0:00 min       RAÍZA     SÉRIE
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RAÍZA


Série de
Cristina Ravela

Episódio 4 de 20




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FADE IN
CENA 1 APTº 403 – SALA[INT./MANHÃ – 08:00]
A cena focaliza a porta e ouvimos o toque da campainha. Bruno atravessa a sala, gira a chave e abre. Dcr e Rafaela sorriem.
RAFAELA: Bom dia!
DCR (sorriso de canto a canto): Espero não termos chegado cedo demais.
Raíza aparece da porta da cozinha e abre um sorriso também.
RAÍZA: Chegaram na hora certa; Vamos tomar café?
Dcr entra e, sem cerimônia coloca a bolsa tipo carteiro e cor de palha sobre o sofá.
DCR: Bom, já que insiste vou deixar minha bolsa aqui. Posso?
Rafaela dá um tapa no ombro dele.
RAFAELA: Credo, Dc! Como ‘tu’ é cara de pau!
Raíza e o pai riem. Os quatro seguem para a...
COZINHA...
João está sentado; Josué tira o jarro da cafeteira e o coloca sobre uma toalha de prato estendida sobre a mesa.
Na mesa há um recipiente com pães e outro com torradas, manteiga e no meio, cesto de frutas. A mesa só tem quatro lugares, mas Raíza apanha outras duas e os deixa ali perto.
RAFAELA: Não precisa, Raíza. Eu fico em pé mesmo.
Raíza a faz sentar.
RAÍZA: Nem pensar! Amiga minha em pé? Depois ‘cê’ vai sair daqui dizendo que comeu em pé no apartamento da Raíza.
As visitas riem. Bruno e Josué também.
RAFAELA: Mas Raíza, me conta: Por onde você andou? Os sequestradores desistiram de vocês? (ela olha para João que entreolha com a prima) Foi isso?
Dcr abaixa a cabeça, Bruno e Josué se entreolham também.
RAÍZA: Mais ou menos...Digamos que... (ela serve a amiga com café) Os sequestradores eram de uma seita estranha que cultuava a vaidade e que nós, eu e o João, éramos a beleza que eles procuravam...Uma verdadeira obra de arte.
Josué segura o riso. Dcr também.
RAFAELA (olhar desconfiado): Mas vocês fugiram deles? O que houve?
Raíza coloca o jarro de volta à mesa e a contorna.
RAÍZA: Eles se cansaram da nossa beleza-mor e nos fizeram prometer nunca falar sobre eles.
JOÃO (tom de falso assustado): Raíza! Você já está falando neles!
RAÍZA: Ai meu Deus! É mesmo!
Rafaela fecha a cara e olha desconfiada para Dcr. Este faz um gesto em direção a Raíza.
DCR: Me serve um café!
Todos riem.
RAÍZA: Mas e você, Rafaela? Quer dizer que você tá fazendo faculdade de fisioterapia?
Rafaela pega a faca, corta o pão...
RAFAELA: Comecei tem 1 ano...
...Ela passa a manteiga no pão e o abocanha.
RAÍZA: E você, ‘D’? Lecionando informática, hein. Acho que preciso me atualizar...
DCR (boca cheia): Quando quiser é só falar...
RAFAELA: Ai ‘D’! Olha a boca.
Todos riem, menos João Batista que come o pão quieto. A campainha toca.
Bruno vai atender enquanto todos comem.
Logo em seguida, Bruno aparece da porta da cozinha acompanhado de Marco.
Raíza, com o pedaço de pão na mão e a boca cheia, olha surpresa para ele. Todos fazem o mesmo.
Marco observa, com olhar estranho, a cozinha cheia de gente.
MARCO: Desculpe chegar assim, mas é que vim fazer um favor pro meu irmão (ele olha pro Bruno) Cael.
BRUNO: Ah claro! Ele já havia me falado sobre você. Muito obrigado por ter acolhido minha filha e meu sobrinho.
Marco mira em Raíza e sorri com um sorriso no canto da boca.
MARCO: Foi um prazer...
BRUNO: Mas, por favor (ele toca na cadeira onde ele estava sentado) sente-se! Já tomou café?
Marco faz um gesto e põe a mão por dentro do paletó.
MARCO: Obrigado, mas já tomei café...Eu vim trazer isso...
Ele tira do bolso algumas fotografias e mostra para Bruno. Este pega, olha para os outros e torna a olhar para as fotos.
BRUNO: Isso aqui parece...O auditório da faculdade?
Raíza levanta-se imediatamente e puxa as mãos do pai para ver melhor.
RAÍZA: Deve tá aí o cara que tentou te matar, pai!
Ela e Marco trocam olhares rápidos. Raíza observa a foto. Ela nota a boca do suspeito, seu cavanhaque e sua expressão. Únicas coisas que pôde notar já que ele usava no dia da formatura sobretudo e óculos escuros.
MARCO: O senhor não tem inimigos?...Alguém que, por ventura, não goste do senhor?
DCR (murmura): Caraca! Falou bonito...
Marco desvia o olhar para ele e continua com sua pose imponente.
Bruno olha a foto atentamente.
BRUNO (Em OFF): Será que isso foi coisa do Cipriano?...
MARCO: E então? Reconhece?
Bruno desperta de seus pensamentos e engole a saliva.
BRUNO: Nunca vi na minha vida...
Rafaela toma, rapidamente o gole de café.
RAFAELA: Seu Bruno, será que o exterminador de formando não era alguém do seu tempo de escola? Sempre tem um aluno que nutre um ódio sinistro pela gente...
BRUNO: Como?
DCR: Ela quis dizer alguém motivado pela inveja, seu Bruno...Alguém com raiva contida, sabe?
RAÍZA: Um psicopata, pai, é isso que esses dois estão querendo dizer.
Marco observa aquela opinião formada dita de formas diferentes. Tem uma expressão satisfeita, aparentemente a situação o intriga.
BRUNO (Em OFF): Cipriano só pode tá querendo acabar comigo, só pode!
MARCO: Seja quem for, ele será descoberto. Tenho certeza que o Bruno não pensa em outra coisa... Não é?
RAÍZA: ‘Peraí’ gente! A Rafaela pode ter razão. (ela se dirige ao pai e troca um olhar rapidamente com Marco) O senhor não tem fotos do seu tempo de escola, pai?
Bruno não reage.
MARCO: Me parece uma ótima idéia...(ele sorri maliciosamente para Raíza).
BRUNO: ...Eu nunca tive inimigos...
DCR: Tem gente que não sabe quando tem um...
Marco olha para ele e Dcr fica quieto.
JOÃO (se dirige ao tio Josué): Vai lá, tio. Pega essas fotos logo porque se depender do tio Bruno a gente fica aqui até sabe Deus quando...
Josué se levanta.
BRUNO: Não! Eu pego...Mas vai demorar um pouco (ele olha para Marco) porque eu nem sei direito onde guardei...
MARCO: Não se preocupe. Vou deixar as fotos aqui e quando você se lembrar de alguma coisa que possa esclarecer... (ele põe a mão por dentro do paletó, tira um cartão e exibe para Bruno) É só ligar pra esse número...
Bruno visualiza o cartão. Marco levanta as sobrancelhas num ato de exclamação.
MARCO: Ah, esqueci que ela (Raíza) deve ter esse número...(ele a olha instigante) Não é? Até na mansão dele ela já dormiu...Com licença...
Ele dá as costas. Bruno não se dá conta da malícia naquelas palavras e o leva até a porta.
JOÃO: Aquilo foi uma provocação?
Raíza vira o rosto para ele, visivelmente, chateada.
RAÍZA: É isso que vou descobrir!
Josué segura em seu braço de repente a fazendo voltar-se.
JOSUÉ: Ele não disse nenhuma mentira. Ou disse?
RAÍZA: O problema não foi o que ele disse...Foi a maneira como ele disse.
Ela se desprende, passa pelo pai feito vento, abre a porta e a deixa bater.
Bruno vai até a cozinha e olha para todos sem entender.
BRUNO: O que houve com ela?
CORTA PARA
CENA 2 ED. CIRANDA DE PEDRA – ESCADAS [INT.]
Raíza desce as escadas correndo, passa pela portaria, alcança o quintal e chega ao portão.
O carro de Marco acelera. Raíza se desmonta e respira fundo. Bate as mãos nas pernas e se volta.
Raíza quase se desequilibra e segura firme numa grade.
A cena se afasta, o ambiente é outro. Raíza está na alta estrada, em cima de um viaduto.
A tela se fecha num baque.



