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GATO PRETO CAPÍTULO 11
42:00 min
CYBERTV APRESENTA
GATO PRETO
Minissérie
de
Cristina Ravela
Capítulo 11 de 13
© 2018, CyberTV.
Todos os direitos reservados.
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ATO DE ABERTURA
FADE
IN
= =
FLASH-FORWARD = =
CENA
1 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / SALA – DIA
PLANO
GERAL – A família reunida, alguns sentados, outros em pé, na expectativa.
Tarsila
e Wagner, arrumados para uma festa, aguardam ao lado de uma Alice nervosa. Esta
cruza o olhar com Alessandro, que mantém a pose de durão; Olhares entre Walter
e Noel cruzam-se em meio a burburinhos.
Avelino,
segurando uma pasta com documentos, respira fundo, de cara amarrada.
AVELINO
Eu chamei todos aqui porque preciso corrigir um erro do passado. (T) Há dez anos, cometi uma injustiça.
Eu chamei todos aqui porque preciso corrigir um erro do passado. (T) Há dez anos, cometi uma injustiça.
Enquanto
ele discursa, CAM dá alguns flagras nas reações da família.
AVELINO
Eu realmente acreditei que Maria Alice portava drogas, e isso, pra mim, era inadmissível. Pior ainda era ver o meu filho, Noel, prestando todo apoio a ela. No calor do momento, deserdei ambos e mandei embora daqui.
Eu realmente acreditei que Maria Alice portava drogas, e isso, pra mim, era inadmissível. Pior ainda era ver o meu filho, Noel, prestando todo apoio a ela. No calor do momento, deserdei ambos e mandei embora daqui.
Walter
encara-o, faz um sinal com a cabeça para Avelino prosseguir. Avelino pigarreia,
trinca os dentes, mas disfarça bem.
AVELINO
Eu impedi que o caso fosse mais além na polícia, mas, para isso, pedi que a minha irmã Tarsila nunca revogasse a herança. (T) A herança do nosso pai, que eu havia declarado não existir.
Eu impedi que o caso fosse mais além na polícia, mas, para isso, pedi que a minha irmã Tarsila nunca revogasse a herança. (T) A herança do nosso pai, que eu havia declarado não existir.
Em
Alice e Tarsila, emocionadas. Noel olha para Walter, e ambos sorriem,
vitoriosos.
AVELINO
Portanto, a partir de hoje, Tarsila, Walter e Mazinho receberão suas devidas partes.
Portanto, a partir de hoje, Tarsila, Walter e Mazinho receberão suas devidas partes.
Avelino
encara Noel; Olhares fuzilantes.
AVELINO
E Maria Alice e Noel voltam para o testamento. Aqui está o documento, lavrado em cartório, caso alguém tenha dúvidas.
E Maria Alice e Noel voltam para o testamento. Aqui está o documento, lavrado em cartório, caso alguém tenha dúvidas.
Avelino
deixa a pasta sobre a mesa.
AVELINO
E com isso, dou por encerrada a reunião.
E com isso, dou por encerrada a reunião.
CENA
2 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / QUARTO DE NOEL – NOITE
A CAM
enquadra apenas o estreito corredor e uma parte do quarto vazio. Dalí, Noel
surge, de cabelos molhados, ajeitando o paletó marrom. Caminha distraído, até
dar com alguém ao seu lado.
Avelino
aponta a arma para o filho, enfurecido.
AVELINO
Agora somos só nós dois, seu filho da puta.
Agora somos só nós dois, seu filho da puta.
CLOSE em Noel, assustado.
=
= FIM DO FLASH-FORWARD = =
FADE OUT
FADE
IN
CENA
3 INT. - DELEGACIA – DIA
Legenda: Horas antes
Paulo
acaba de entrar, sorridente, conduzido por Lucas. Dá um abraço em João, em
clima animado.
JOÃO
Finalmente, Paulo! Seu advogado conseguiu o habeas corpus.
Finalmente, Paulo! Seu advogado conseguiu o habeas corpus.
Paulo
estende a mão para Luíz e puxa-o para um abraço. Dão aquele tapinha nas costas,
sem cerimônia.
PAULO
Muito obrigado! (para João) Vou ficar eternamente grato, patrão.
Muito obrigado! (para João) Vou ficar eternamente grato, patrão.
JOÃO
Você faz falta na fazenda, rapaz. (ri) Vamos?
Você faz falta na fazenda, rapaz. (ri) Vamos?
João
cumprimenta Alcântara e SAI com Paulo e Luíz. Assim que eles SAEM, o delegado
contorna a mesa, decidido.
ALCÂNTARA
Menos um suspeito.
Menos um suspeito.
LUCAS
Que venha o próximo.
Que venha o próximo.
O
delegado se senta e balança a cabeça positivamente.
CENA
4 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS – DIA
Fachada.
Um jipe marrom estacionado.
CENA
5 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / QUARTO DE WALTER – DIA
Noel
abrindo a porta, dá uma leve batida. Walter vem do banheiro, secando o rosto
com uma toalha.
WALTER
Ô Noel, chega aí!
Ô Noel, chega aí!
Noel
ainda espia o corredor, adentra e fecha a porta.
WALTER
Algum problema?
Algum problema?
Noel
aproxima-se, fazendo suspense.
NOEL
Sim, ahn... na verdade, não. Eu ouvi sua conversa com o meu pai, tio. (toca seu ombro) Quanta audácia, hen. Gostei.
Sim, ahn... na verdade, não. Eu ouvi sua conversa com o meu pai, tio. (toca seu ombro) Quanta audácia, hen. Gostei.
Walter
mostra-se abismado.
WALTER
Você ouviu tudo?
Você ouviu tudo?
NOEL
Sim! Meu pai queria matar a Maria José. Essa garota tá dando sorte de ficar viva, tio. O senhor a salvou.
Sim! Meu pai queria matar a Maria José. Essa garota tá dando sorte de ficar viva, tio. O senhor a salvou.
Walter
inquieta, anda pelo ambiente, incomodado. Volta-se, de repente.
WALTER
Eu ameacei o Avelino, Noel. Se ele não ceder, o que eu farei? Aquele vídeo não torna a vida dele tão grave assim. Ele é bom de contornar as coisas.
Eu ameacei o Avelino, Noel. Se ele não ceder, o que eu farei? Aquele vídeo não torna a vida dele tão grave assim. Ele é bom de contornar as coisas.
NOEL
Calma, tio. Se o vídeo não representasse nenhum perigo pra ele, Maria José não teria sofrido os ataques. Ele, no fundo, tem medo de perder a reputação, então calma.
Calma, tio. Se o vídeo não representasse nenhum perigo pra ele, Maria José não teria sofrido os ataques. Ele, no fundo, tem medo de perder a reputação, então calma.
Walter
põe as mãos na cintura, não satisfeito com a situação. Noel observa.
NOEL
Tio, o senhor ficou assim porque a Alice quase morreu, né? (Walter paralisa) Digo, meu pai chegou ao extremo, por isso essa sua atitude?
Tio, o senhor ficou assim porque a Alice quase morreu, né? (Walter paralisa) Digo, meu pai chegou ao extremo, por isso essa sua atitude?
WALTER
(gagueja) Claro...(respira / disfarça) Avelino passou de todos os limites. Mas não to confiante que ele vá reparar todos os erros. Inclusive, ter te deserdado.
(gagueja) Claro...(respira / disfarça) Avelino passou de todos os limites. Mas não to confiante que ele vá reparar todos os erros. Inclusive, ter te deserdado.
Noel
toca em seu ombro, firme.
NOEL
Seria um belo presente de natal se ele pedisse perdão, não é? Mas se ele pagar o que deve a vocês, ficarei feliz. Conte comigo, viu?
Seria um belo presente de natal se ele pedisse perdão, não é? Mas se ele pagar o que deve a vocês, ficarei feliz. Conte comigo, viu?
Walter
sorri, esperançoso, e ambos abraçam-se.
