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RAÍZA SÉRIE
30:00 min
WEBTVPLAY APRESENTA
RAÍZA
Série de
Cristina Ravela
Episódio 6 de 20
© 2009, WEBTV.
Todos os direitos reservados.
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FADE IN
CENA 1
BANCO
[INT./MANHÃ]
Há muita
movimentação, pessoas andando de um lado e de outro e filas fazendo
curvas.
Lá na
frente está Raíza, de blusa azul, calça jeans e sua bolsa xadrez.
Seus cabelos estão mais curtos na altura dos ombros e há uma
presilha do lado.
A cena se
aproxima. O painel indica o número 05. É a vez da garota.
Na boca do
caixa ela entrega um cheque. Valor: Trezentos reais.
A cena dá
um giro rápido e mostra um homem de barba feita, camisa cor creme
estampada, encostado à pilastra branca. A perna está dobrada com o
pé na pilastra. Ele olha o relógio, demonstra impaciência.
A cena dá
outro giro para o lado de Raíza.
Esta guarda
o dinheiro que é observado atentamente pelo homem.
Caminha,
passa por ele que em seguida, tira do bolso um celular e disca.
HOMEM: Ela
tá saindo...
Desliga,
guarda o celular e sai atrás como quem não quer nada.
CORTA PARA
BANCO
[EXT./MANHÃ]
Raíza
passa pela tortura da porta eletrônica, desce as escadas em passos
rápidos.
Um outro
homem, aparentemente de uns 30 anos, olha fixo para o outro cara que
vem atrás dela.
O homem de
30 anos anda por detrás dela e encosta um canivete em sua cintura.
Ela, assustada, olha para frente caçando um policial.
HOMEM
2
(voz baixa): Finja que estamos juntos, gatinha.
A moça dá
uma olhada de canto, força um andar vacilante e volta-se com o
braço, o encarando de olhos arregalados.
RAÍZA:
Hã? Que?
O cara
titubeia, desvia o canivete por um instante. Medo de chamar atenção.
Raíza sai
correndo, os caras se juntam e vão atrás. As pessoas olham
assustadas. Alguns até são cruéis.
MULHER:
Olha lá! Fica dando mole...
Raíza
corre e olha para trás. Os caras insistem. Ela abre a bolsa, enfia a
mão. Com dificuldade, apanha o celular e disca.
RAÍZA
(tom desesperado): João! Tô sendo seguida, João! A saidinha de
banco...Estão atrás de mim!
JOÃO:
Não acredito! Em que rua você está? Vou ligar pra polícia!
RAÍZA
(põe a mão na cabeça, aflita): Ai eu nem sei mais em que rua eu
tô...
JOÃO:
É bem perto do banco?
RAÍZA:
Já me afastei...Tinha uma padaria de esquina quando entrei...Alô?
Alô?
Raíza ouve
um bip dando sinal que os créditos acabaram.
A garota
entra numa viela deserta, casas de muro alto.
Disca o
número a cobrar, mas não chama. Ela então joga o celular dentro da
bolsa e acaba se atrapalhando com o zíper.
Olha para
trás mais uma vez. Raíza se aproxima da esquina.
Um dos
caras pára, lança o canivete com toda a ira. Raíza, apavorada, dá
um giro pra rua da direita, avança um passo diante do muro e não dá
mais tempo; A garota coloca os braços pra frente e ultrapassa o
muro.
Perde o
controle, bate contra o capô de um carro verde parado e rola para o
chão.
Deitada, a
garota vê um rapaz, bem afeiçoado e de olhar compenetrado estender
sua mão.
CIPRIANO:
Vem, Estou aqui pra te ajudar...
A tela se
fecha num baque.
1X06
INVISÍVEL
FADE IN
CENA 2
RUAS
DA CIDADE [EXT./MANHÃ]
Raíza e
Cipriano estão de mãos unidas e olhando-se profundamente.
CIPRIANO:
Você está bem? Parece que estava...Fugindo?
A garota
solta de sua mão, olha pro muro, incrédula enquanto massageia o
próprio pulso. Depois a desprende.
RAÍZA:
Eu...Eu tô bem...Não sei como eu saltei aquele muro...
CIPRIANO:
Você não saltou, sabe disso...
A moça
mira o rapaz e faz uma expressão de medo.
VOZ
MASCULINA:
Meu Deus! O que aconteceu aqui? (os dois olham para Camilo) Como é
que...
CIPRIANO:
...Ela saltou o muro, não é?...
Raíza
respira ofegante.
A mão de
alguém aparece sobre o muro.
RAÍZA:
Ai meu Deus! Eles não vão sossegar enquanto não me pegarem!
Cipriano
abre a porta do carro e faz um sinal.
CIPRIANO:
Vem, Entra! Vamos sair daqui.
A moça
reluta um pouco.
RAÍZA:
Mas eu não te conheço.
CIPRIANO:
Prefere ficar aqui e ver o que eles vão fazer contigo?
Raíza e
Camilo entram mais do que depressa e os três partem.
CORTA PARA
CENA 3
APTº
403 - COZINHA [INT./FIM DA MANHÃ]
Josué, com
uma toalha de prato sobre os ombros, desliga o fogão, tira a toalha
de si e o coloca no gancho ao lado da pia. Raíza lava as panelas.