1X04 REVELAÇÃO




FADE IN
CENA 3 VIADUTO [EXT./MANHÃ]
A garota, assustada, olha por todos os lados e titubeia na direção que deve tomar. Aperta o pulso e faz uma expressão de medo e dor. Não se dá conta do que está acontecendo.
RAÍZA: Eu acho que vou...Pra esse lado...
A garota vai para a direita, aperta os passos. Corre.
Avista a boate L.A House e pára.
RAÍZA (Em OFF): Como é que eu vim parar aqui? Longe de casa?
Ela aproxima da boate. Tudo fechado. A garota toca na maçaneta, a porta dá um tranco. Está destrancada.
Ela pára.
RAÍZA (Em OFF): O que eu tô fazendo, meu Deus? O que eu tô fazendo?
Enquanto repete ela abre a porta, olha meio de canto para o interior da boate e não vê ninguém. Entra e fecha a porta.
L.A HOUSE [INT.]
Caminhando vagarosamente, Raíza olha por todo o salão. Pára e faz que vai voltar.
Ouve um ruído. Ela olha rapidamente para o alto, mas sua atenção se volta imediatamente para o solo. O som vem debaixo.
Raíza sobe as escadas alternando os passos lentos em rápidos. Encontra uma porta aberta, titubeia, mas entra. Não há ninguém.
RAÍZA (murmura): Como alguém deixa a boate aberta pra qualquer um entrar?
Ouve o som mais próximo; São de vozes masculinas. Procura alguma outra porta, mas não encontra.
RAÍZA: Eu não sei o que tô fazendo aqui...É melhor eu dar o fora...
Seus olhos miram em um detalhe diferente na parede. Ela chega perto, toca e num movimento rápido, a porta abre. É uma porta de correr.
RAÍZA (Em OFF): Acho melhor eu ir embora mesmo...
Mas algo a instiga a entrar. E assim o faz. Há uma escada circular e Raíza desce por ele devagar. A medida em que desce, as vozes são mais nítidas.
RAÍZA (murmura): Eu conheço essa voz...
VOZ MASCULINA (V.O): Você não tinha nada que ter feito isso sem me consultar!
VOZ MASCULINA 2 (V.O): Te consultar? Você me falou que me ajudaria e eu fiquei que nem um tonto fazendo tudo que você mandava. Agora, até fugindo da polícia eu tô!
A voz do segundo homem é agressiva e conhecida.
VOZ MASCULINA (V.O): Eu estou te ajudando, não estou? Eu trouxe dinheiro pra você sumir.
VOZ MASCULINA 2 (V.O): E como é que eu fico, hein? Não consegui me vingar do Bruno e agora tenho que ficar me escondendo?
VOZ MASCULINA (V.O): Dê graças a Deus que você não conseguiu seu propósito...Se o Cael te pega e descobre isso, eu nem sei viu...Do jeito que aquela Raíza consegue atrair pena...
Raíza faz uma expressão de surpresa.
RAÍZA (murmura): É a voz do Marco!
VOZ MASCULINA 2 (V.O): Como é que eu ia adivinhar que a filha do cara era sua conhecida, hein?
MARCO (V.O): Eu não te pago pra ser adivinho mesmo...Se tivesse me falado antes...Imagine a cara que eu fiz quando vi sua foto ao lado de seu pai...E o outro? O que você mandou explodir o Bruno, deu um sumiço nele?
Raíza põe as mãos na boca, espantada.
VOZ MASCULINA 2 (V.O): Você acha que eu fico dando sumiço nos outros é?
MARCO (V.O): Não era o que você quase conseguiu com o Bruno?
A voz do segundo homem se altera.
VOZ MASCULINA 2 (V.O): Mas o Bruno tinha que morrer, pombas! Você fala assim por que não foi seu pai que ele matou! Você não me serviu pra nada!
Raíza coloca a mão no bolso da calça e o encontra vazio.
RAÍZA (murmurando): Droga! Esqueci que não tenho celular...
MARCO (V.O): Escuta aqui! Quando eu te conheci você era um ladrãozinho de quinta. Eu te dei estudo pra você ficar na cola do meu irmão! Se você é alguém hoje é por que deve a mim!
VOZ MASCULINA 2 (V.O): Muito obrigado, mas não preciso mais de você!
Ouve-se um tiro e Raíza se assusta.
Ela dá um passo pra trás, tropica e cai sentada na escada. Levanta e tenta fugir dali, mas a porta é aberta abruptamente.
A garota, de quatro na escada, olha para trás assustada. Vê Paulo a olhá-la surpreso e com uma arma em punho.
PAULO: Mas o que você tá fazendo aqui, menina?!
Ele a agarra pelo braço e a empurra para dentro do ambiente. Raíza quase cai e pára diante do corpo estendido de Marco.
Este está com camisa de manga comprida bege e calça social preta.
O ambiente tem mesa de jogo, roletas e bar. É um cassino clandestino.
A garota se volta e Paulo está lhe apontando uma arma. Há alguém escondido atrás do balcão observando a cena pelo canto esquerdo. Sua mão aparece empunhando um revólver.
PAULO: Você não tinha nada que tá fazendo aqui...
RAÍZA: Calma...Você não precisa fazer isso...
PAULO: Já estou fazendo.
Ouve-se um tiro, Paulo e Raíza olham para o teto que desaba em seguida sobre os dois.
A garota levanta, limpa o corpo da poeira e vê que Paulo está sob os tijolos, sem reação.
Sem saber o que fazer, ela corre para uma porta dos fundos e sai.
CORTA PARA
FADE IN
