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RAÍZA SÉRIE
30:00 min
WEBTVPLAY APRESENTA
RAÍZA
Série de
Cristina Ravela
Episódio 12 de 20
© 2009, WEBTV.
Todos os direitos reservados.
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FADE IN
CENA 1
MANSÃO
[INT./MANHÃ]
A cena
abre no corredor, passa para a sala. Ouvimos vozes vindas do
escritório.
ARI
(O.S): Eu queria agradecer a oportunidade que você tá me dando.
A cena
entra no escritório, de frente. Ari está sentada, Raíza de pé e
Cael sentado à frente delas com um laptop.
CAEL:
Agradeça a Raíza; Seu anjo da guarda.
Dcr está
bem atrás das meninas com uma câmera digital.
DCR:
Vira, Ari. Faz pose com o seu contrato de experiência.
Ari ri,
pega o contrato e vira-se para a câmera. Ouve-se um click.
CAEL:
Espero que você goste do ambiente. Trabalhar em chapelaria de boate
não é fácil, mas também não é difícil.
ARI:
Quando a gente sai de uma clínica, tudo se torna fácil.
Dcr abaixa
a cabeça. Sorri sem muita vontade.
CAEL:
Bom, você sabe que não poderá ter carteira assinada...Enfim...
ARI:
Eu sei, eu sei. Não sou uma cidadã comum.
Cael sorri
sem graça. Depois, franze as sobrancelhas e uma ruga de expressão
se instala em sua testa enquanto olha para a tela do laptop.
CAEL:
Mas o que é isso?
Os
visitantes, naquela sala pouco iluminada, se entreolham.
RAÍZA:
Algum problema?
CAEL:
Ahn...Recebi um e-mail estranho...
DCR
(brincando): Isso é muito comum comigo também...
Raíza faz
sinal pra ele.
RAÍZA:
Deve ser coisa séria, ‘né’ Dc...(ela se aproxima do lado da
mesa) Posso ver?
[POV de
Raíza e Cael]
Na tela,
aparecem fotos de Paulo e Raíza e mensagens de texto trocadas com
ela.
Raíza
arregala os olhos.
RAÍZA
(em OFF): Não é possível...
Cael abre
as mensagens e levanta a cabeça para ela.
CAEL
(receoso): O que a sua foto e a do Paulo estão fazendo aqui?
Raíza não
reage e Dcr observa, olhar inquieto.
CORTA PARA
CENA 2
CLÍNICA
NOVO HORIZONTE [EXT.]
A cena
mostra um corredor, paredes brancas, extintor de um lado. Vozes vêm
de algum quarto.
QUARTO...
É um
quarto pequeno, de janelas altas e cortinas curtas.
Vemos, por
enquanto, um médico, com um prontuário em mãos, de frente para a
cama.
MÉDICO:
Tem certeza que quer tirá-lo daqui?
A cena vai
virando e surge Marco, sorrindo friamente, com as mãos nos bolsos.
MARCO:
Com certeza.
Ele
direciona os olhos para baixo e a cena acompanha. Na cama, sentado e
de olhar fixo, parecendo não entender o que está sendo dito, está
Paulo. Paulo de Queiroz.
A tela se
fecha num baque.
1X12 ACERTO
DE CONTAS
FADE IN
CENA 3
MANSÃO
– ESCRITÓRIO [INT./MANHÃ]
Cael
está inconformado, mas mantendo o controle. Ari está tensa.
CAEL:
Por que não me contou antes?
Ele é
educado, mas seu olhar é de quem já reprova antes de saber a
verdade.
RAÍZA:
Quando eu soube...Ele já ‘tava’ morto e eu achei que não tinha
mais nenhuma importância.
CAEL:
Não tem importância? Mas aqui ele diz que você conhece todos os
segredos dele...
Raíza dá
uma pausa. Engole a saliva.
RAÍZA
(alterada): Isso não é verdade! Eu não lembro dele ter escrito
isso.
CAEL:
E naquela vez que ele esteve aqui? Você não o reconheceu?
RAÍZA:
Fazia anos que a gente não se falava e...Quando ele finalmente me
mandou as fotos dele eu deixei esquecido no pc.
CAEL:
E por que nunca mais falou com ele?
Dcr e Ari
se entreolham. Raíza enrijece os músculos, pressionada.
RAÍZA:
Perdi contato. Eu...Não sei o que tá havendo, mas...Ele não me
escreveu todas essas coisas.
CAEL:
Você quer dizer que alguém pegou suas mensagens, deturpou e mandou
pra mim? Por que fariam isso? Ele está morto há dois meses. Por que
alguém remexeria nisso agora?
Raíza
suspira, vira o rosto para Dcr.
DCR:
Olha, eu tô de prova que ela nem sabia quem era ele direito. Ficou
tão assustada quanto você, Cael.
ARI:
Gente, isso é fácil resolver; É só você, Raíza, trazer os
textos originais e comparar com esses daí.
A garota
larga os braços num gesto de estresse.
RAÍZA:
Eu não vou trazer nada, quer saber? Pra mim CHEGA!
A moça
apanha a bolsa da cadeira e sai sem olhar para trás.
CAEL:
Raíza! Espere!
CORTA PARA
CENA 4
APTº
403 – SALA [INT.]
A
fechadura faz um barulho alto de chaves.
João
Batista espicha o olho por cima do monitor, assustado e a porta é
aberta. Raíza entra e bate com a porta. Joga a bolsa sobre o sofá e
cruza os braços, inquieta.
JOÃO:
A Ari não veio contigo?
RAÍZA
(nervosa): Tá vendo ela aqui?
JOÃO:
Nossa! Mais amor no seu coração, hein.
Raíza
senta, encosta a cabeça no sofá, pensativa.
JOÃO:
Você veio da casa do Cael ‘né’?...Não brigou com ele não, né?
Olha ele é uma mina de ouro eu já te disse isso.
RAÍZA
(levanta, batendo as mãos no sofá): Ai, mas que droga! Vê se não
enche!
A garota
apanha a bolsa e passa ao seu lado. O primo dá uma levantada da
cadeira e a puxa pelo braço.
JOÃO:
Eu não falei por mal, ‘cê’ sabe.
RAÍZA
(alterada): Não, eu não sei, João...
CORTA PARA
CENA 5
APTº
403 – QUARTO [INT.]