JOSUÉ:
E você entrou no carro de um desconhecido? Quantas vezes seu pai tem
que...
RAÍZA:
Eu sei, eu sei, eu não devia. Mas, ou era isso ou os caras me
enfiavam a faca.
BRUNO
(O.S): Como é isso? (Bruno entra com cara de espantado) Que história
é essa de faca?
RAÍZA:
Bem...Eu não queria te preocupar...
BRUNO:
Desembucha.
RAÍZA:
Tentaram me assaltar, pai.
Bruno nem a
deixa terminar. A desvira da pia, toca em seus braços e a examina de
baixo em cima.
BRUNO:
Cadê? Te fizeram alguma coisa? Ai meu Deus...
RAÍZA:
Pai!...Pai!...Eles não me fizeram nada.
BRUNO:
Por que você não ligou pro seu tio, filha?
RAÍZA:
Eu liguei, pai. Liguei pro João, mas...
BRUNO
(nitidamente afobado): O João não me disse nada...Cadê aquele
moleque que eu...
JOSUÉ:
Não vá brigar com ele, ‘né’ Bruno? Ele, com certeza não quis
preocupá-lo. O problema aqui é o que Raíza fez pra escapar...Ou
diz que fez...
A garota
olha pra ele e franze as sobrancelhas, chateada.
Vira-se e
mescla espanto e deslumbramento.
RAÍZA:
Eu ultrapassei o muro, pai! Quando pensei que ficaria encurralada eu
passei invisível, pai...Isso já havia acontecido, lembra que te
falei?
Bruno e o
irmão trocam olhares estranhos e preocupados.
CORTA PARA
CENA 4
L.A
HOUSE [EXT./FIM DA MANHÃ]
A cena
mostra um carro verde parado em cima da calçada a alguns metros da
boate. Dentro do carro, Cipriano aparenta uma calma irritante,
enquanto Camilo aviva o olhar, extasiado.
CIPRIANO:
Então você já sabe, não? Você não viu nada hoje...
CAMILO:
Eu não entendo. Qual o problema do mundo saber que podemos ter uma
heroína?
Cipriano se
irrita, mas sem parecer violento.
CIPRIANO:
Que heroína? Deixe de ser ridículo! Ela não pode ser uma
heroína...
CAMILO:
Mas ela salvou a minha vida!
CIPRIANO:
Tenha a certeza que se ela soubesse quem era você, ela teria
relutado.
Camilo
abaixa a cabeça, desvia o olhar pro lado da janela e torna a olhar
para ele, confuso.
CAMILO:
Do que você está falando?
Cipriano
olha-o de forma penetrante.
CIPRIANO:
Da sua tentativa de pôr um fim em Marco...Ou em Micael...
CAMILO
(olha para frente): Não sei do que fala...
Cipriano
apanha um bloco de dentro de sua camisa.
CIPRIANO:
Tem caneta?
Camilo abre
sua bolsa, pega uma caneta e o entrega.
Cipriano
escreve no bloco, arranca a folha e a mostra para o rapaz.
CIPRIANO:
Tá vendo esse número aqui? É o meu celular. Me ligue avisando em
que presídio você estará pra eu mandar um lanchinho. Dizem que a
comida deles não é lá grandes coisas. Agora saia.
CAMILO:
Espera! Como é que você sabe que...Naquele dia só estava eu e...
Cipriano
lhe dá uma olhada como quem diz ‘É isso mesmo que você está
pensando’ e Camilo esboça se lembrar de alguma coisa.
CAMILO
(abaixa a cabeça): Eu pensava que era coisa da minha cabeça...(ele
levanta a cabeça. Parece receber uma luz) Foi ela?! Nossa! Logo
ela...
CIPRIANO:
Pra você ver só como são as coisas; Num dia ela te atrapalha e no
outro salva sua vida. Ainda acha que ela enfrentaria aquelas chamas
por você?
Camilo
hesita, as palavras não saem nesse instante.
CIPRIANO
(cont.): Não (responde por ele) Claro que não!
CAMILO:
Isso é o que você tá dizendo. É o que você faria. As pessoas não
são tão cruéis assim.
CIPRIANO
(falso drama, tom decepcionado): Você me parece amador no mundo dos
vivos. E você não tem idade pra acreditar em contos de fadas.
CAMILO:
Tudo bem. Vamos supor que ela realmente seja cruel. Você não quer
que eu espalhe o que vi se não você me manda pra cadeia,
certo?...Mas só? Não ganho mais nada por isso?
CIPRIANO
(voz tranqüila e com teor de sarcasmo): Não ir pra cadeia, não
comer daquela comida e dormir junto de outros tipos, não ter que
passar a vida esperando que a próxima visita será pra tentar te
tirar de lá...Isso tudo não lhe diz nada?
Camilo vira
o rosto, calado. Cipriano arranca o papel de suas mãos, escreve e o
entrega em seguida.
CIPRIANO:
Esse é o meu endereço...Talvez você queira passar lá...Agora
saia.
Camilo olha
o papel e abre a porta do carro. Assim que sai e fecha a porta,
Camilo se abaixa e olha Cipriano pela janela.
CAMILO:
A caneta.