CENA 4 MANSÃO - SALA [INT.]
A campainha toca. Cael está sentado no sofá com um laptop à mão.
Raíza anda até a sala esbaforida. Pára e Cael a olha. Desliga o laptop.
CAEL: Raíza! Bom dia! (ele levanta e caminha na sua direção) Aconteceu alguma coisa? O Marco lhe entregou o que pedi? Eu não pude ir...
RAÍZA: Cael...(ela engole a saliva, inquieta o olhar) Eu...O Marco...Ele...
Cael toca em suas mãos e atenta para elas.
CAEL: Você está tremendo! Vem, senta aqui. (ele a conduz ao sofá).
Os dois sentam e em seguida ela levanta.
RAÍZA: Cael eu tenho que te contar uma coisa...
O celular toca. Cael estende a mão para apanhar o celular na mesa central sob o olhar apreensivo da garota. Ele olha para o visor e não reconhece o número.
CAEL: É melhor eu atender.
Ele levanta, aperta o botão e dá as costas.
CAEL (ao telefone): Alô?...Sim, sou eu...Como? (tom surpreso)...Mas como foi isso?
Raíza torce as mãos de olhar atento ao que ouvia.
CAEL (cont.): Quem tá falando?...Alô? Alô?
A pessoa desliga na cara dele e ele olha assustado para Raíza que não pergunta nada.
CAEL: Meu irmão...Está morto!
A garota esboça a mesma expressão dele; De impotência.
FADE OUT
FADE IN
CENA 5 L.A HOUSE – FUNDOS [EXT.]
Cael e Raíza vêem o corpo de Marco na maca, sendo retirado da boate. Há dois carros de polícia, um nos fundos e outro à frente da boate e uma ambulância.
O corpo de Marco é colocado na ambulância e nesse instante, Cael deixa escorrer uma lágrima. Raíza junta os lábios numa expressão de penalidade e toca seu braço.
RAÍZA (balbucia): Sinto muito...
Cael a olha, triste e tenta conter as lágrimas, mas acaba vencido. A abraça forte.
CAEL (voz embargada): O que adiantou Deus colocar você no caminho dele para salvá-lo se ele tinha que morrer.
Raíza dá uma pausa.
RAÍZA: Talvez não fosse a hora dele...
Os dois continuam a abraçar fortemente enquanto a garota olha para o muro, quieta.
CORTA PARA
CENA 6 CEMITÉRIO [EXT./TARDE]
Diante de algumas pessoas, o caixão onde está Marco é içado na direção da cova.
Raíza se aproxima de Cael e Valentina, de óculos escuros, faz o mesmo. Ela o abraça e Cael, com o rosto sobre seu ombro, olha, com os olhos vermelhos, para Raíza. Esta se afasta, abaixa a cabeça e olha o caixão descer.
Algumas daquelas pessoas começam a jogar terra e outras, flores. Raíza pega um pouco da terra, olha sua mão e o leva acima da cova. Em seguida, solta em cima do caixão lentamente.
Um policial se aproxima de Cael com um documento em mãos.
POLICIAL: Micael Bedlin?...Meus pêsames...
CAEL (se volta e balbucia): Obrigado...
POLICIAL: Me desculpe ter que vir aqui, mas viemos trazer uma intimação a... (o policial verifica o nome no documento) Raíza Maciel.
Raíza desvia a atenção e deixa escapar por entre os dedos aquela terra.
VALENTINA (irritada): Vocês não tinham outro momento pra fazer isso não?
Raíza se aproxima e observa a cara de desagrado de Valentina.
RAÍZA: O senhor quer falar comigo?
POLICIAL: Você está sendo intimada a depor...
RAÍZA (balbucia em tom de surpresa): Quê?
CAEL (surpreso): Como? Mas por quê?
POLICIAL: Testemunhas afirmam tê-la visto sair da boate pelos fundos minutos após seu Marco aparecer...Morto.
Cael se dirige a Raíza com uma expressão de dúvida.
CAEL: Isso é verdade?
POLICIAL: Câmeras internas mostram que ela invadiu seu escritório, abriu uma porta que dá no cassino...Clandestino.
Cael não encara o policial.
POLICIAL (cont.): ...O senhor também terá contas a acertar sobre isso.
Cael não dá atenção ao que ele diz por último. Se desprende da namorada e segura Raíza pelos ombros.
CAEL: O que fazia lá?...Diz que tem uma boa explicação, Raíza. Diz!
Raíza se mantém calada, assustada com a pressão. Cael a olha, desconfiado por seu silêncio.
CAEL (alterado, engole a vontade de chorar): Você não vai se defender, não é?...(ele sacode seus ombros) Não vai dizer nada?
VALENTINA (tirando os óculos): E ela vai dizer o quê?...Eu sabia que acolher gente estranha daria nisso; Um dia salva e no outro mata.
Raíza solta os braços de Cael de si, agressivamente.
RAÍZA: Mas que droga! Eu não fiz nada!
E corre pelo cemitério.
VALENTINA: CORRE ATRÁS DELA, GENTE! ELA TÁ FUGINDO!
O policial liga o rádio transmissor e corre também.
Cael não diz uma palavra. Mudo, observa a cena com a expressão tensa.
Raíza, desesperada, se aproxima do portão de saída, olha para trás e sai de costas.
VOZ MASCULINA: Ô Raíza!
A garota se volta assustada, o ambiente torna a mudar.
Ela está novamente no portão do edifício Ciranda de pedra, ainda pela manhã.
Olha para Dcr e se volta para olhar a rua. Nada de cemitério.
DCR: Ele se foi ‘né’?