A garota
joga a bolsa na cama e caminha até a janela. Sai para a sacada e
debruça sobre o ferro.
RAÍZA
(em OFF): Por que isso tá acontecendo?...Como aquelas fotos foram
parar com o Cael? (pausa) Quando não é uma coisa é outra, é
impressionante (longa pausa) Mas também, o Cael não tem obrigação
nenhuma em acreditar em mim...(pausa) Ainda vem esse João com aquela
cara de pau, pff...(ela olha diferente para o ferro e vai se
afastando) melhor sair daqui...
Ao
voltar-se para dentro do quarto, Raíza está com um semblante
amargo, aparenta desalento e raiva contida. O quarto está diferente
de quando ela entrou.
[POV de
Raíza]
Observa que
sobre a cômoda, dentre outras coisas, falta o porta–retrato de
Rafaela ao lado de Dcr, Ari e o seu. Ela aproxima, em passos
vacilantes, apanha o porta-retrato de Ari e uma lágrima escorre
sobre seu rosto.
De repente,
ouve-se um barulho de roda vindo da sala que a desconcentra. É
estranho, mas a garota faz cara de insatisfeita como se aquilo fosse
comum. Coloca o retrato de um jeito que cai deitado na cômoda.
Abre a
porta e, ao adentrar a sala, vê seu primo sentado numa cadeira de
rodas de frente pro computador e com as pernas enfaixadas.
JOÃO
(raiva): O que é? Ainda tá admirando seu feito?
A imagem da
cadeira de rodas vai esmorecendo até parecer uma cadeira comum.
JOÃO:
O que foi, Raíza? Mudou de idéia? Vai contar o que houve?
RAÍZA
(confusa): O...O quê? O que aconteceu?
JOÃO:
Eu que te pergunto! O que houve na casa do Cael? Não brigou com ele,
não ‘né’?
Raíza muda
sua expressão e antes de responder mal, a porta é aberta.
BRUNO
(entra apressado): Mas quem deixou essa porta destrancada, hein?
Raíza dá
as costas pro primo e corre pra falar com o pai.
BRUNO:
Eu vim no carro da empresa só pra pegar aquele projeto... ‘Cê’
sabe...Quer dizer, não sei se você sabe...
Ele vai até
o...
QUARTO...
A filha vai
atrás com uma cara tensa.
BRUNO:
Mas que cara é essa, filha? A Ari não conseguiu a vaga? ...Eu
sabia! É esse preconceito por ela já ter estado numa clínica...Ah
não gosto nem de mencionar o nome...Mas diga a ela que...
RAÍZA:
Ai, pai! credo! Deixa eu falar!
João está
parado no corredor fingindo não querer se meter, mas louco pra ouvir
o que aflige a prima.
RAÍZA:
Eu não sei nem como começar...
Bruno abre
o guarda-roupa, vasculha.
BRUNO:
Ah minha filha, então comece do fim porque do jeito que...Ah achei!
RAÍZA:
Armaram contra mim!
Bruno, com
o projeto nas mãos, se volta, com olhar franzino.
RAÍZA:
Não sei como, mas o Cael recebeu um e-mail com as fotos e as
mensagens que troquei com Paulo...
BRUNO:
Tá, mas o que...
RAÍZA:
Escuta. As mensagens foram editadas. Tinha coisas que eu jamais diria
como, por exemplo, ‘Se o cara tá te incomodando, vai lá e dá um
fim nele!’
BRUNO:
Que horror! Parece que querem te prejudicar...Mas se seus arquivos
não saíram daqui, como foram parar no e-mail dele?
João
apóia-se na entrada do quarto do tio.
JOÃO
(tom intrigante): Não foi o Dcr que fez uma cópia do nosso HD?
(pausa) Ah, mas tá com você...Num é?
RAÍZA:
Será que o Dc perdeu o cd e não me falou nada?
JOÃO
(insinua): Vai ver ele não perdeu...
Raíza lhe
dá uma olhada. Se volta para o pai.
RAÍZA:
O Cael deve tá pensando que eu era a cúmplice desse Paulo.
BRUNO:
Mas isso é um despropósito! (ele a envolve com o braço e saem do
quarto) Se foi você mesma quem o alertou para a hipótese desse cara
não ter agido sozinho.
CORREDOR...
JOÃO:
Quem sabe ele não ache que isso foi uma estratégia dela...
RAÍZA:
Eu vou falar com o Dc... Eu não posso ficar com uma imagem ruim,
‘né’.
Bruno pára
e segura nos ombros dela. Ela tem uma ruga de expressão na testa.
BRUNO:
Filha, por que se preocupa tanto em provar que é inocente? Vocês se
conhecem não deve ter nem três meses e...Não acho que é o
suficiente pra ele confiar em você.
JOÃO
(logo atrás): É. Você precisaria salvar a vida de todos da família
dele pra isso.
RAÍZA:
João, pelo amor de Deus, ‘né’!
O rapaz
volta pro computador com um sorriso sacana.
BRUNO:
Filha, você sabe quem era o cúmplice, isso basta pra você ficar
com a consciência tranquila.
RAÍZA:
Mas isso o Cael não sabe e eu não vou contar que o irmão dele
junto do Paulo boicotou a boate, ‘né’...
CLOSE em
João, surpreso.
FADE OUT
FADE IN
CENA 6
MANSÃO
– SALA [INT./MANHÃ]
A cena
mostra as mãos de mulher segurando uma garrafa de vodka e um copo.
Está se servindo e ouve-se o tilintar do copo. Valentina contrai o
rosto e olha para trás. Marco está sentado no sofá, de frente para
ela, de pernas cruzadas.
VALENTINA:
Desisti do doutor Miranda... (ela toma um gole).
MARCO:
Bebendo a essa hora da manhã, suponho que não tenha desistido por
vontade própria...Forças das circunstâncias, querida?
Valentina
anda até ele e senta ao seu lado. O sofá está de costas para a
escada.
VALENTINA:
Resolvi usar outros métodos pra engravidar...
MARCO:
Além do tradicional?
A moça
pára o copo entre os lábios o encarando.
VALENTINA:
Não quero saber de inseminação artificial...Eu sei que posso
engravidar normalmente...Só preciso de sorte.
Marco a
encara como quem a esperar outra resposta.