Cipriano o
devolve enquanto os dois se fitam por alguns segundos.
CORTA PARA
CENA 5
APTº
403 – QUARTO DE RAÍZA [INT./INÍCIO DA TARDE]
A cena vai
passeando pelo quarto com lajotas azuis, cortina azul escuro, móveis
claros e uma cama. Há um quadro na parede de frente para a cama com
moldura preta e uma frase escrita: “Eu sei que não há mais nada o
que fazer, mas eu vou continuar lutando”. No quadro ao lado há
outra frase: “Isso também passa”.
Raíza está
sentada na cama de frente para o pai. De repente se levanta, aflita.
RAÍZA
(olha para o próprio pulso): Tem uma cruz aqui? (ela se volta) O
senhor acha que é por isso que as coisas tem acontecido comigo?
Bruno se
vira ainda sentado na cama.
BRUNO
(falsa dúvida): Não sei...Pode ser.
RAÍZA:
E se eu tentasse arrancar?...(tom de aflição) Pai! Não é normal o
que tem me acontecido. Presenciar o futuro, passar invisível e não
ser atingida por concreto...O que mais falta me acontecer?
BRUNO:
Não faça isso! Sua mãe nunca tentou por medo...
RAÍZA:
Minha mãe também podia presenciar o futuro?
Bruno
levanta-se da cama meio impaciente, olha e desvia o olhar da porta
onde Josué está encostado.
BRUNO:
Eu não sei se sua mãe tinha visões ou sonhos como você; Ela nunca
me falou...
Raíza
cruza os braços, invocada.
BRUNO:
Mas ela podia ficar invisível...Eu odiava as vezes em que ela
aparecia na minha frente...
RAÍZA
(interrompe): Por que ela tinha essa cruz?...Por que eu carrego essa
cruz, pai?...Desde quando?
Bruno não
consegue responder.
RAÍZA
(cont.): Desde que sumi?
BRUNO:
Filha...
RAÍZA
(cont.): Aliás, quem colocou essa cruz aqui? (ela mostra o pulso)
Isso é uma espécie de batismo?...Quem me batizou, pai?
Ouve-se o
som abafado de um celular. Raíza abre a bolsa, apanha o celular e
atende.
RAÍZA
(ao telefone): Oi Rafaela!...Tudo bem...(pausa)...Minha nossa! Eu
tinha até esquecido...Valeu por me lembrar, hein...(ela olha pro
pai, séria) Ah não pretendo perder MAIS (ênfase) esse
ano...(pausa)...Tchau.
A garota
desliga.
BRUNO:
o que foi?
RAÍZA:
Eu tenho que garantir minha matrícula no colégio França...(ela
guarda o celular na bolsa) Eu já estava esquecendo...
Ela se
ajeita frente ao espelho, apanha a bolsa e põe atravessado no
pescoço.
RAÍZA:
Mas depois a gente continua...
Ela sai. Em
seguida, Josué entra de braços cruzados.
JOSUÉ:
Você realmente pretende falar mal do Cipriano pra ela?
BRUNO:
Vai me dizer que você é contra?
JOSUÉ:
Não...(tom perspicaz) Mas ela já te disse quem foi o salvador dela
hoje?
BRUNO
(medo): Você não tá...
JOSUÉ:
Cipriano...
A tela se
fecha num baque.
FADE IN
CENA 6
MANSÃO
– ESCRITÓRIO [INT.]
Valentina
está atrelada nas gavetas, mexendo e remexendo em papéis.
Usa vestido
verde, curto parecendo capa de botijão de gás. Cabelos soltos,
jogados na cara.
Apanha
papéis e logo os coloca de volta nas gavetas, impaciente.
Caminha até
uma mesa, pega uma garrafa e despeja um pouco no copo.
MARCO
(O.S): Bebendo whisky a essa hora?
Valentina
se volta, assustada.
VALENTINA:
Aie! Vai assustar sua mãe!
MARCO
(sorriso sacana, descendo as escadas): Eu até faria isso se ela
estivesse aqui...
Valentina
toma um bom gole e se mantém quieta.
MARCO:
Vai dizer o que estava procurando ns gavetas ou vou ter que
adivinhar?
Valentina
pára o copo nos lábios e mira naquele tom de voz investigativo.
VALENTINA:
Você anda pela casa espionando os outros?
Marco se
aproxima, toma o copo de suas mãos. Toca os lábios nele olhando-a e
bebe em seguida.
MARCO:
Eu não espiono, querida...Eu observo. (ele devolve o copo e dá as
costas) É um direito que adquiri quando vim morar aqui...
Valentina
revira os olhos, irada.
VALENTINA:
Você costuma ser bem mais agradável que isso...
MARCO
(se volta e sorri com ar de deboche): Depende do lugar...
Os dois
sorriem maliciosamente.
VALENTINA:
Tá bom! Eu quero engravidar, é isso.
MARCO:
Eu pensei que já...
VALENTINA
(cont.): ...Do Cael.
MARCO
(fecha a cara): E o que eu tenho a ver com isso?
VALENTINA:
Você não perguntou? Então...(longa pausa)...Lembra que Cael tinha
uma noiva que não podia engravidar?
