Gato Preto-Capítulo 12

    0:00 min       GATO PRETO     CAPÍTULO 12
43:00 min    


CYBERTV APRESENTA
GATO PRETO


Minissérie de
Cristina Ravela

Capítulo 12 de 13




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ATO DE ABERTURA
FADE IN
SONOPLASTIA: Máscara (instrumental) - Pitty
CENA 1 EXT. - MANGARATIBA  / RIO DE JANEIRO - DIA
VISTA AÉREA da praia, das casas à beira d’água. Takes pontuados dos lugares já conhecidos, como igreja, praça, a prefeitura e restaurante.
Até chegarmos na fachada de um HOSPITAL.
CENA 2 INT. - HOSPITAL / RECEPÇÃO – DIA
FIM DA SONOPLASTIA
Movimento de enfermeiros entrando com paciente; Pessoas aguardando, sentadas. Alcântara conversa com Avelino e Mazinho, em um canto; Faz anotações em seu bloco.
            AVELINO
Veja bem, delegado, eu tava nervoso. Fui afrontado pelo meu filho, Noel. Que pai aguenta isso?
            ALCÂNTARA
O senhor invadiu a ceia de natal de João Guerra, ameaçando seu filho mais novo com uma arma, mas acabou atingindo o irmão de João. A afronta justifica a ameaça?
            MAZINHO
Aí, delegado, aquele Noel não presta não. Desde pequeno, sempre deu problema. Sempre bateu de frente com a gente.
            ALCÂNTARA
O juiz não vai julgar a infância do rapaz, senhor...Thomaz, não é esse o seu nome?
Mazinho esfrega a mão na boca, chateado.
            AVELINO
Espera aí, o senhor vai levar esse caso adiante? Eu vou pagar a estada do Cícero aqui, e tudo que for necessário. Pode ter certeza!
            ALCÂNTARA
(por cima)
Avelino, eu ainda preciso do depoimento do seu filho e de Cícero. Se for comprovado que esse atentado nada tem a ver com algum caso vigente, ele será encerrado.
            MAZINHO
Caso vigente?
            ALCÂNTARA
Refiro-me ao assassinato de Ana. Há a suspeita de que ela detinha do vídeo que se espalhou na internet. (Avelino nem entende) O vídeo em que o senhor confessa suas armações. Vocês têm sorte de que o crime prescreveu.
            AVELINO
Mas era só o que me faltava! Eu não matei ninguém, seu delegado, tudo não passou de um acidente.
            MAZINHO
Somos gente de bem, seu delegado. Temos nossos problemas, mas que família não tem?
            MARIA JOSÉ
(O.S)
Falso!
Maria José vem apontando o dedo, furiosa; Claro sinal de que não dormiu bem. Chama a atenção dos presentes.
           MARIA JOSÉ
Você me espancou, seu desgraçado!
Mazinho, sem ação, mal encara o delegado.
           MARIA JOSÉ
Se não fosse o Noel, eu estaria morta! MORTA!
Nos olhares entre Mazinho e Avelino. Alcântara sorri, discreto, gostando da atitude.
CENA 3 INT. - BAR – DIA
Local grande, típico pé de chinelo; Chão de lajotas cinzas, com bancada azulejada em cinza escuro; Cartazes espalhados pelas paredes; Mesas e cadeiras dispostas, algumas pessoas tomando café; Outras, já bebendo cerveja.
Lucas está sentado num banco, de frente para a bancada. Come pão e toma café, enquanto assiste à TV, no alto da parede. A CAM ENQUADRA o policial e um moleque (12 anos, moreno, trajando roupas pobres), que adentra o ambiente.
            MOLEQUE
Me vê uma coca, moço.
Lucas olha para ele, surpreso. O moleque também encara-o e, assustado, corre dalí. Lucas larga o copo e o pão e vai atrás.
            LUCAS
EI!
CENA 4 EXT. - BAR – DIA
O moleque é rápido, corre pelas calçadas, avança sobre uma RUELA. Lucas atrás, meio perdido.
O moleque passa zampado pelas pessoas, dá uma checada logo atrás.
LUCAS SUMIU.
O garoto segue, na direção da rua que dá para a praia e, assim que chega na transversal.
SUSTO. Lucas dá um encontrão.
            LUCAS
(irônico)
Você gosta de correr pela manhã, garoto?
Na cara assustada do moleque.
CENA 5 INT. - HOSPITAL / RECEPÇÃO – DIA
As pessoas observam Maria José, alterada. Cochicham entre si, curiosas. Mazinho tenta segurar a garota, mas ela está arisca.
            MAZINHO
Ela tá assim por causa do pai, seu delegado. Entende?
            MARIA JOSÉ
Me solta! Se o Noel não tivesse aparecido, eu teria morrido de tanto apanhar.
            ALCÂNTARA
Mas o Noel deu outra versão dos fatos. Você também.
            MAZINHO
O senhor não vê que ela já tá delirando?
            MARIA JOSÉ
Ele ameaçou o meu pai. E certamente o Noel foi ameaçado também. Como vê, o pai dele (encara Avelino) invadiu a festa para matá-lo.
            AVELINO
Eu não ia matar o meu filho, delegado. Eu tava de cabeça quente.
            ALCÂNTARA
(por cima / desconfiado)
Maria José...Por acaso, o motivo tem a ver com algum vídeo?
A garota vacila o olhar; Olha para Mazinho; Para Avelino.
= = FLASHBACK – CENA EM QUE AVELINO REVELA QUE NOEL DETURPOU O ÁUDIO DE MARIA JOSÉ (CENA 30, CAP 11) = =
            AVELINO
Você só trouxe desgraça! Conta pra eles, Noel, conta pra eles que você gravou a minha conversa com a Maria José e deturpou tudo para o meu amigo Lucas. Conta!
Nos olhares de estranheza de cada um. Maria José, besta, amparada por Cícero. Alice, sem acreditar.
= = FIM DO FLASHBACK = =
Em Maria José, encarando a todos.
            MARIA JOSÉ
(mente)
Eu não queria mais nada com o Mazinho; Éramos amantes.
Mazinho bufa. Um telefone TOCA. Avelino saca o celular do bolso da calça.
            AVELINO
Com licença. Preciso atender.
Avelino se afasta e atende.
            AVELINO
Salvo pelo gongo. Escuta, tenho um serviço pra você. (T) Quê? (raiva) Como assim vocês deixaram o padre escapar?
CENA 6 INT. - CASARÃO / FAZENDA GUERRA / SALA – DIA
Um capataz abre espaço para Batista entrar, afobado. João desce as escadas.
            JOÃO
Padre?
            BATISTA
Seu João, por favor, eu preciso que o senhor me ajude. Eu to jurado de morte!
Em João.
FADE OUT
FIM DO ATO DE ABERTURA