VALENTINA:
Ai tá bom!... Parece que o Cael mandou tirar tudo do hospital...
O cara
esboça um sorriso meio escondido.
VALENTINA:
Tá rindo de quê, hein?
MARCO:
Não, nada...Olha, veja pelo lado positivo: Ele acredita que você
pode dar um filho a ele...
VALENTINA:
Você acha? Acha que ele ia querer?
CAEL:
Ele ia querer o que? (Cael adentra a sala com os olhos em cima dos
dois).
CORTA PARA
CENA 7
APTº
215 – SALA [INT./MANHÃ]
Raíza,
sentada no sofá de couro bege, folheia o jornal do dia.
Dona Diva
aparece com um copo d’água e estende a mão. Raíza pega e sorri.
Toma duas goladas.
RAÍZA
(devolvendo o copo): ‘Brigada’...(pausa) Será que ele vai
demorar muito?
O som da
chave se faz na fechadura e Dcr entra.
DCR:
Raíza! Eu fui levar a Ari pra casa e me disseram que você veio pra
cá.
RAÍZA:
‘Tava’ com ela até agora?
O rapaz
olha para a mãe, sem graça. Dona Diva deixa os dois a sós e sai.
Dcr senta
no sofá de frente, Raíza apóia os braços sobre os joelhos e curva
o corpo para frente.
RAÍZA:
Você lembra do cd que você fez a cópia do meu hd? Pra destrinchar
aquele lance lá?... ‘Cê’ tá com ele, ‘né’?
Dcr leva o
corpo para trás, esboça tensão.
DCR
(nervoso): Claro...Tá lá no quarto...
QUARTO...
Dcr abre o
guarda-roupa, puxa uma caixa preta, põe sobre a cama. Trêmulo, vira
os cd’s e encontra o que procura.
DCR
(mãos trêmulas): Tá aqui.
A garota,
sentada, nota seu nervosismo.
RAÍZA
(preocupação): Você nunca mostrou esse cd pra mais ninguém...Num
é?
Ele a
encara, com expressão estranha.
DCR:
Claro que não...
RAÍZA:
Ai, Dc...Eu não quero que você pense que tô te acusando viu, mas é
que não consigo imaginar o que houve...
DCR:
Você já parou pra pensar se esse Paulo também salvou suas
conversas e alguém descobriu?
Ela o
encara com ar de quem já imaginava quem o teria feito.
FADE OUT
FADE IN
CENA
8 APTº
215 – QUARTO [INT.]
Dcr
está sozinho, apanha o celular na mesa de cabeceira e disca.
DCR:
Rafaela? Diz pra mim: Aquele cd que eu esqueci na sua casa...Você
não fez uso dele não, ‘né’?
RAFAELA
(V.O): Bom dia pra você também, Dcr.
DCR:
Responde, Rafaela! É importante.
Há uma
pausa.
RAFAELA
(V.O): Olha Dc eu nunca faria uso de algo que não é meu, ‘cê’
sabe.
DCR:
VOCÊ SABE que eu não sei, não é?
RAFAELA
(V.O): O que acontece é que, certo dia...Bem...Eu perdi a cópia que
fiz...
DCR:
Você chegou a fazer uma cópia, Rafa? Você não me espanta mais,
sabia?
RAFAELA
(V.O): Mas eu não faço por mal, poxa...Olha eu perdi a cópia e
quem me devolveu foi...Foi o Marco.
Dcr
arregala os olhos e põe a mão na testa franzindo o rosto.
CORTA PARA
CENA 9
MANSÃO
– SALA [INT.]
Cael está
se servindo de whisky e atrás dele está Marco, sentado no sofá.
MARCO:
Essa Valentina é uma entojada. Não sei como você a aguenta.
CAEL:
É só um jantar que ela quer, Marco. (ele se volta com o copo na
mão) Acho que você tá precisando arrumar uma namorada, casar...Não
pensa em casar?
MARCO
(sorri): O dia em que eu me casar será com uma mulher
especial...Capaz de me fazer feliz.
CAEL
(sorri ironicamente): Será que essa mulher existe?
Os dois
fazem cara de dúvida.
CORTA PARA
CENA 10
RUAS
DA CIDADE [FIM DA MANHÃ]
A cena
mostra ao longe, Raíza caminhando pela calçada.
A estrada
está pouco movimentada e o sol está fraco.
A cena se
aproxima da garota, ela desvia de um galho do arbusto que ornamenta a
calçada. Olha para trás, faz que vai atravessar, mas algo à sua
direita chama sua atenção.
É
Valentina, de costas, celular à mão, com aquele vestido preto,
largo e estranhíssimo, andando fora da calçada. Aquela rua não é
estrada principal.
Vê,
adiante, uma loja de produtos naturais, ervas ou qualquer coisa do
gênero. Estranha.
RAÍZA:
Nunca tinha visto essa loja aqui antes...
Imediatamente,
um carro acelera a frente de Valentina.
RAÍZA:
CUIDADO!
Valentina
olha para o veículo, corre, largando o celular ao chão.
O carro dá
uma guinada e pega Valentina de lado. Ela rola e cai no chão,
inerte. O carro some.
Raíza
corre naquele cenário e pôde enxergar o número da tal loja: 1320.
Mas à medida que se aproxima mais, a loja não mais existe e o corpo
de Valentina vai tomando formas tão minúsculas que desaparece.
VOZ
FEMININA:
Tá louca? (uma senhora está num portão) pedir cuidado pra um
gato...
Raíza olha
ao seu lado, acima do muro, um gato preto escapar, assustado.
RAÍZA:
É que...Eu amo gatos...
FADE OUT
FADE IN
CENA 11
[INT./FIM
DA MANHÃ]
A cena
adentra uma sala, pouco arejada e panos brancos cobrem os móveis. O
chão é de taco e as portas de ferro.
A cena
entra no porão da casa. Paulo está sentado numa cama, Marco está
de frente para uma cômoda.
INSERT –
mãos de Marco.
Ele serve
uma bebida num copo, põe a mão por dentro do paletó e tira um
pequeno frasco. Há comprimidos moído.
PAULO
(olhos arregalados): Foi a Valentina...Foi ela que entregou o dvd pro
Cael. Aquela vadia...
Marco vira,
estende o copo e Paulo pega. Toma tudo.
