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RAÍZA SÉRIE
30:00 min
WEBTVPLAY APRESENTA
RAÍZA
Série de
Cristina Ravela
Episódio 3 de 20
© 2008, WEBTV.
Todos os direitos reservados.
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FADE IN
CENA 1
FACULDADE SOUSA FERREIRA - AUDITÓRIO
[INT./MANHÃ]
A cena abre
à frente de uma faculdade. No auditório, os formandos daquele ano,
trajados de smoking, formam uma fila ao lado de uma mesa. Há muita
gente de frente pro palco e um zunzunzun cercando todo o ambiente.
Raíza
aparece da porta usando o mesmo vestido simples e preto do outro dia;
João Batista a acompanha. Eles giram os olhos ao redor do auditório
e provocam olhares curiosos.
Raíza e o
primo sentam na última cadeira.
JOÃO:
‘Cê’ tá vendo o nosso tio?
RAÍZA:
Nem sinal...Ai tô muito nervosa; Tenho medo deles terem um troço
quando nos ver.
O evento
começa. Ao microfone é chamado um aluno em especial:
VOZ DO
LOCUTOR: Bruno Maciel.
Raíza abre
um sorriso de canto a canto e torce os dedos.
RAÍZA:
Ai, como será a reação dele?
Ela desvia
o olhar e atenta para um sujeito do outro lado da cadeira. Ele mantém
alguma coisa nas mãos. Raíza põe a mão no peito.
O sujeito
não tira os olhos do microfone e nem do Bruno. Quando este se
aproxima do microfone, o dedo do sujeito desliza num botão.
RAÍZA:
João, aquele cara vai matar meu pai...
JOÃO:
‘Cê’ tá doida! Quem ia querer acabar com teu pai?
Ela se
levanta e, indecisa, pára. Dá alguns passos à frente e seu pai a
olha, muito surpreso e sem reação. João Batista levanta.
JOÃO:
Tio! Olha a gente aqui!
Bruno,
extasiado, vai afrouxando o microfone, olha para Josué que por sua
vez, olha para trás.
BRUNO
(eufórico): Josué, eles voltaram!
Eles voltaram! Gente, eles voltaram!
BOOMM! O
microfone explode, as pessoas se levantam e gritam desesperadas.
Bruno cai.
RAÍZA:
PAI!
Raíza
grita por ele e corre para acudi-lo enquanto alguns se agacham e
outros saem correndo.
(efeito
câmera lenta)A cena mostra Raíza tentando se desviar das pessoas
até chegar ao palco (fim do efeito). O rosto do pai está virado,
coberto por estilhaços do microfone. Ela se desespera com sua
expressão fria.
RAÍZA:
Pai! Pai! Paaaai!
Dois homens
tentam controlá-la. Um deles se aproxima de Bruno. É direto.
HOMEM 1:
Sinto muito...
RAÍZA:
Sente o que? Sente nada! (ela tenta empurrá-los) Deixa eu
vê-lo...(ela aproxima a mão na direção do rosto do pai)
HOMEM 1
(segura sua mão): Ele tá morto.
Raíza se
espanta. Seus olhos lacrimejam e ela, desesperada, se levanta e olha
por todo o salão.
RAÍZA:
João Batista!... João Batista!... João Batistaaaaa!
Ela corre,
saindo do auditório e, logo em seguida, entra em um lugar conhecido
numa brusca mudança de ambiente.
MANSÃO -
ESCRITÓRIO [INT./MANHÃ]
Cael,
sentado em sua cadeira se assusta ao vê-la adentrar seu escritório
com os olhos vermelhos e gritando por seu primo.
CAEL:
Mas o que houve? O que tá acontecendo?
Ela está
de olhar aceso e não faz sequer um comentário sobre a mudança
repentina de ambiente.
Avança em
Cael, puxando-o.
RAÍZA:
Pelo amor de Deus! Vem comigo! Vem comigo! Pelo amor de Deus!
Ele a
segura e a olha no fundo de seus olhos. Ela não pede; Implora.
RAÍZA:
Faça alguma coisa...Por favor!
FADE OUT
1X03 MORTE PRESUMIDA
CENA 2
MANSÃO – ESCRITÓRIO [INT./MANHÃ]
Raíza,
sentada na poltrona verde, toma o copo d’água aturdida e tremendo.
Está trajando uma blusa rosa de manga fofa, calça jeans azul e
sapatilha preta. Cael está encostado à mesa de frente pra ela.
CAEL: Eu
ainda não entendi; Você esteve com seu pai, mas agora ele tá
morto?
A moça,
transtornada, tem um olhar fixo ao léu.
RAÍZA:
Ele caiu na minha frente...Não deu tempo nem da gente se abraçar,
sabe...(ela se levanta, de repente) mas o que ainda fazemos aqui? Vem
comigo!
CAEL:
Mas...Pra onde? E seu tio? Você não viu seu tio?
Ela fica
confusa, não sabe bem o que responder. Cael a segura nos ombros
firmemente.
CAEL:
Você deve ter sonhado, Raíza. (ele olha para trás, apanha um
jornal e aponta para uma notícia) Olha! Eu achei teu pai! Eu fiz uma
busca com o nome dele e o encontrei nessa faculdade. Hoje à tarde é
a formatura dele.