CENA 6 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / SALA – DIA
Walter
vem descendo as escadas no pulo, com a sua bolsa a tiracolo. Nem vê Cícero,
parado próximo à porta, comendo uns biscoitos.
CÍCERO
(deboche)
Atrasado, filho?
(deboche)
Atrasado, filho?
Walter
se assusta. Recompõe-se.
WALTER
(grosso)
Vai depender do assunto.
(grosso)
Vai depender do assunto.
CÍCERO
Hmm...Tá nervosinho, tá? Botando as manguinhas de fora?
Hmm...Tá nervosinho, tá? Botando as manguinhas de fora?
Walter
revira os olhos e já vai saindo.
CÍCERO
(malicioso)
Tá assim desde que a Alicezinha quase morreu, né?
(malicioso)
Tá assim desde que a Alicezinha quase morreu, né?
Walter
para, pensa rápido e dá uma olhada mortal para Cícero.
CÍCERO
Eu vi vocês de cochicho outro dia. Você tem que disfarçar melhor a sua cara de bobo apaixonado, viu Waltinho? (risadinha irônica) Porque tio com sobrinha é incesto, sabia?
Eu vi vocês de cochicho outro dia. Você tem que disfarçar melhor a sua cara de bobo apaixonado, viu Waltinho? (risadinha irônica) Porque tio com sobrinha é incesto, sabia?
De
surpresa, Walter pega no colarinho de Cícero, fazendo este derrubar os
biscoitos.
WALTER
Espalha isso pra alguém que eu esqueço que a sua filha tá jurada de morte nesta CASA!
Espalha isso pra alguém que eu esqueço que a sua filha tá jurada de morte nesta CASA!
E
solta Cícero, assustadíssimo com aquela reação. Walter vai embora. Em Cícero,
esfregando a mão no colarinho.
FADE TO BLACK
FIM DO ATO DE ABERTURA
CAPÍTULO 11
OLHO POR
OLHO
DENTE POR DENTE
DENTE POR DENTE
PRIMEIRO ATO
FADE
IN
CENA
7 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS – DIA
Walter
saindo, injuriado. Abre a porta do jipe, prepara-se para entrar.
HOMEM #1
(O.S)
Seu Walter Santos?
(O.S)
Seu Walter Santos?
Walter
espia um homem engravatado, munido de uma pasta e um documento.
WALTER
Pois não?
Pois não?
HOMEM #1
Sou oficial de justiça. Por favor, assine aqui? É uma intimação para o senhor comparecer à delegacia.
Sou oficial de justiça. Por favor, assine aqui? É uma intimação para o senhor comparecer à delegacia.
Walter
pega a caneta e o documento; Assina. Após, entrega a caneta. O oficial
despede-se, assentindo com a cabeça. Walter olha para o documento, preocupado.
CENA
8 INT. - CASARÃO / FAZENDA
GUERRA / QUARTO DE HÓSPEDES – DIA
Tarsila,
de frente para o espelho da penteadeira, passa batom. Alice atrás, inquieta.
ALICE
Seja lá quem matou a Catarina, essa pessoa sabia do testamento, mas não da doença dela. Pra quê ia se arriscar, se podia esperar mais um pouco?
Seja lá quem matou a Catarina, essa pessoa sabia do testamento, mas não da doença dela. Pra quê ia se arriscar, se podia esperar mais um pouco?
Tarsila
fecha a tampa do batom e vira-se para a filha.
TARSILA
Alice, eu já to achando perigoso demais essa sua estada aqui. Você e o Noel já sofreram atentados; A Maria José também. Será que vale a pena lutar por uma herança que nem devia ser de vocês?
Alice, eu já to achando perigoso demais essa sua estada aqui. Você e o Noel já sofreram atentados; A Maria José também. Será que vale a pena lutar por uma herança que nem devia ser de vocês?
ALICE
A senhora tá desistindo?
A senhora tá desistindo?
TARSILA
Eu e o seu pai só estamos aqui porque o João queria que déssemos apoio a vocês. (reluta / faz a negativa) Mas não sei. (Vai até a cama / arruma uma bolsa)
Eu só não quero me arrepender de ter apoiado isso.
Eu e o seu pai só estamos aqui porque o João queria que déssemos apoio a vocês. (reluta / faz a negativa) Mas não sei. (Vai até a cama / arruma uma bolsa)
Eu só não quero me arrepender de ter apoiado isso.
ALICE
A senhora perdeu uma herança que era sua, mãe. O Noel disse que o Walter tem uma carta na manga pra obrigar o tio Avelino a pagar o que deve.
A senhora perdeu uma herança que era sua, mãe. O Noel disse que o Walter tem uma carta na manga pra obrigar o tio Avelino a pagar o que deve.
Tarsila
segura as suas mãos, sem a menor confiança.
TARSILA
Filha...Eu adoro o Walter, melhor irmão não há. Mas ele não tem cacife pra bater de frente com o Avelino. Não tem!
Filha...Eu adoro o Walter, melhor irmão não há. Mas ele não tem cacife pra bater de frente com o Avelino. Não tem!
Alice
mostra-se vencida, abaixa a cabeça. Tarsila toca seu rosto, sorri.
TARSILA
Mas eu não vou pedir que você desista. Faço também pelo Noel, tão injustiçado quanto você.
Mas eu não vou pedir que você desista. Faço também pelo Noel, tão injustiçado quanto você.
As
duas abraçam-se. Tempo no abraço.
TARSILA
Wagner! Vou esperar o mocinho lá embaixo, hen!
Wagner! Vou esperar o mocinho lá embaixo, hen!
WAGNER
(O.S)
Tô indo!
(O.S)
Tô indo!
As
duas riem. Tarsila segue até a porta, abre e SAI.
Alice quase senta na cama, desolada, quando Wagner vem lá de dentro, penteando os cabelos rasos.
Alice quase senta na cama, desolada, quando Wagner vem lá de dentro, penteando os cabelos rasos.
WAGNER
Filha, escuta, não dê ouvidos a sua mãe, tá? Agora mesmo que você tem que mostrar pra aquele velhaco quem tem poder aqui.
Filha, escuta, não dê ouvidos a sua mãe, tá? Agora mesmo que você tem que mostrar pra aquele velhaco quem tem poder aqui.
ALICE
Também acho, mas não basta fazê-lo pagar o que deve; Temos que descobrir quem matou a Catarina e a Ana!
Também acho, mas não basta fazê-lo pagar o que deve; Temos que descobrir quem matou a Catarina e a Ana!
WAGNER
Se quem matou a Catarina sabia do testamento, basta descobrirmos quem tinha acesso a essa informação.
Se quem matou a Catarina sabia do testamento, basta descobrirmos quem tinha acesso a essa informação.
ALICE
O pai dela, certamente.
O pai dela, certamente.
WAGNER
E o advogado deles também.
E o advogado deles também.
Alice
reage como a receber uma luz.
ALICE
Claro! O doutor Rafael…
Claro! O doutor Rafael…
Em
Wagner, assentindo.
CENA
9 EXT. - RUAS DA CIDADE –
DIA – TEMPO DEPOIS
VISTA
PANORÂMICA dos quiosques e a praia logo atrás, brilhante pela luz do sol.
Poucos carros percorrem a estrada, com destaque para um táxi amarelo.
CORTE
DESCONTÍNUO
O
táxi adentra a PRAÇA, muito arborizada, repleta de gente e de carros, e para
diante de um prédio. A porta abre-se e Alice desce. Olha para a fachada do
prédio, dando uma geral na arquitetura simples, antiga, de dois andares e tom
bege.
CENA
10 INT. - PRÉDIO /
ESCRITÓRIO DE RAFAEL – DIA
Alice
acaba de sentar numa cadeira. A sua frente, Rafael, já sentado, perante uma
papelada sobre a mesa. Local típico de escritório, com pequenos armários,
mesas, cadeiras, computador; Cores neutras complementam o ambiente.