A garota se surpreende com o que acaba de ouvir.
CORTA PARA
CENA 7 APTº 403 - COZINHA [INT./MANHÃ]
Sentada na cadeira, Raíza está quieta, absorta. Aperta o pulso, contorce os dedos. Medo.
Na cozinha estão Bruno, Josué, Rafaela e Dcr.
RAFAELA: Fica assim não, amiga. O Marco não falou por mal...
RAÍZA (tom baixo e seco): Isso agora já não tem o menor sentido...
Dcr, em pé e atrás de Raíza, coça a nuca e levanta as sobrancelhas para Rafaela.
DCR: Bom...Foi muito bom o papo, mas agora eu tenho que ir...Você também ‘né’ Rafaela?
RAFAELA: Ah!...É...(ela se levanta) Tenho que comprar um livro pra aula...
JOSUÉ: Então vão com Deus!
DCR: Tchau Raíza!... Tchau gente!
Enquanto Bruno leva as visitas até a porta, Josué nota a expressão de angústia no rosto da sobrinha.
Bruno entra, senta e Raíza encara os dois.
RAÍZA (receosa): Gente...Estão atrás de mim...
BRUNO: Hã? Não entendi.
RAÍZA: Eles pensam que eu fiz alguma coisa, mas eu não fiz! (ela cobre o rosto com as mãos) Mas não sei como vou provar isso, não sei!
JOSUÉ: Do que você tá falando, criatura?
RAÍZA (alterada): Da morte do Marco!
BRUNO: Quê?...Mas...
JOSUÉ: Você só pode tá brincando. Quando foi isso? O corpo tá lá embaixo? Ele bateu com o carro?
RAÍZA: Por que vocês se comportam como se não soubessem?...Ah, claro! Vocês nem foram ao cemitério...Aliás, por que não foram?
BRUNO (incrédulo): Filha, espere um pouco; Você disse que tinha gente atrás de você. Agora diz que o Marco tá morto. O que realmente aconteceu?
RAÍZA: Estão me acusando pelo crime, pai! Fui intimada a depor!
Bruno e Josué se entreolham abismados.
RAÍZA: O que foi? Não estão acreditando?
BRUNO: Não, não é isso é que...Isso tudo não poderia ter acontecido em tão pouco tempo.
RAÍZA: Ué, mas não foi em pouco tempo.
JOSUÉ: Não tem nem 15 minutos que você desceu.
A garota olha para o relógio da cozinha. Ele marca 08:10 hs.
Raíza se levanta irada.
João sai do banheiro e pára ao ouvir a conversa vindo da cozinha. Espreita-se.
RAÍZA: Já vão começar a dizer que sonhei?... Gente eu vi!... Vivi aquilo!
Bruno e o tio continuam a olhá-la penalizados com sua certeza.
RAÍZA: Não acreditam ‘né’?
Ela vê alguma coisa no bolso da camisa do pai e arranca.
[POV de Raíza]
São fotos do tempo de escola.
BRUNO: Que isso, filha?!
RAÍZA (olhar fixo na foto): Eu lembro que o senhor contou a história desse seu amigo...Eu lembro muito bem disso...(ela vira para o pai) Tinha um suspeito e não me contou na hora, pai. Eu podia estar morta agora!
Ele se levanta e tenta pegar na foto. Ela recua.
BRUNO: Filha...Não é nada disso...Presta atenção...
Raíza desvia a foto e vai se afastando.
BRUNO: O que vai fazer?
RAÍZA: Eu tenho que provar a minha inocência. Não posso deixar que o Marco vire santo depois de morto.
Ela sai, o pai tenta puxá-la, mas é inútil. A filha atravessa a sala e não vê seu primo à espreita.
Abre a porta e fecha rapidamente.
Bruno vê o sobrinho, assustado.
BRUNO: Ah, você taí, João? (ele aponta para a porta) Faça alguma coisa, corra atrás de sua prima!
João Batista sai muito curioso...
Bruno olha para o irmão, de repente.
BRUNO: Eu devia tê-la lembrado daquela vez em que ela me salvou... Acho que ela andou sonhando de novo...Ou teve uma visão...Eu não sei.
CORTA PARA
CENA 8 MANSÃO – ESCRITÓRIO[INT.]
Cael está sentado atrás da mesa. A porta está aberta. Nesse instante, Raíza adentra a sala sob o olhar assustado da empregada. Se aproxima esticando o olho para dentro do escritório.
CAEL: Raíza?...Entra.
A garota engole a saliva e entra, apreensiva.
RAÍZA: Cael...Eu...Sei que...
Cael se levanta assustado com a expressão da moça.
VOZ MASCULINA: Seu pai se lembrou de alguma coisa, Raíza?...
Raíza enrijece os músculos. Susto. Olha aceso para Cael, pálida, sem voz. Vira o rosto devagar para esquerda e vê Marco sentado na poltrona verde.
Ele está com camisa de manga comprida bege e calça social preta.
MARCO(cont.): Pensei que fosse demorar mais...
Raíza cambaleia e cai sentada na cadeira de frente para Cael.
RAÍZA (Em OFF): Não é possível...Isso não tá acontecendo...Ele estava morto, eu vi!
Cael contorna a mesa, toca em seu ombro, Marco levanta.
CAEL: Você está bem, Raíza?...Tá sentindo alguma coisa?
Raíza torna a olhar para Marco.
RAÍZA (Em OFF): A mesma roupa...
CAEL (para Marco): Pega um copo d’água!
RAÍZA: ...Acho que foi minha pressão...
Marco sai. Cael encosta à mesa e olha a garota com um semblante inquieto. Raíza não consegue encará-lo.
CAEL: Ei...(Raíza vai levantando os olhos devagar) Tem certeza que foi só pressão?
Marco entra com uma bandeja e um copo d’água. Oferece a Raíza que o olha no fundo dos olhos, pega o copo e vai desviando o olhar.