Raíza lê
o nome ‘Faculdade Sousa Ferreira’ e fica muda por um instante.
RAÍZA:
E por que não me falou nada?
CAEL:
Eu ia até falar, mas te achei tão concentrada no jardim...
Ela
disfarça e finge concordar com ele.
RAÍZA:
É...Eu devo ter sonhado...
Ela abaixa
a cabeça e sai, atravessa o corredor e não vê Marco à espreita.
Este entra no escritório com um sorrisinho no canto da boca.
MARCO:
Eu não entendo por que até agora você não pôs o nome do pai
dessa garota no jornal. Assim bem grande ‘PROCURA-SE’.
Cael
contorna a mesa e senta.
CAEL:
Eu sugeri, mas ela não quis. Ela não gosta de chamar atenção.
Marco
esboça desconfiança.
CORTA PARA
CENA 3
MANSÃO – QUARTO DOS HÓSPEDES
[INT.]
A cena
mostra João Batista de costas, sentado na cama.
O quarto é
arejado. Têm a cama, um guarda-roupa, uma mobília com quatro
gavetas ao lado da cama. Chão com ladrilhos largos e azuis e um
banheiro.
João
folheia uma caderneta, alguém bate a porta o assustando. Ele guarda
imediatamente debaixo do colchão e vai atender.
Assim que
abre, a expressão no rosto da prima é pavorosa. Ela entra afoita.
RAÍZA:
João! Por que você veio pra cá? Eu ‘tava’ te chamando!
JOÃO:
Nossa! Mas do que você tá falando?
RAÍZA:
Do meu pai, caramba! (ela se volta e o puxa pelo ombro) ‘cê’
precisa vir comigo, anda!
João a
segura nos ombros e tenta acalmá-la.
JOÃO:
Eu não tô te entendendo, Raíza. Ir pra onde? Do que ‘cê’ tá
falando?
A prima
respira forte. Bufa.
RAÍZA:
Ai meu Deus! Mas será possível que vocês hoje bateram a cabeça na
quina da mesa!
JOÃO:
Não diga isso nem brincando...
Ela aperta
seus ombros com força e o olha no fundo dos olhos.
RAÍZA:
O meu pai precisa de ajuda, será possível! (ela bate o pé no chão)
vamos logo com isso!
JOÃO:
O seu pai? Você viu seu pai? Onde ele tá? Onde?
RAÍZA:
Onde ele tá? ‘cê’ pirou? Você ‘tava’ comigo quando aquele
microfone explodiu!
João
arregala os olhos, confuso.
JOÃO:
Microfone? Explodiu? (ele levanta as mãos e fecha) Mas ‘cê’
pode explicar o que tá acontecendo?
Raíza faz
uma expressão de dúvida fazendo parecer que Cael tinha razão
quando disse que ela sonhou.
RAÍZA:
Ah vem comigo, João, vem!
Raíza o
puxa pelo braço e ele, sem reação, vai junto.
CORTA PARA
FADE IN
CENA 4
FACULDADE SOUSA FERREIRA
[EXT./MANHÃ]
Raíza
caminha rápido para frente do portão e pára. Além do porteiro não
há mais ninguém lá dentro. Tudo tranqüilo.
Ela se
volta para o primo mesclando dúvida.
RAÍZA:
Não é possível...Eu saí agorinha daqui, João, agorinha e tinha
gente pra caramba.
JOÃO:
Agorinha, Raíza? Agorinha? (ele repete, desconfiado) Como você
poderia estar aqui agorinha se nem perto da mansão isso aqui é?
Raíza olha
para trás e vê que o porteiro a fita. Ela torna a olhar para o
primo.
RAÍZA:
Mas não é possível! Eu vi! Eu vi meu pai sendo chamado...Você
‘tava’ comigo quando aquilo explodiu! Eu corri até ele, mas
disseram que ele ‘tava’ morto.
JOÃO:
Você não contou essa história pra mais ninguém não ‘né’?
Raíza põe
a mão na testa, já se cansava daquela situação.
RAÍZA:
Eu tenho certeza que vi...Eu vi! Aquilo não foi um sonho, caramba!
JOÃO:
Peraí, Raíza, raciocina comigo: quando a gente vinha pra cá você
disse que era perto, logo ali e olha onde estamos? Na faculdade Sousa
Ferreira!...(ele põe a mão no rosto) você sonhou, Raíza, sonhou!
A garota
vai até a portaria e João vai atrás.
JOÃO:
Aonde ‘cê’ vai garota? Não vai falar isso pros outros, hein.
RAÍZA:
Por favor, houve alguma formatura aqui hoje?
PORTEIRO:
Vai haver...Hoje à tarde.
A moça
mescla estranheza e alívio.
JOÃO:
Por que você tem tanta certeza que seu pai vai se formar hoje?
Raíza,
pensativa nada responde.
RAÍZA
[Em OFF]: Eu não sonhei, meu
Deus...Isso é loucura...
FADE OUT
FADE IN
CENA 5
EDIFÍCIO [EXT./MANHÃ]
É um
edifício de ladrilhos bem pequenos e azuis, cinco andares, janelas
de vidros, sacadas com grades e vasos com flores bonitas em algumas
janelas. A cena foca uma placa acima da portaria: “Ed. Ciranda de
Pedra”.