ALICE
Vejo que mesmo na véspera de natal, o senhor trabalha firme.
Vejo que mesmo na véspera de natal, o senhor trabalha firme.
Rafael
sorri, simpático.
RAFAEL
Você deu sorte. Vou fechar depois de meio-dia. Mas diga lá, teve algum atrito com o Alessandro?
Você deu sorte. Vou fechar depois de meio-dia. Mas diga lá, teve algum atrito com o Alessandro?
ALICE
Atrito direto (Rafael ri), mas não é por isso que vim. Eu descobri, recentemente, que a Catarina tinha pouco tempo de vida.
Atrito direto (Rafael ri), mas não é por isso que vim. Eu descobri, recentemente, que a Catarina tinha pouco tempo de vida.
Rafael
franze as sobrancelhas; Estranha.
ALICE
Um tumor na cabeça. Ela ia morrer de qualquer maneira, doutor. Quem a matou, não sabia disso.
Um tumor na cabeça. Ela ia morrer de qualquer maneira, doutor. Quem a matou, não sabia disso.
Rafael,
atordoado, põe a mão no queixo. Faz a negativa.
RAFAEL
Não pode ser.
Não pode ser.
ALICE
O senhor não sabia?
O senhor não sabia?
RAFAEL
Não. Mas também, era um assunto delicado. De família. Estranho você não saber antes, eram tão unidas.
Não. Mas também, era um assunto delicado. De família. Estranho você não saber antes, eram tão unidas.
ALICE
(cabisbaixa)
Pois é, mas é que...(encara-o, afoita) O senhor acredita em mim, né? Ela foi assassinada.
(cabisbaixa)
Pois é, mas é que...(encara-o, afoita) O senhor acredita em mim, né? Ela foi assassinada.
RAFAEL
Sim, sim, mas no que posso ajudar?
Sim, sim, mas no que posso ajudar?
Alice
desliza as mãos sobre a mesa e segura as mãos do advogado, ansiosa.
ALICE
Eu preciso saber quem mais sabia do testamento dela. Ela veio aqui com alguém sem ser o pai dela?
Eu preciso saber quem mais sabia do testamento dela. Ela veio aqui com alguém sem ser o pai dela?
RAFAEL
Filha, ela nem esteve aqui.
Filha, ela nem esteve aqui.
ALICE
O testamento foi feito na fazenda?
O testamento foi feito na fazenda?
RAFAEL
Era mais cômodo pra ela. Na ocasião, estávamos só eu, ela e o João.
Era mais cômodo pra ela. Na ocasião, estávamos só eu, ela e o João.
Alice
afasta as mãos, recosta na cadeira; Frustrada.
RAFAEL
A menos que alguém tenha escutado atrás da porta.
A menos que alguém tenha escutado atrás da porta.
Alice
desvia o olhar, pensa um pouco. Até que desperta, como a receber um “estalo”.
ALICE
É, pode ser! E só pode ser uma pessoa.
É, pode ser! E só pode ser uma pessoa.
Em
sua expressão misteriosa.
CENA
11 EXT. - DELEGACIA – DIA
Poucos
carros de polícia; Nas três bandeiras hasteadas.
CENA
12 INT. - DELEGACIA – DIA
Walter
já encontra-se diante de Alcântara. O escrivão, do outro lado, registrando
tudo.
ALCÂNTARA
Então, você é chefe de cozinha? Hmm...E não costuma circular pelo salão principal?
Então, você é chefe de cozinha? Hmm...E não costuma circular pelo salão principal?
WALTER
Não, senhor.
Não, senhor.
ALCÂNTARA
Curioso, porque...Geralmente, os clientes gostam de conhecer o chefe, a pessoa que coordena os pratos…
Curioso, porque...Geralmente, os clientes gostam de conhecer o chefe, a pessoa que coordena os pratos…
WALTER
Geralmente não é sempre, seu delegado. Muitos me conhecem por eu ser o irmão de Avelino.
Geralmente não é sempre, seu delegado. Muitos me conhecem por eu ser o irmão de Avelino.
Alcântara
faz que entende, enquanto analisa Walter.
ALCÂNTARA
E isso te incomoda? Digo, incomoda as pessoas te conheceram por causa do seu irmão, e não, necessariamente, pelos seus dotes culinários?
E isso te incomoda? Digo, incomoda as pessoas te conheceram por causa do seu irmão, e não, necessariamente, pelos seus dotes culinários?
Walter
tem dificuldade pra cruzar o olhar com o delegado. Mostra-se nervoso.
WALTER
Eu apenas disse que as pessoas não pedem para me conhecer, porque já me conhecem. Afinal, há alguma suspeita sobre mim?
Eu apenas disse que as pessoas não pedem para me conhecer, porque já me conhecem. Afinal, há alguma suspeita sobre mim?
ALCÂNTARA
Estou apenas colhendo depoimentos, pois foi descoberto que a comida que envenenou Paulo saiu do restaurante onde você trabalha.
Estou apenas colhendo depoimentos, pois foi descoberto que a comida que envenenou Paulo saiu do restaurante onde você trabalha.
WALTER
(atônito)
O quê? A comida...A comida envenenada saiu da minha cozinha?!
(atônito)
O quê? A comida...A comida envenenada saiu da minha cozinha?!
ALCÂNTARA
Eu já mandei chamar o (confere num papel) Wagner e Tarsila Pimentel. Gerente e caixa do mesmo restaurante. Talvez, eu tenha mais sucesso, não?
Eu já mandei chamar o (confere num papel) Wagner e Tarsila Pimentel. Gerente e caixa do mesmo restaurante. Talvez, eu tenha mais sucesso, não?
Em
Walter, de atônito, passa para uma expressão de fúria.
CENA
13 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
GUERRA – DIA
Alice
aponta do portão, avista Paulo lá dentro.
ALICE
Paulo!
Paulo!
Paulo
vem correndo, abre o portão.
PAULO
Alice, que bom que você veio! Preciso muito falar contigo.
Alice, que bom que você veio! Preciso muito falar contigo.
ALICE
Eu também. É ainda sobre o testamento de Catarina /
Eu também. É ainda sobre o testamento de Catarina /
PAULO
(corta)
Deixa eu falar primeiro. Eu...Eu não tenho tido paz desde que tudo aconteceu.
(corta)
Deixa eu falar primeiro. Eu...Eu não tenho tido paz desde que tudo aconteceu.
ALICE
Compreendo. Ser preso por um crime que não cometeu /
Compreendo. Ser preso por um crime que não cometeu /
PAULO
(por cima / toma coragem)
Eu cometi um crime, Alice!
(por cima / toma coragem)
Eu cometi um crime, Alice!
BAQUE.
ALICE
O quê?
O quê?
Paulo
cobre o rosto, por instantes, aflito.
PAULO
Você vai me odiar, mas eu não posso continuar com isso. Eu to vendo o cerco se fechar.
Você vai me odiar, mas eu não posso continuar com isso. Eu to vendo o cerco se fechar.
ALICE
Do que cê tá falando?
Do que cê tá falando?
PAULO
A Catarina...Ela...Ela armou o próprio acidente.
A Catarina...Ela...Ela armou o próprio acidente.
CLOSE
na expressão surpresa de Alice.
FADE TO BLACK
FADE
IN
CENA
14 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / SALA – DIA
Walter
atravessa o ambiente, enfurecido. Noel, descendo as escadas, corre até ele,
preocupado. Segura seu braço.
NOEL
Tio! Tio! O senhor não tinha que tá no restaurante?
Tio! Tio! O senhor não tinha que tá no restaurante?
Walter
volta-se, com sangue nos olhos.
WALTER
Não me segura, não! Que a vontade que eu tenho é de trucidar o Avelino!
Não me segura, não! Que a vontade que eu tenho é de trucidar o Avelino!
Walter
larga dele. Noel vai atrás.
CORTE
DESCONTÍNUO
NO
ESCRITÓRIO, Avelino levanta-se, exaurido.