MARCO: Certamente não deve ter se alimentado direito...
Raíza, com o copo já na boca, toma um gole e pára. Vira o rosto para ele e devolve o copo à bandeja.
RAÍZA (tom seco): Obrigada...
CAEL: Se sente melhor?...
RAÍZA: Sim...(pausa)...Eu queria falar contigo...(ela olha para Marco) em particular.
MARCO: Se é sobre o suspeito de ter atacado seu pai...
RAÍZA: ...Espero que não se incomode...
Cael e o irmão se entreolham e Cael faz um gesto em direção a porta. Marco fecha a cara.
MARCO: Com licença...
Ele sai e fecha a porta.
CAEL: É impressão minha ou vocês dois...
RAÍZA: É impressão!
CAEL: Mas eu nem disse qual a minha impressão...Ele te fez alguma coisa?...
Raíza põe a mão no bolso da calça e retira uma foto. Estende a mão.
RAÍZA: Reconhece o da foto?
Cael pega na foto, olha rápido.
CAEL: Não, eu...
RAÍZA: Olha direito.
Ele torna a olhar minuciosamente.
CAEL: Eu não sei, Raíza...Eu realmente...
RAÍZA: É Paulo!
Cael a olha de repente.
EM OUTRO PLANO:
Marco se espanta. Ele está atrás da porta.
VOLTA À CENA:
CAEL: Paulo...Paulo...Não conheço...A não ser, é claro, O Paulo de Queiroz que é...’Peraí’, você falou de um jeito como se eu conhecesse...
RAÍZA (aponta para a foto nas mãos dele): Esse menino é filho desse cara aí que supostamente se suicidou. Como ele e meu pai eram amigos, e me parece que o Paulo nunca se conformou em achar que o pai era um suicida...
CAEL: Como?...Você tá querendo dizer que o Paulo...Mas como é que você tem certeza de que esse da foto é ele? Você mal o conhece!
A garota titubeia.
RAÍZA: ...Ué...O...O meu pai ele...Ele se lembrou, foi isso.
CAEL (olhando a foto): Não dá pra acreditar...
RAÍZA (abaixa a cabeça, põe a mão na testa): Desculpe...Eu nem sei por que eu vim, viu...O pai é meu e o Paulo não é problema seu ‘né’.
Ela se levanta, ele segura sua mão.
CAEL: Não, espere! Você me pegou de surpresa. Quer dizer que seu pai garante que esse garoto é Paulo de Queiroz? E o nome do pai dele?
A garota tenta sair pela tangente.
RAÍZA: Num tô lembrada...Eu...Eu saí e nem perguntei isso...
CAEL: Calma. Você está nervosa. (ele a faz sentar novamente) Fica aqui que eu já volto. Vou resolver uma coisa, me espere.
Cael sai e Raíza o vê fechar a porta.
= = Passagem de Tempo = =
CENA 9 MANSÃO – CORREDOR/2º ANDAR [INT.]
Marco está próximo ao seu quarto com o celular na orelha. Ora olha para trás; Ora para frente.
MARCO (murmura): Não interessa!...Vamos nos encontrar lá mesmo...(pausa)...Você faz a burrada e quer decidir onde (ele enfatiza) a gente deve se encontrar?... Não! Eu não te pago pra fazer servicinho extra...Vamos resolver isso hoje! (Ele desliga o celular)
CAEL (O.S): O que você tem que resolver hoje, Marco?
Marco se assusta com a presença do irmão.
MARCO (sem graça): Ouvindo a conversa dos outros, Cael?
CAEL: Apenas te achei um pouco nervoso...Tem algo a ver com a boate?
Marco recebe uma luz.
MARCO: Ah, sim...Eu não queria ter que te aborrecer com isso, mas...Parece que há uma infiltração no cassino...Acho melhor resolvermos isso logo antes que o cheiro de mofo afaste os clientes...
CAEL (suspira): Ah tá...Olha eu vou sair...Faz companhia pra Raíza. Não a deixe sair, tá?
Marco balança a cabeça afirmativamente, mas assim que o irmão sai Marco faz cara de insatisfeito. Olha o relógio e em seguida, caminha pelo corredor e abre a porta que dá no escritório.
CORTA PARA
CENA 10 ESCRITÓRIO [INT.]
Raíza continua sentada com o olhar perdido. Marco desce as escadas e a assusta com sua voz em tom instigante.
MARCO: Pra onde será que o Cael foi tão apressado, hein? (ele senta na poltrona).
Raíza olha para trás e torna a ficar de costas.
RAÍZA: Não sei...
MARCO: Por que não quis me contar o que seu pai descobriu? Tem alguma coisa contra a minha pessoa?
RAÍZA (olha surpresa pra ele): Ouviu atrás da porta?
MARCO: Só faço isso quando estou na minha casa...
Raíza se levanta irritada.
RAÍZA: Vou embora...
Marco se levanta também.
MARCO: Achei que Cael não quisesse que você saísse daqui...
RAÍZA: Não. Ele disse pra eu esperar...
MARCO (tom de falsa insensatez): Ah me desculpe...Eu e minha mania de interpretar tudo errado...Tive quase certeza que ele não queria que você saísse daqui...
RAÍZA : Não...Ele só pediu pra eu esperar aqui...
MARCO (volta a sentar): Ah...Ele não disse pra onde foi, não é?
Raíza franze as sobrancelhas, sem responder.
MARCO: ...Será que ele não foi confirmar a história que você contou?
A garota ora olha para ele, ora desvia o olhar para qualquer coisa. Close em seu rosto e ao fundo, Marco sorri discretamente.