MARCO:
Resolva logo esse seu problema com ela...Seu tempo aqui é curto. E
não posso mantê-lo aqui por muito tempo.
PAULO:
Mas essa é a minha casa!
MARCO:
Você nem devia estar aqui. Só te tirei da clínica porque aquilo já
estava ficando mau frequentado...
PAULO:
Aquilo É mau frequentado.
MARCO:
Vamos esquecer isso...
Paulo joga
o copo no chão, levanta e agarra em seu colarinho.
PAULO
(alterado): ‘Esquece’, porque não foi você quem ficou lá,
‘né’?
MARCO
(mantendo a calma): Você preferia a prisão?
PAULO:
Eu devia acabar com a tua raça, seu verme!
MARCO:
Mas você quer acabar com a Valentina, não? Ela que começou tudo...
Paulo larga
dele, senta, olhar arregalado.
PAULO
(sem olhar para ele): Tem certeza que ela foi pr’aquelas bandas?
Marco
sorri.
Ouve-se um
celular tocar. Marco tira o celular do bolso, olha o visor, mas não
reconhece o número.
MARCO:
Alô?
VOZ
MASCULINA
(abafada): Raíza sabe que você e o falecido Paulo eram cúmplices.
E não vai querer ficar mal diante do Cael por sua culpa...(Bip
Bip Bip).
O telefone
é desligado na cara de Marco. Paulo faz sinal pra saber quem era.
MARCO:
Nada de mais...Lembrei que existe outra pessoa que te acusou perante
o Cael...
Os dois se
olham e Marco tem uma expressão maquiavélica.
CORTA PARA
CENA 12
RUAS
DA CIDADE [INÍCIO DA TARDE]
Raíza está
numa calçada, celular nas mãos, disca.
RAÍZA:
Alô, Dc! Preciso que você me ajude numa coisa.
APTº 215 –
SALA [INT.]
DCR:
Negócios sujos, outra vez?
Ouve-se uma
risadinha do outro lado. Silêncio.
DCR:
Loja de ervas?...Naquela rua? Número 1320? Ué, claro! É a loja da
minha tia.
CORTA PARA
CENA 13
LOJA
1320 [ INT./INÍCIO DA TARDE]
Helena
está atrás do balcão conferindo uns frascos sobre a mesa. Raíza
entra. Está de uniforme escolar, bolsa transversal, sorriso sem
graça, meio tensa.
HELENA:
Raíza! Finalmente veio conhecer a minha loja?
Raíza dá
uma boa olhada em toda a sua volta.
RAÍZA:
Ahn...É...É que o Dcr disse que...(ela continua a olhar tudo) Que a
senhora tem ervas muito boas para ativar a memória...
HELENA
(desconfiada): Humm...Claro...(ela pega um frasco dentre os que estão
no balcão) Esse aqui é ótimo.
Raíza
pega, olha minuciosamente.
Helena pega
outro, de cor vermelha e a entrega.
HELENA:
Esse aqui ó... Revigora as forças...
Raíza dá
uma olhada, desconfiada e maliciosa.
RAÍZA:
Humm, quais forças?
HELENA:
Ora, Raíza...Seu problema é realmente memória?
VOZ
FEMININA:
Boa tarde!
Raíza
reconhece a voz de Valentina e não olha.
VALENTINA:
Eu gostaria de uma poção...Daquelas que dá energia, sabe?
HELENA:
Ah num é que eu ‘tava’ mostrando pra Raíza esse aqui ó (ela
entrega o frasco) Um dos melhores que eu tenho.
Raíza e
Valentina se olham, estranhamente.
Valentina,
sem graça cumprimenta balançando a cabeça.
VALENTINA:
Também está precisando...Desses?
HELENA:
Ela veio atrás de um remédio pra memória...
Valentina
paga, dá as costas, de cara amarrada.
Chega da
porta, olha para ambos os lados e sai.
[EXT.]
Ouve-se o
celular tocar. Ela, meio atrapalhada, tira o celular do bolso e
atende. A voz é profunda e estranha.
VOZ
MASCULINA:
Como tem passado sem mim?
VALENTINA:
Quem tá falando?
Adiante,
bem a frente dela, há um carro preto, vidros escuros.
[INT./
CARRO]
[POV do
motorista]
Valentina
anda pela calçada na direção do carro.
VOZ
MASCULINA:
Não reconhece mais a voz de seu amado?
VALENTINA:
Eu só tenho um amado e garanto que não é você...
Ela faz que
vai desligar.
VOZ
MASCULINA:
O Cael? Aquele pra quem você me denunciou?
Valentina
estaca na calçada, pálida.
VALENTINA:
Quem tá falando? Anda! Diz logo!
VOZ
MASCULINA:
Sempre apressada, hein...Achou mesmo que eu nunca saberia que foi
você quem mandou aquele vídeo que fazemos pro Cael? Aquele em que
eu confesso ter boicotado a boate.
VALENTINA
(olha para ambos os lados): Que brincadeira é essa?
VOZ
MASCULINA:
Eu vou te mostrar se tô brincando...
INSERT –
mão do motorista no freio de mão
O carro
acelera.
Valentina
recua, vira-se e deixa o celular cair. Corre desesperada e quando o
carro está próximo, alguém a puxa para dentro da loja.
[INT./CARRO]
O carro
pára e o motorista olha pelo retrovisor. Vê Valentina ao lado de
uma garota.
HOMEM:
Droga! Essa garota me paga!
LOJA 1320 -
SAÍDA [INT.]
RAÍZA:
Você tá bem?
VALENTINA:
Como você sabia que... (ela sorri, nervosa interpretando mal) Isso
tem o seu dedo não tem? Você não tá nessa loja à toa...Quer me
tirar do caminho pra ficar com Cael ‘né’?
RAÍZA:
Que isso? Eu...
VALENTINA:
Aposto como aquele cara do carro não era o Paulo...Isso deve ser
coisa sua tá! Ele tá morto, MORTO, entendeu?
E dá as
costas.
HELENA:
Credo! Essa foi a maneira dela te agradecer?
Raíza
observa Valentina ir embora, desconfiada.
RAÍZA:
Não sei...
CORTA PARA
CENA 14
COLÉGIO
FRANÇA – PORTARIA [EXT./INÍCIO DA NOITE]
Raíza
anda apressada. Atravessa a estrada e olha para trás, desconfiada.