MARCO:
Que conversa é essa? E eu lá quero saber das antigas noivas dele...
VALENTINA:
É, ele pelo menos teve uma...Agora, você...
MARCO
(impaciente): Veio falar de mim ou do seu Caelzinho?
VALENTINA:
Tá, escuta...Essa tal noiva não podia engravidar, então Cael
aceitou que fosse feita uma inseminação artificial...
MARCO:
Hã, e daí?
VALENTINA:
Deixa eu terminar, pombas!...Bem, acontece que preciso engravidar se
eu quiser me casar com ele...
MARCO:
Em pleno século 21 você acha realmente que precisa disso?
VALENTINA:
Eu acho que você não entendeu...Um homem casado, com filho terá
pouco tempo para empresa. Vai precisar de alguém com mais poder para
isso...
Marco
caminha até a mesa, contorna-a e senta na cadeira.
MARCO:
Deixa eu ver se entendi...Você quer que eu descubra em que hospital
ele se cadastrou para fazer a inseminação e depois...
VALENTINA
(interrompe): Exatamente! Você poderá ser o sócio maior da boate!
Marco sorri
perspicaz e estranho.
MARCO:
É deprimente ver como vocês mulheres fazem tudo pra agarrar um
homem.
Abre a
gaveta, puxa uma pasta preta e abre.
VALENTINA
(surpresa): Mas eu não vi isso aí...
MARCO:
A paixão é cega...
Ele a
entrega um documento que a deixa radiante.
CORTA PARA
CENA 7
RUAS
DA CIDADE [TARDE]
Raíza
caminha em passos largos pela calçada.
A cena vai
se afastando por suas costas e dá uma virada brusca para algo que
está vindo atrás. Aparentemente, não há nada.
A cena se
aproxima rapidamente pelas costas da garota, ela olha para trás ao
mesmo tempo em que vira à direita. Coloca o pé fora da calçada e
vira o rosto.
O ambiente
está estranho. À medida que ela vai andando o tempo vai
escurecendo.
Ela olha
para trás novamente e vê a boate L.A House.
RAÍZA
(em OFF): Ué...Mas...Essa rua...Eu não lembro de ter passado ao
lado da boate...Como é que eu não vi...
A garota
caminha rapidamente e observa o olhar de cumplicidade entre Camilo e
Marco, à frente da boate. Ela atravessa a rua, espreita-se pelas
paredes.
MARCO:
Tudo certo pra hoje? (sorri para quem entra).
CAMILO:
Só tô esperando o outro chefe chegar...
Marco olha
o relógio.
MARCO:
Ainda há tempo. Você sabe como fazer, não é?
CAMILO:
Tá tudo no esquema. Primeiro irá começar na boate e em seguida o
subsolo. Sendo assim, acho meio difícil o seu irmão querer pular a
janela naquelas alturas no escritório...
MARCO:
Me poupe dos detalhes; Eu só queria que respondesse sim ou não.
CAMILO:
E aquele carinha lá? O da família da Raíza.
Marco faz
cara de esnobe.
MARCO:
Ele veio hoje de novo? (sorri indiferente) O que tem ele?
CAMILO:
Não é melhor dá um jeito de despachá-lo?
MARCO:
E por quê? Está com pena é?
CAMILO
(cabisbaixo): É que...A moça salvou a minha vida e...
MARCO:
...Mas ainda isso?! Eu pensei que você já tivesse superado aquele
dia.
CAMILO:
Você sabe que pode poupar a vida dele, ‘né’?
MARCO:
Os negócios estão acima da emoção, garoto.
CAMILO:
Emoção, Marco? Você disse ‘emoção’?
Raíza
ouve, estupefata. Um carro se aproxima e a garota vê que é Cael
quem está dirigindo. Marco não responde ao rapaz e trata de sair
dali. Raíza corre na direção do carro.
O carro dá
uma parada brusca e buzinas são ouvidas logo atrás.
Raíza se
vira, o ambiente está claro e volta à cena anterior. Ela está no
meio-fio. Camilo, invisível, se esbarra nela fazendo-a perder o
equilíbrio e cair de bunda no chão. A garota ainda está atordoada
pelo o que acha que viu e ouviu.
RAÍZA
(balbucia): O Camilo...O Camilo tem que sair da boate...
Camilo a
olha, desconfiado.
As pessoas
olham pra garota sem esboçar um riso. É quando Raíza observa onde
está.
RAÍZA:
Meu Deus! O que aconteceu:...Que mico...
Um carro
vem andando devagar pra perto dela e pára. Dentro dele, Valentina
levanta os óculos e se dirige a Raíza.
VALENTINA:
Ô louquinha... ‘Cê’ tá doida? Levanta logo daí vai!
Raíza
levanta, limpa as mãos do asfalto, sem graça.
CORTA PARA
CENA 8
CASA
Nº 77 [INT./TARDE]
A cena
mostra Cipriano num ambiente mal iluminado, seriamente.
CIPRIANO:
Quem te deu permissão pra você ficar saracoteando por aí
invisível, hein?
CAMILO:
Eu não estava saracoteando...Você me pediu pra ficar na cola dela
e...
CIPRIANO:
Pelo visto a assustou...
CAMILO:
A mim também...