MARCO (cont.): Cael e sua mania de querer ter certeza de tudo...
Raíza não diz nada. Sai varada dali. Marco esboça satisfação e em seguida, ele levanta, vai até a janela e vê quando a garota passa quase derrubando João Batista. Sorri com um sorriso de canto, malicioso.
CORTA PARA
CENA 11 APTº 403 – SALA [INT.]
Vozes masculinas vêm da COZINHA...
Bruno, sentado à mesa, olha a foto e para a visita, em seguida.
BRUNO: Ela te falou isso?...Só isso?
O rosto da visita é mostrado.
CAEL: É só isso, mas é grave. É praticamente uma acusação que ela fez. Acha que o Paulo poderia ter tentado contra a sua vida?
Bruno se levanta, pensativo com a foto nas mãos.
BRUNO (Em OFF): De onde ela tirou isso? Como ela sabia o nome desse garoto?...
CAEL: E então?...Acha que foi ele?
BRUNO: Bom...Ele começou a me tratar mal como se me culpasse de alguma coisa...Mas depois nunca mais o vi...Então ele é seu amigo ‘né’?
CAEL (dá uma pausa e não responde à pergunta): Talvez ela queira tanto saber quem faria mal a você que acabou sonhando ‘né’?
RAÍZA (O.S / alterada): Se queria confirmar a história não precisava me deixar plantada na sua casa.
Cael e Bruno olham Raíza, assustados.
CAEL: Raíza?...Não é bem assim...
RAÍZA: ... Tudo bem, Cael. Você não tem que acreditar em mim. Desculpe eu devo ter confundido as coisas...Quer saber? Eu devo ter sonhado mesmo, viu. É isso...Eu sonhei...
Ela dá as costas e apressa os passos até a porta.
CAEL: Raíza! espere!
CORTA PARA
FADE IN
CENA 12 ED. CIRANDA DE PEDRA – ESCADAS [INT.]
Cael a alcança e a puxa pelo braço. A moça tenta se desvencilhar, mas ele não a solta.
CAEL: Espere, Raíza! Você não entende! O Paulo...
RAÍZA: (Ela tenta, ainda, se desvencilhar dele) Eu já entendi! Não tem nem um mês que a gente se conhece, é normal que prefira não acreditar em mim...
Ele consegue contê-la.
CAEL: Não é nada disso! (ele pára de segurá-la e faz uma pausa) Mas acontece que já ouvi falarem mal dele antes e eu o conheço desde a faculdade...Nunca que ele mencionou ter raiva de alguém...
RAÍZA: Essas coisas não se mencionam...Nem pro melhor amigo...
CAEL: Ele deixou de ser meu amigo quando descobri que era ele quem me roubava na boate!
A garota se surpreende.
RAÍZA (Em OFF): Então era por isso que eu ouvi o Paulo dizer que fugia da polícia...
CAEL (cont.): ...Mas daí a querer matar?...Nunca vi um ato violento da parte dele.
RAÍZA (Em OFF): Será que ele ainda vai se encontrar com o Marco?
CAEL: Você está me ouvindo?
A garota desperta de seus pensamentos.
RAÍZA: Ah, claro!...Eu estava pensando que...Se o Paulo mandou alguém acabar com meu pai, então existe um cúmplice...
CAEL: ...Ou um matador de aluguel...
RAÍZA (tom perspicaz): Mas matadores de aluguel só matam. Acha que Paulo ‘quebraria’ sua empresa sozinho?
CAEL: Quebraria? Não entendi.
RAÍZA: Quero dizer, acha que o Paulo te roubaria sem ajuda?
CAEL: Será que foi o Camilo? Será que mandei soltar o cúmplice do Paulo?
Raíza fixa os olhos nele.
RAÍZA (Em OFF): Pensa no seu irmão, Cael...Pensa!
CAEL: Isso agora não adianta mais...À essas alturas ele já deve ter saído do estado...
RAÍZA: Então, mas para isso ele teria que ter um cúmplice, você não acha?
CAEL: Você realmente acha isso ou...É uma insinuação?
RAÍZA (A moça põe as mãos nas cadeiras): Eu acabei de sonhar, acredita?
Cael ri.
CAEL: Desculpe...Mas é que você afirma de uma tal maneira...
RAÍZA: Filmes e livros de suspense...É isso.
CAEL: E o que esses filmes e livros mostram além de crimes e cúmplices?
RAÍZA: Já ouviu dizer que o criminoso sempre volta ao local do crime?
CAEL: Boate?
FADE OUT
FADE IN
CENA 13 TOYOTA - RUA PRÓXIMA A BOATE [EXT./FIM DA MANHÃ]
Cael, com o celular na mão, guarda-o no bolso da camisa branca.
TOYOTA [INT.]
CAEL: O celular do Marco só dá fora de área.
Raíza olha para ele e para a boate, em seguida.
RAÍZA (Em OFF): Será que ele já tá lá dentro?...Será que ele já tá...
RAÍZA: Não é melhor você ir logo, Cael?...O Paulo já pode estar lá dentro...Aliás, (ela faz uma cara de esperta) por que não chama a polícia?
Cael vira o rosto pra ela com um ar intrigante.
CAEL: Melhor não envolver a polícia por agora...A gente nem sabe se ele está lá dentro...
RAÍZA: Nem se o que contei é verdade, ‘né’?
Ele estremece um sorriso por entre os lábios, tenta dizer algo, mas se cala.
RAÍZA: Acho melhor você ir logo, ‘né’?
Cael vira o rosto para a boate.
CAEL: Tem razão...
Ele abre a porta do carro, fecha e o contorna.
Raíza coloca a cabeça para fora e ele apóia as mãos sobre a janela.
RAÍZA: Entra pelos fundos...
CAEL: Melhor não; Se acontecer alguma coisa e descobrirem que entrei pelos fundos vão achar que tenho algo a esconder...