CAPÍTULO 12
FACA DE DOIS GUMES
Penúltimo Capítulo

PRIMEIRO ATO
FADE IN
CENA 7 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / SALA – DIA
Noel está sentado no sofá, entre Helô e Tina. Cabisbaixo, ele esfrega as mãos, com o pensamento longe.
            HELÔ
Eu não queria que você soubesse, Noel. Mas seu pai fez coisas terríveis pra chegar onde chegou.
            TINA
Seu pai ameaçou arruinar minha vida. E naquela época, todos ficariam contra mim. Eu tive medo até de ser atacada pelo povo. Tive medo do seu futuro comigo.
            NOEL
(sério)
A senhora é vidente, não é?
(Tina se cala)
Devia saber qual seria o meu futuro. Ou sabe, e não quer dizer?
Tina entreolha Helô, receosa. Noel percebe, levanta-se, chateado.
            NOEL
Sabe o que me espanta? Duas pessoas morreram aqui. (Agacha-se, pondo as mãos no joelho, diante de Tina) A senhora sabe quem é o assassino? (Tina engole a seco)
Sabe os motivos? Sabe dizer o destino do meu pai?
            HELÔ
Filho, nem tudo ela pode ver.
Tina encarando Noel, muito tensa. Este ergue-se, mostra-se satisfeito.
            NOEL
Eu não a julgo. Meu pai queria dois filhos homens, mas nunca conseguiu suportar que eu era do contra. Não ligo de ser filho bastardo, tá? Eu só queria ter certeza se valeu a pena ter me entregado a meu pai. Não quero que a senhora se arrependa.
            HELÔ
Então, você não tá chateado?
            NOEL
Não. Tenho que agradecer que tive onde morar, tive a senhora; Não passei fome. Prefiro olhar as vantagens, porque se eu focar muito nas desvantagens, piro.
Noel ri, dá uma sacada em Tina. Esta, olhar aflitivo, encara-o sem saber como reagir.
            NOEL
Mas então? Onde eu vou dormir? Melhor não vacilar com o meu pai na área, né?
            HELÔ
Noel!
Noel ri, deixando Tina ainda pensativa.
CENA 8 EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS – DIA
Noel saindo com Tina e Helô, ele rindo, contando alguma coisa. O delegado surge diante da câmera.
            ALCÂNTARA
Bom dia! Será que podemos conversar na delegacia, Noel?
Helô toma a frente do filho.
            HELÔ
O meu filho na delegacia? É sobre ontem?
            ALCÂNTARA
Também. Mas é que nós encontramos o garoto que entregou a marmita envenenada para Paulo Borges, quando ele estava preso.
            TINA
E o que Noel tem a ver com isso?
O delegado fita Noel, de forma acusatória.
            ALCÂNTARA
O garoto afirma que foi Noel quem pagou pela comida.
Na cara estupefata das mulheres. CLOSE em Noel, sem reação.
CENA 9 INT. - HOSPITAL / RECEPÇÃO – DIA
Alice e Wagner vem adentrando o local, procurando por alguém. Maria José e Mazinho discutem ao fundo, discretamente. Ele segura seu braço e fala trincando os dentes. Alice flagra e apressa o passo.
            ALICE
Que é, Mazinho? Tá ameaçando a garota?
            MAZINHO
Ih, pronto, chegou a paladina. Não posso bater um papo com a garota, não?
            ALICE
Eu já soube que ela te denunciou. Deve tá ameaçando o pai dela, né?
            MAZINHO
Qualé? A denúncia não dará em nada ô. Duvido o Noel falar alguma coisa depois que o pai quase sentou o dedo na cara dele (ri).
            WAGNER
Olha que quem vai sentar o dedo na tua cara já já sou eu, hen. 
            MAZINHO
Falou o Chuck Norris. Não deve nem saber usar uma arma e fica falando besteira. Como diria o *Orlando: Acontece (ri, escrachado).
Mazinho aperta o queixo de Alice e sai rindo. Alice fecha a cara.
            WAGNER
Filho da mãe! (para Maria José) E você, menina? Não vai vacilar não, né? Tem que botar esse malandro pra fazer gracinha na cadeia.
            MARIA JOSÉ
Acho difícil. Mesmo o Noel confirmando. Não há como fazer corpo de delito; Apanhei tem dias!
            WAGNER
Do jeito que ele é, capaz de tentar bater em você de novo. Cê toma cuidado.
Alice, com olhar sagaz.
            ALICE
Não seria má ideia.
            MARIA JOSÉ
Quê?!
            ALICE
Se o Mazinho te batesse de novo, ele seria preso. Teríamos provas!
            MARIA JOSÉ
Cê tá doida? Quer me jogar na roda?
            ALICE
Quanto você quer? Porque, pra continuar nesse jogo, tem grana no meio.
            WAGNER
(surpreso)
Que isso, filha? Parece bandido falando. (excitado) Gostei, mas to sem grana, como faremos?
            MARIA JOSÉ
Vocês perderam a noção das coisas!
Maria José SAI dalí, injuriada. Alice e Wagner entreolham-se, sem saber o que fazer.
            WAGNER
Cê tem grana mesmo? Ou tá contando com a herança da Catarina?
Alice, mãos na cintura, posuda, olha na direção para onde seguiu Maria José.
            ALICE
Eu vou abocanhar essa grana, pai. Eu e o Noel só sairemos da fazenda de um jeito ou de outro: com essa herança ou mortos.
Wagner faz o sinal da cruz.
CENA 10 EXT. - DELEGACIA – DIA
Dois carros de polícia estacionados.
CENA 11 INT. - DELEGACIA – DIA
Noel e Helô acabam de se sentar. Alcântara, em posse de um documento, dá uma sacada em Noel, um olhar analítico e incômodo.
            ALCÂNTARA
Então, Noel Santos, você é uma figura bem conhecida na região...O garoto afirmou que você entregou a marmita e pediu que ele trouxesse para Paulo. Você confirma?
Noel entreolha Helô, mas mostra-se confiante.
            NOEL
Sim
(Helô, tensa).
Minha mãe sempre gostou muito do Paulo e queria entregar comida pra ele, mas eu não queria que ela pisasse aqui.
Enquanto ele depõe, o escrivão, ao fundo, digita tudo.
            NOEL
(cont.)
Então eu me prontifiquei. Comprei do restaurante, porque minha mãe tava sem cabeça pra cozinhar. Só que eu avistei a Alice, eu queria dar uma carona, então /
            ALCÂNTARA
...Pediu pro moleque adiantar o serviço. Entendi. Mas você acompanhou o garoto até a porta da delegacia? Alice estava com você?
            NOEL
Como o senhor mesmo disse, eu sou bem conhecido. O garoto não ia vacilar, mesmo eu sendo famoso pela minha má reputação (sorri).
O delegado respira fundo, meneia a cabeça, ainda em dúvida.
            ALCÂNTARA
Você lembra de alguma coisa que possa ser útil? Porque se a marmita tivesse sido violada, Paulo teria percebido, não é?
            NOEL
Acho incrível que alguém tenha violado; Meu tio Walter leva jeito pra fechar aquilo bem mais que as meninas que o fazem (ri).
            ALCÂNTARA
Walter? O chefe de cozinha?
            NOEL
Sim. A fila tava grande, aí quando eu disse que era pro Paulo, ele levou pra cozinha e fechou a quentinha.
Alcântara recosta na cadeira. Segura uma caneta, reflexivo.
            ALCÂNTARA
Seu tio mencionou alguma coisa quando Paulo foi preso?
Noel olha para Helô e dá de ombros.
            NOEL
Não. Meu tio sempre foi meio fechadão. Só opina quando alguém pergunta. Quando opina, né? (ri).
O delegado ri junto, mas sempre com um olhar analítico.
            ALCÂNTARA
Você é muito risonho, né? Tá sempre brincando. Pra quem já foi escorraçado da fazenda, humilhado e apanhou, você leva a vida numa boa.
            HELÔ
