Gato Preto-Capítulo 09

    0:00 min       GATO PRETO     CAPÍTULO 9
37:00 min    



CYBERTV APRESENTA
GATO PRETO


Minissérie de
Cristina Ravela

Capítulo 9 de 13



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ATO DE ABERTURA
FADE IN
ABRE numa carta de tarô, com a imagem do Diabo, sobre uma mesa de madeira.
CENA 1 INT. - CABANA – DIA
A mão feminina pousada sobre a carta. Tina, pensativa, expressa aflição.
VÁRIAS IMAGENS RÁPIDAS SURGEM, intercalando com o rosto aflitivo da vidente.
a) Uma arma apontada. Um DISPARO.
b) No GRITO de Alice.
c) Noel CAI sobre o chão de terra, ferido; Fecha os olhos.
d)     Alessandro, acamado, com a testa ferida.
e)      Paulo, em um ambiente fechado, gargalha junto de outra pessoa, em OFF.
Tina levanta-se, apavorada.
            TINA
Não! NÃO! (derruba as cartas) NÃO!
Tina se apressa e SOME da tela.
CENA 2 EXT. - DELEGACIA – DIA
Fachada do pequeno local.
CENA 3 INT. - DELEGACIA – DIA
Alcântara, sentado, tomando café. Telefone TOCANDO fora dalí. Lucas ENTRA munido de um papel e entrega ao delegado.
            LUCAS
Já saíram os exames das impressões digitais, delegado.
Alcântara deixa a xícara de lado e apanha o papel; Dá uma olhada.
            ALCÂNTARA
E então?
            LUCAS
Não é de ninguém da casa.
Alcântara dá um tapa na folha e levanta-se.
            ALCÂNTARA
Bora pra lá agora!
CENA 4 EXT. - FAZENDA GUERRA – DIA

Três carros de polícia cortam a rua, com a SIRENE ligada. CURIOSOS correm atrás, saem de suas casas, na expectativa. Os três PARAM diante do portão, no instante em que João sai com seu carro, enquanto Paulo está por alí.
Alcântara desce do carro, bem como outros policiais. As pessoas, aguardam, ao redor.
            ALCÂNTARA
Paulo Borges, você está preso.
João, pasmo, olha para Paulo, esperando uma reação.
Em Paulo, assombrado.
FADE OUT
FIM DO ATO DE ABERTURA

CAPÍTULO 9
GATO POR LEBRE

PRIMEIRO ATO
FADE IN
CENA 5 EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS – DIA
A entrada grandiosa, fachada imponente.
CENA 6 EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE WALTER – DIA
Alice está encostada à parede, bem ao lado de uma porta. Esta abre, Walter sai e se assusta ao ver a garota bem alí. Logo, ele desmonta, estremece um sorriso.
            WALTER
Alice!...Bom dia! Você /
Alice mostra a foto de Catarina (cena, capítulo 8). Walter fecha o semblante; Empalidece. Tenta segurar a foto, mas Alice afasta.
            ALICE
Não sabia que você e a Catarina eram tão chegados.
            WALTER
Você pegou da minha carteira /
            ALICE
(corta)
Eu só queria entender que amizade era essa, porque ela nunca falava direito de você.
            WALTER
É porque não havia amizade, e sim, respeito. Ela ia se casar com o meu sobrinho.
            ALICE
(lê)
“É sempre bom encontrar pessoas que sabem nos ouvir. Com carinho, Catarina”.
            WALTER
Alice…
            ALICE
Walter, ela tá morta. Seja lá o que ela te contou, talvez ela não tenha contado pra mim. Pode taí a chave pra descobrir quem a matou.
Walter, nervoso, fecha a porta.
            WALTER
Olha, ela só não queria que você soubesse que ela tinha medo do Alessandro não amá-la, entende? Eu falei pra ela repensar aquele casamento, mas eu não podia desencorajá-la. (T) (Alice aguarda) Ele não gostava dela pra casar. Você sabe. Mas a Catarina…
            ALICE
Mas por que ela ia desabafar com você, e não comigo?
            WALTER
Você nunca gostou dele, Alice. Acho que ela queria a opinião de alguém mais imparcial /
            ALICE
(debocha)
Até ela sacava sua imparcialidade, hen. Tá certo…
Alice aperta a foto contra o peito de Walter, para devolver, e ele, imediatamente, segura sua mão. Olhares fortes. Climão.
Alice retira a mão e SAI dalí. Walter a acompanha com os olhos, sem perceber, AO FUNDO, Cícero. Este franze a testa, sem entender.