A garota ergue as sobrancelhas.
RAÍZA: Ah...É verdade, mas...A boate é sua; Você entra por onde quiser...
Cael balança a cabeça pro lado.
CAEL: A boate é minha e eu tenho que dar satisfação pro governo...
Raíza volta-se pra dentro do carro.
RAÍZA (murmura): Menos do cassino...
CAEL: Hã?
A garota aponta para a boate.
RAÍZA: É melhor você ir logo, não acha?
Ele esboça um sorriso e dá as costas.
A garota vê Cael se distanciar. Desvia o olhar e de repente, ela olha de súbito para ele.
RAÍZA: E se em vez de Marco pegarem o Cael?...E se eu me vi no lugar de Cael?...Não...Isso é loucura...
A garota abre a porta do carro, sai e fecha olhando para ele lá adiante.
Logo ela vê um carro preto entrar na rua dos fundos da boate.
Ela dá uma corrida no instante em que Cael entra na boate. Atravessa a rua sem olhar direito para os lados e as buzinas soam.
Raíza chega perto da coluna da casa e espreita. Marco sai do carro, bate com a porta e se dirige à escada.
RAÍZA (Em OFF): Eu preciso fazer alguma coisa...Mas o que meu Deus? O quê? Um dos dois...Ou os dois estão prestes a morrer e eu não faço nada? Ah, se eu pudesse entrar lá sem ser vista...(ela fecha a mão com força) Se eu pudesse...
Raíza vira os olhos para os lados, inquieta-se.
Marco está de costas e prestes a descer as escadas.
Raíza suspira, entra no beco correndo, levanta a mão direita e faz que vai gritar.
Raíza se esbarra violentamente em alguma coisa, rodopia e no instante em que vai de encontro à parede, ela o ultrapassa.
Marco olha para trás e não vê nada. Torna a descer. Em seguida, a cena mostra Cipriano sorrindo no mesmo lugar onde a garota se esbarrou.
CORTA PARA
CENA 14 L.A HOUSE – CASSINO [INT.]
Raíza cai no chão e no baque ouvem-se vozes.
VOZ MASCULINA: O que foi isso?
VOZ MASCULINA 2 : Não sei...Deve ter vindo lá de fora...
Raíza levanta a cabeça e ergue os olhos enquanto ouve as vozes. Dá de cara com uma arma na mão de um sujeito. Olha para o outro lado e vê Paulo empunhando uma arma e olhando em sua direção.
A garota se levanta, recua o passo sem tirar os olhos dele.
RAÍZA (Em OFF): Meu Deus...Ele vai atirar...Ele vai atirar...
Ouve-se passos na escada. Raíza franze as sobrancelhas, confusa.
RAÍZA (Em OFF): Mas o que tá havendo?...Eles não estão me vendo aqui?
PAULO: Assim que ele apontar naquela porta, Camilo e eu o olhar com um sorrisinho de canto, como ele faz, você atira.
CAMILO: Com muito prazer...
O som dos passos chega ao fim.
EM OUTRO PLANO:
Cael desce as escadas do seu escritório ao cassino.
VOLTA À CENA:
Raíza avança um passo, esbarra na mesa de pôquer e Camilo faz menção pra atirar.
SÉRIE DE PLANOS:
  1. A moça dá-lhe um chute na mão.
  2. Marco abre a porta de um lado.
  3. A arma de Camilo dispara pro teto.
  4. Paulo olha estagnado para a cena e em seguida para cima.
  5. Marco entra e o teto desaba sobre Paulo.
Raíza cobre a boca com as mãos, em desespero.
Marco escapa pelos fundos e Camilo se esconde atrás do balcão.
Cael entra e pára estagnado com o que vê. Apressa o passo, agacha-se e vira o rosto do sujeito. Paulo está inerte.
Enquanto isso, Raíza corre em passos como quem está a pisar em ovos e cores disformes de sua roupa começam a aparecer...
FADE TO BLACK
FADE IN
CENA 15 APTº 403 – QUARTO [INT./TARDE]
Raíza está sentada na cama. Há uma blusa preta e uma calça estendida sobre ela. Bruno chega da porta e dá uma batida.
A filha olha, levanta e fica diante do espelho. Ele olha para a roupa na cama dela.
BRUNO: Vai ao enterro?
Ela só balança a cabeça afirmativamente.
BRUNO: Você sabe que não precisa ir ‘né’?
Raíza pára de mexer no cabelo e olha seu pai pelo reflexo do espelho.
BRUNO (cont.): Você não fez nada, portanto não precisa prestar solidariedade à família dele. Nem o Cael bancou o velório por ele.
RAÍZA (se volta): Eu vi tudo que ia acontecer, pai...Ter evitado que o Marco e o Cael morressem não evitou que o futuro de alguém acabasse ali, naquele cassino...Clandestino...
Bruno se aproxima e toca seus ombros.
BRUNO: Você sabe o que penso disso, não sabe?
RAÍZA (bufa): Acha que sonhei?
BRUNO: Não, mas pode ter sido uma visão. Mas daí a vivenciar uma coisa que nem aconteceu...
RAÍZA (ela se vira): Pai...Isso é sério. E não tô gostando dessas coisas. Até invisível aos outros eu fico!
Bruno inquieta o olhar.
RAÍZA (cont.): Desde que voltei, digamos assim, à realidade que não tenho tido paz. Tenho medo de ser assim pra sempre...
Os dois se olham; Ele numa expressão preocupada; Ela, confusa.
FADE OUT
FADE IN
CENA 16 CEMITÉRIO [EXT./TARDE]
Tocando: She’s A Mistery – Bon Jovi ->