CIPRIANO:
Como? (cruza os braços).
CAMILO:
Ela deu uma travada, achei até que tinha me visto, não sei.
CIPRIANO:
Impossível...A não ser que o efeito da poção que eu te dei estava
no fim.
Camilo coça
o rosto, expressão de dúvida.
CIPRIANO:
Até que foi bom esse susto...(ele anda até um grande espelho
redondo e se volta) Se acontecer mais alguma coisa ela não vai
estranhar...
CAMILO:
Não tô entendendo. ‘Mais alguma coisa’ como assim?
CIPRIANO
(tom de mistério): Você vai saber...
FADE OUT
FADE IN
CENA
9 APTº
403 – SALA [INT./TARDE]
Raíza
está sentada no sofá, corpo inclinado, braços sobre os joelhos.
Bruno, ao seu lado, também se mantém na mesma posição.
BRUNO:
Quantas vezes eu tenho que te dizer pra tomar cuidado na rua, hein?
Me diz?
RAÍZA:
Ah pai, pelo amor de Deus ‘né’? Eu já disse que alguma coisa
passou por mim que me fez cair. Parecia...Não sei...Invisível, não
sei explicar...
BRUNO:
...Você não viu, mas sentiu a vibração, é isso?
RAÍZA:
Mais ou menos...Era um corpo eu pude sentir, mas não vi nada.
Bruno se
estica, fecha a mão e quase dá um soco no ar.
BRUNO:
Só pode ser um encosto, filha. Vou te levar pra uma casa espírita
ou uma mãe de santo...Qual você prefere?
Os dois se
olham fixamente por um instante.
BRUNO:
Tá bom! Você não acha que tenha sido um encosto, num é mesmo?
RAÍZA:
É aquilo que te disse.
BRUNO:
E você viu o Marco e o Camilo juntos tramando algo, certo?
Raíza
balança a cabeça afirmativamente. Bruno toca sua mão.
BRUNO:
Minha filha, você não pode bancar a heroína o tempo todo. Lembra
que você falou não querer mais se meter no futuro dos outros,
hein...
RAÍZA
(olha para ele, angustiada): Se eu não tivesse me metido no seu...
‘Peraí’! O senhor tá começando a aceitar que vivencio o
futuro?
Bruno volta
a pôr os braços sobre os joelhos.
BRUNO:
Eu não tô começando nada! Não viaje!...(pausa) Aliás, não viaja
mesmo; Concentre-se no presente. O melhor que você tem a fazer é
treinar sua invisibilidade. Não deve ter nada pior que ser pego de
surpresa...
Raíza vai
virando os olhos para direção contrária ao pai com ar temeroso.
CORTA PARA
CENA 10
RUAS
DA CIDADE [INÍCIO DA NOITE]
Raíza
anda rapidamente pela calçada. Pára próximo entre a estrada
principal e uma outra estradinha. Entra na estradinha e observa casas
de um lado e barranco de outro.
O ambiente
é um breu estranho. Raíza abre a bolsa, saca o celular e disca.
RAÍZA
(ao telefone): Rafinha?...Oi tudo bem?(pausa)... ‘Pô’ ‘cê’
poderia dar um pulo aqui no início da estradinha?
RAFAELA
(V.O): Caramba! ‘Cê’ tá sozinha? Por que não chamou seu primo
ou o Dc pra ir contigo?
RAÍZA:
Meu primo anda fazendo um curso aí de fotografia, sei lá...E o Dc,
‘pô’... O celular dele tá fora de área...
A cena a
mostra ao longe andando ao lado do barranco e algo corre em sua
direção.
RAFAELA
(V.O): Esse Dcr, viu... Mas ó aguenta firme aí que vou chamar meu
pai e a gente te pega de carro.
RAÍZA:
Tá, mas vê se não demora, hein.
RAFAELA
(V.O / brinca): Tá, daqui a umas três horas estaremos aí...
A cena se
aproxima ao máximo pelas suas costas, Raíza pára, vira de imediato
e algo a arremessa para o barranco.
RAÍZA:
Aaah!
Ela grita,
seu celular cai na calçada.
RAFAELA
(V.O): Alô? Raíza!...(pausa)...Raíza!
CENA 11
BARRANCO [INT./NOITE]
Raíza rola
pelo chão afora, passa pelas raízes de árvores e galhos secos
caídos.
Ao chegar
no final do barranco, assustada, levanta devagar.
Ouve-se o
canto da coruja. Arrepia-se.
O vento
cobre toda a mata fazendo um som medonho.
Raíza se
agarra ao barranco, mas escorrega. Ouve passos. Seu semblante é de
medo. Aperta o pulso e faz expressão de dor.
A garota
corre sem rumo, olha para trás, ouve passos rápidos, mas não vê
seu agressor. Ela pára.
RAÍZA
(assustada): Quem taí?
A garota
recebe um empurrão e cai. Tenta se levantar,tropeça, cai novamente
e seu pé prende na raiz da árvore.
Com
dificuldade ela arranca o pé dali, levanta, corre e é empurrada
contra outra árvore.
RAÍZA:
Pára! Pára! Quem taí?
Na terceira
vez em que é empurrada, a blusa da garota agarra num galho e rasga.
Ela pára, ofegante.