É um menino de ouro.
Noel e Alcântara trocam olhares firmes.
            ALCÂNTARA
Não duvido.
Em Noel.
CENA 12 INT. - CASARÃO / FAZENDA GUERRA / ESCRITÓRIO – DIA
João faz menção para o padre se sentar.
            JOÃO
Então quer dizer que o Avelino tá te ameaçando?
            BATISTA
Ameaçar ele já fazia antes; Agora ele quer me matar mesmo. Ele pensa que eu divulguei aquele vídeo.
           JOÃO
Acusação infundada, típico de covarde. Você precisa denunciá-lo, padre! O que tá esperando pra dizer a todos que ele matou a minha filha e a Ana?
           BATISTA
Mas ele não matou nenhuma das duas, seu João.
Na cara frustrada de João.
            JOÃO
Como assim ele não matou as duas? Tinha tudo pra ser ele.
Batista abaixa a cabeça, nervoso. João aproxima o rosto dele, buscando encará-lo, até o padre fazer o mesmo.
            JOÃO
Você sabe quem é, não é?
Batista oscila entre encará-lo e abaixar a cabeça. João abre uma gaveta, apanha uma pasta preta; Abre-a e puxa um papel.
           JOÃO
Essa é uma declaração de nascido vivo...da sua irmã.
João entrega um papel, Batista pega, inseguro. Dá uma lida.
           BATISTA
(lê)
Catarina Batista Pedroso, nascida em 9 de setembro de 1995. (encara João / dramático) Por que tá me mostrando isso agora?
João apoia os braços sobre a mesa e aproxima o rosto, novamente.
            JOÃO
Eu, mais do que ninguém, sofri a perda da minha filha, mas ela perdeu duas vezes. Foi arrancada de uma família, sem direito a nada, e assassinada no local que a pertencia. Você velou sua irmã sem saber, padre. Não teve o direito de crescer com ela, apenas de servir como capacho do Avelino.
Batista contém o choro.
            JOÃO
(cont.)
Mas você é o padre da cidade, sabe de tudo que acontece. Você tinha uma prova contra ele e acabou perdendo.
            BATISTA
Paulo te contou, não é?
            JOÃO
Foi ele quem pegou, padre.
            BATISTA
(finge surpresa)
O quê?! O senhor mandou roubar um padre?
            JOÃO
Mais grave fez quem matou a Ana por causa disso. Paulo deixou a prova com a garota, padre. Pode ser o mesmo que matou a minha filha.
Batista, fingindo não saber de nada, joga o papel na mesa e levanta-se, indignado.
            BATISTA
(sincero)
Eu não queria nada disso, seu João! Aquelas provas não eram pra causar mais dor, não eram!
João levanta-se e vai até ele, confiante. Segura-o pelos ombros.
            JOÃO
A culpa não foi tua, Batista. Mas você ainda pode fazer alguma coisa. O assassino, talvez, tenha te procurado (Batista faz que não, medroso), e confessado o crime. Ele pode ser um sádico, padre. Eu posso te ajudar, mas você precisa me ajudar também.
             BATISTA
NÃO! NÃO!
O padre larga-se de João, assustado.
             BATISTA
Eu não posso quebrar o sigilo da confissão, não posso!
             JOÃO
(mãos na cintura / questiona)
O sigilo da confissão já foi quebrado! Como você pensava em desmascarar o Avelino, hen?
Batista engole a seco, tremendo os lábios.
             JOÃO
A sua reputação ficaria manchada de qualquer maneira. Vamos resolver isso logo! Quem matou a minha filha?
Em Batista, borrando-se de medo.
CENA 13 EXT. - CASARÃO / FAZENDA GUERRA / ESCRITÓRIO – DIA
Helô vem vindo, procurando alguém. OUVE-SE vozes. Helô aproxima-se da porta do ESCRITÓRIO.
            HELÔ
João deve tá enfurnado de novo nesse escritório…
Quando vai tocar na maçaneta, para e presta atenção na conversa.
            JOÃO
(O.S)
O QUÊ?!
Helô desiste de abrir, estupefata. Volta-se, com a mão na boca, em pânico, não sabe o que fazer.
CENA 14 INT. - CASARÃO / FAZENDA GUERRA / ESCRITÓRIO – DIA
Batista, paralisado, após abrir o bico; João, atordoadíssimo.
           JOÃO
O tempo todo...Debaixo do meu nariz...Debaixo do meu nariz! (sacode o padre) EU VOU MATAR!
Um BARULHO de queda chama atenção. João vai até a porta, e quando abre, dá com Helô desmaiada. João olha para Batista, sério.
CENA 14 EXT. - QUIOSQUE – DIA
O mar agitado; Poucos banhistas. Algumas pessoas adentram o local, e logo encontramos Maria José tomando uma água de coco, sentada numa das cadeiras. Alice aproxima-se e vai sentando, sem cerimônia.
            ALICE
(irônica)
Tá difícil voltar pra casa?
Maria José termina de dar um gole na água.
            MARIA JOSÉ
(chateada)
Eu voltarei pro hospital. Quero ficar perto do meu pai.
Alice senta-se, ergue a mão.
            ALICE
Uma água de coco, amigo!
(Para Maria José)
Mas tu não vai tomar um banho, comer, descansar?...Tá com medo de voltar pro reduto inimigo depois que tu entregou o Mazinho né?
Maria José bufa. Um rapaz traz a água de coco, Alice apanha.
            ALICE
Obrigada! (o rapaz afasta-se)
Eu até poderia pedir pro seu João /
            MARIA JOSÉ
(corta)
Não me venha com o seu joguinho, não, Alice. Não vou provocar o Mazinho pra levar na cara de novo. Acha que é fácil?
            ALICE
(aproxima o rosto / faz jogo duro)
Aquela comida envenenada era pra você e você sabia disso. Mesmo assim, continuou na parada, né? E sabe porque ainda estamos aqui? Pela grana.
           MARIA JOSÉ
E quem garante que você vai levar essa?
Alice bebe a água de coco, confiante.
            ALICE
Eu garanto. Cê sabe que a preferência é nossa, mesmo que o Alessandro seguir firme até o fim do acordo. O testamento deixa claro que a grana seria dele, se eu e o Noel desistíssemos. E isso não vai ocorrer.
            MARIA JOSÉ
Legal, mas qual o interesse de ver o Mazinho na cadeia? A ideia não seria o Alessandro?
            ALICE
Então, todo mundo sabe que o Alessandro é manipulado pelo Mazinho. Sem ele e sem o papai, agora, com a reputação manchada, a quem ele vai querer se firmar? No Walter, e o Walter tá do nosso lado.
            MARIA JOSÉ
E você acha que ele vai convencer o cara a desistir da herança?
(Alice dá de ombros / Maria José ri)
Putz! O Walter pode tá bancando a *Regina dos Santos, mas acho difícil ele decidir apoiar só um lado.
            ALICE
Se ele voltar a ser o paradão de sempre, você dá seu jeito de sumir com o Alessandro por 24 horas.
Maria José quase se engasga, de surpresa.
            MARIA JOSÉ
Isso é golpe baixo, sua vadia!
            ALICE
Golpe baixo vai ser quando você e seu pai tiverem que sair da fazenda sem levar um tostão furado pra contar história. (exalta-se) Chega! Cansei! Não quero ficar aqui por mais dez meses. Mazinho já aprontou demais.
Maria José termina de beber sua água de coco, pensativa.
            MARIA JOSÉ
Mas também né? Se o Noel não tivesse forjado aquele crime…
            ALICE
(sem entender)
Crime? Noel forjou um crime?
Maria José quase engasga, de novo. Levanta-se, sacando que falou demais.
            MARIA JOSÉ
Não, eu...Eu preciso ir.
Alice levanta-se também e agarra seu braço.
            ALICE
Agora cê vai me contar. Que história é essa do Noel forjar um crime? Que crime?
Em Maria José, encurralada.
FADE OUT
FIM DO PRIMEIRO ATO