CENA 7 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE NOEL – DIA
Noel vira-se de costas para o espelho, estupefato.
            NOEL
Mentira! Catarina tava muito decidida em se casar, você sabe. Se ela tivesse alguma dúvida, não ia ser pro tio Walter que ela ia contar, né?
Alice senta na cama, desolada.
            ALICE
Por que ele ia mentir, Noel? O que ela poderia ter falado pra ele, que nem eu podia saber?
Noel senta ao seu lado, faz suspense.
            NOEL
Sabe o que eu acho? Nosso tio devia gostar da Catarina...Sacas?
           ALICE
Gostar, do tipo…?
            NOEL
Cê entendeu. Eu sempre o achei a melhor pessoa, cê sabe, mas depois de ter te beijado e explodido com o Mazinho...Sei não. To desconhecendo...
Alice levanta-se, no súbito, sem acreditar.
            ALICE
Cê tá achando que ele…? Por que a Catarina ia esconder isso de mim?
            NOEL
Vergonha? Ela era o quê? Vinte anos mais nova? Sério, quando ela disse “É sempre bom encontrar pessoas que sabem nos ouvir.”, talvez ela achou que ele tivesse entendido que ela amava o sobrinho dele. Agora é sua vez de sentir vergonha em ser cercada pelo tio…
Alice abaixa a cabeça, inquieta o olhar.
            NOEL
(dúvida)
Né?
            ALICE
É...Claro…
Noel respira, aliviado.
Em Alice.
CENA 8 INT. - DELEGACIA – DIA
Alcântara, em sua posição, dá uma olhada em um papel.
            ALCÂNTARA
Paulo Borges...Qual a sua relação com a vítima?
Paulo, diante dele, ressabiado.
            PAULO
Minha amiga. Amiga de infância, doutor.
            ALCÂNTARA
Poderia, então, explicar o que suas impressões digitais faziam no corpo de Ana?
Paulo engole a seco. Ora olha para o delegado; Ora para Lucas.
            PAULO
Eu não sei, doutor. Mas eu não matei a garota. Que motivos eu teria?
            ALCÂNTARA
Você tem um álibi?
O olhar de Paulo, estagnado.
 = = FLASHBACK – PAULO RELEMBRA A NOITE DO CRIME = =
Paulo se apressa até um orelhão; tira o fone do gancho, mas antes, dá uma espiada para ver se alguém está por perto. Disca. OUVIMOS o toque de chamada.
            PAULO
Atende, Ana!
Paulo desiste. Coloca o fone no lugar.
            PAULO
Eu preciso pegar aquele cartão de qualquer maneira!
O rapaz segue seu rumo, decidido.
= = FIM DO FLASHBACK = =
VOLTA EM PAULO, suando frio.
            PAULO
Não. Eu não tenho um álibi.
            ALCÂNTARA
Assim fica difícil, rapaz. Sem álibi e sem explicação para suas impressões estarem no corpo da vítima, eu me verei obrigado a detê-lo.
            PAULO
(atordoado)
Como assim, doutor? Eu não sou criminoso, eu não matei ninguém!
Alcântara faz um sinal para Lucas.
            ALCÂNTARA
Pode levá-lo.
Lucas aproxima-se de Paulo, tenta pegar em seu braço, mas Paulo levanta-se, arisco.
            PAULO
Eu não posso ser preso, eu não matei ninguém!
Lucas arrasta Paulo, relutante, para fora dalí.
Em Alcântara, fazendo a negativa.
CENA 9 EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE ALESSANDRO – DIA
Alessandro está saindo, bem alinhado, cabelo molhado, e rápido. Faz o incrédulo para Mazinho.
            ALESSANDRO
Cê acha mesmo que o Paulo pode ter matado a Catarina?