Corta para
um APTº – QUARTO [INT.]
A cena
mostra um homem, de costas olhando por uma janela que dá na sacada.
Ele veste camisa de manga ¾, listrada em vinho e branco e calça
jeans azul.
[POV]
Ele olha
para uma estreita rua de terra e a mata faz um violento movimento
como se ali passasse um vento. São os fundos do apartamento.
VOZ
MASCULINA: O que há, Bruno?
Bruno
mantém o olhar compenetrado.
BRUNO:
Sei lá...Tive uma sensação...
VOZ
MASCULINA (esperançado): ...De
tê-los vistos?
Bruno
responde com pesar.
BRUNO:
Não...
O rosto do
dono da voz masculina é mostrado. Josué, de cavanhaque, cabelos
ainda aloirados, disfarça o clima ruim.
JOSUÉ:
Experimenta essa roupa pra sua formatura.
BRUNO:
Deixa aí. (responde sem tirar os olhos da estreita rua).
A campainha
toca. Josué larga a roupa na cama e sai do quarto.
Caminha até
a SALA, abre a porta e um vento passa raspando nele. O número na
porta é 403.
APTº 403 –
QUARTO [INT.]
Bruno volta
com os olhos para a porta do quarto.
BRUNO:
Josué, quem...
Dá com um
rapaz sentado em sua cadeira o olhando de olhar fixo e expressão
raivosa.
Josué abre
a porta.
JOSUÉ:
Não era ninguém...Devia ser um desses moleques... (ele vira o rosto
de repente) Meu Deus! Cipriano?!
A tela se
fecha num baque.
FADE IN
CENA 6
MANSÃO – ESCRITÓRIO
[INT./MANHÃ]
Raíza abre
a porta e dá uma batida. Cael, sentado, levanta a cabeça.
RAÍZA:
Incomodo?
Ele desliga
o laptop e se recosta na cadeira. Sorri.
CAEL:
Não, pode falar. Tem a ver com o...Seu pai?
Ela fecha a
porta, põe as mãos nos bolsos da calça jeans enquanto se aproxima
da mesa.
RAÍZA:
É. Sabe o que é...Como meu pai vai se formar...
CAEL:
Então você tá mais calma? (ele se surpreende pra logo depois agir
com sarcasmo involuntário) É um progresso; Até a pouco tempo você
afirmava tê-lo visto cair a sua frente...
A moça o
olha, de repente, séria.
RAÍZA:
Aquilo foi um...
CAEL
(interrompe):...Um sonho, eu
sei...Perdoe a minha falta de sensibilidade. Ele vai se formar em
engenharia, não é?
RAÍZA:
Pena que eles não puderam fornecer nem o telefone...
Cael fecha
a caneta e se levanta.
CAEL:
Não se preocupe; Você o verá hoje, ‘né’?...Era só isso que
você queria me dizer?
Raíza olha
para ele meio sem graça.
RAÍZA:
Eu vim agradecer por tudo e...
CAEL:
...Por tudo o quê? Eu não fiz nada.
Ele sorri.
CAEL:
Se você não se incomodar, eu preciso dar uma saída.
RAÍZA:
Claro...(pausa) tchau!
Ele dá as
costas e sai. Raíza fica de costas com os braços voltados para
trás.
MARCO
(O.S): Ele é admirável, não?
Raíza olha
para cima rapidamente e vê Marco descer a estreita escada de ferro.
MARCO
(cont.): Tão modesto que assusta.
RAÍZA:
O mundo precisa de mais pessoas como ele.
Marco chega
ao pé da escada e anda por detrás dela.
MARCO:
O mundo seria um caos se todos fossem como ele, querida.
Raíza
lança um olhar desafiador.
RAÍZA:
E como seria um mundo se todos fossem como você?
Os dois se
olham fixamente.
CORTA PARA
CENA 7
APTº 403 [INT./MANHÃ]
Cipriano é
o mesmo que batizou Raíza.
Ele levanta
da cadeira e Bruno pula em seu pescoço, furioso.
BRUNO:
Como é que ‘cê’ tem a cara de pau de voltar aqui, hein? ‘Cadê’
a Raíza? Eu sei que ela ‘tava’ com você! Onde você a deixou? O
que foi feito dela? Ande, responde!
Josué
segura em seus ombros tentando desapartar.
JOSUÉ:
Calma Bruno! Deixa ele falar.
BRUNO:
Calma nada!... Quatro anos! Quatro anos! Até busca por conta própria
nós fizemos e você ainda vem me pedir calma?
O sujeito
franze as sobrancelhas demonstrando estranheza. Tem uma voz suave e
penetrante.
CIPRIANO:
Como assim? Ela está perdida?
BRUNO:
Não vem me dizer que tá surpreso não, hein!
CIPRIANO:
Algo deu errado...Fiquei quatro anos
gozando de poderes e de uma juventude plena...De repente, de uma
semana pra cá, senti que envelheci os quatro anos...A culpa só pode
ser da sua filha!
Bruno o
solta e o faz cair sobre a cadeira.
JOSUÉ
(interrompe): Como é que é?...Então
você confessa que esteve com ela? Só falta dizer que a Raíza tomou
seus poderes ‘né’?
BRUNO:
Ele tá mentindo, não vê? Como que ele entrou aqui então? Hein?