SEGUNDO ATO

FADE IN
CENA 15 INT. - DELEGACIA – DIA
Alcântara tomando café. Lucas adentra com uma capa de cd em mãos, já vai entregando.
            LUCAS
Aqui tá o cd da câmera de segurança, delegado.
Alcântara se anima, larga a xícara de um lado.
            ALCÂNTARA
Opa! Vamos ver.
O delegado pega a capa e retira o cd; Abre o drive do computador e coloca-o alí. Fecha o drive, olha fixamente para a tela, ansioso.
NA TELA DO PC
Em imagens em preto e branco, datado, no rodapé, de 09/12/16. Um movimento normal do restaurante; Clientes chegam; Outros servem-se; Alguns sendo servidos pelos garçons. Noel está servindo-se, colocando comida em uma quentinha. Quando segue até a moça para fechar a marmita, Walter SAI de dentro da cozinha; Sorri para Noel e fala alguma coisa. Pega a quentinha das mãos do rapaz e leva para o interior da cozinha. UM TEMPO DEPOIS, Walter retorna e entrega a marmita a Noel.
VOLTA EM ALCÂNTARA
Que desliga o vídeo. Recosta na cadeira, frustrado.
            ALCÂNTARA
O garoto disse a verdade.
            LUCAS
Ué, o senhor esperava que não? Noel parece ser um garoto legal.
            ALCÂNTARA
Desde pequeno, nunca gostei de palhaço, Lucas.
(bate uma caneta na mesa)
E o Noel tem algo que me incomoda; Ele ri demais.
Lucas faz cara de tacho. O delegado pensa longe.