            MAZINHO
Tu não acha não? Se o cara teve coragem de matar a amiga de infância, porque não a novinha da Catarina? Esses “peão” é tudo doido, rapá. Dá pra confiar não.
Alessandro põe a mão no queixo, segurando a chave; Faz o reflexivo.
            ALESSANDRO
Nossa, tio, pode ser, hen...(muda o tom / áspero) Ah, tio, cê também vai cair nessa? Catarina sofreu um acidente e pronto!
            MAZINHO
Vai me dizer que tu não ficou encucado com a história da Alice?
            ALESSANDRO
A única coisa que me deixou encucado foi ver o estrago que ela e o Noel estão causando desde que voltaram. (conta no dedo) A Catarina morreu; O Walter tá mudado; A briga entre o meu pai e o João piorou; A Ana tá morta. Eles só trouxeram azar, tio!
            ALICE
(O.S)
Não trouxemos o azar, Alessandro.
Alessandro vê Alice e Noel chegando e estufa o peito.
            ALICE
O azar sempre esteve aqui.
            MAZINHO
A paladina da fazenda tá insinuando o quê?
            ALESSANDRO
Não tá vendo, tio? Tá querendo acusar alguém daqui, claro!
            NOEL
Essa família tá propensa a desgraça, desde que o nosso pai roubou nossos tios. Qualquer escândalo aqui poderia ser uma forma de obrigá-lo a pagar o que deve.
            MAZINHO
Tu tá tendo a pachorra de dizer /
            NOEL
Ora, o Alessandro não queria casar com a Catarina só pra forçar o nosso pai a dar a parte da herança pros irmãos?
Alessandro parte pra cima com o dedo em riste, mas Mazinho segura.
            ALESSANDRO
Eu vou dar tanto na sua cara /
            MAZINHO
Não vale a pena, Alê. Não vê que ele tá te provocando?
            ALICE
Você errou, Alessandro. Sabe disso, mas fica tapando o sol com a peneira nos acusando. Tem um assassino entre nós e não é o Paulo. Não é mesmo!
Alice passa por eles e esbarra em Alessandro. Este encara Noel, sério, que vai atrás da prima.
Mazinho e Alessandro entreolham-se, chateados.
CENA 10 INT. - DELEGACIA / PARLATÓRIO  – DIA
Um ambiente simples, sem janela, apenas uma porta fechada. João e Paulo, frente a frente, sentados a uma mesa de madeira retangular.
            JOÃO
Então, você não disse nada?
            PAULO
(murmura)
Não. Nem tinha como. Ia dizer que eu tava atrás de um cartão de memória que o senhor mandou roubar do padre? Isso ia dar pano pra manga!
            JOÃO
Eu já dei o meu depoimento. Outras pessoas também foram intimadas. Temo pelo que essa gente pode falar.
            PAULO
O que o senhor disse?
            JOÃO
Que você jantou com a nossa família.
            PAULO
Patrão!
            JOÃO
Calma, rapaz. Eu disse que você foi visitar a Ana, mas voltou cedo, antes do horário que a perícia atestou o óbito. Falei que você é de casa. Na verdade, nisso nem menti. Agora, a questão é: Quem mais sabia desse cartão com a Ana?
Paulo desvia o olhar, inquieto. Esfrega as mãos uma na outra.
            PAULO
Eu sei de uma pessoa, mas/
            JOÃO
(por cima)
Sabe? (pensativo) Mas é claro!
            PAULO
O senhor também acha que /
João levanta-se, agitado.
            JOÃO
Eu preciso ir. Não se preocupe, seu advogado vai conseguir um habeas corpus pra você. Custe o que me custar!
João SAI de nossas vistas, deixando-nos com a expressão estática de Paulo.

CENA 11 EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / ESCRITÓRIO  – DIA
Avelino atravessa o CORREDOR, com o celular a postos.
            AVELINO
(ao cel.)
Isso, pra hoje!
Avelino ENTRA no
ESCRITÓRIO
Bate a porta, apressado.
            AVELINO
(ao cel.)
Mas é só pra dar um susto, hen. Quero ver se depois disso, essa criatura não vai aprender a pisar em ovos comigo.
Avelino desliga o celular, no exato instante em que Mazinho aparece pelas suas costas.
            MAZINHO
Vai dar um susto em quem?
Avelino quase salta de susto.
            AVELINO
Mazinho, sabe o que significa uma porta fechada? Significa que você precisa bater nela, esperar eu dizer se você pode entrar, PRA AÍ SIM, VOCÊ ENTRAR NESTA MERDA, ENTENDEU?
            MAZINHO
Tá, mas tu vai pregar um susto em quem?
Avelino joga o celular sobre a mesa e contorna-a, exaurido.
            AVELINO
Vou acabar com essa palhaçada, antes que alguém acabe comigo.
            MAZINHO
Tá falando de quem? Do Lucas? (imita um revólver) Eu mesmo podia sentar o dedo naquele infeliz e/
            AVELINO
(estressado)
E me ferrar de vez? Por isso que tu fica fora do esquema; Só pensa e faz merda. O meu capataz saberá como fazer.
Mazinho encara-o por cima, com raiva.
CENA 12 EXT. - CASARÃO / FAZENDA GUERRA  – DIA
João acaba de sair do seu carro, ao celular e bastante sério. Segue até o portão, prestes a abri-lo.
            JOÃO
Que seja ainda hoje, por favor. Essa história pode acabar indo longe demais.
Assim que abre o portão, dá de cara com Helô, semblante carinhosa, como sempre. João desliga o celular, rápido.
            JOÃO
Helô, a gente precisa conversar.
            TINA
(O.S)
João!
Tina vem em sua direção, ofegante, e agarra João pelo colarinho.
            TINA
Seu coração é cheio de ódio. O Paulo não tem nada a ver com isso. Nada!
Na cara estupefata de João. Ao fundo, Helô, inerte, abobalhada com a cena.
FADE OUT
FADE IN