AVELINO
Como é que é?! Cê já tá passando dos limites, Walter!
Como é que é?! Cê já tá passando dos limites, Walter!
À
frente dele, Walter e Noel, de pé, firmes. Mazinho, ao lado de Avelino,
afrontoso.
WALTER
Você é quem passou. (para Mazinho) Vocês dois!
Você é quem passou. (para Mazinho) Vocês dois!
MAZINHO
Ih, eu hen, qualé, irmão? To de boa aqui.
Ih, eu hen, qualé, irmão? To de boa aqui.
WALTER
(para Mazinho)
Você quase matou a Alice e o Noel pro Alessandro ficar com a grana. (para Avelino) Você quase matou a Maria José usando veneno na minha comida, só para me chantagear. Eu fui traído! Traído nesta casa, AGORA CHEGA!
(para Mazinho)
Você quase matou a Alice e o Noel pro Alessandro ficar com a grana. (para Avelino) Você quase matou a Maria José usando veneno na minha comida, só para me chantagear. Eu fui traído! Traído nesta casa, AGORA CHEGA!
AVELINO
(trinca os dentes)
Você quer parar com isso?
(trinca os dentes)
Você quer parar com isso?
WALTER
Sabe por que o delegado me chamou? Hen? Pra dizer que o Paulo foi envenenado com a comida do restaurante. Com a minha comida!
Sabe por que o delegado me chamou? Hen? Pra dizer que o Paulo foi envenenado com a comida do restaurante. Com a minha comida!
MAZINHO
Cara, cê não tá achando…?
Cara, cê não tá achando…?
WALTER
(ignora)
Se eu decidir mostrar aquele vídeo pra polícia, você vai ter que se explicar.
(ignora)
Se eu decidir mostrar aquele vídeo pra polícia, você vai ter que se explicar.
Avelino
põe as mãos sobre a mesa, encara-o, sem receio.
AVELINO
Você vai insistir nisso? Hen? Trouxe esse moleque pra quê? Pra servir de testemunha?
Você vai insistir nisso? Hen? Trouxe esse moleque pra quê? Pra servir de testemunha?
NOEL
Não, foi pra ver a sua cara de tacho mesmo.
Não, foi pra ver a sua cara de tacho mesmo.
AVELINO
Infeliz!
Infeliz!
Avelino
quase mete a mão, mas Walter segura a tempo. No sorriso de escárnio de Noel.
WALTER
Pague o que deve aos seus irmãos, e ninguém vai precisar se exaurir aqui.
Pague o que deve aos seus irmãos, e ninguém vai precisar se exaurir aqui.
Avelino
derruba um pote de canetas no chão, fulo da vida. Walter e Noel se afastam, no
susto.
AVELINO
Você não é ninguém pra me chantagear!
Você não é ninguém pra me chantagear!
WALTER
Não é chantagem; É apenas um acordo. E tem mais! Inclua o Noel e a Alice de volta ao testamento.
Não é chantagem; É apenas um acordo. E tem mais! Inclua o Noel e a Alice de volta ao testamento.
AVELINO
Mas isso nunca!
Mas isso nunca!
WALTER
ISSO, SIM!
ISSO, SIM!
Forte
impacto em Avelino e Mazinho. Na troca de olhares entre eles.
WALTER
Precisou o seu filho preterido voltar pra eu enxergar o ninho de cobras onde eu tava, né? Antes tarde do que nunca! (T) Vamos, Noel.
Precisou o seu filho preterido voltar pra eu enxergar o ninho de cobras onde eu tava, né? Antes tarde do que nunca! (T) Vamos, Noel.
Walter
vai saindo, ainda encarando os irmãos. Noel sorri, debochado, deixando ambos
quicando de raiva.
CENA
15 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / QUARTO DE AVELINO – DIA (TEMPO DEPOIS)
Avelino
SAI do banheiro, enrolado apenas na toalha. Chateado, esfrega as mãos nos
cabelos úmidos e segue até um grande espelho. Dá uma ajeitada nos poucos
cabelos que tem, quando OUVIMOS um som de mensagem.
Avelino
vai até a cama e apanha seu celular.
POV
DE AVELINO – O número é desconhecido. Um clique e a mensagem abre. Trata-se de
um vídeo com a seguinte inscrição: “Isso
seria o suficiente para você cumprir o acordo?”
Avelino,
hesita, mas ABRE o vídeo: A imagem é do próprio Avelino, no interior do
confessionário.
BATISTA
(O.S)
A reputação de Maria Alice já foi destruída. Já pensou que a sua irmã pode sofrer represálias por conta desse boato?
(O.S)
A reputação de Maria Alice já foi destruída. Já pensou que a sua irmã pode sofrer represálias por conta desse boato?
AVELINO
Boato não, verdade! Porque quando um padre espalha uma notícia, assim, como quem não quer nada, todo mundo acredita. E de mais a mais, Tarsila pode muito bem voltar pra cidade grande. Menos uma pra dar dor de cabeça.
Boato não, verdade! Porque quando um padre espalha uma notícia, assim, como quem não quer nada, todo mundo acredita. E de mais a mais, Tarsila pode muito bem voltar pra cidade grande. Menos uma pra dar dor de cabeça.
BATISTA
(O.S)
Percebo o quanto despreza sua família, seu Avelino. Quem dera eu ainda tivesse meu pai e minha irmã.
(O.S)
Percebo o quanto despreza sua família, seu Avelino. Quem dera eu ainda tivesse meu pai e minha irmã.
Avelino
faz uma pausa, mas rapidamente apanha, do bolso do paletó, um punhado de
dinheiro.
AVELINO
Acho que isso aqui vai te animar, padre.
Acho que isso aqui vai te animar, padre.
Ele
enrola a grana e passa pelo vão da treliça.
CENAS
ALTERNAM ENTRE OUTROS VÍDEOS
AVELINO
Imagine ter que dividir o pouco que ele tinha com os meus irmãos?
(faz a negativa)
Aproveitei que o meu pai tava mal e fiz ele assinar os documentos da venda da casa. Aos meus irmãos, eu disse que ele tinha falido.
Imagine ter que dividir o pouco que ele tinha com os meus irmãos?
(faz a negativa)
Aproveitei que o meu pai tava mal e fiz ele assinar os documentos da venda da casa. Aos meus irmãos, eu disse que ele tinha falido.
BATISTA
(O.S)
Mas seu Avelino, eles tinham direito à herança, não?
(O.S)
Mas seu Avelino, eles tinham direito à herança, não?
AVELINO
Seu trabalho não é questionar, é apenas me ouvir e me dar uma penca de ave-marias pra eu rezar. Tarsila ia querer a grana pra quê? Pra cuidar da filha dela? Fez o filho e queria mamar nas costas do pai? Mas nem!
Seu trabalho não é questionar, é apenas me ouvir e me dar uma penca de ave-marias pra eu rezar. Tarsila ia querer a grana pra quê? Pra cuidar da filha dela? Fez o filho e queria mamar nas costas do pai? Mas nem!
AVELINO
Maria Alice me fez um favor, isso sim! Quer saber? Ela não teve nada a ver com aquelas drogas. (desdém)
Duvido. Puxou a mãe. Justiceira, pavio curto. Mas quem mandou andar com o Noel? Na verdade, quem gosta do Noel, bicho?
Maria Alice me fez um favor, isso sim! Quer saber? Ela não teve nada a ver com aquelas drogas. (desdém)
Duvido. Puxou a mãe. Justiceira, pavio curto. Mas quem mandou andar com o Noel? Na verdade, quem gosta do Noel, bicho?