CENA 16 INT. - HOSPITAL – DIA
Alice, nervosa, procura por alguém em meio a enfermeiros, médicos e visitantes. ENTRA no
ELEVADOR
Aperta o número 4. Quando a porta vai se fechar, Walter salta em sua direção, deixando-a sobressaltada. A porta fecha.
            WALTER
(emocionado)
Alice! Tudo bem? Pensei que não fosse voltar tão rápido.
            ALICE
(constrangida)
Ahn...Cê viu o Noel por aí? Meu celular descarregou e/
            WALTER
Eu sei que tudo tem acontecido rápido demais. Acho que o que fiz acabou causando tudo isso, mas /
            ALICE
A culpa é do tio Avelino, Walter. Você fez o certo.
Walter aproxima de mais, fazendo Alice ficar contra a parede onde há um enorme espelho.
            WALTER
Você chama os meus irmãos de tios, mas...Não consegue fazer o mesmo comigo. Você sabe bem por quê.
Alice não sabe se encara-o ou se abaixa a cabeça. Walter, tomado de desejo, toca seu rosto; Alice deixa-se levar e Walter a beija na boca. O elevador para; Pelo reflexo do espelho, a porta se abre. Alessandro quase entra, quando depara-se com a cena.
            ALESSANDRO
Mas o que é isso?!
Alice e Walter olham para Alessandro, paralisados com o flagra.
FADE OUT
FADE IN
CENA 17 INT. - HOSPITAL / ELEVADOR – DIA
Continuação imediata da cena anterior.
A porta está fechada novamente.
Alessandro afasta Walter de Alice, indignadíssimo.
            ALESSANDRO
Que isso, tio?! Cês piraram? Isso é incesto! Já não basta o meu pai querer matar o próprio filho?
            WALTER
Calma, Alessandro, eu e a Alice não nos víamos há dez anos /
            ALESSANDRO
(corta)
Dane-se! Podiam ficar sem se ver por 50, que não faria diferença! Que nojo! Eu sabia que a volta dela não ia prestar mesmo.
Alice, envergonhada, inquieta-se.
            WALTER
Chega, Alessandro! Eu e ela nos amamos, pronto!
Alessandro, pasmo.
            ALICE
Não, Walter. Não coloque palavras na minha boca.
(Walter encabula-se)
Eu nunca afirmei nada.
            WALTER
Você aceitou o meu beijo, Alice.
            ALICE
(nervosa)
Eu to confusa, tá? Mil coisas andam acontecendo. Me deixa!
O elevador para; A porta abre-se e duas pessoas aguardam entrar. Alice SAI, intempestiva.
Alessandro encara o tio, decepcionado.
CENA 18 EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS – DIA
Um par de sapatos pretos caminha pelo chão de cimento. CAM revela Maria José, receosa, olhando para os lados. Ao aproximar-se da varanda /
            MAZINHO
(O.S)
A bonitinha voltou pra casa…
Maria José vira-se, tensa; Mazinho sorri, claramente com raiva.
            MAZINHO
Agora a gente vai levar um papo reto.
Nele.
CENA 19 EXT. - FAZENDA SANTOS – DIA
Alice anda rápido, atordoada, olhos marejados de quem já chorou. Prestes a abrir o portão, percebe, pelo buraco do muro, Maria José sendo confrontada por Mazinho, lá dentro.
CORTE DESCONTÍNUO
Diretamente em Mazinho, agarrando Maria José pelo braço, deixando-a aflita.
            MAZINHO
Então quer dizer que eu esquentei a minha mão na tua cara porque não aceitei o fim do nosso caso?
           MARIA JOSÉ
Cê tá me machucando…
           MAZINHO
É mesmo? E assim?
Mazinho acerta um TAPA em seu rosto, ainda segurando-a com outro braço.
           MAZINHO
E que tal assim?
Mazinho aperta sua nuca sob seus GRITOS, vira seu rosto e bate a testa da garota de contra a pilastra.
           MAZINHO
Tá bom assim?
A cena é enquadrada pela lente de uma CÂMERA.
Mazinho, então, arremessa Maria José ao gramado. A garota chora, copiosamente, com a testa ensanguentada, enquanto Mazinho aproxima-se, preparando-se para mais violência.
            MAZINHO
Agora, pra finalizar…
            MARIA JOSÉ
Não, não…
Mazinho chega a erguer o braço /
            ALICE
(O.S)
NÃO!
Alice abaixa o celular, vem correndo, decidida.
            ALICE
Vai bater em alguém do teu tamanho, seu covarde!
            MAZINHO
Chegou a justiceira! Cadê o Noel pra apanhar junto?
            ALICE
(mostra o celular)
Tá vendo isso aqui? Basta um clique e o seu vídeo vai parar nas mãos da polícia!
Mazinho fecha a cara, trinca os dentes, surpreso com a atitude.
FADE OUT
FADE IN
CENA 20 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / SALA – DIA
Mazinho adentra, alterado. Alice e Maria José logo atrás.
            MAZINHO
MAS QUE INFERNO! Quer defender a piranha da Maria José por quê? Ficaram amiguinhas, é? Devia tomar vergonha nessa cara e ir embora de vez. Você não é bem-vinda aqui, entendeu? Não é!
           ALICE
Mas eu não saio mesmo! To aqui pela grana, porque se fosse pra olhar pra tua cara, eu não pisaria mais aqui.
           MAZINHO
Mas é claro que é pela grana, interesseira do jeito que é, voltar pro testamento ainda não foi o suficiente, não? Fala aí, você e o Noel voltaram só pra isso, né?
           ALICE
Isso foi coisa do Walter. Teve mais competência pra devolver a grana aos irmãos do que você. Se bobear, ia armar pra cima do tio Avelino também, porque tu gosta disso, né? Tu vive de armação.
Mazinho se enfurece e parte pra cima de Alice. A garota cai sentada no sofá, Mazinho aperta seu braços; Alice se garante.
            MAZINHO
Cê cala tua boca!
            ALICE
Me solta!
Maria José, sem saber o que fazer, só observa. Alice empurra Mazinho, que cai sobre o sofá.
            MAZINHO
Tu armou pra cima do Alessandro, não vem falar de mim, não.
            ALICE
(aponta o dedo)
Eu não armei nada, mas ainda posso armar!
            MAZINHO
Vai mandar o Noelzinho plantar drogas na bolsa dele de novo, Alice? Cuidado hen, você pode ser expulsa daqui.
Alice levanta-se e faz que não entende. Espia Maria José, que também não entende nada.
            ALICE
Que cê tá dizendo aí, Mazinho?
            MAZINHO
Não se faça de desentendida, não. Noel plantou aquelas drogas na bolsa dele, mas eu vi, tá? Eu podia ter jogado na bolsa dele, mas a tua bolsa tava mais próxima, fazer o quê? Vacilou, pilantra!
            ALICE
(absorta)
Você…?
            MAZINHO
Sim! Chamei a polícia, sim! Se fosse hoje você estaria na cadeia, ouviu? Na cadeia!
Mazinho SAI de cena, deixando Alice alí, sem chão.
            MARIA JOSÉ
Ele deve ter inventado isso, só pode, né?
A imagem de Maria José é desfocada para dar destaque ao semblante abismado de Alice.
            ALICE
Só pode...
CENA 21 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE ALICE – DIA – TEMPO DEPOIS
Alice está próxima à janela, confusa; Pensa, enquanto seu olhar mostra-se vago.
INSERT - ÁUDIO:
            MAZINHO
(V.O)
Noel plantou aquelas drogas na bolsa dele, mas eu vi, tá? Eu podia ter jogado na bolsa dele, mas a tua bolsa tava mais próxima, fazer o quê? Vacilou, pilantra!
FIM DO ÁUDIO
= = FLASHBACK 1 = =
CENA 22 EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / CAMPO – DIA
Legenda: Agosto de 2006