CENA 13 INT. - CASARÃO / FAZENDA GUERRA / SALA  – DIA
Helô entrega um copo d’água a Tina, bastante alterada. João, por alí, com as mãos na cintura.
            JOÃO
Paulo sempre foi da minha confiança, mas como é que eu ia imaginar que a garota seria assassinada?
            TINA
Não é preciso ser vidente, João, pra perceber aonde ia parar a sua rivalidade com o Avelino.
João aponta o dedo para o alto, indignado.
            JOÃO
Alto lar, dona Tina! Quem começou isso tudo foi ele, a senhora sabe muito bem.
            TINA
Se isentar de culpa não resolve nada. Duas pessoas já morreram; Paulo tá preso. Eu não vou aceitar mais mortes, João. Seja lá por quais razões.
            JOÃO
A senhora sabe que tudo que faço tem uma boa razão /
            TINA
Todos têm uma razão para fazer as coisas.
Ambos encaram-se, fortemente. Até que ela desvia o olhar para Helô, estacada entre os dois.
            HELÔ
Querem parar vocês dois? O que a gente precisa é tirar o Paulo de lá.
            JOÃO
O que eu preciso, Helô, é saber se por acaso você contou pra alguém sobre o cartão.
            HELÔ
Como assim?
            JOÃO
Você tem o péssimo costume de ouvir atrás da porta, Helô. Mas não vou bancar ao moralista. Você contou pra alguém?
Em Helô, pressionada.
= = FLASHBACK – TARSILA TENTA LIGAR PARA ALICE, AO LADO DE HELÔ = =
            TARSILA
(ao tel.)
Alice, presta atenção. Quero que você faça algo pra mim. (T) Não, mas pode acontecer, me escuta: Procure um cartão de memória aí, pode tá na cozinha, caído no chão...Tá me ouvindo? (T) Alice? Droga!
Tarsila guarda o celular na bolsa, preocupada.
            TARSILA
A ligação caiu.
            HELÔ
Isso ainda vai acabar em desgraça, Tarsila. O que vamos fazer?
= = FIM DO FLASHBACK = =
VOLTA EM HELÔ
            HELÔ
Eu só queria ajudar.
            JOÃO
(chateado)
Deve ter virado corrente a essas alturas! Qualquer um pode ser o assassino!
            TINA
Qualquer um mesmo. Eu só espero que seja apenas um.
Nos olhares de cada um, tensos.
CENA 14 INT. - IGREJA  – DIA – TEMPO DEPOIS
Batista vem de um corredor e encontra a beata, no sentido oposto.
            BEATA
Padre, uma pessoa lhe espera no confessionário.
            BATISTA
Quem?
CORTE DESCONTÍNUO
Batista ENTRA no
CONFESSIONÁRIO
E quando senta no banco, olha para a treliça. Sua expressão ganha um tom de medo.
            BATISTA
Eu já soube da prisão do Paulo...Não era isso que eu queria.
Cortes descontínuos no padre, como se fizesse um monólogo, sem que possamos ter a chance de ouvir o segundo interlocutor. O padre, nervoso.
            BATISTA
Eu esqueci de apagar aquela parte, juro! (T) Não parece, mas tenho muito serviço por aqui. As pessoas me requisitam muito. (T) (suando frio) Não!
Meu negócio é o Avelino, não você. A garota só teve o azar de ter a prova do teu crime com ela.
Um SOCO na treliça assusta o padre.
            BATISTA
(treme os lábios)
Ninguém vai saber, Paulo tá enrascado até o pescoço. Se você quiser tirá-lo de lá, vai precisar contar a verdade. Se ele não contar primeiro.
Batista respira, espavorido.
CENA 15 INT. - DELEGACIA  – DIA
João e um homem engravatado, negro, alto, munido de uma pasta, adentram ao lado de um policial. João cumprimenta o delegado; O homem engravatado também.
            HOMEM #1
Delegado, meu nome é Luíz Araújo, sou advogado de Paulo Borges e vim acompanhar o seu João em seu depoimento.
            ALCÂNTARA
Claro! Por favor, sentem-se.
Assim que os dois acomodam-se, Lucas ENTRA, afobado.
            LUCAS
Seu delegado…
            ALCÂNTARA
Seja rápido, tenho muitos depoimentos pra colher hoje.
            LUCAS
O Paulo, seu delegado...Ele tá morto!
João e o delegado se levantam, espantados.
FADE OUT