RAÍZA
(flashback):
BRUNO:
O melhor que você tem a fazer é treinar sua invisibilidade. Não
deve ter nada pior que ser pego de surpresa...’
Se põe a
correr feito uma hiena desesperada.
RAÍZA
(murmura): Eu vou sair daqui...Eu vou sair daqui...Eu vou...
Arrisca-se
a olhar para trás novamente e seu agressor começa a perder a
invisibilidade.
RAÍZA
(em OFF): Camilo!
Finge não
ter visto, volta a olhar pra frente.
BARRANCO
[EXT./NOITE]
Adiante, um
único carro aponta na estrada.
CARRO
[INT.]
O celular
toca. Marco olha pro banco ao lado, pega o celular e o visor mostra o
nome de Valentina. Assim que atende é interrompido antes de falar
qualquer coisa.
VALENTINA
(V.O): Você sabia que o doutor Miranda estava de férias, Marco?
Sabia?
MARCO:
E eu lá trabalho no departamento pessoal pra saber quando ele tira
férias, Valentina?
VALENTINA
(V.O): Uma tal de doutora Letícia nem quis colaborar comigo...Nem
oferecendo um...
MARCO
(interrompe): Você ofereceu grana? Mas a que nível você desceu,
hein?
VALENTINA
(V.O): Há! Mas com quem eu falo?...
BARRANCO
[INT.]
Raíza
alcança a beira da estrada; Camilo, ao longe arremessa um pedaço de
tronco. Raíza olha pra ele e recebe um golpe na cabeça.
A garota
cai no meio do asfalto, inconsciente.
Um carro se
aproxima...
CARRO
[INT.]
MARCO
(ao telefone): Você está nervosa...Procure descansar...
[POV de
Marco]
Ele vê um
corpo caído na estrada, faz um zigue-zague e pisa fundo no freio.
O carro
derrapa e pára. Ele joga o celular no banco ao lado, abre a porta e
sai. A porta fica aberta.
A imagem
daquela garota de roupa suja e rasgada assusta o homem.
Abaixa-se,
vira seu cabelo e se surpreende.
MARCO:
Raíza?...
VOZ
MASCULINA:
Deixe comigo; (Marco vira o rosto para trás e vê Cipriano) Ela é
minha sobrinha...
Os dois se
olham meio estranhamente. Cipriano a coloca em seus braços e vai
embora.
Marco
observa os dois.
Close em
Camilo, correndo pra dentro da mata.
FADE OUT
FADE IN
CENA
12 APTº
403 [INT./NOITE]
A campainha
toca. João Batista abre e dá com a prima nos braços de Cipriano.
JOÃO:
Quem é você?
Cipriano
entra sem cerimônias.
JOÃO:
Ei! Você não pode entrar assim!
Bruno sai
da cozinha.
BRUNO:
Quem é, João?...
Bruno se
assusta ao ver a cena e tenta tirar a filha dos braços do rapaz.
BRUNO
(indignado): O que você fez com ela? Anda, diz!
Josué
chega do corredor.
JOSUÉ:
Calma Bruno!...
CIPRIANO:
Eu só quis ajudar...
BRUNO
(pega a filha no colo): Ajudar nada! Sai pra lá! O que você fez com
ela de novo?
João
observa a cena, atento e curioso.
CIPRIANO
(tom complacente): Eu a encontrei no meio da estrada assim
mesmo...Parece que ela andou testando( ele olha ao redor, para João
e em seguida para Bruno) Você sabe e acabou...Caindo de mau jeito...
Bruno
entrega a filha para Josué, volta-se e segura pelo colarinho do
rapaz.
BRUNO:
Eu vou te mostrar o mau jeito que vou dar em você já já...
João
segura os ombros do tio e evita uma briga feia.
JOÃO:
Calma tio, calma.
A voz de
Cipriano soa tranqüila, serena de dar raiva.
CIPRIANO:
Você não vai ajudar em nada agindo assim...Não percebe que ela
pode estar em sono profundo? E talvez...Um dia...Quem sabe...Ela
acorde?
Bruno olha
sua filha nos braços do irmão.
BRUNO:
Vou levá-la ao hospital...
CIPRIANO:
Você sabe que só eu posso ajudá-la, não?
BRUNO:
Nem pensar! Você não toca mais na minha filha!
CIPRIANO
(drástico): Ela pode morrer!
O silêncio
é desconfortável.
CORTA PARA
CENA 13
APTº 403 – QUARTO [INT./NOITE]
Raíza
está deitada na cama, Cipriano está com sua mão sobre sua testa,
olhos fechados.
Bruno e
Josué, de braços cruzados, estão à soleira da porta.
JOSUÉ
(cochicha): Por que você foi deixar ele ajudá-la, hein?
BRUNO
(cochicha): O interesse dele é a cruz; Ele não vai fazer nada de
mal a ela enquanto não tiver o que ele quer.
João
Batista espreita pelo canto do corredor. Vira-se e seu olhar é
sagaz.
A moça vai
acordando diante daquele rapaz simpático. A imagem se torna clara,
ela aviva os olhos de surpresa e se levanta.
RAÍZA:
Onde eu tô?!
CIPRIANO:
Calma...Você está em casa...Tudo bem contigo?