CIPRIANO:
Poções. É somente disso que tenho vivido. Sua filha me tomou os
poderes!
JOSUÉ:
Como? Como assim ela tomou seus poderes? Você não tinha dito que
queria que ela seguisse a geração da sua família?
CIPRIANO:
Não interessa mais o que eu disse!
BRUNO:
Você só queria minha filha pra passar os poderes da cruz pra
você...Sabia que a cruz a pertencia e a batizou num ritual que você
criou pra tomar os poderes...
CIPRIANO:
Eu não crio rituais, olha como você fala das minhas crenças, hein!
BRUNO:
Não nos interessa suas crenças! A gente quer saber por onde anda a
Raíza e o João Batista.
CIPRIANO:
Não sei! Mas eu juro que vou
encontrá-la...Nem que pra isso eu mova céu e terra!
BRUNO
(tom grosseiro): Vá mover o
inferno! Nunca vou permitir que minha filha fique perto de você.
O sujeito
se levanta o olhando profundamente.
CIPRIANO:
Eu não a batizei à toa...O que eu tiver que fazer pra conseguir meu
propósito eu farei.
BRUNO:
Se não deu certo antes, não dará mais! Vai procurar a sua
juventude eterna no quinto dos infernos vai!
O sujeito
aperta sua camisa fazendo-o se aproximar de si. Josué aperta o braço
do sujeito.
CIPRIANO:
Ela é o inferno! E eu vou conseguir o que quero!
BRUNO:
Traga a minha filha e o meu sobrinho de volta.
CIPRIANO:
Eu não tenho esse poder.
Josué,
entre os dois, mantém um olhar fixo no sujeito.
CORTA PARA
CENA 8
MANSÃO – ESCRITÓRIO [INT./MANHÃ]
Marco sorri
pacientemente para Raíza.
MARCO:
Se todos fossem iguais a mim eu não seria como todos.
RAÍZA:
Mas se todos fossem iguais a você é por que você seria um bom
exemplo. Não acha?...(Ela dá um passo) Com licença.
MARCO:
Então você já encontrou seu pai? Pensei que ia demorar mais pra
isso acontecer...
Raíza pára
e se volta.
RAÍZA:
Eu não tinha intenção de ficar aqui pra sempre...
Ele
continua de costas.
MARCO:
Se dependesse de Cael você ficaria aqui pra sempre sim. Observe como
ele não fez nada pra te ajudar a procurar seu pai...
A garota
anda e fica de frente pra ele com ar de indignada.
RAÍZA:
Ele ajudou sim!...Mais do que ele já fez por mim...
Marco se
vira e soa debochado.
MARCO:
...Ele podia ter te levado a tal faculdade. Ele tem influências; Ele
podia ter conseguido ao menos o telefone do seu pai.
Raíza dá
uma pausa. Observa bem aquelas palavras.
RAÍZA:
Nada forçado é bom. Talvez ele não tenha pressa de me ver longe
daqui...
MARCO
(retruca): ...Ou não quer
constrangê-la...
Os dois se
fitam, de repente.
RAÍZA:
Não se preocupe, hoje ainda eu pretendo ir embora.
MARCO
(tom de desprezo): Eu não me
preocupo com isso.
Ele passa
por ela a encarando e dá as costas. Raíza segura em seu pulso,
impulsivamente.
RAÍZA:
Por que você...
Alguns
flashes, indicando uma visão, aparecem diante dela.
[VISÃO]
Ouve-se uma
música religiosa. O cenário, aparentemente, é uma igreja e os
convidados olham para alguém que está em primeiro plano. Próximo
ao padre está Marco, elegante como sempre e sorrindo. A imagem, que
é alguém do primeiro plano, mostra ligeiramente a entrada da igreja
e Raíza vê Cael solitário e de expressões amargas.
Um tiro
quebra o clima harmonioso e as imagens esmorecem. [FIM DA VISÃO]
Raíza
desperta com o grito de Marco tentando se desvencilhar de sua mão.
Ela o aperta.
Alguém
abre a porta e surge João Batista, afobado.
JOÃO:
O que aconteceu, gente?!
Raíza
limita-se a massagear o pulso do coitado, mas ele afasta o braço de
imediato.
MARCO
(alterado): Ora, não se faça de
Maria Madalena arrependida, Raíza. Eu sei quando desagrado, mas não
precisava ter feito isso.
RAÍZA:
Mas eu...
MARCO:
Eu não sei como você, tão magrinha, tem tanta força, mas ainda
bem que você já encontrou seu pai!
Ele sai
batendo a porta sob os olhares assustados de Raíza e o primo.
JOÃO:
Caraca! Agora você vai me dizer o que houve ‘né’?
Raíza,
aturdida, olha pras próprias mãos, incrédula.
RAÍZA:
Eu não sei...Eu só ia perguntar por que ele não vai com a minha
cara, daí...
JOÃO:
Daí?
RAÍZA:
...’Cê’ não vai acreditar!...Eu vi esse cara numa igreja!
João
arregala os olhos.
JOÃO:
Viu como?
Raíza anda
pelo escritório, pára e torna a olhar para o primo.
RAÍZA:
Não sei! Só sei que quando o toquei...
João recua
um passo. Raíza se aproxima.