Debaixo de uma árvore, Alice e Noel estão sentados, injuriados.
            ALICE
Tio Avelino tá sempre defendendo o Alessandro. Pra ele, tudo que você faz tá errado.
             NOEL
Ele me acusa de tudo; De ser irresponsável, cínico, de armar pra cima dele. Meu pai acredita em tudo! Eu quero fazer administração pra ajudá-lo na fazenda, mas ele não tá nem aí!
             ALICE
Parece que ele só vê que tem um filho. Depois que o Alessandro insinuou que teríamos um caso, só porque não desgrudamos, não duvido de mais nada.
Noel levanta-se, firme.
             NOEL
É isso! A gente precisa fazer alguma coisa, Alice. Se meu pai tivesse uma prova do mau caratismo dele, talvez ele me enxergasse aqui.
             ALICE
(maliciosa)
Hmmm...E qual seria o plano?
             NOEL
(mãos na cintura)
Aí é que tá, criatividade nunca foi o meu forte.
(uma das mãos no queixo, faz o pensador)
Bem que eu gostaria de ser escritor, mas escritor não posso ser; escritor pensa em tudo e eu só penso em você. 
E Noel se joga em Alice, aos risos. Os dois no gramado.
= = FIM DO FLASHBACK 1 = =
= = FLASHBACK 2 – CENA EM QUE NOEL CONFIDENCIA A ALICE UM PLANO CONTRA AVELINO (CENA 28 – CAP 7) = =
            ALICE
(assustada / brinca)
Você vai matar o policial e pôr a culpa no teu pai?
            NOEL
Ideia boa, mas não (força o sorriso maquiavélico / Alice ri).
A gente pode provar a ele que o meu pai o trata como um capacho, que a qualquer momento pode ser dispensando, sacas? Esse Lucas é posudo, detestaria saber que o meu pai pensa o pior dele.
            ALICE
(preocupada)
Isso pode nos comprometer? Porque alguém que aceita suborno, tá disposto a tudo.
            NOEL
Relaxa, que a gente ainda sai como paladinos da cidade. E até sei quem pode nos ajudar.
Em Alice, curiosa.
= = FIM DO FLASHBACK 2 = =
Volta em Alice, testa franzida, assimilando os fatos.
INSERT – AÚDIO:
            AVELINO
(V.O)
Você só trouxe desgraça! Conta pra eles, Noel, conta pra eles que você gravou a minha conversa com a Maria José e deturpou tudo para o meu amigo Lucas. Conta!
FIM DO ÁUDIO
= = FLASHBACK 3 = =
CENA 23 EXT. - QUIOSQUE – DIA
Maria José encurralada por Alice.
           MARIA JOSÉ
Eu pensei que você soubesse. São tão unidos.
           ALICE
Noel se jogou da janela pra acusar o tio Mazinho? Isso é história sua!
           MARIA JOSÉ
Né não. Acho que nem foi a primeira vez (Alice aguarda, impetuosa / Maria José murmura).
Depois disso, já acho que ele forjou o acidente de carro pra acusá-lo também. Vingança por eu ter pisado em você.
            ALICE
(ignora)
Ah tá...Noel virou um vingador? Conta outra, garota!
= = FIM DO FLASHBACK 3 = =
Em Alice, absorta. A CAM enquadra Noel pelas suas costas.
            NOEL
Alice?
Alice vira-se, sobressaltada.
CLOSES DESCONTÍNUOS entre os dois. Forte tensão.
FADE OUT
FADE IN
CENA 24 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE ALICE – DIA
Alice afasta-se do primo, extremamente confusa. Noel não gosta.
            NOEL
Por que isso agora?
            ALICE
O tio Mazinho me contou, Noel. Ele viu você colocando as drogas na bolsa do Alessandro, aí ele acabou jogando tudo na minha bolsa. Isso é verdade?
Noel abaixa a cabeça, relutante.
           ALICE
Responda, Noel!
            NOEL
Desculpa.
Alice põe as mãos na cabeça, horrorizada.
           ALICE
Por que você não me contou?!
            NOEL
Eu tive medo de você brigar comigo. Você concordou em fazer alguma coisa pra ele perder o respeito do meu pai /
            ALICE
E você fez algo parecido com o Lucas e quase ferrou com a Maria José, Noel! (climão) Eu ou ela podia ter morrido!
Noel vai até ela, toca seu rosto, confiante.
            NOEL
Por favor, Alice! Eu não vim pra cá pra machucar ninguém. O tio Mazinho tentou te matar, lembra? Eu precisava contar com uma arma muito boa pra freá-lo.
            ALICE
O que aconteceu há dez anos, só piorou o que tava ruim, Noel.
            NOEL
(Semblante sofrido / Encosta a testa na dela) Me perdoa. Por favor, me perdoa! Eu só tenho você, (põe-se de joelhos / chora) por favor, a minha mãe tá morrendo e agora só terei você.
Alice segura o choro, respira. Faz ele ergue-se.
            ALICE
Para com isso, tá? Errar é humano. A gente tá junto nessa.
Alice seca as lágrimas dele. Noel sorri e a abraça forte.
            NOEL
A gente tá junto pra sempre, né?
            ALICE
Pra sempre. Nós vamos pegar essa herança e sairemos junto daqui.
Alice desfaz o abraço, preocupada.
            ALICE
E a tua mãe? É certo isso?
            NOEL
É por isso que eu vim.
(seca as lágrimas)
Não consegui te ligar. A minha mãe quer falar contigo. Pode ser o último pedido dela.
            ALICE
Claro! Vamos!
            NOEL
Vai na frente. Eu vou pegar uma roupa pra ela lá na fazenda.
Alice faz que sim e SAI pela porta.
Em Noel.
CENA 25 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / SALA – DIA – TEMPO DEPOIS
Avelino adentra com dois capatazes. No alto da escada, Noel quase vem descendo, mas esgueira-se.
            AVELINO
Boatos de que o padre está naquela fazenda. (para diante dele) Eu só preciso pegar uma coisa. Chame os outros; Vamos cercar aquela fazenda e trazer aquele padre de araque aqui. Quero aquele padreco sendo morto aqui!
Avelino e os capatazes seguem até o escritório. Fecha em Noel, preocupado.
FADE OUT
FIM DO SEGUNDO ATO
ATO FINAL
FADE IN
CENA 26 INT. - DELEGACIA – DIA
Lucas encara o delegado, surpreso por algo que ouviu.
            LUCAS
Acha mesmo que foi /
            ALCÂNTARA
Exatamente!
(caminha por alí, pensativo)
Só uma pessoa com uma mente tão doentia poderia arquitetar um plano desses só para atingir um único objetivo. (olha para Lucas)
E só pode ser uma pessoa que ninguém bota fé que faria mal a alguém.
A porta é aberta. Um policial adentra.
            POLICIAL #2
Delegado, a pessoa que o senhor mandou chamar, chegou.
O delegado atento. O policial deixa Gustavo entrar.
           GUSTAVO
(cumprimenta o delegado)
Boa tarde! Soube que queria falar comigo.
           ALCÂNTARA
Sim, Gustavo, você foi motorista da família Santos, correto?
            GUSTAVO
Exatamente, mas fui dispensado assim que tirei férias.
            ALCÂNTARA
Isso foi após a morte de dona Catarina, não é mesmo?
Gustavo hesita, entreolha os policiais.
            GUSTAVO
Ainda estão investigando aquele caso? Ou é sobre a morte da Ana? Isso pode me comprometer?
            ALCÂNTARA
Calma, Gustavo, estamos apenas tendo uma conversa informal. Você disse ter saído de férias, mas acabou dispensado. (joga) Quem te pagou pra você sumir?
            GUSTAVO
(tenso)
Como sabe que /
O delegado encara-o, incisivo; Gustavo esfrega a mão na boca, percebe que falou demais.
            GUSTAVO
Olha, eu já arranjei trabalho em Itaguaí, tenho minha família, então /