RAÍZA:
Eu lembro de você...Você me ajudou hoje cedo quando eu fugia
daqueles caras.
Bruno dá
um empurrão em Cipriano e toca nas mãos da filha.
BRUNO:
Tá tudo bem mesmo, filha? O que aconteceu? Como isso foi acontecer?
CIPRIANO
(de pé): Assim você vai acabar sufocando a garota.
Bruno
vira-se pra ele.
BRUNO:
Ela é MINHA (ênfase) filha. E eu não tô sufocando ninguém.
RAÍZA
(para Cipriano): Você me trouxe até aqui?...Como? Eu estava sendo
atacada por alguém na mata...Foi horrível...
CIPRIANO:
Esquece isso. Eu fiz o que todo parente faria...
Bruno e
Josué olham pra ele, indignados. João também.
RAÍZA:
Parente? Não entendi.
CIPRIANO
(falsa surpresa): Como? Vocês nunca disseram a ela sobre mim?...
Bruno e
Josué estão sem reação.
CIPRIANO:
Raíza, eu sou teu tio, irmão de sua mãe.
Raíza se
levanta e senta na cama, estagnada.
RAÍZA:
O cara que me salvou duas...
BRUNO:
Ele não te salvou, filha; Apenas as circunstâncias...
CIPRIANO:
...Ela deve estar cansada...Muitas emoções por hoje.
Cipriano dá
as costas.
RAÍZA:
Obrigada!
Cipriano
sorri e faz um sinal para Bruno acompanhá-lo.
CORTA PARA
CENA 14
ED. CIRANDA DE PEDRA [EXT.]
Bruno está
na portaria e Cipriano do lado de fora.
BRUNO:
Eu não sei o que você fez...Mas não pense que é essa imagem que
ela vai ter de você não, hein.
CIPRIANO:
Você devia me agradecer; Além de tudo foi graças ao poder dela que
você um dia foi salvo.
BRUNO:
Não acho que você esteja interessado nos atos heróicos da minha
filha.
CIPRIANO:
E como não? Eu mesmo estou surpreso com meus atos! Salvei sua filha
três (ele levanta três dedos) vezes!
BRUNO:
Três vezes? Que três vezes?
CIPRIANO:
Duas foram hoje. Que bom que eu ainda conservo a mania de aparecer na
hora certa.
BRUNO:
Coincidência não?
CIPRIANO:
O que você chama de coincidência eu chamo de fato...Agora você vai
poder dizer a ela a primeira vez que a salvei.
BRUNO:
Primeira vez?
CIPRIANO:
Ora, quando ela atravessou a frente do meu carro e eu a atropelei.
BRUNO:
Do que...Do que você tá falando?
CIPRIANO
(cínico): Da vez em que eu me vi obrigado a batizá-la para salvá-la
da morte.
BRUNO:
Que conversa é essa agora? Você não a batizou pra isso!
CIPRIANO:
Ah Bruno...(sua voz quase some num tédio aparente) Somos
inteligentes demais pra ficarmos nesse papo. E eu tenho certeza que a
sua filha, inteligente que é, vai acreditar em você quando disser
essa verdade...
Bruno olha
incrédulo aquele cinismo estampado no rosto do rapaz.
BRUNO:
Você só pode tá brincando...Pra quê isso? Tem medo de quê?
CIPRIANO:
Eu não tenho medos!
BRUNO:
Você quer a cruz, não é? Se eu tivesse certeza que nada de mal
aconteceria a Raíza eu mesmo arrancava essa cruz dela.
CIPRIANO
(tom assustado): Se você fizer isso poderá provocar graves
consequências!...
BRUNO:
Você já provocou.
CIPRIANO:
Raíza conseguirá superar o que houve hoje...E com os meus conselhos
ela não precisará temer mais nada.
BRUNO
(indignado): Com os meus conselhos você quis dizer ‘né’? Por
que eu não vou deixar ela seguir UM sequer seu!
CIPRIANO:
Como você faz mau juízo de mim, Bruno. Prefere ver sua filha correr
os perigos de hoje? Hoje ela escapou e amanhã?
Bruno
mantém um olhar fixo e temeroso. Cala-se, não há mais nada a
acrescentar.
FADE OUT
FADE IN
CENA 15
APTº 403 – QUARTO DE RAÍZA [INT./NOITE]
Bruno
chega da porta, encontra João sentado na cama ao lado de Raíza.
João olha para trás e se levanta rapidamente.
JOÃO
(cara de curioso): A Raíza estava me contando que alguma coisa a
perseguiu na mata...Não é estranho, tio?
BRUNO
(murmura): É só isso que tem acontecido ultimamente...
JOÃO:
Como?
BRUNO:
Ahn...É...Você pode ajudar seu tio lá na cozinha?
João fecha
a expressão no rosto, olha a prima e sai.
Bruno fecha
a porta, põe as mãos nos bolsos, se volta. Mantém-se calado por
alguns minutos.
RAÍZA:
Ai pai...A sensação que eu tive naquela mata era de que eu não ia
conseguir escapar...Mas eu fiz o que o senhor pediu; Me concentrei e
fiquei invisível...Nossa, é tão estranho dizer isso.