Há dois homens, uma mulher, Cael, Marco e Valentina.
Cael cochicha perto de Valentina e caminha na direção de Marco. Disfarça, fica de costas para a cova e ao lado do irmão. Este está de frente para a cova.
CAEL: Tudo resolvido por lá?
MARCO: Se está querendo saber se os policiais aceitaram o suborno para não pedirem a documentação do cassino...
CAEL (murmura alterado): Você subornou antes deles pedirem a documentação?!
MARCO: Não desmereça o trabalho da polícia, Cael...Acha mesmo que foi preciso?
Os dois se fitam. Cael avista alguém e se afasta. Marco olha para trás e vê Raíza.
Ela e Cael fazem que vão se abraçar, mas desistem.
CAEL: Pensei que não viesse...
Raíza olha adiante, dá de cara com Marco a olhá-la. Valentina, de óculos escuros, faz o mesmo do outro lado.
RAÍZA: Tão pouca gente...
CAEL: Ele sempre foi de poucos amigos...A família nem quis velório e...Deixei o Marco cuidar de tudo.
Silêncio.
CAEL: No fim de tudo você tinha razão; O criminoso voltou ao local do crime.
A garota sorri timidamente.
CAEL: Mas você não veio por ele, não é?
RAÍZA: Mais ou menos...Afinal, junto com Paulo será enterrada a verdade sobre o atentado contra meu pai...
Cael olha para baixo e, segura suas mãos. Alisa com o polegar.
CAEL: Ele estava armado...Isso indica que propensão pra matar ele tinha.
RAÍZA: Por isso você acredita em mim?
CAEL: Não. Acredito por não acreditar que você inventaria uma história dessas. Não tem razão de ser.
RAÍZA: Deixa pra lá você não tem por que acreditar em mim. (ela solta as mãos dele e faz gestos rápidos) Aconteceu tudo que tinha que acontecer...Essa é que a verdade (ela põe as mãos nos bolsos da calça).
CAEL: O que eu acho estranho é por que o cúmplice atiraria pro alto...A perícia tem suspeita de que uma terceira pessoa estaria no local...
Raíza engole a saliva.
RAÍZA: É mesmo?...Bom...Vai ver eram dois cúmplices e...Brigaram na hora...Sei lá.
CAEL: Estou começando a achar que você é mais perspicaz do que quer aparentar.
RAÍZA (levanta os ombros): Livros de suspense...É isso.
Os dois sorriem e meio sem jeito, se abraçam.
Raíza repousa o queixo sobre o ombro de Cael. Observa Marco a mirando, meio de lado, semblante sério e sisudo.
FADE OUT


FIM DO EPISÓDIO
 

Autora:

Cristina Ravela

Elenco:

R
aíza (Maria Flor)
João Batista (Caio Blat)
Bruno (Juan Alba)
Josué (Caco Ciocler)
Cael (Michael Rosenbaum)
Marco (Pierre Kiwitt)
Valentina (Alinne Moares)
Rafaela (Fernanda Vasconscellos)
Dcr (Aaron Ashmore)
Cipriano (Thiago Rodrigues)

Participação Especial:

Camilo (Sérgio Marone)
Paulo (Sidney Sampaio)

Trilha Sonora:

She’s A Mistery – Bon Jovi

Produção:

Bruno Olsen
Cristina Ravela

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO


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