FIM DO PRIMEIRO ATO

SEGUNDO ATO
FADE IN
CENA 16 EXT. - HOSPITAL – DIA
Fachada. Uma ambulância chegando a frente de dois carros de polícia.
CENA 17 INT. - HOSPITAL / RECEPÇÃO – DIA
Lucas pergunta algo para a atendente sem que possamos ouvir. Volta-se e vai até João, andando de um lado para o outro.
            JOÃO
Você quase me mata de susto, hen, rapaz!
            LUCAS
(constrangido)
Desculpe. Eu realmente achei que ele tivesse morrido. Deve ter sido intoxicação.
            JOÃO
Ou tentativa de homicídio!
            LUCAS
O senhor não acredita na culpa dele, não é?
            JOÃO
Ele teria que ser muito amador pra deixar as próprias impressões na vítima, não acha? Você tem anos de polícia, né? Deve saber do que falo.
Lucas põe a mão no coldre, ajeita; Dá uma disfarçada.
            JOÃO
Também deve saber que a minha filha não sofreu nenhum acidente. (Lucas encara-o) O cavalo foi atiçado.
Lucas tenta dizer algo, mas Alcântara e Luíz aproximam-se.
            ALCÂNTARA
Paulo foi envenenado, o médico constatou, mas ele passa bem.
             JOÃO
Isso prova que ele não matou ninguém, seu delegado; Se ele fosse o assassino, quem ia querer matá-lo?
            ALCÂNTARA
Um cúmplice?
João revira os olhos.
            LUÍZ
Ou o próprio assassino. Não podemos descartar nada. Cabe, agora, à polícia, investigar quem entregou a marmita pra ele.
            LUCAS
Fui eu que entreguei (expectativa nos demais). Um garoto pediu pra entregar. Disse que era de uma pessoa querida.
            ALCÂNTARA
(insatisfeito)
Ótimo! Agora só preciso que você vá atrás desse moleque. Isso, se ele ainda estiver na cidade.
O delegado SAI batido. João encara Lucas, seriamente, com ar de reprovação.