AVELINO
Eu não queria, juro! Pedi que o Mazinho fosse atrás da sua mãe pra impedir que ela se precipitasse; Ela achava que eu queria tomar a fazenda, (mente) mas eu jamais faria isso. Mazinho fez merda e ela acabou sofrendo o acidente; Seu pai acabou infartando. Mas veja, eu não queria isso /
Eu não queria, juro! Pedi que o Mazinho fosse atrás da sua mãe pra impedir que ela se precipitasse; Ela achava que eu queria tomar a fazenda, (mente) mas eu jamais faria isso. Mazinho fez merda e ela acabou sofrendo o acidente; Seu pai acabou infartando. Mas veja, eu não queria isso /
FIM
DO POV
Na
cara estupefata de Avelino. Quando parece que ele vai explodir de raiva...Ele
apenas arremessa o celular ao chão, espalhando as peças.
AVELINO
EU VOU TE MATAR!
EU VOU TE MATAR!
FADE OUT
FIM DO PRIMEIRO ATO
SEGUNDO ATO
SEGUNDO ATO
FADE
IN
CENA
16 INT. - IGREJA / QUARTO DO
PADRE – DIA
A
cena abre imediatamente em Batista, sendo jogado contra a parede por Avelino.
Muita tensão.
BATISTA
Por favor, eu não sei de nada!
Por favor, eu não sei de nada!
AVELINO
Tu não me venha com essa frase pronta não, caramba! A gravação partiu do seu confessionário. Você me gravou esse tempo todo pra me trair!
Tu não me venha com essa frase pronta não, caramba! A gravação partiu do seu confessionário. Você me gravou esse tempo todo pra me trair!
Batista
respira ofegante, olha para DOIS CAPATAZES, fortes, mal encarados, cercando a
porta.
AVELINO
Eu te dei tudo. Casa, comida, profissão. E olha como tu me paga!
Eu te dei tudo. Casa, comida, profissão. E olha como tu me paga!
BATISTA
VOCÊ MATOU MEUS PAIS!
(Avelino, chocado) Tirou o meu direito à fazenda. Tirou a minha irmã de mim!
VOCÊ MATOU MEUS PAIS!
(Avelino, chocado) Tirou o meu direito à fazenda. Tirou a minha irmã de mim!
Avelino
aperta ainda mais seu colarinho.
AVELINO
Quem te falou da tua irmã? HEN! Essa foi o maldito do João, não foi? (aperta ainda mais) Não foi? (Batista treme de medo) Você planejou tudo! Tudo pelas minhas costas! Diga, foi o Walter que te procurou? Hen? DIGA!
Quem te falou da tua irmã? HEN! Essa foi o maldito do João, não foi? (aperta ainda mais) Não foi? (Batista treme de medo) Você planejou tudo! Tudo pelas minhas costas! Diga, foi o Walter que te procurou? Hen? DIGA!
BATISTA
Não! Roubaram as provas de mim.
Não! Roubaram as provas de mim.
AVELINO
Mentira!
Mentira!
BATISTA
É verdade! Foi por isso que a Ana morreu, a prova tava com ela!
É verdade! Foi por isso que a Ana morreu, a prova tava com ela!
AVELINO
O quê? A Ana? Que papo é esse?
O quê? A Ana? Que papo é esse?
BATISTA
Paulo me roubou, certamente a mando do seu João. Mas ele deixou com a garota. Eu juro, eu não fiz nada!
Paulo me roubou, certamente a mando do seu João. Mas ele deixou com a garota. Eu juro, eu não fiz nada!
Avelino,
suando de raiva, arremessa o padre contra a cama. Batista recompõe-se,
rapidamente; Medo em seus olhos.
AVELINO
Não fez, mas ia fazer, miserável! (para os capatazes) Olho nele. Isso tudo é culpa de uma única pessoa. Mas vou resolver isso é hoje!
Não fez, mas ia fazer, miserável! (para os capatazes) Olho nele. Isso tudo é culpa de uma única pessoa. Mas vou resolver isso é hoje!
Avelino
abre a porta e sai, apressado.
Os capatazes encarando Batista, amuado, na cama.
Os capatazes encarando Batista, amuado, na cama.
CENA
17 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS – DIA
Alice
está debaixo de uma árvore, celular nas mãos, como a esperar por alguém.
Adiante, Noel vem correndo em sua direção.
NOEL
(sorrindo)
Você me mandando mensagem é porque o assunto é sério, hen.
(sorrindo)
Você me mandando mensagem é porque o assunto é sério, hen.
ALICE
Cara, tu não vai acreditar. Lembra que te contei sobre a doença da Catarina?
Cara, tu não vai acreditar. Lembra que te contei sobre a doença da Catarina?
NOEL
Sim, sim. O que tem?
Sim, sim. O que tem?
ALICE
O Paulo me disse que ela não queria morrer doente numa cama. Então ela...Ela armou o próprio acidente.
O Paulo me disse que ela não queria morrer doente numa cama. Então ela...Ela armou o próprio acidente.
=
= FLASHBACK = =
CENA
18 INT. - CASARÃO / FAZENDA
GUERRA / FUNDOS – DIA
ALICE
(V.O)
A ideia era parecer um acidente mesmo, ter uma morte mais digna, segundo o que o Paulo relatou.
(V.O)
A ideia era parecer um acidente mesmo, ter uma morte mais digna, segundo o que o Paulo relatou.
Paulo
está encostado na parede, mastigando um fiapo de trigo. Catarina, sorrateira,
vem por trás. Paulo vira-se para ela; Retira o fiapo da boca.
PAULO
Então, dona Catarina? Vai mesmo cometer essa loucura?
Então, dona Catarina? Vai mesmo cometer essa loucura?
CATARINA
Eu só preciso da sua coragem, porque eu já tenho a minha.
Eu só preciso da sua coragem, porque eu já tenho a minha.
CENA
19 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / CAMPO – DIA
Catarina,
vestida de noiva, cavalga tranquilamente na direção do estábulo.
ALICE
(V.O)
Mas o que o nenhum dos dois esperavam é que alguém estaria à espera dela. Poderia ter sido um dia a mais para viver...
(V.O)
Mas o que o nenhum dos dois esperavam é que alguém estaria à espera dela. Poderia ter sido um dia a mais para viver...
CAM
BUSCA Paulo, afastado dalí, embrenhando-se no meio do mato. É quando ele lança
seu olhar preocupado para algo que vê.
POV
DE PAULO – Catarina para diante do estábulo. Faz a surpresa, mas fala com
alguém que não é visto. Sorri, distrai-se. Até que a MÃO MASCULINA mete a VARA
no lombo do cavalo. Catarina assusta-se. Outra vara no lombo e o cavalo
levanta, nervoso, galopa zampado.
ALICE
(O.S)
CATARINA!
(O.S)
CATARINA!
Paulo
olha para Alice, bem afastada.
FIM
DO POV
ALICE
(V.O)
...Mas foi o dia da sua esperada morte.
(V.O)
...Mas foi o dia da sua esperada morte.
Paulo
agacha-se no meio do mato e vê Alice correr atrás de Catarina.
= =
FIM DO FLASHBACK = =
Volta
no rosto de Alice. Noel cobre a boca, sem acreditar.
NOEL
A garota queria se suicidar e acabou assassinada! Meu Deus!
A garota queria se suicidar e acabou assassinada! Meu Deus!
ALICE
E não é só isso. Catarina morreu nas terras que a pertenciam por direito.
E não é só isso. Catarina morreu nas terras que a pertenciam por direito.
NOEL
Como assim?!
Como assim?!
ALICE
Catarina era filha dos donos daqui. (T) Ela era irmã do padre.
Catarina era filha dos donos daqui. (T) Ela era irmã do padre.
Em
Noel, passado.
CENA
20 INT. - CABANA – DIA
Avelino
ARROMBA a porta, desfigurado em ódio. Tina vem lá de dentro, assustada.
AVELINO
Trate de desfazer aquela praga, porque é hoje que eu acabo com aquele bastardo!
Trate de desfazer aquela praga, porque é hoje que eu acabo com aquele bastardo!
Em
seu olhar furioso.
FADE OUT
FADE
IN
CENA
21 INT. - CABANA – DIA
Continuação
imediata da cena anterior.