RAÍZA
(cont.): ...Vi a imagem dele e
aí...POU!
João cai
sentado na cadeira.
RAÍZA
(cont.): Ouvi um tiro.
João
balança a cabeça negativamente.
JOÃO:
Estou impressionado. Primeiro você diz e afirma que viu seu pai
morto. Agora mais essa?... Acho que essa passagem brusca do tempo não
lhe fez bem não, hein...
RAÍZA:
Com o meu pai foi diferente; Eu vivi aquilo, nada me tira da cabeça
que vivi aquilo...Mas agora, não; Agora eu vi...
JOÃO:
Teve uma visão? É isso?
RAÍZA:
Sim...Mas não consegui ver direito... Acho que o Marco esperneou
tanto que embaçou a minha vista...
JOÃO:
O que tá acontecendo contigo?
Raíza
mantém o semblante assustado.
CORTA PARA
CENA 9
APTº 403 [INT./ MANHÃ]
Bruno está
sentado na cama, cabisbaixo, mãos na nuca. Josué entra e
aproxima-se dele.
JOSUÉ:
Não pretende ficar assim no dia da sua formatura por causa daquele
sujeito “né”?
BRUNO:
Não vou mais a essa formatura.
JOSUÉ:
O que disse?
Ele se
abaixa diante do irmão.
Bruno ergue
a cabeça.
BRUNO:
Não posso comemorar depois dessa visita...Esse cara vai nos
infernizar até conseguir o que quer.
JOSUÉ:
Você chegou até aqui, Bruno. Já pensou em desistir, mas nunca
desistiu. Não é agora que vai jogar a toalha, ‘né’?
Bruno se
levanta ainda com cara de desconsolo.
BRUNO
(dá uma respirada forte): Não tem
sido fácil, Josué. Você sabe...E depois do que ele disse.
JOSUÉ:
Eles estão vivos, acredite! Pense em como a Raíza ficaria triste se
você caísse em depressão de novo. Já chegamos até aqui...Vamos
até o fim.
Bruno o
encara mais calmo.
CORTA PARA
FADE IN
CENA 10
MANSÃO – SALA [INT./TARDE]
Cael desce
as escadas ajeitando o paletó preto sobre a camisa branca. A cor do
paletó e da calça social, igualmente preta lhe dá o aspecto de
mais esbelto, mais elegante.
Ele
contorna o sofá onde Marco está sentado lendo um jornal com o pé
sobre o outro. Ele olha seu irmão que ajeita as abotoaduras.
MARCO:
Você vai mesmo se prestar a isso?
CAEL:
Não vejo nada de mais. Por quê? Ainda chateado com a moça pelo o
que houve hoje cedo? Tenho certeza que não foi intenção dela.
Marco torna
a visualizar o jornal.
MARCO:
Não, foi a minha. Eu estava mesmo precisando de um aperto desse na
minha vida...
Cael faz
que vai responder, mas se abstém ao ouvir os passos na escada.
O interfone
toca.
Cael admira
visualmente a beleza de Raíza exaltada no mesmo vestido simples que
ela usou na boate. João Batista a acompanha com camisa preta e calça
jeans.
CAEL:
Parece que o vestido está ainda melhor hoje... (Ele sorri).
Marco vira
o rosto e contempla a moça de baixo em cima.
A campainha
toca. Em seguida, a empregada atravessa o corredor e abre a porta.
Valentina
dá alguns passos e pára ao observar a cena.
VALENTINA:
Ora, ora...( ela sorri forçado mirando no vestido da moça) Mas o
que está acontecendo aqui?
Marco volta
a ficar de costas e esboça um sorriso malicioso.
Cael a
abraça.
CAEL:
Nós vamos à formatura de Bruno.
VALENTINA:
Quem? Amigo seu? Nunca o vi nas festas.
Cael sorri,
Marco segura o riso e os hóspedes se entreolham.
CAEL:
Bruno é o pai de Raíza, tio de João.
Valentina
levanta as sobrancelhas, abre o bocão e olha para a garota.
VALENTINA
(Irônica): Aah! Quer dizer que
vocês já o encontraram? Isso significa que terá que nos deixar
(falso pesar) Por que não brindemos a sua nova fase?
Ela se
dirige ao bar bem à frente, mas é contida pelo namorado.
CAEL:
Nós temos que ir, Valentina.
VALENTINA:
Ah, claro! Vamos!
Cael segura
sua mão e a faz parar.
CAEL:
Valentina...Eu sei que esse tipo de reunião a desagrada...
MARCO:
Lembrando-se que você nunca foi às próprias...
Cael
respira fundo.
CAEL:
Acho melhor você ficar e fazer companhia ao meu irmão...Ele tá
meio azedo hoje...
Valentina
se solta de sua mão.
VALENTINA:
Tá certo... (ela engole a saliva, insatisfeita e olha para os
hóspedes) Vou te esperar aqui.
Ela o beija
e sorri, forçadamente.
Assim que
Cael, Raíza e João Batista saem, Valentina corre e senta no sofá,
furiosa.
VALENTINA:
Você tinha que colaborar, é?
Marco finge
que lê o jornal, tranqüilamente.
MARCO:
Não sei o que você faria lá se todos os olhares da garota estarão
voltados para o pai...Num grande momento (tom sarcástico).