Torna a
caminhar em passos largos.
ED. CIRANDA
DE PEDRA [EXT.]
A cena
mostra Raíza vindo pela calçada. Abre a bolsa, caça alguma coisa e
puxa um molho de chaves.
Se aproxima
do portão, a luz do poste bate ali perto.
Alguém se
aproxima pelas suas costas, ela se vira e imediatamente a mão desse
alguém cobre sua boca com um pano. Entorpecida, Raíza é carregada
por um homem até um carro preto.
Adiante,
vem Ari que olha assustada para a cena rápida.
ARI:
EI! EI!
O carro
acelera, dá uma guinada para a beirada da calçada e Ari se a joga
para trás caindo sentada rente ao muro.
CORTA PARA
CENA 15
ED. CIRANDA DE PEDRA [EXT.]
Ari, Bruno
e João Batista estão na calçada.
ARI:
Foi muito rápido, seu Bruno. Eu gritei e quase jogam o carro em cima
de mim.
Um Toyota
pára o carro em frente. Cael sai, bate a porta e todos olham para
ele, aflitos.
CAEL:
O que aconteceu?
JOÃO:
A Raíza. Ela foi sequestrada!
Cael,
estupefato, não consegue nem sair do lugar.
CAEL:
Mas...Como? Já chamaram a polícia?
ARI:
Eu anotei a placa do carro, mas o seu Bruno acha...
BRUNO
(tom misterioso): Eu acho que já sei quem tá por trás disso...
CORTA PARA
CENA 16
COLÉGIO FRANÇA [INT./NOITE]
Cipriano
caminha até um carro verde.
INSERT -
Ele coloca a chave e abre a porta
Alguém
segura em seu braço e o faz voltar.
CIPRIANO:
Que isso? (pausa) Bruno? Que violência gratuita é essa?
Bruno
aperta seu colarinho.
BRUNO:
Violência você vai ver se não devolver a Raíza agora!
Alguns
alunos param para assistir a cena.
CIPRIANO:
Raíza? Ela foi pra casa. (pausa) Ou será que ela anda desvirtuando
do caminho, hein (irônico).
Bruno o
aperta contra o carro.
BRUNO:
Eu não tô de brincadeira! Cadê a Raíza? O que fez com ela dessa
vez?
CIPRIANO:
Você está muito alterado...Precisa se acalmar.
BRUNO:
Eu só vou me acalmar quando me disser por que a sequestrou!
CIPRIANO:
O quê? (finge não saber) A Raíza foi sequestrada?
BRUNO:
Não finja que não sabe! Da última vez que você a sequestrou ela
sumiu por 4 anos! Eu não quero que isso volte a acontecer!
Cipriano
solta de seus braços.
CIPRIANO:
Eu não tenho nada a ver com isso. (finge) Mesmo porque, eu não
tenho mais como conseguir a cruz de volta se é isso que te preocupa.
BRUNO
(ainda alterado): E quem ia querer levá-la? Eu não tenho dinheiro,
que motivos fariam alguém fazer isso?
CIPRIANO:
Muitas vezes, ajudando um é atrapalhar outro...Você sabe...
Bruno o
encara sem entender.
FADE OUT
FADE IN
CENA 17
CASA DE PAULO – PORÃO [INT./NOITE]
O porão,
mal iluminado, está sujo, teias de aranha espalhadas pelas cadeiras,
móveis velhos.
A cena vai
se aproximando pelo chão. Raíza é vista de lado, sentada,
inconsciente, com as costas para uma parede, braços para trás. Uma
luz ilumina seu rosto e em seguida, é obstruída por uma sombra.
Raíza se mexe, abre os olhos devagar.
[POV de
Raíza]
A imagem
está embaçada, mas ela vê alguém encapuzado a sua frente.
RAÍZA
(voz fraca): Quem é você? O que quer comigo?
O sujeito
não diz nada. Ele aponta uma arma para a garota e com a outra,
retira o capuz. Se agacha e a pouca luz de fora entra pela fenda da
janela gradeada. O rosto de Paulo é revelado.
RAÍZA
(surpresa): Não pode ser...Paulo?
TOYOTA
[INT./NOITE]
Cael
dirige, nervoso. Ao seu lado está Bruno, tenso. À frente vemos
carros de polícia.
CAEL:
Fique calmo, Bruno. A polícia sabe o que tem que ser feito.
BRUNO:
Eu tô calmo, eu tô calmo...(ele olha para Cael) Você não?
CASA DE
PAULO – PORÃO [INT.]
Paulo está
com ar desorientado, olhos molhados e vermelhos, uma expressão
medonha. Sua mão treme a pontaria.
PAULO:
Então você é Raíza? A garota que adora atrapalhar a vida dos
outros, num é mesmo?
RAÍZA:
Você não tinha...(vacila a voz)Morrido?
PAULO:
Quem sabe...
Raíza
tenta se levantar e Paulo encosta o calibre em sua testa.
PAULO:
‘Tu’ fica aí mesmo que é assim que você será encontrada
quando descobrirem seu corpo.
RAÍZA
(medo): Mas o que foi que eu te fiz, me diz? (expressão de dor).
PAULO:
Agora você não sabe? Por que você tinha que salvar a Valentina,
hein? Quem você pensa que é pra salvar a vida daquela vagabunda?
Hein?
RAÍZA
(mexe os braços): Isso aqui tá me machucando...
PAULO:
Você quer que eu te solte, quer? (ele soca seu rosto com a arma) tá
pensando que sou idiota, é?
Raíza vira
o rosto, seu supercílio sangra.
PAULO
(sarcástico): O que é? É fortezinha a garota, hein.
Raíza se
sacode.
RAÍZA
(grita): Eu não merecia estar aqui!
Paulo
balança a arma na mira dela, nervoso.
PAULO
(grita): Você fica quieta!
RAÍZA:
Você não tá assim só por causa da Valentina!
Paulo
aproxima o rosto do dela.
PAULO
(esbraveja): Quem é você pra achar que sabe como eu tô, hein?
Quem? Você não sabe nada! Você não sabe o que é passar 1 dia
sequer naquele inferno de clínica! Sabe? Não sabe!