TINA
O que houve, homem?
O que houve, homem?
Avelino
anda por todos os lados, com as mãos na cintura; Sem sossego.
AVELINO
O que houve é que desde que o Noel voltou, minha vida tá de pernas pro ar! Nada dá certo pra mim, nada!
O que houve é que desde que o Noel voltou, minha vida tá de pernas pro ar! Nada dá certo pra mim, nada!
TINA
Você sabe que se fizer alguma coisa contra ele /
Você sabe que se fizer alguma coisa contra ele /
AVELINO
(nervoso)
Sei, sei! Eu nunca na vida vou conseguir nada que eu quiser. Já sei dessa merda. Inventou essa praga só pra proteger o moleque, né?
(nervoso)
Sei, sei! Eu nunca na vida vou conseguir nada que eu quiser. Já sei dessa merda. Inventou essa praga só pra proteger o moleque, né?
TINA
Você quis o garoto, mas eu sentia que essa relação não daria certo.
Você quis o garoto, mas eu sentia que essa relação não daria certo.
AVELINO
(aponta o dedo)
Tu devia ter me avisado que o SEU FILHO vinha com defeito, cacete! Mas não, tu queria um belo futuro pra ele, né? Maldita hora que tivemos um caso. Maldita foi a hora!
(aponta o dedo)
Tu devia ter me avisado que o SEU FILHO vinha com defeito, cacete! Mas não, tu queria um belo futuro pra ele, né? Maldita hora que tivemos um caso. Maldita foi a hora!
TINA
O que você vai fazer, Avelino?
O que você vai fazer, Avelino?
AVELINO
Vou meter o pau nesse gato!
Vou meter o pau nesse gato!
Tina
CAI sentada na cadeira, desolada.
CENA
22 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS – DIA
Continuação
da cena 17.
Noel, ainda passado por tudo que ouviu. Apoia o braço na árvore, faz cara de tacho.
Noel, ainda passado por tudo que ouviu. Apoia o braço na árvore, faz cara de tacho.
NOEL
O padre tinha uma irmã...Isso poderia explicar a obsessão dele em destruir o seu Avelino.
O padre tinha uma irmã...Isso poderia explicar a obsessão dele em destruir o seu Avelino.
ALICE
Claro, porque foi ele e o Mazinho que mataram os pais dele.
Claro, porque foi ele e o Mazinho que mataram os pais dele.
Noel
arregala os olhos, pasmo. Ao fundo, Alessandro vem na direção deles, imponente,
sorriso de deboche.
ALICE
Disfarça que o boneco de fantoche tá vindo aí.
Disfarça que o boneco de fantoche tá vindo aí.
ALESSANDRO
Ora, ora! Enquanto uns trabalham, outros vadiam.
Ora, ora! Enquanto uns trabalham, outros vadiam.
NOEL
(chateado)
Enquanto uns vadiam, outros matam.
(chateado)
Enquanto uns vadiam, outros matam.
Alice,
tensa, olha para Noel, mas este nem se abala. Alessandro observa algo estranho
entre eles.
ALESSANDRO
(sério / mãos na cintura)
O que disse?
(sério / mãos na cintura)
O que disse?
ALICE
Maneira de dizer. Vamos, Noel?
Maneira de dizer. Vamos, Noel?
NOEL
Maneira de dizer não. Cê sabia que o nosso pai e o seu querido tio Mazinho mataram os verdadeiros pais de Catarina?
Maneira de dizer não. Cê sabia que o nosso pai e o seu querido tio Mazinho mataram os verdadeiros pais de Catarina?
ALESSANDRO
Que absurdo é esse?!
Que absurdo é esse?!
Alice
ainda tenta segurar Noel, mas é inútil.
NOEL
Isso tudo aqui era dela. O seu tio Mazinho é um assassino!
Isso tudo aqui era dela. O seu tio Mazinho é um assassino!
ALESSANDRO
Eu vou lavar a tua boca com sabão /
Eu vou lavar a tua boca com sabão /
Alessandro
avança, mas Alice entra na frente.
NOEL
Tá achando pouco? O nosso pai tentou matar a Maria José, mas quase mata a Alice. Não é um serviço difícil pra quem mandou matar o rebanho do seu João.
Tá achando pouco? O nosso pai tentou matar a Maria José, mas quase mata a Alice. Não é um serviço difícil pra quem mandou matar o rebanho do seu João.
ALESSANDRO
CHEGA! Eu vou te ensinar a nunca mais caluniar ninguém!
CHEGA! Eu vou te ensinar a nunca mais caluniar ninguém!
Alessandro
pega Noel pela nuca e tenta arrastá-lo dalí.
ALICE
Cê não vai fazer nada com ele!
Cê não vai fazer nada com ele!
Alice
puxa Noel de um lado, o garoto é puxado de outro.
NOEL
Gente, decidam-se! Please!
Gente, decidam-se! Please!
Noel
ri; Alessandro enerva-se e joga o irmão no chão, aos risos. Alice acaba indo
junto.
ALESSANDRO
Vocês não deviam ter voltado. VOCÊS NÃO DEVIAM TER VOLTADO!
Vocês não deviam ter voltado. VOCÊS NÃO DEVIAM TER VOLTADO!
Alessandro
sai batido. Noel ainda ri.
NOEL
(imita)
Vocês não deviam ter voltado. (fala normal) Mas nós voltamos, ué!
(imita)
Vocês não deviam ter voltado. (fala normal) Mas nós voltamos, ué!
Noel
deita no chão. Alice observa Alessandro, ao longe, olhando para trás, enquanto
segue.
CENA
23 INT. - CASARÃO / FAZENDA
GUERRA / SALA – DIA
Uma
empregada deixa Tina entrar, afobada. Helô vem ao seu encontro. Tina segura sua
mão, muito aflita.
TINA
Helô, preciso muito da sua ajuda.
Helô, preciso muito da sua ajuda.
HELÔ
(preocupada)
O que aconteceu, mulher? Você tá gelada!
(preocupada)
O que aconteceu, mulher? Você tá gelada!
TINA
O Avelino...Ele vai matar o nosso menino! Ele vai matá-lo!
O Avelino...Ele vai matar o nosso menino! Ele vai matá-lo!
CLOSE
em Helô, chocada.
CENA
24 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / ESCRITÓRIO – DIA
Avelino,
por trás da mesa, ajeita uma papelada. Mazinho observa a arrumação, confuso.
MAZINHO
Sério que o Walter e o Noel têm uma prova contra você?
Sério que o Walter e o Noel têm uma prova contra você?
AVELINO
Não se faça de surpreso, não, porque você deve tá adorando, né? Se faz de muito esperto, e olha quem era o lobo da família, olha!
Não se faça de surpreso, não, porque você deve tá adorando, né? Se faz de muito esperto, e olha quem era o lobo da família, olha!
Avelino
puxa um papel, dá uma sacada; Respira fundo.
AVELINO
Mas te garanto uma coisa: Noel não verá a cor desse dinheiro. Não mesmo.
Mas te garanto uma coisa: Noel não verá a cor desse dinheiro. Não mesmo.
A
porta é aberta abruptamente por um Alessandro, ávido.
ALESSANDRO
Pai, preciso te perguntar uma coisa.
Pai, preciso te perguntar uma coisa.
AVELINO
Depois. Agora eu tenho um comunicado a fazer. (para Mazinho) Marcou com todo mundo?
Depois. Agora eu tenho um comunicado a fazer. (para Mazinho) Marcou com todo mundo?
MAZINHO
No horário marcado.
No horário marcado.
AVELINO
Ótimo! Vamos acabar logo com essa palhaçada.
Ótimo! Vamos acabar logo com essa palhaçada.
Alessandro
olha para Mazinho, tentando entender. Mazinho dá de ombros, discretamente.
CENA
25 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / SALA – DIA
PLANO
GERAL – A família reunida, alguns sentados, outros em pé, na expectativa.