Valentina
mete a mão no jornal.
VALENTINA:
Pára com esse sarcasmo barato! Você viu a cara do Cael olhando pra
ela?...E aquele vestido? Me surpreendi por não ser outro mais bonito
para a ocasião.
Marco
ajeita o jornal, dobra e joga na mesa à frente.
MARCO:
Ela é tão humilde que me enoja...Você devia sentir vergonha desse
seu ciúme.
Valentina
expressa uma feição de raiva contida.
FADE OUT
FADE IN
CENA 11
FACULDADE SOUSA FERREIRA –
AUDITÓRIO [INT./TARDE]
No
auditório, os formandos daquele ano, trajados de smoking, formam uma
fila ao lado de uma mesa. Há muita gente de frente pro palco e um
zunzunzun cercando todo o ambiente.
Raíza
aparece da porta; João Batista a acompanha. Eles giram os olhos ao
redor do auditório e provocam olhares curiosos.
Raíza e o
primo sentam na última cadeira. Cael surge em seguida na porta,
aproxima e abaixa a cabeça.
CAEL:
Seu pai ainda não chegou, Raíza.
Ele levanta
o paletó e senta.
JOÃO:
‘Cê’ pelo menos tá vendo o nosso tio?
RAÍZA:
Nem sinal...Ai tô muito nervosa; Tenho medo deles... (ela pára,
toca a cabeça, de repente, aperta os olhos, faz uma expressão de
dor).
CAEL:
O que há, Raíza? Tá sentindo alguma coisa?
JOÃO:
Deve ser a emoção (supõe).
Ela
empalidece.
RAÍZA
(murmurando): Foi isso que
aconteceu...Vai acontecer de novo...
CAEL:
O que tá acontecendo, o que ela tá dizendo?
Raíza
corre os olhos por todo salão.
O evento
começa. Ao microfone é chamado um aluno em especial:
VOZ DO
LOCUTOR: Bruno Maciel.
Silêncio.
O nome de
Bruno é chamado pela segunda vez.
A moça
depara-se com um sujeito do outro lado da cadeira de óculos escuros
e sobretudo. Ele tem algo nas mãos.
O nome de
Bruno é chamado pela terceira vez. Bruno surge na porta ao lado de
Josué. Raíza aponta o dedo.
RAÍZA
(sussurrando): Meu pai...
Cael pousa
sua mão sobre o dela.
CAEL:
Calma...
Bruno
corre. Josué senta na segunda fila de cadeiras.
O tal
sujeito posiciona o dedo num botão quando Bruno sobe ao palco. Raíza
se vira para o primo, faz que vai falar algo, mas desiste. Ela se
levanta quando Cael a segura no braço.
CAEL:
Você vai lá agora?!
Raíza
torna a sentar e não tira os olhos do tal sujeito.
RAÍZA:
Aquele cara (a garota faz Cael olhar também ) ele tá com um
controle, não tá? Aquilo é um controle não é?
O rapaz
fica confuso com a certeza da garota.
RAÍZA:
Eu tenho a impressão de que é...
CAEL:
Acho que...
Raíza faz
que vai levantar.
RAÍZA:
Se você não for eu vou!
Ele a
contém, se levanta, caminha discretamente e senta ao lado do
sujeito. Este esconde um controle por dentro do sobretudo, mas mantém
a mão sobre ele.
João
Batista levanta e a prima o puxa de volta pra sentar.
JOÃO:
O que foi, Raíza?
A garota
toca o próprio pulso, faz uma expressão de dor, treme, não
consegue responder. Ela visualiza Cael do outro lado.
Cael
observa o relógio no pulso do sujeito justamente na mão que ele
esconde.
CAEL:
Você pode me informar as horas?
O sujeito o
olha sem que Cael perceba.
HOMEM:
Está adiantado.
CAEL:
Um relógio desse? Que deve estar em torno de uns trezentos reais?
Adiantado?
O sujeito
olha para Bruno erguendo o diploma.
HOMEM:
A bateria tá fraca.
A cena
visualiza Raíza olhando para eles. Ao mesmo tempo, Bruno se aproxima
do microfone. Cael fita as mãos do sujeito. Suspense.
CAEL:
Esse seu relógio é automático...Não tem bateria.
Clima de
tensão. As mãos do sujeito enrijecem. Raíza levanta no impulso e
se põe no corredor entre todos que assistem ao evento.
Bruno a
olha, extático.
Cael puxa a
mão do sujeito e este tenta apertar o botão com a outra mão.
RAÍZA:
SAI DAÍ, PAI!
SÉRIE DE
PLANOS
- Raíza corre [efeito câmera lenta] na direção do palco.
- As pessoas se levantam.
- O controle voa.
- João Batista corre também na mesma direção. A tensão é grande.
- As pessoas se aglomeram para sair.
- O controle cai e desliza para o meio do corredor.
- Raíza dá um salto.
- Cael olha a cena.
- João pisa no controle.
- Raíza se a joga a frente do pai.
- Há a explosão do microfone.
- As pessoas gritam.
- João é arremessado, bate a cabeça numa cadeira. Cai desacordado.
- Raíza e Bruno caem por cima do outro.