CENA 18 EXT. - VETERINÁRIA – DIA
Alessandro, ao lado de um rapaz, acaricia um filhote de pastor alemão, preso numa coleira.
            ALESSANDRO
Não se preocupe, que com essa vitamina, todos os dias, ele não terá problema nos ossos.
Alessandro dá a mão ao rapaz, cumprimentam-se. O rapaz leva o cachorro dalí. Alessandro quase entra, mas vê algo que chama sua atenção.
ZOOM-OUT da fachada pega o leve engarrafamento por alí. Um jipe marrom atravessa a tela e para. Alice, no banco do carona; Noel, na direção. Alessandro, do outro lado, atravessa a rua e aproxima-se da janela.
            ALESSANDRO
(grosso)
Posso saber desde quando você dirige o jipe do meu tio?
            NOEL
Nosso tio, cê quer dizer, né? Ele me emprestou. Bateu inveja, foi?
            ALESSANDRO
Você já bateu com o meu carro, quer ferrar com o jipe do tio Walter também?
            ALICE
Nesse caso, seria problema do Walter, né? Cê devia tá preocupado com o Paulo, isso sim.
            NOEL
Soube que tentaram matá-lo?
            ALESSANDRO
Quê?!
            ALICE
A gente foi depor, mas aí o policial disse que ele tava no hospital.
            ALESSANDRO
E eu posso saber por que eu deveria ficar preocupado, Alice?
            ALICE
(firme / audaz)
Há dez anos, você engrossou o caldo contra mim, afirmando que eu traficava drogas. Se não foi tu que plantou as drogas lá. Já foi na polícia dizer que o Paulo realmente matou a Ana?
            ALESSANDRO
Cê tá maluca, garota? E eu sei lá se ele matou mesmo? Não vou dar falso testemunho, pirou?
            NOEL
Ué, Alessandro, você afirmou que a Alice traficava drogas. Quem mente uma vez, mente sempre, né não?
BUZINAS. Noel dá a partida com o carro, enquanto Alessandro, furioso, tenta pegar em sua camisa.
            ALESSANDRO
Seu filho da mãe!
Alessandro fica para trás.
CENA 19 INT. - HOSPITAL / QUARTO DE PAULO – DIA
Tina acaba de entrar, cumprimenta o guarda, na porta. Este sai. Ela segue até a cama onde está Paulo, acordado e tomando sopa.
            PAULO
Tina, que bom que veio.
Paulo pega na mão dela e beija.
            TINA
O delegado abriu uma exceção, já que eu visitaria você na delegacia, de qualquer maneira. Como é que você tá?
            PAULO
Ferrado, Tina (espia a porta). Eu não posso falar a verdade, mesmo assim tentaram me apagar! O que eu faço?
            TINA
Fala a verdade. Você não pode ser fiel ao seu patrão ao ponto de morrer por ele, Paulo.
            PAULO
Tina, pode sobrar até pra senhora.
            TINA
Eu te avisei pra você sair da cidade, não avisei?
            PAULO
(abaixa a cabeça, envergonhado)
Avisou sim. Falou até em mortes. (ergue os olhos, curioso)
A senhora previu mais alguma?
Tina segura as suas mãos, carinhosa.
            TINA
Enquanto houver ganância, haverá mortes. Me diga, o que aconteceu naquela noite?
Paulo larga a colher no prato, olha ao léu, como a lembrar-se de algo.
= = FLASHBACK = =
CENA 20 EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE ANA – NOITE
            PAULO
(V.O)
Depois que eu tentei ligar pra Ana, resolvi ir até o casarão.
ÂNGULO BAIXO - Coturnos marrons em passos rápidos, pisando no chão batido.
            PAULO
(V.O)
Eu sabia que a Ana dormia por volta das dez horas. Era só o tempo de pegar o cartão de memória e pronto.
Paulo vem se esgueirando pelas paredes, até alcançar uma janela. VOZES baixas, mas em pânico podem ser ouvidas. Paulo estranha, aproxima-se mais. SOM de algo caindo. Paulo avança na janela.
POV de PAULO – A porta do quarto é batida, sem que possamos ver quem saiu.
FIM DO POV DE PAULO
Paulo pousa as mãos na janela e desespera-se.
            PAULO
Ana?!
Paulo SALTA para o interior do
QUARTO
Abaixa-se e mexe no braço da garota, mas nada. Paulo TOCA a jugular dela e apavora-se; Levanta-se e olha ao redor, sem saber o que fazer. Passa as mãos na cabeça, cobre a boca, quase grita.
            PAULO
(V.O)
Eu não podia salvá-la. Ela tava morta. E também não podia avisar ninguém, afinal, como explicar o que eu fazia alí?
CORTE DESCONTÍNUO
CENA 21 EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS – NOITE
            PAULO
(V.O)
Roubar o cartão do padre foi a pior coisa que fiz, mas aprendi a ser sorrateiro; Quando saí de lá, vi que não fui o único a invadir o terreno.
Paulo, atônito, esgueira-se pelas paredes, tentando ser discreto. Assim que chega próximo a frente da casa, volta-se, subitamente; EM SEGUNDO PLANO, um sujeito, trajando roupas escuras e boné, SAI do casarão; Espia ao redor - Paulo se esconde – e segue até o portão onde um capataz recepciona.
Paulo foge dalí, mas para, olha para a
FACHADA DO CASARÃO
E torna a correr.
= = FIM DO FLASHBACK = =
VOLTA EM PAULO, já com lágrimas nos olhos.
            PAULO
O cartão de memória era muito importante pro patrão, Tina. Seu Avelino já tava passando dos limites.
            TINA
Esse cartão comprometia tanto assim o Avelino?
            PAULO
Não sei, mas pelo que o padre disse, sim. (T) To me sentindo péssimo. Acho que isso não vai passar nunca.
            TINA
Não foi culpa sua, Paulo. O assassino será pego, você vai ver.
Tina sorri, confiante.
CENA 22 EXT. - RUAS DA CIDADE – DIA
Maria José SAI de uma loja de roupas com uma sacola e bolsa a tiracolo. Distraída, caminha pela calçada sem perceber um carro preto vindo logo atrás. O carro acelera, freia bruscamente e para. Um homem desce.
PLANO DETALHE – No canivete na mão do homem
Ele vem por trás e, discretamente, TAPA a boca de Maria José, que arregala os olhos, em pânico, e prensa o canivete em sua cintura. Empurra a garota levando-a até o carro.
            HOMEM #2
Me acompanhe.
O sujeito obriga Maria José a entrar no carro. Ele checa todos os lados, abre a porta dianteira e entra. O carro parte, cantando pneus.
CENA 23 EXT. - ESTRADA PRINCIPAL – DIA
O carro da cena anterior dá uma guinada e ADENTRA um BOSQUE. Para, portas se abrem e dois homens descem. Um deles puxa Maria José, apavorada.
            MARIA JOSÉ
Por favor! Não façam nada comigo! Eu sou noiva do Walter, sabem quem é? Irmão do Avelino Santos, o maior fazendeiro da cidade.
O HOMEM #2 ri para o seu comparsa.
            HOMEM #2
A gente tá aqui a mando dele mesmo, garota. Que é pra tu nunca mais se meter a besta com ele.
            COMPARSA
Bora com isso, Juca!
Juca sai empurrando Maria José mato adentro, enquanto o comparsa aguarda.
CENA 24 INT. - BOSQUE – DIA
A praia logo alí; Muitas árvores cercando uma trilha estreita. Maria José é jogada no chão, entre as folhas. Vai se arrastando para trás, medrosa.
            MARIA JOSÉ
Por favor, o recado já tá dado, você não precisa fazer isso.
Juca retira o cinto e joga no chão; Desabotoa a calça, olhando para a garota, maliciosamente.
            JUCA
Fica relax, menina. Não vamos fazer nada que você já não tenha feito com a metade daquela família.
Quando Juca vai tirar a calça, a CAM volta para Maria José. Ela, boquiaberta.
            MARIA JOSÉ
(safada)
Mas desse jeito, não precisa forçar a nada, garotão…
Juca sorri e avança, já sem camisa; A garota espia seu peitoral definido, todo liso, enquanto ele sobe nela. Juca rasga sua blusa, e quando se prepara para fazer o mesmo com a sua calça, Maria José CHUTA suas partes íntimas. Ele URRA de dor, mas acerta um TAPA em sua cara.
            JUCA
Vagabunda!
Maria José, então, aperta seu pênis. Na expressão de intensa dor do sujeito. Ele GRITA, Maria José empurra Juca, que cai do seu lado. PASSOS rápidos se aproximam. A garota é rápida, levanta e ainda CHUTA a barriga de Juca.
            JUCA
PEGA ELA! PEGA ELA!
Maria José foge dalí a tempo do comparsa chegar. Juca, no chão.
SONOPLASTIA: Máscara – Pitty / Instrumental
CENA 25 EXT. - CIDADE DE MANGARATIBA /RIO DE JANEIRO – DIA
Takes de vários pontos da cidade; Vista aérea da BR 101, pegando a Rio-Santos; As grandes montanhas cercando a pista; A praia; Quiosques. Até chegarmos à fachada do restaurante. TRANSIÇÃO do dia para a noite.
CENA 26 EXT. - RESTAURANTE – NOITE
FIM DA SONOPLASTIA
Walter está saindo com uma bolsa a tiracolo. Maria José surge em uma das esquinas, descabelada, blusa rasgada e toda suja de terra. Nem vê Walter e acaba trombando com ele em suas costas.
            WALTER
Maria José?! Que isso? Parece que um trator passou por cima de você.
            MARIA JOSÉ
(pânico /chorosa)
Walter, pelo amor de Deus, estão atrás de mim, me ajuda!
            WALTER
Do que cê tá falando?
           MARIA JOSÉ
O Avelino mandou dois capatazes dele me estuprar, Walter! (o cara, perplexo) O teu irmão quer acabar comigo!
No desespero de Maria José.
FADE OUT
FIM DO SEGUNDO ATO

