.
Raíza vê Ari na porta
balançando a cabeça negativamente. A cena vai descendo e mostra a
foto que ela tinha em mãos anteriormente. Nela estão Raíza e João
crianças, lado a lado ambos com cara amarrada.
FUSÃO PARA...
CENA 24
APTº 303 [INT. / MANHÃ]
A câmera mostra um computador de
costas e Rafaela, com o cotovelo sobre a rack e a mão no queixo
diante dele. A cena vai girando até chegar perto dela.
POV de Rafaela:
Na tela do computador está
passando um vídeo da Raíza salvando Camilo.
Rafaela passa o mouse em excluir, mas não clica.
Rafaela passa o mouse em excluir, mas não clica.
FUSÃO PARA...
CENA 25
APTº 215 [INT. / MANHÃ]
Um vídeo preenche a tela
exibindo imagens de Dcr carregando tijolos. A tela mostra a data de
24/06/1999. Raíza aparece arrastando um saco de cimento e as pessoas
riem, incluindo o pai de Dcr. Nota-se que é o quintal do prédio
onde ele mora.
RAÍZA (no vídeo):
Se eu soubesse que era esse o serviço que você queria de mim,
‘D’...
DCR (No vídeo):
Você não pode prever o futuro, eu sei.
A cena mostra que Dcr está
assistindo.
DCR:
Você pode prever o futuro...Eu sei.
E sorri.
FUSÃO...
CENA 26
APTº 403 [INT. / MANHÃ]
João Batista está sentado na
cama, pensativo. Olha para alguma coisa. A cena focaliza o rosto de
João desviando o olhar de modo que o porta retrato de Raíza é
mostrado em outro ângulo.
CENA 27
APTº 30 [INT. / MANHÃ]
Marco, com o cigarro na boca,
olha pela janela, pensativo.
Em seguida, tira o cigarro da
boca e olha para trás. A tela do computador exibe uma foto de Raíza.
A cena vai se aproximando.
FADE TO BLACK
= = Music Off = =
= FIM DO EPISÓDIO =
Série escrita por:
Cristina Ravela
Cristina Ravela
Elenco:
Raíza (Maria Flor)
João Batista (Caio Blat)
Bruno (Juan Alba)
Josué (Caco Ciocler)
Cael (Michael Rosenbaum)
Marco (Pierre Kiwitt)
Valentina (Alinne Moraes)
Rafaela (Fernanda Vasconcellos)
Ari (Nathália Dill)
Dcr (Aaron Ashmore)
Cipriano (Thiago Rodrigues)
Participação Especial:
Policial
Drº Letícia (Carolina Kasting)
Trilha Sonora:
Lie To Me – Bon Jovi
Lie To Me – Bon Jovi
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