            ALCÂNTARA
Não se preocupe, rapaz; Daremos segurança a você, caso seja necessário. Basta me dizer quem te pagou pra você sumir.
            GUSTAVO
Olha, eu...Eu fiquei com medo na época, mas...Quem me pagou é um psicopata, delegado. Um psicopata!
No semblante animado do delegado.
CENA 27 EXT. - CASARÃO / FAZENDA GUERRA / SALA – DIA
Um capanga desce as escadas; Outro vem pelo corredor à direita; Avelino vem da cozinha com mais seis homens.
           AVELINO
Cadê aquele maldito?
CENA 28 INT. - HOSPITAL – DIA
João não para quieto; Caminha de um lado para o outro, coça a nuca; Coloca as mãos na cintura. Alessandro surge com um copo d’água; Oferece. João hesita, mas pega.
            JOÃO
Obrigado.
            ALESSANDRO
A minha mãe vai ficar bem, não é?
João acaba de dar um gole na água. Pensa bem antes de falar.
            JOÃO
Não sei. O médico disse que ela sofreu um infarte grave.
            ALESSANDRO
Mas o que aconteceu? Ela tava com o senhor? Foi por causa do que o meu pai fez?
Quando João vai falar, avista Paulo vindo em sua direção, afobado. João entrega o copo a Alessandro e segue até o capataz. Alessandro, atento.
           JOÃO
Paulo, o que houve?
           PAULO
Desculpe, patrão. Mas é que…
(percebe Alessandro / disfarça)
Tentei te ligar, mas o seu telefone só dava na caixa postal.
            JOÃO
Sim, mas o que tem?
            PAULO
Ele foi raptado, patrão.
            ALESSANDRO
Quem foi raptado?
            JOÃO
Droga! Você não podia tê-lo deixado sozinho, Paulo! Aposto que foi o Avelino ou...
            ALESSANDRO
(por cima)
Por favor, gente, o que tá havendo?
Mazinho já chegando alí, com nariz empinado, curioso.
            MAZINHO
E aí, povo? A minha ex-cunhadinha, como tá?
            JOÃO
(ignora)
O padre. O padre tava refugiado lá em casa e alguém raptou.
            ALESSANDRO
O padre? Por causa do vídeo?
           JOÃO
Mais do que isso, Alessandro (toca seu ombro). Ele sabe quem matou a Catarina e a Ana. E o assassino quer matá-lo.
CLOSES ALTERNADOS em cada um deles, em choque.
CENA 29 EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS – DIA
Um clima sombrio paira no local.
CENA 30 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE ALICE – DIA
Batista é empurrado de contra o chão. Vai arrastando-se para trás, medroso, até levantar-se.
            BATISTA
Por favor, a única coisa que quero é ir embora, pra bem longe.
Uma arma surge na tela, apontada para o padre. Este, trêmulo, semblante dramático.
           BATISTA
Por Deus! Você não precisa fazer isso. (desespera-se)
Você já conseguiu o que queria. O que mais você quer?
A CAM dá um giro rápido e revela NOEL, em êxtase, apontando a arma.
           NOEL
Quero evitar que você me entregue pro meu pai. Prefere aqui ou lá fora como tua irmã?
Noel sorri, de olhar fixo.
Em Batista, apavorado.
CLÍMAX
FADE TO BLACK
FIM DO CAPÍTULO