Raíza se
levanta e ele faz o mesmo empurrando seu ombro pra baixo.
RAÍZA:
E por acaso fui eu que te internei lá? Hã?
Paulo pára
o olhar fixo ao léu. Vai baixando a arma devagar.
CORTA PARA
CENA 18
APTº 403 – SALA [INT.]
Ari anda
de um lado e de outro, rói as unhas. João a segura pelos ombros,
firme.
JOÃO:
Calma Ari! Você tá muito nervosa...
ARI:
E se o que tá acontecendo tem a ver com o que houve essa manhã?...E
se ela pagar por uma coisa que não fez?
Josué vai
até ela e a abraça.
JOSUÉ:
Tudo vai se resolver, vocês vão ver.
JOÃO:
Claro, a Raíza vai sair dessa...Facilmente até! (ele olha
suspeitamente para o tio) Não é?
Josué não
responde.
CORTA PARA
CASA DE
PAULO – PORÃO [INT.]
Paulo volta
a apontar a arma pra Raíza, agressivo.
PAULO:
Eu não vou voltar pra lá! Nunca mais! Eu mato o Marco antes que ele
faça isso de novo!
Raíza se
surpreende.
INSERT –
Mãos de Raíza
Raíza
consegue se libertar dos barbantes, mas finge que ainda está presa.
VOLTA À
CENA
RAÍZA:
O Marco?...Por que ele faria isso?
PAULO
(desorientado): Por que ele me quer vivo, mas longe
daqui...Ninguém(sorriso trêmulo)...Ninguém pode saber que somos
cúmplices, que eu o ajudei a roubar a boate... ‘Cê’ tá
ouvindo? NINGUÉM!...
RAÍZA:
Mas você não era amigo do Cael?
Paulo se
altera e treme o cano na testa dela. Raíza treme os lábios.
PAULO:
Amigo de aluguel não conta! Me arrependo até hoje de ter tentado
assaltar o Marco...(ele desvia a arma e olha ao léu) Aquele infeliz
não só abusou da minha falta de recursos como destruiu a minha
pouca reputação.
RAÍZA
(tentando manter a calma): E foi ele que te mandou aqui? Pra destruir
de vez com a sua vida?
PAULO:
Não! Ele disse que foi por sua culpa que ele teve que sumir comigo!
Você queria me culpar pelo atentado ao seu pai! Aquele desgraçado
tinha que morrer!
RAÍZA:
Meu pai não matou o seu! Seu pai se suicidou!
Paulo aviva
os olhos mais ainda.
PAULO:
Seu pai vai morrer, vai morrer! E você não vai poder evitar porque
estará morta!
Ele
engatilha, faz expressão de atirar.
TOYOTA
[INT.]
Bruno está
cada vez mais tenso. Fecha as mãos parecendo que vai dar um soco.
BRUNO:
Acelera, acelera!
CAEL:
Calma Bruno! A polícia tem que chegar primeiro, a gente não sabe
quantos estão com ela.
Bruno
arregala os olhos.
BRUNO:
Quantos?...(ele esfrega o rosto) Ai meu Deus! O que estão fazendo
com a minha filha?
Cael tenta
parecer calmo, mas seu semblante marca uma preocupação maior.
CASA DE
PAULO – PORÃO [INT.]
Raíza
levanta, avança em seu braço, os dois se agarram. Ela vira-o e bate
sua cabeça, rapidamente, sobre a parede. A arma cai no chão e
Paulo, de joelhos.
Raíza
corre, tropeça e cai.
1º PLANO –
Raíza está caída.
2º PLANO
(logo atrás) – Paulo levanta devagar com a arma já empunho.
PAULO
(tom sinistro): Eu ainda não acabei com você.
Raíza
levanta, close em seu rosto. Ela se volta, apreensiva.
RAÍZA:
Paulo...Não faça isso...Não era esse tipo de pessoa que eu
imaginava que você fosse...Quando te conheci na internet...
O rapaz não
entende.
RAÍZA:
A gente conversava tanto...Lembra do trabalho de matemática que você
me ajudou? Você sempre entrava com o nome de ‘PDQ’...Sempre foi
muito reservado...Até que me enviou aquelas fotos...
O rapaz
engole a saliva, olha para baixo mirando a arma nela.
PAULO:
E você nunca mais me respondeu...(sua voz quase some) Você me dava
bons conselhos...E eu nunca segui nenhum. (pausa profunda) Mas por
quê? Por que tinha que ser você?
RAÍZA:
As coisas não precisam terminar assim...
PAULO
(olhar frio): Agora é tarde demais...Se eu te deixar viva, você me
denuncia...E o Marco me mata. Ele não perdoa falhas.
[Efeito
câmera lenta]
[INSERT –
Mãos de Paulo na arma]
Sua mão
fricciona o gatilho.
A cena vira
e adiante, Raíza fecha os olhos.
Paulo
aperta o gatilho que percorre pelo caminho.
[FIM do
efeito]
A bala bate
contra a parede.
Paulo,
aturdido, vira para trás. Não vê nada. Volta a olhar para frente e
se assusta ao ver Cipriano.
CIPRIANO:
Boa noite.
Cipriano
segura a mão onde está arma e com a outra, injeta uma ampola no
pescoço de Paulo.
Paulo
grita. Cipriano retira a ampola, a arma de Paulo cai e ele, perde as
forças caindo em seguida. Logo atrás está Raíza, surpresa.
RAÍZA:
Você...Você pode ficar invisível?
CIPRIANO:
Está no sangue, Raíza...Você sabe...
Raíza vê
o corpo do rapaz estirado inerte ao chão.
RAÍZA:
Ele tá morto?... (O silêncio dele diz tudo) Meu Deus! Você o
matou?
CIPRIANO:
Surpresa? Eu sei que a você ele não mataria fácil, mas duvido que
seu pai teria a mesma sorte...
Ele põe a
mão na calça, tira um celular e exibe para a garota.
RAÍZA:
O que...
CIPRIANO:
É o celular dele...(ele aperta um botão).
[POV de
Raíza]
A garota
assiste ao vídeo gravado da cena anterior.
RAÍZA:
Mas como...?
CIPRIANO:
Você pode ajudar o Micael a saber que tipo de irmão ele tem...Ou
não. Não se preocupe que nem tudo foi gravado; Parei antes de você
desaparecer.