Tarsila
e Wagner, arrumados para uma festa, aguardam ao lado de uma Alice nervosa. Esta
cruza o olhar com Alessandro, que mantém a pose de durão; Olhares entre Walter
e Noel cruzam-se em meio a burburinhos;
Avelino,
segurando uma pasta com documentos, respira fundo, de cara amarrada.
AVELINO
Eu chamei todos aqui porque preciso corrigir um erro do passado. (T) Há dez anos, cometi uma injustiça.
Eu chamei todos aqui porque preciso corrigir um erro do passado. (T) Há dez anos, cometi uma injustiça.
Enquanto
ele discursa, CAM dá alguns flagras nas reações da família.
AVELINO
Eu realmente acreditei que Maria Alice portava drogas, e isso, pra mim, era inadmissível. Pior ainda era ver o meu filho, Noel, prestando todo apoio a ela. No calor do momento, deserdei ambos e mandei embora daqui.
Eu realmente acreditei que Maria Alice portava drogas, e isso, pra mim, era inadmissível. Pior ainda era ver o meu filho, Noel, prestando todo apoio a ela. No calor do momento, deserdei ambos e mandei embora daqui.
Walter
encara-o, faz um sinal com a cabeça para Avelino prosseguir. Avelino pigarreia,
trinca os dentes, mas disfarça bem.
AVELINO
Eu impedi que o caso fosse mais além na polícia, mas, para isso, pedi que a minha irmã Tarsila nunca revogasse a herança. (T) A herança do nosso pai, que eu havia declarado não existir.
Eu impedi que o caso fosse mais além na polícia, mas, para isso, pedi que a minha irmã Tarsila nunca revogasse a herança. (T) A herança do nosso pai, que eu havia declarado não existir.
Em
Alice e Tarsila, emocionadas. Noel olha para Walter, e ambos sorriem,
vitoriosos.
AVELINO
Portanto, a partir de hoje, Tarsila, Walter e Mazinho receberão suas devidas partes.
Portanto, a partir de hoje, Tarsila, Walter e Mazinho receberão suas devidas partes.
Avelino
encara Noel; Olhares fuzilantes.
AVELINO
E Maria Alice e Noel voltam para o testamento. Aqui está o documento, lavrado em cartório, caso alguém tenha dúvidas.
E Maria Alice e Noel voltam para o testamento. Aqui está o documento, lavrado em cartório, caso alguém tenha dúvidas.
Avelino
deixa a pasta sobre a mesa.
AVELINO
E com isso, dou por encerrada a reunião.
E com isso, dou por encerrada a reunião.
Alessandro
aplaude, timidamente.
NOEL
Nosso pai não merece aplausos, Alessandro; Ele não fez mais que a sua obrigação.
Nosso pai não merece aplausos, Alessandro; Ele não fez mais que a sua obrigação.
Alessandro
vê os olhares de Tarsila e Walter, e abaixa a cabeça, envergonhado.
ALICE
(irônica)
Bom, gente, agora que o meu tio Avelino cumpriu com as suas obrigações, bora pra ceia do seu João?
(irônica)
Bom, gente, agora que o meu tio Avelino cumpriu com as suas obrigações, bora pra ceia do seu João?
Tarsila, Wagner e Walter animam-se. Avelino
fecha a cara, revoltado.
AVELINO
Como assim vocês vão passar o natal com o meu inimigo?
Como assim vocês vão passar o natal com o meu inimigo?
WALTER
Ele é seu inimigo; Não nosso. (para todos) Eu vou me arrumar. Hoje é dia de comemoração!
Ele é seu inimigo; Não nosso. (para todos) Eu vou me arrumar. Hoje é dia de comemoração!
Apenas
Tarsila, Wagner, Noel e Alice aplaudem. Alessandro, receoso, percebe a fúria em
Avelino.
FADE TO BLACK
FIM DO SEGUNDO ATO
ATO FINAL
SONOPLASTIA: Água Contida - Pitty
FADE
IN
CENA
26 EXT. - MANGARATIBA / RIO
DE JANEIRO – DIA
Takes
pontuados de vários pontos já conhecidos; A praia; Igreja; Praça; Prefeitura;
Ruelas.
Transição
do dia para a noite /
CENA
27 INT. - DELEGACIA – NOITE
Lucas
adentra com um celular na mão. Mostra para Alcântara, que, sem entender, pega.
Na TELA do celular, numa rede social, vemos o vídeo de Avelino confessando seus
crimes, sem que possamos ouvir. O delegado ergue as sobrancelhas, pasmado.
SÉRIE
DE PLANOS
1. O
vídeo é assistido por pessoas comuns, abismadas com a cena.
2. Um
capataz mostra o vídeo para o colega. Ambos espiam Batista, no canto do quarto.
O padre, confuso, sem saber o que está acontecendo.
3. Adolescentes
riem, na PRAÇA, assistindo ao vídeo.
FIM
DA SÉRIE DE PLANOS
CENA
28 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / QUARTO DE WALTER – NOITE
A
música TOCA no ambiente. Walter caminha, enquanto dança de olhos fechados,
apreciando a música; Mergulhado em êxtase, ele sorri e estende os braços. Abre
os olhos, apanha um paletó preto de cima da cama e gira a roupa até vesti-la;
Rodopia e põe-se a rir, até cair deitado na cama, de braços abertos.
ÂNGULO
ALTO – Em Walter, rindo, vitorioso.
A
música termina no final do refrão.
CENA
29 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / QUARTO DE NOEL – NOITE
A CAM
enquadra apenas o estreito corredor e uma parte do quarto vazio. Dalí, Noel
surge, de cabelos molhados, ajeitando o paletó marrom. Caminha distraído, até
dar com alguém ao seu lado.
Avelino
aponta a arma para o filho, enfurecido.
AVELINO
Agora somos só nós dois, seu filho da puta.
Agora somos só nós dois, seu filho da puta.
CLOSE em Noel, assustado.
NOEL
Cuidado com isso, pai.
Cuidado com isso, pai.
AVELINO
Tá com medo? Tá com medo de levar um pipoco nessa tua cara de pau? Desde que você voltou só me trouxe problemas. VOCÊ NUNCA DEVIA TER VOLTADO, NUNCA!
Tá com medo? Tá com medo de levar um pipoco nessa tua cara de pau? Desde que você voltou só me trouxe problemas. VOCÊ NUNCA DEVIA TER VOLTADO, NUNCA!
Noel vai se afastando, discretamente, para o
lado da porta, enquanto leva as duas mãos para a frente, pedindo calma.
NOEL
Pai, vamos conversar…
Pai, vamos conversar…
AVELINO
(sacode a arma / explode)
NÃO TEM CONVERSA! Você gravou a minha conversa com a Maria José e deturpou TUDO para o Lucas. TUDO! Você transformou o Walter num paladino de quinta só pra me ferrar. (apanha o celular do bolso) Acha pouco? (Exibe a tela do celular) Isso é obra tua, né? Só pode ser obra tua!
(sacode a arma / explode)
NÃO TEM CONVERSA! Você gravou a minha conversa com a Maria José e deturpou TUDO para o Lucas. TUDO! Você transformou o Walter num paladino de quinta só pra me ferrar. (apanha o celular do bolso) Acha pouco? (Exibe a tela do celular) Isso é obra tua, né? Só pode ser obra tua!
Noel dá com o vídeo do pai.
AVELINO
O teu joguinho acaba aqui.
O teu joguinho acaba aqui.
Na tensão em Noel; Avelino engatilha a arma.
Noel arrisca-se e dá um TAPA no braço do pai. Avelino, no susto, desvia a arma,
dando tempo suficiente para Noel SAIR correndo pela porta.
CORTE DESCONTÍNUO
Noel nem desce as escadas; SALTA da grade e
rola pelo chão da
SALA
Avelino atrás.
AVELINO
VOLTA AQUI, SEU FILHO DA MÃE!
VOLTA AQUI, SEU FILHO DA MÃE!