ATO FINAL
FADE IN
CENA 27 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE ALICE – NOITE
A porta, ao fundo, entreaberta. Alice manuseia seu celular, sentada na cama. Alessandro ENTRA, empurrando a porta e aponta o dedo para Alice, rispidamente.
            ALESSANDRO
Quero ter uma conversinha contigo, garota.
Alice levanta, passada com a afronta.
            ALICE
Como é que você entra assim no meu quarto?
            ALESSANDRO
Seu quarto, uma pinoia! Isso tudo aqui é mais meu do que seu, garota! Que negócio é esse de me acusar de plantar drogas na tua bolsa, hen?
            ALICE
Não é verdade? Lembro bem você chegando com o tio Avelino e a polícia. Pode confessar, já fiquei mal falada mesmo.
            ALESSANDRO
Eu não plantei droga alguma, Alice!  Quando a polícia bateu lá, eu apenas o acompanhei. 
= = FLASHBACK = =
CENA 28 EXT. - CASARÃO / FAZENDA GUERRA – NOITE
Legenda: 12 de setembro de 2006
CLOSE num bolo de aniversário, com duas velas formando o número 11. As velas são assopradas.
ZOOM-OUT da mesa decorada em tons azuis. Várias crianças batendo palmas ao redor de uma menina branca, cabelos pretos, toda sorridente. Alice, mais nova, abraça a garota.
            ALICE
Parabéns, Catarina! Espero que goste do presente.
            CATARINA
Tudo que vem de você, eu gosto.
Alice entrega um embrulho de presente. Catarina rasga e abre, afoita. Trata-se de uma BONECA DE PANO vestida de noiva e de cabelos pretos. Catarina abraça Alice.
            CATARINA
(feliz)
É a boneca que eu pedi pro meu pai.
            ALICE
Eu passei a frente dele (pisca).
Noel vem por trás, sorrindo.
            NOEL
Parabéns, Cat! Queria poder dizer algo diferente de saúde e vida longa, mas to sem criatividade.
RISOS, enquanto Noel abraça fortemente a menina.
Acontece um tumulto. Crianças e adultos vão abrindo espaço. Entre eles, um delegado e mais dois policiais (um deles, Lucas), ao lado de Avelino e Alessandro (mais jovens). João toma a frente de Catarina, preocupado.
            JOÃO
Delegado? O que houve?
            DELEGADO
Me desculpe, seu Guerra, mas recebi a denúncia de que alguém aqui anda escondendo drogas.
Burburinhos.
            JOÃO
Não pode ser. Isso aqui é uma festa de criança.
            DELEGADO
Suponho, então, que eu não vá precisar de mandado pra fazer a busca, correto?
João bufa. Avelino sorri, safado.
CORTE DESCONTÍNUO
A mão enluvada do delegado, apanhando, de dentro de uma bolsa grande, um belo pacote de drogas.
            DELEGADO
E então, Maria Alice? Parece que você tá encrencada.
Alice e Noel, tensos, a frente de todos os convidados. A garota olha para Alessandro, que sorri, adorando a cena.
= = FIM DO FLASHBACK = =
VOLTA EM ALESSANDRO.
            ALESSANDRO
(alterado)
Se você quer saber, sim, eu adorei ter visto aquilo. Adorei ver o Noel ir embora com você. Adorei tudo.
            ALICE
(confusa)
Por quê? O que eu te fiz?
            ALESSANDRO
Nada. Pode ser assim? Não gosto e pronto! Mas criminoso eu não sou. Não plantei drogas alguma e nem te acusei. A polícia recebeu denúncia anônima!
            ALICE
(nostálgica)
Podia ter sido diferente, cê sabe, né? Só o Walter, o seu João e a dona Helô ficaram do nosso lado.
            ALESSANDRO
E continua sendo assim. Tu já sacou que desde que vocês pisaram aqui, tudo desandou, né?
            ALICE
Fácil pôr a culpa em cima de nós, que já temos má fama. Pensar um pouco além deve dar trabalho pra você.
            ALESSANDRO
Não seja estúpida, garota!
            ALICE
Ah, vai à merda, Alessandro! Invade o meu quarto pra falar um monte de asneiras e tá esperando flores? Sai! Quero dormir. Sai!
Alice empurra o primo, que hesita, mas não tem jeito. Alessandro sai e Alice bate a porta. Nela, invocada.
CENA 29 INT. - DELEGACIA – NOITE
Alcântara, em pé, analisa uns papéis. Apanha uma xícara de café sobre a mesa e toma um gole. lucas ENTRA com dois papéis.
            LUCAS
Alcântara, já saíram os exames da perícia sobre as substâncias encontradas na cena do crime.
            ALCÂNTARA
Ótimo!
O delegado pega as folhas da mão do policial; Dá uma lida.
            ALCÂNTARA
Talco? Estranho... (vira a folha / olha para Lucas) Terra perto da janela e da porta?
            LUCAS
(dá de ombros)
Paulo entrou pela janela e saiu pela porta do quarto.
            ALCÂNTARA
Se ele entrou pela janela não se arriscaria em sair pela porta da frente. (T) É, amigo, parece que temos um caso interessante em nossas mãos.
Lucas assente.
CENA 30 EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS – NOITE
Avelino vem espreitando-se pelas pilastras, ao celular.
            AVELINO
(tom baixo / indignado)
Eu mandei DOIS, dois pegarem a garota e vocês não completam o serviço? (T) Não, deixa, deixa! Ela não vai abrir o bico. Quem vai acreditar numa vadia como ela? Tá pior que a Maria Alice.
Avelino dá de cara com a CAM como se fosse alguém. A mão masculina ergue um celular na direção de Avelino, deixando-o atônito com o que vê. Ele desliga o celular e aproxima-se, furioso.
            AVELINO
Seu filho da mãe! Traidor!
E no que Avelino vai acertar um TAPA /
FADE TO BLACK