RAÍZA
(feliz): Isso quer dizer que posso provar que não sou cúmplice do
Paulo...
CIPRIANO
(falsa surpresa): Ele te acusou disso? (Ele toca seu rosto e
acaricia) Se ele gostasse de você, não seria preciso provar nada...
RAÍZA:
Ele não tem por que gostar de mim.
CIPRIANO:
Nem você tem que provar nada.
RAÍZA:
Mas pelo menos eu jogo na cara dele que eu falava a verdade...
CIPRIANO:
Você que sabe...Mas se o fizer, terá que fazer isso sempre...
Ouvimos um
som vindo do alto da escada. Raíza olha pra lá à direita, a porta
é aberta violentamente.
Raíza
guarda o celular, dois policiais descem e em seguida, Cael e Bruno.
Raíza vira e não vê mais Cipriano.
BRUNO
(abraça a filha): Você tá bem? Ele te fez...(olha assustado para o
corpo de Paulo e sussurra)...Você...
POLICIAL:
Ele está morto...O que aconteceu aqui?
Raíza olha
para o pai e para Cael, sem jeito.
RAÍZA:
Ele passou mal na minha frente...Parecia...Totalmente desnorteado.
Bruno
abraça a filha novamente e Cael, por trás, faz que vai tocar seus
cabelos. Mas desiste.
FADE OUT
FADE IN
CENA 19
APTº
403 – QUARTO [INT./NOITE]
João está
de frente para a cama de Raíza com um celular à mão. Aperta um
botão.
Ouve-se o
som de passos no corredor e João torna a colocar o celular no bolso
da calça da prima, que está sobre a cama.
Raíza
entra no quarto.
RAÍZA:
Oi João...O que foi?
João se
volta com cara de desolado.
JOÃO:
Você realmente não vai mostrar o vídeo pro Cael?
Raíza se
aproxima da calça e retira o celular.
RAÍZA:
Eu não tenho por que fazer isso...A minha inocência não pode
depender da briga entre irmãos.
JOÃO:
Você prefere terminar essa história assim? Você como a culpada?
Raíza olha
chateada para ele, retira a bateria do celular e o chip.
RAÍZA:
Talvez essa história não tivesse que ter começado...
Ela pega
uma tesoura, corta o chip e o arremessa junto da bateria janela fora.
A bateria
espatifa numa pedra grande.
CORTA PARA
CENA 20
MANSÃO – CORREDOR [INT./NOITE]
Marco faz
que vai subir a escada quando vê que a porta de correr da sala está
aberta. Se aproxima e vê malas no chão da sala.
Desce
a pequena escada até elas, sem entender. Vê, então, Cael, muito
sério, sentado na poltrona diante de um laptop na mesa central.
MARCO:
Vai viajar, Cael?
CAEL:
Eu não...Mas você vai.
Marco
franze as sobrancelhas, abismado. Cael olha para o laptop com a
proteção de tela ativada.
CAEL:
Não quis te dar o trabalho de fazer suas malas. Tudo que é seu está
aí. Se eu esqueci de algo mande alguém buscar porque aqui... (ele
torna a olhar pro irmão) Você não pisa mais!
MARCO:
Do que você está falando? O que te deu, homem?
Cael aperta
uma tecla do laptop e um vídeo é exibido. Cael aperta ‘play’ e
vira o laptop para o irmão. Assim que o vídeo é mostrado, Marco
empalidece. É o vídeo em que mostra Raíza e Paulo discutindo no
porão da casa dele.
CAEL:
O problema, Marco, não é o que me deu, mas o que me fazem. (ele
pausa o vídeo no rosto de Raíza).
MARCO:
Cael! Você não vê? Esse homem está morto! Como que...
CAEL
(se levanta): O que eu vejo é que você me enganou esse tempo todo!
Quando lembro que por sua causa acusei o Camilo e duvidei da Raíza...
(ele fecha as mãos) Me dá uma vontade de...(ele respira fundo) você
queria eliminá-la...A Raíza! Justo quem, um dia, salvou tua vida!
MARCO:
Então é isso? Você acreditou nesse vídeo porque quer acreditar
que essa garota é inocente?
CAEL:
Espera aí. Então foi você quem mandou aquelas fotos? Você queria
incriminar a Raíza?
MARCO:
Eu não disse isso, você está pondo palavras na minha boca.
CAEL:
Você queria acabar com ela! Se não fosse por ela você estaria
morto!
MARCO:
Mania de se pegar a detalhes! E se ela não tivesse aparecido? Eu
teria morrido, é isso?
CAEL:
Mas o que importa é que ela apareceu!
MARCO(nervoso):
E se? E se não tivesse aparecido? Eu teria morrido como se minha
vida dependesse dela me salvar? Pára com isso! Até quando vai
defendê-la? Acha que Deus permitiria que o futuro a pertencesse?
CAEL
(falsa calma): Vai embora... (Cael se senta, ar cansado) Eu ainda
tenho coisas a resolver.
Marco fecha
o semblante. Apanha as malas, olha para o irmão e Cael desvia o
olhar. Marco dá as costas.
Tocando:
This
Time Imperfect – AFI
->
Cael, de
cara amarrada, o vê partir.
FUSÃO PARA
CENA 21
CASA DE VALENTINA [INT.]
A cena
passeia por um corredor estreito, de pisos caramelo. As paredes são
amarelas em um tom claro e há neles pequenos quadros de pintura
colorida e em relevo.
A sala de
jantar é pequena e bem iluminada. Há uma mesa redonda de tampa de
vidro e acima dela, três ramos de flores vermelhas e um castiçal
com duas velas apagadas. A cena vira devagar e mostra Valentina,
sentada à mesa com os cotovelos sobre ele e as mãos sob o queixo,
mexendo o dedo indicador, nervosamente no rosto.
FUSÃO PARA
CENA 22
APTº 403 – QUARTO [INT./NOITE]
O quarto
está escuro, a pouca luz vem do corredor. Raíza está deitada na
cama, com o braço esquerdo acima da cabeça.
Ouvimos o
bater na porta. Raíza dá uma olhada e vê Ari à soleira da porta.
Ela entra.
ARI:
Não vem jantar?
RAÍZA:
Tô sem fome.
Ari se
abaixa e põe as mãos sobre a cama.