Noel quase se atrapalha, mas corre dalí.
CENA
30 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
GUERRA – NOITE
As
paredes iluminadas por pisca-pisca; Mesa grande com quitutes natalinos;
Cadeiras e mesas dispostas pelo terreno; Poucos convidados chegando com
presentes. João e Helô fazem as honras da casa. CAM BUSCA Alice, dando uma
sacada no relógio. Apanha, de uma bandeja, um avelã. Enquanto come, Maria José
chega por trás.
MARIA JOSÉ
Esperando o Noel?
Esperando o Noel?
ALICE
Ahn...Sim, já era pra ele ter chegado.
Ahn...Sim, já era pra ele ter chegado.
Maria
José apanha uma castanha; Come, encarando Alice.
MARIA JOSÉ
Noel é muito especial, né? Um amigo presente. Não entendo como o pai dele trata-o daquele jeito. Acho ele um anjo.
Noel é muito especial, né? Um amigo presente. Não entendo como o pai dele trata-o daquele jeito. Acho ele um anjo.
ALICE
Quem dera todos da família fossem assim, né?
Quem dera todos da família fossem assim, né?
MARIA JOSÉ
Tenho que admitir que a vinda de vocês serviu pra uma coisa (Alice aguarda). Serviu pro Walter bater de frente com os irmãos. Você...Já conhecia esse lado selvagem dele?
Tenho que admitir que a vinda de vocês serviu pra uma coisa (Alice aguarda). Serviu pro Walter bater de frente com os irmãos. Você...Já conhecia esse lado selvagem dele?
Alice, tensa, não tem nem o que dizer, quando
/
Noel, esbaforido, chega no centro da festa,
já com a roupa abarrotada. Para, diante das poucas pessoas. Os presentes nem
entendem.
AVELINO
(O.S)
Tu prefere que seja aqui, é?
(O.S)
Tu prefere que seja aqui, é?
Noel olha para trás. Avelino já vem apontando
a arma, furioso, daquele jeito.
AVELINO
O papai Noel prefere morrer no terreno do meu rival.
O papai Noel prefere morrer no terreno do meu rival.
ALESSANDRO
Pai, o que tá acontecendo?
Pai, o que tá acontecendo?
NOEL
Não vê? Ele não aceita que eu ajudei nossos tios.
Não vê? Ele não aceita que eu ajudei nossos tios.
Avelino avança, pega o filho pelo colarinho
com apenas uma das mãos.
AVELINO
CALA A BOCA!
CALA A BOCA!
E joga Noel no chão batido.
AVELINO
Você só trouxe desgraça! Conta pra eles, Noel, conta pra eles que você gravou a minha conversa com a Maria José e deturpou tudo para o meu amigo Lucas. Conta!
Você só trouxe desgraça! Conta pra eles, Noel, conta pra eles que você gravou a minha conversa com a Maria José e deturpou tudo para o meu amigo Lucas. Conta!
Nos olhares de estranheza de cada um. Maria
José, besta, amparada por Cícero. Alice, sem acreditar.
WAGNER
Isso é verdade, Noel?
Isso é verdade, Noel?
WALTER
E por acaso foi ele que mandou você estuprar a Maria José? (burburinhos). Foi ele quem mandou o Mazinho espancar a garota?
E por acaso foi ele que mandou você estuprar a Maria José? (burburinhos). Foi ele quem mandou o Mazinho espancar a garota?
Avelino aponta a arma para Walter.
AVELINO
Cala essa tua boca também, seu traidor!
Cala essa tua boca também, seu traidor!
JOÃO
JÁ CHEGA! (Avelino aponta para o rival) Tu não vai matar ninguém no meu terreno! Você tá nervosinho assim porque os teus crimes estão todos na internet, né? (deboche)
E aí? Tu ainda vai querer comprar as minhas terras e ficar aqui, com a sua reputação manchada?
JÁ CHEGA! (Avelino aponta para o rival) Tu não vai matar ninguém no meu terreno! Você tá nervosinho assim porque os teus crimes estão todos na internet, né? (deboche)
E aí? Tu ainda vai querer comprar as minhas terras e ficar aqui, com a sua reputação manchada?
Helô vem lá de dentro, segurando uma bandeja
com salgados. Ao ver Avelino apontando a arma para João, deixa a bandeja CAIR.
HELÔ
Noel! Noel, vem pra cá. Avelino, pelo amor de Deus, pare com isso!
Noel! Noel, vem pra cá. Avelino, pelo amor de Deus, pare com isso!
AVELINO
Que é? Tá protegendo seu filhinho, é? O filho é meu e da Tina, então não se meta!
Que é? Tá protegendo seu filhinho, é? O filho é meu e da Tina, então não se meta!
SURPRESA no rosto de cada um. Noel,
desnorteado, levanta-se, sem saber como reagir.
AVELINO
Quis bancar a boazinha aceitando o filho da minha amante, mas já devia tá de olho no João, né, sua ridícula do cacete? Traidora! Devia levar um teco nessa tua cara!
Quis bancar a boazinha aceitando o filho da minha amante, mas já devia tá de olho no João, né, sua ridícula do cacete? Traidora! Devia levar um teco nessa tua cara!
JOÃO
Eu não vou admitir /
Eu não vou admitir /
E Avelino tenta acertar uma coronhada na
cabeça do rival, mas João é rápido; Segura seu braço, um TIRO é disparado no
ar; GRITOS. Ambos lutam, deixando todos na expectativa. João tenta desarmar o
rival; O braço de Avelino aponta ao léu, até que outro TIRO é disparado.
PÂNICO. Cara de espanto de alguns dalí. No
GRITO de Maria José.
MARIA JOSÉ
PAI!
PAI!
As pessoas abrem espaço e revelam Cícero,
desacordado, com um tiro no peito.
Todos olham para Avelino, reprovando sua atitude. Alessandro faz a negativa para o pai; O mesmo olhar de decepção e surpresa que ele deu a Alice, ao ver Catarina, ferida, no chão (cena 27 - capítulo 1).
Todos olham para Avelino, reprovando sua atitude. Alessandro faz a negativa para o pai; O mesmo olhar de decepção e surpresa que ele deu a Alice, ao ver Catarina, ferida, no chão (cena 27 - capítulo 1).
Ao fundo, Tina já chegou alí e assiste a
tudo, espantada.
FADE TO
BLACK
FIM DO CAPÍTULO
APRESENTANDO
CHRISTIANA UBACK.......................Maria Alice Pimentel
JOÃO VÍTHOR OLIVEIRA........................…...Noel Santos
MARCO PIGOSSI.............................Alessandro Santos
OSVALDO
MIL..................................Mazinho Santos
JULIANA
LOHMANN...........................Maria José Guerra
LUCINHA LINS....................................Helô
Castro
HERSON
CAPRI…................................Avelino Santos
LUCCI
FERREIRA................................Walter Santos
MURILO
GROSSI............................…………...João Guerra
TONICO PEREIRA................................Cícero
Guerra
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL
BIA
ARANTES.................................Catarina Guerra
ELENCO SECUNDÁRIO
RAPHAEL
VIANA..................................Paulo Borges
CAIO
BLAT.....................................Padre Batista
CLÁUDIA NETTO..............................………………Tina
DANI
BARROS...................................Tarsila Santos
MARCO RICCA..................................Wagner Pimentel
ATORES CONVIDADOS NESSE CAPÍTULO
RICARDO PEREIRA....................................Alcântara
SÉRGIO MARONE..........................................Lucas
GENÉZIO DE BARROS.....................................Rafael
SÉRGIO MENEZES..........................................Luíz
SÉRGIO MARONE..........................................Lucas
GENÉZIO DE BARROS.....................................Rafael
SÉRGIO MENEZES..........................................Luíz
TRILHA SONORA
ÁGUA CONTIDA...........................................Pitty
Essa
obra não possui nenhum vínculo/contrato com os atores citados acima.
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