APRESENTANDO

CHRISTIANA UBACH.......................Maria Alice Pimentel
JOÃO VÍTHOR OLIVEIRA........................…...Noel Santos
MARCO PIGOSSI.............................Alessandro Santos
OSVALDO MIL..................................Mazinho Santos
JULIANA LOHMANN...........................Maria José Guerra
LUCINHA LINS....................................Helô Castro
HERSON CAPRI…................................Avelino Santos
LUCCI FERREIRA................................Walter Santos
MURILO GROSSI............................…………...João Guerra
TONICO PEREIRA................................Cícero Guerra

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL

BIA ARANTES.................................Catarina Guerra


ELENCO SECUNDÁRIO
RAPHAEL VIANA..................................Paulo Borges
CAIO BLAT.....................................Padre Batista
CLÁUDIA NETTO..............................………………Tina
DANI BARROS...................................Tarsila Santos
MARCO RICCA..................................Wagner Pimentel

ATORES CONVIDADOS NESSE CAPÍTULO

RAINER CADETE.........................……….......Gustavo
RICARDO PEREIRA....................................Alcântara
SÉRGIO MARONE.........................…………Policial Lucas

TRILHA SONORA

MÁSCARA................................................Pitty

REFERÊNCIA À SÉRIE “SEAS”

ORLANDO..........................................ENRIQUE DÍAZ
REGINA DOS SANTOS.............................ADRIANA ESTEVES






Essa obra não possui nenhum vínculo/contrato com os atores citados acima.


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