ARI:
Ainda pensando no vídeo?
Raíza a
olha de lado.
RAÍZA:
(pausa) Ainda...
ARI:
Você devia ter mostrado, viu. Já ‘tava’ com a faca e o queijo
na mão.
RAÍZA:
É que...Se eu mostro, Cael briga com o irmão por minha culpa. Por
outro lado, provo a minha inocência. (pausa) Mas aí penso que o
Cipriano tá certo (Ari esboça insatisfação ao ouvir aquele nome)
Se eu acho que preciso provar alguma coisa vou ter que fazer isso
sempre.
Bate um
silêncio entre as duas.
RAÍZA:
A verdade é que nem uma coisa e nem outra me deixa em paz.
ARI:
Mas se você já detonou com o celular não tem por que ficar assim.
Você já fez a sua escolha.
Raíza olha
para ela com ar decidido, levanta e senta na cama.
RAÍZA:
Quer saber? ‘Cê’ tem razão! Eu fiz o certo, sim! Se não vou
passar a minha vida inteira provando ter dignidade e nunca saberei
quando alguém, realmente confia em mim.
Ouve-se o
som da campainha.
João chega
da porta do quarto, de olhar aceso.
JOÃO:
Raíza, é o Cael. Ele quer falar contigo.
Raíza e
Ari se entreolham e Raíza aparenta um certo medo.
SALA...
Raíza e
Cael se olham como se fosse a primeira vez.
CAEL:
Vim pedir desculpas por hoje cedo e...Pelo Marco.
Raíza
sorri timidamente.
RAÍZA:
Não peça desculpas por ele. Você já fez isso outras vezes,
lembra?
Os dois
sorriem.
RAÍZA:
Mas por que pede desculpas por ele? O que ele fez dessa vez?
Ele a olha,
admirado.
CAEL:
Ele mandou te matar!
Raíza não
entende.
CAEL:
Ele mandou o Paulo te matar...Em pensar que eu confiava nos dois...
RAÍZA
(seu sorriso vai sumindo): Do que você tá falando?
CAEL:
Eu assisti ao vídeo e fiquei horrorizado...
Raíza,
confusa, não consegue dizer nada.
CAEL:
O vídeo que você me mandou.
Raíza mira
em João, desconfiada.
CAEL
(cont.): Tenho até vergonha de olhar na sua cara...Agora percebo que
eu estava enganado...
RAÍZA:
O que foi que você disse? (tom sério e triste).
Ele olha
sem graça para os outros.
RAÍZA
(cont.): Você agora acredita em mim por causa... Do vídeo?
Os que
estão na sala se entreolham.
CAEL:
Não!...Não foi isso que eu quis dizer...
RAÍZA:
Olha, seja como for, não fui eu que te mandou esse vídeo.
CAEL:
Não?
RAÍZA:
Não. Eu jamais faria algo pra causar briga na sua casa.
CAEL:
Ele tenta acabar contigo e você ainda quer poupá-lo?
RAÍZA:
Eu quase fui morta por causa disso (pausa / os dois se fitam). Por
causa de um assunto que não me diz respeito.
Cael abaixa
a cabeça, passa a mão pela nuca.
CAEL:
Desculpe ter pensado mal de você (pausa) Alguém que salva a vida de
um desconhecido não podia estar envolvida numa sujeira
dessas...(pausa) Você se arrepende agora de tê-lo salvo um dia, não
é?
Raíza olha
pro seu pai, sentado no sofá. Torna a olhar para Cael.
RAÍZA
(séria): Uma vez, uma pessoa me disse que salvar a vida de alguém é
uma benção. Que não há razão no mundo que justifique deixar que
alguém morra.
CAEL:
Você e essa pessoa são admiráveis...Por isso fico te devendo mais
essa...
RAÍZA:
Não!
Os
presentes se assustam e Cael não entende a negativa. A garota
fricciona os lábios, olha para baixo e torna a encará-lo com cara
de decidida.
RAÍZA:
Você não me deve nada. A dívida não é sua. Além do mais, sou eu
que te devo toda a ajuda...Pra dizer a verdade você tem toda a razão
de desconfiar de mim; Você estendeu a mão pra uma desconhecida.
CAEL:
E você salvou um desconhecido!
RAÍZA
(alterada): Eu não quero ser lembrada a vida inteira que, um dia,
salvei teu irmão! (calma) Se você vai usar esse discurso como
motivo pra manter nossa amizade, não precisa mais.
João
observa, estupefato. Josué está à soleira da cozinha, quieto.
Cael não
sabe pra onde olhar direito. Recua o passo.
CAEL:
Raíza...Eu...
RAÍZA:
Boa noite, Cael.
Os dois se
olham, mais uma vez, estranhamente. Cael dá as costas, põe a mão
na maçaneta e pára. Parece que vai dizer algo, mas abre a porta e
sai. Bruno se levanta e a fecha.
JOÃO
(para Raíza): Eu não sei onde ‘cê’ ‘tava’ com a cabeça,
viu? Não sei mesmo!
Raíza,
confusa, observa Ari em pé no corredor.
CORTA PARA
ED. CIRANDA
DE PEDRA [EXT./NOITE]
Cael anda
rápido até o portão, pára e olha para trás. Em seguida, abre a
porta do Toyota, entra e liga o carro.
Torna a
olhar para o edifício.
CAEL:
Eu sou um idiota...
O carro
parte e, a cena vai subindo, acompanhando seu percurso até sumir na
estrada.
FADE OUT
FIM DO EPISÓDIO
Autora:
Cristina Ravela
Elenco:
Raíza
(Maria Flor)
João
Batista (Caio Blat)
Bruno
(Juan Alba)
Josué
(Caco Ciocler)
Cael
(Michael Rosenbaum)
Marco
(Pierre Kiwitt)
Dcr
(Aaron Ashmore)
Rafaela
(Fernanda Vasconscellos)
Valentina
(Alinne Moraes)
Cipriano
(Thiago Rodrigues)
Participação Especial:
Participação Especial:
Paulo
(Sidney Sampaio)
Helena
(Thaís de Campos)
Trilha Sonora:
The Time Imperfect - AFI
Trilha Sonora:
The Time Imperfect - AFI
Produção:
Bruno Olsen
Cristina Ravela
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
REALIZAÇÃO
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