Bruno anda
até a cama, senta, a olha com certo pesar.
RAÍZA:
O que foi, pai?...Tá se sentindo bem?
BRUNO:
O que você achou do Cipriano?
RAÍZA:
Bem...Ele é meu tio, salvou minha vida... É um cara bacana.
Bruno
abaixa a cabeça e Raíza nota sua expressão angustiada.
RAÍZA:
Por que nunca me falou dele?...Quem é Cipriano na verdade?
Bruno faz
uma pausa longa. Torna a olhá-la, sua voz está presa.
BRUNO:
Ele é o cara que salvou sua vida...
RAÍZA:
Sim, isso eu sei, mas...
BRUNO:
Lembra que você me perguntou quem colocou essa cruz aí?
Raíza faz
uma expressão de quem está tentando se lembrar.
RAÍZA
(surpresa, olha pro pulso): Tá querendo me dizer que...
Bruno não
diz nada e a garota se mostra indignada.
RAÍZA:
Mas por que ele fez isso? Eu pedi?...O senhor que pediu?
Bruno,
novamente, faz uma longa pausa.
RAÍZA:
Então, pai?...Por que ele fez isso?
BRUNO:
Era a única forma de salvar sua vida...
Raíza
levanta e permanece sentada, com ar de surpresa.
RAÍZA:
Como assim? O que aconteceu há quatro anos que não lembro?
BRUNO:
Pelo o que sei, você foi atropelada por ele e a única chance de
sobreviver foi te batizando.
Bruno acaba
de falar rapidamente como se estivesse decorado o texto e quisesse
acabar logo com aquilo.
RAÍZA:
Quer dizer que as coisas vão acontecer e não vou poder fazer
nada?...Não, eu vou falar com ele...
BRUNO:
E você vai dizer o quê? (ele murmura) Que você anda vendo o
futuro?...Não! Isso não é coisa que se diga por aí! Se isso se
espalha vão querer cobrar de você o que você não vai poder fazer
pelos outros.
RAÍZA
(murmura): Eu não posso viver a minha vida inteira nessa angústia!
BRUNO
(murmura): Angústia maior vai ser quando começarem a te culpar por
você não ter evitado o futuro de alguém! E você sabe...O futuro
só a Deus pertence...(Raíza demonstra insatisfação)...Mas nem
todo mundo sabe disso...
Close no
rosto de Raíza.
FADE OUT
FADE IN
CENA 16
MANSÃO
– QUARTO DE MARCO [INT./NOITE]
Tocando:
I
wish it was easy – Limp Bizkit
->
A
cena adentra um quarto e adiante está Marco, deitado na cama, camisa
cor bege, calça de moletom e uma bebida na mão.
A cena vai
aproximando até do outro lado da cama.
O quarto é
mal iluminado, chão de lajotas verdes, persianas brancas, uma cômoda
com abajur e quadros com pintura moderna.
Valentina
adentra o quarto e pára.
VALENTINA
(alterada): Você não devia estar na boate?
Marco mal
olha para ela, tem o olhar fixo em alguma coisa.
MARCO:
E você não devia estar com o seu namorado?
A moça
está enfurecida.
VALENTINA:
Você desligou o telefone na minha cara, deve ser por que tem alguma
coisa a ver com o sumiço do doutor...
MARCO
(ele mira nela): Férias, você quis dizer, não é?... Olha, hoje eu
estou com dor de cabeça, já avisei ao Cael pra tocar aquilo sem
mim...Por que você não vai pra casa, hein?
Valentina
se aproxima, senta na cama, apóia as mãos entre os dois lados dele.
VALENTINA:
Mas será possível! Você sabe o quanto é importante...
MARCO:
Eu darei um jeito nisso, mas que coisa! (ele toma um gole da bebida)
Agora vai...Antes que o seu namorado resolva aparecer aqui como obra
do destino...
Valentina
se ergue, irada. Caminha até a porta e olha para trás.
Marco está
absorto, Valentina sai em seguida.
MARCO
(flashback):
A imagem
daquela garota de roupa suja e rasgada assusta o homem.
Abaixa-se,
vira seu cabelo e se surpreende ao ver que é Raíza.
MARCO:
Raíza?...
(fim do
flashback – fade out)
MARCO:
Obra do destino...
Ele coloca
o copo sobre a mesinha de cabeceira, leva a mão ao abajur.
Apaga a
luz.
A música
termina
FADE OUT
FIM DO EPISÓDIO
Autora:
Cristina Ravela
Elenco:
Raíza (Maria Flor)
Raíza (Maria Flor)
João
Batista (Caio Blat)
Bruno
(Juan Alba)
Josué
(Caco Ciocler)
Cael
(Michael Rosenbaum)
Marco
(Pierre Kiwitt)
Valentina
(Alinne Moares)
Rafaela
(Fernanda Vasconscellos)
Cipriano
(Thiago Rodrigues)
Participação Especial:
Camilo (Sérgio Marone)
Trilha Sonora:
I Wish It Was Easy – Limp Bizkit
Participação Especial:
Camilo (Sérgio Marone)
Trilha Sonora:
I Wish It Was Easy – Limp Bizkit
produção:
Bruno Olsen
Cristina Ravela
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com
nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
REALIZAÇÃO
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