FADE OUT
FADE IN
CENA 12
HOSPITAL [INT./FIM DE TARDE]
Raíza
acorda numa cama. Observa, com a vista embaçada, alguém a olhá-la.
A visão volta ao normal e ela vê seu pai com os olhos molhados.
RAÍZA:
Pai... O senhor tá bem?
BRUNO:
Eu que deveria te perguntar isso, não acha?
Ela olha em
volta e faz que vai se levantar. Ele a contém.
BRUNO:
Não, filha! O microfone explodiu nas suas costas.
RAÍZA:
Engraçado...Eu não tô sentindo nada...
Bruno, com
ar desconfiado, olha para o pulso dela. Ela faz o mesmo.
RAÍZA:
O que foi?
BRUNO
[Em OFF]: Aparece a imagem daquele
sujeito em seu apartamento: ‘Sua filha me tomou os poderes!’.
BRUNO:
Ahn?...Ah...Me dê um abraço, filha.
Os dois se
abraçam e seu olhar se inquieta. Sua expressão é de grande emoção.
RAÍZA:
Por que o senhor se mudou? Não sabe como fiquei quando descobri que
vocês não moravam mais lá.
Bruno
abaixa a cabeça, parece não querer dizer o que aconteceu.
RAÍZA:
Eu soube que a polícia nos deu como mortos...
BRUNO:
Eu nunca desisti de vocês! Não pense que eu mudei pra esquecer tudo
aquilo!
RAÍZA:
Então?
BRUNO:
Algumas pessoas insinuavam que vocês tinham fugido por que eu não
era um bom pai ou...Por que vocês tinham...Tinham...
RAÍZA:
Um caso?
Bruno bate
ao lado da cama.
BRUNO:
Nem me lembre disso!(ele se acalma) E também por que teve gente me
dando pêsames...Eu não ia suportar aquela gente me olhando com pena
de algo que nem certeza eu tinha.
Alguém
abre a porta. É uma doutora, branca, cabelos negros e cacheados,
boca pequena.
DOUTORA:
Com licença...Tenho que examinar a paciente.
Bruno beija
a filha no rosto.
BRUNO:
Daqui a pouco eu volto, viu.
Raíza
sorri e o vê sair.
A doutora
olha o prontuário e sorrindo, observa a paciente.
DOUTORA:
Então você é a heroína?...
Raíza a
olha quieta.
CORTA PARA
CENA 13
HOSPITAL – CORREDOR [INT./FIM DE
TARDE]
Bruno surge
no corredor e Josué se aproxima.
JOSUÉ:
E aí? Como ela tá?
Bruno
desliza a mão pelo próprio pescoço, pensativo.
BRUNO:
Não sei...Ela parece bem até demais...
JOSUÉ:
Ué, mas isso não é bom?
Bruno
respira fundo e disfarça.
BRUNO:
Claro...E o João? Como ele tá?
JOSUÉ:
Vim de lá agora...Ele não se lembra de muita coisa...Mas vai ficar
bem.
Eles
caminham até a...
SALA DE
ESPERA...
JOSUÉ:
Vem! Tem uma pessoa que quer falar contigo.
Cael
aproxima, sorri e dá as mãos.
JOSUÉ:
Esse é Cael. Ele que acolheu a Raíza e o João Batista e os levou
até a faculdade.
Bruno
cumprimenta com uma expressão de dúvida.
BRUNO:
Como assim ‘acolheu’? Como foi que isso aconteceu?
CAEL:
É uma história inusitada...
= =
Passagem de Tempo = =
FADE IN
HOSPITAL –
CORREDOR [INT.]
Bruno
inquieta-se no corredor quando a porta se abre. A doutora sai e dá
de cara com Bruno.
BRUNO:
Posso ver minha filha?
A doutora o
empurra delicadamente para um canto.
DOUTORA:
Estou admirada! Em 15 anos de serviço eu nunca vi algo assim: O
ferimento dela está se fechando muito rápido.
A saliva
escorre pela goela de Bruno.
BRUNO:
Ela sempre teve uma saúde de ferro...Deve ser por isso...
DOUTORA:
É, mas...
BRUNO:
Por favor, doutora...
DOUTORA:
...Letícia.
BRUNO:
Doutora Letícia...Não há motivo de espanto. Não vai dar isso como
o grande acontecimento ‘né’?
Letícia
desvia o olhar, inconstante.
FADE OUT
FADE IN
CENA 14
HOSPITAL – QUARTO [INT.]
Raíza,
diante do pai sentado à beira da cama, fricciona os lábios,
nervosa.
RAÍZA:
O senhor tá com uma cara...
BRUNO
(preocupado): Não é nada
filha...Só estou vendo que minhas preces adiantaram; Você e o João
estão são e salvos.
RAÍZA:
Minha nossa! O João!
Bruno toca
suas mãos.
BRUNO:
Ele está bem...Mas me diga: Por onde vocês andaram? Alguém te fez
mal?
Raíza
desvia o olhar e torna a olhar para ele.
RAÍZA:
Eu só lembro de ter acordado num campo...Andei sem rumo e...
BRUNO:
...E salvou a vida de Marco...
RAÍZA:
Já soube disso?
BRUNO:
Foi assim que você conheceu esse moço, o Cael. Inclusive, ele me
disse algo estranho...
A garota
expressa não saber do que se trata.