FIM DO CAPÍTULO

APRESENTANDO

CHRISTIANA UBACK.......................Maria Alice Pimentel
JOÃO VÍTHOR OLIVEIRA........................…...Noel Santos
MARCO PIGOSSI.............................Alessandro Santos
OSVALDO MIL..................................Mazinho Santos
JULIANA LOHMANN...........................Maria José Guerra
LUCINHA LINS....................................Helô Castro
HERSON CAPRI…................................Avelino Santos
LUCCI FERREIRA................................Walter Santos
MURILO GROSSI............................…………...João Guerra
TONICO PEREIRA................................Cícero Guerra

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL

BIA ARANTES.................................Catarina Guerra


ELENCO SECUNDÁRIO
RAPHAEL VIANA..................................Paulo Borges
CAIO BLAT.....................................Padre Batista
CLÁUDIA NETTO..............................………………Tina
DANI BARROS...................................Tarsila Santos
MARCO RICCA..................................Wagner Pimentel

ATORES CONVIDADOS NESSE CAPÍTULO

LUÍZA VALDETARO..........................................Ana
RICARDO PEREIRA....................................Alcântara
SÉRGIO MARONE..........................................Lucas
SÉRGIO MENEZES..........................................Luíz
ATOR INDEFINIDO.........................................Juca

TRILHA SONORA

MÁSCARA................................................Pitty



Essa obra não possui nenhum vínculo/contrato com os atores citados acima.



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