BRUNO:
Ele disse que você sonhou com o que aconteceu hoje...Que me viu...
RAÍZA:
...Cair na minha frente...Morto.
Bruno a
olha, assustado.
RAÍZA:
Eu não sonhei, pai. Eu vivi isso... (ela fixa em qualquer coisa)
Como se eu...
BRUNO:
...Previsse? Previsse o futuro?
RAÍZA:
Mais ou menos...É como um sonho, mas real! Eu...Eu senti como
se...Eu tivesse ido ao futuro!
BRUNO:
Isso é impossível, minha filha!
RAÍZA:
Mas o senhor poderia estar morto, pai.
Ele segura
carinhosamente suas mãos.
BRUNO:
O futuro, só a Deus pertence.
RAÍZA:
Não vem dizer que foi um sonho também não que já tô por aqui,
viu...
Ele ri e
ouvimos alguém bater na porta. Cael sorri e Bruno se levanta.
CAEL:
Eu só vim saber se está tudo bem mesmo.
BRUNO:
Entra! Eu...(ele olha para a filha e em seguida, para Cael) Eu vou
ver como está o João...A gente ainda terá muito pra conversar,
filha...
Cael, com
as mãos para trás, observa Bruno sair e fechar a porta. Ele fica de
pé ao lado da cama.
CAEL:
Tá tudo bem com você? Não tá sentindo nada?
RAÍZA:
Tô...Tô com vontade de ir embora...
Ele ri, põe
as mãos nos bolsos e olha por todo o quarto. Torna a olhar para ela.
CAEL:
O Marco ligou desejando melhoras...
Os dois se
olham, Cael inquieta o olhar e Raíza disfarça um riso friccionando
os lábios.
RAÍZA:
Ele fez isso mesmo?
CAEL:
Não. (os dois riem) Eu não tinha nada pra dizer...
RAÍZA:
...’Brigada’...
CAEL:
Por quê?
RAÍZA:
Se você não tivesse enrolado aquele sujeito meu pai poderia estar
morto.
CAEL:
Mas eu não fiz nada. E você poderia estar morta.
RAÍZA:
Tá bom, vamos tentar de novo...Você me acolheu em sua casa sem me
conhecer...
CAEL:
Você salvou meu irmão. Era o mínimo que eu podia ter feito.
RAÍZA:
...Era o mínimo que ELE podia ter feito. Não você...Eu era uma
estranha e você...Podia ter pensado qualquer coisa, mas não...Foi
comigo até o fim...
Ela
fricciona os lábios, mais uma vez.
RAÍZA:
...Não sei o que fazer pra te agradecer...
CAEL:
Não dando isso como um fim...Já tá bom.
Ele toca
sua mão e ela corresponde.
FADE OUT
FADE IN
CENA 15
FACULDADE SOUSA FERREIRA – QUINTAL
[EXT./MANHÃ]
[Legenda: 1
semana depois]
Raíza,
João Batista, Josué e Cael estão sentados juntos diante de um
palco armado no gramado. Logo atrás estão Rafaela e Dcr sorrindo.
No palco é
chamado alguém.
VOZ DO
LOCUTOR: Bruno Maciel!
Bruno sobe,
apanha o diploma e acena para Raíza. Raíza retribui.
Ao chegar
perto do microfone, o formando faz uma gracinha.
BRUNO:
Será que não tem problema?
Os
presentes riem. Ele, então, faz um discurso.
BRUNO:
Foi uma luta chegar aqui...Tem um pessoal ali que sabe bem do que tô
falando (o pessoal ri). Foram muitas emoções nesse mês e acho que
minha luta não foi pelos anos acadêmicos, mas sim, pela luta
pessoal. Tive momentos que pensei em largar tudo, trancar a
matrícula, sumir. Mas algo me dizia que no final tudo ia dar certo.
Nunca imaginei que no final de um percurso seria o final de uma
agonia. É bem mais difícil pensar no final quando se tem um longo
caminho a percorrer...
Enquanto
isso, Cael olha aquela cena e em seguida, para o lado de João onde
está Raíza. Sorri um sorriso fechado e contemplativo.
Em outro
plano...
Atrás de
todas aquelas pessoas está Marco observando a cena, de pé. Tem um
olhar desconfiado e atento para o discurso de Bruno. Logo, vira o
rosto levemente e algo lhe chama a atenção.
MARCO
(voz baixa): Mas...Eu conheço
aquele cara...
A cena
mostra Cipriano dando as costas e saindo pelo portão.
A tela se
fecha no rosto de Marco...
FIM DO EPISÓDIO
Autora:
Cristina Ravela
Elenco:
Raíza (Maria Flor)
Raíza (Maria Flor)
João
Batista (Caio Blat)
Bruno
(Juan Alba)
Josué
(Caco Ciocler)
Cael
(Michael Rosenbaum)
Marco
(Pierre Kiwitt)
Valentina
(Alinne Moares)
Rafaela
(Fernanda Vasconscellos)
Dcr
(Aaron Ashmore)
Cipriano
(Thiago Rodrigues)
Participação Especial:
Drª Letícia (Carolina Kasting)
Participação Especial:
Drª Letícia (Carolina Kasting)
Produção:
Bruno Olsen
Cristina Ravela
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com
nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
REALIZAÇÃO
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